sábado, 8 de dezembro de 2012

Desmascarando a administração de Dona Dilma

[Já fiz várias postagens sobre o estilo trator estatizante da nossa simpática e sempre sorridente ex-guerrilheira -- a mais recente foi no mês passado. Mesmo sendo testemunha ocular, auditiva e olfativa do poder ativo e passivo de corrupção do Estado, e sentindo na carne o efeito disso, ela quer enfiá-lo na economia de qualquer jeito, que se danem  o custo e a eficiência dessa atitude. Ela trata a coisa pública como se fosse coisa sua, parte de seus bens pessoais -- como cidadã e contribuinte ela é certamente coproprietária do que é público, mas como presidente não tem o direito de extrapolar seus domínios e, muito menos, abusar de sua autoridade. Reproduzo a seguir o primeiro de uma série de artigos de Carlos Alberto Sardenberg, publicado no Globo de quinta-feira, 06/12.]

Pró-mercado? (1)

Carlos Alberto Sardenberg - O Globo (06/12/2012)

Vamos falar francamente: as relações do governo Dilma com o setor privado caíram no pior dos mundos. Há uma perversa combinação de hostilidade ideológica, negócios de compadres e corrupção. Nesse ambiente, só investe quem consegue um jeito de transferir o risco para o governo, obter financiamento e/ou subsídio e/ou acertar com funcionários na base da propina. [Já tem gente competente preocupada com o excessivo uso do BNDES para estimular a economia, irrigando hortas e negócios questionáveis com montantes exorbitantes.]

Por partes: a hostilidade é evidente. A presidente Dilma acha que não existe isso. Para ela, o que há é má vontade e hostilidade da parte do setor privado contra seu governo. Mesmo, porém, os aliados mais próximos da presidente, como Delfim Netto, admitem que “agentes públicos”, em especial aqueles ligados ao setor de infraestrutura, “manifestam prepotência e muita idiossincrasia” — um jeito mais neutro, digamos, de falar ideologia estatizante.  Ou seja, a culpa não é da presidente, mas o problema existe. Haveria, em torno da presidente, um pequeno grupo de assessores de viés estatizante.

Será?

Começa que Dilma não exerce uma administração, digamos, frouxa e maleável. Ao contrário, todos dizem que costuma impor seus pontos de vista. Considerem o caso da Eletrobras e a proposta de redução das tarifas. Dirigentes e técnicos da estatal comentaram diversas vezes, para quem quisesse ouvir, que a proposta simplesmente quebra a Eletrobras. Mostraram os números. Aí, reúnem-se diretoria e conselho — e dão apoio entusiasmado à proposta da presidente.

Além disso, a presidente manifesta com frequência, às vezes sem querer, sua visão negativa acerca dos empresários e banqueiros, estes alvos preferenciais. “Ganharam muito dinheiro no mole, às custas do povo” — isto resume o sentido de várias manifestações. [Dona Dilma, sua amnésia seletiva e seu descaramento -- ela finge esquecer-se de que ela foi cúmplice, há pelo menos 10 anos, dessa situação que pretexta agora condenar, como auxiliar direta e predileta do seu antecessor, produtor/fabricante, padrinho e tutor, o NPA (o Nosso Pinóquio Acrobata, Lula. Dilma, NPA e PT precisam deixar de hipocrisia e mentiras, e lembrar-se de que para um país de apenas 512 anos de idade de descoberta, e bem menos como algo organizado, 10 de poder pesam sim, e bastante.]

Banqueiros, por exemplo, “perderam o último almoço grátis” com a redução dos juros, disse a presidente. Claro que os juros estavam muito elevados e que a rentabilidade dos bancos brasileiros era elevada — embora menos alta do que em diversos outros emergentes, Colômbia, por exemplo, países que, aliás, crescem mais que a gente.

Mas, vá lá, são governos liberais, não é mesmo? Como a presidente Dilma não se cansa de lembrar, todos os empresários que iam lá reclamavam dos juros. Mas métodos contam. O movimento dos juros teve dois lados. De um, o BC reduziu fortemente a taxa básica, uma política meio contestada, meio apoiada, hoje vista como um risco razoável, mas cuja sustentabilidade está por ver (e com uma inflação que não vai para a meta de jeito nenhum).

O segundo movimento foi mais importante: o governo mandou o Banco do Brasil e a Caixa reduzirem drasticamente os juros ao consumidor e aumentarem a concessão de crédito. Ou seja, o setor público impõe forte concorrência ao privado.

Essa concorrência é claramente desleal. Os bancos privados, diante da queda da rentabilidade, precisaram segurar o crédito, torná-lo mais seletivo e dar um jeito de reduzir custos. Os públicos não estão nem aí. Primeiro, porque não quebram. Quer dizer, quebram, como já quebraram antes, mas sempre contam com o dinheiro do contribuinte brasileiro, via resgates do governo. Seus dirigentes não correm riscos. O acionista privado, sim, este já está perdendo, mas o governo não está nem aí para eles.  [Concordo em parte com o Sardenberg. Descontada a hipocrisia de Dona Dilma, que fala como se não estivesse há 10 anos mandando no país e loteando-o política e corruptoramente por omissão, como ex-ministra e assessora diretíssima do NPA, instituição financeira pública tem mais é que concorrer mesmo com o setor privado -- o busílis da questão é que a eternamente simpática Dona Dilma está se lixando para a eficiência da Caixa Econômica e do Banco Brasil, cujos altos cargos continuam sendo moeda de troca para acomodação de apadrinhados que, salvo raríssimas exceções", têm como única "competência" a de serem amigos do rei.]

A queda do valor das ações do BB teria sido “ataque especulativo” do mercado [o que não é de todo improvável, né Sardenberg!]. Além disso, BB e Caixa têm fontes de renda que os privados não têm: folhas de pagamentos dos servidores federais, depósitos judiciais e a prerrogativa de atuar como arrecadadores de tributos. No caso da Caixa tem mais: as tarifas caras espetadas no governo pela administração do FGTS e o quase monopólio do Minha Casa Minha Vida. [Novamente, concordo em parte com o Sardenberg; não vejo em princípio como errado o que ele aponta como tal -- a questão é a eficiência com que essa dinheirama toda é gerida e o que de efetivamente benéfico para o contribuinte é feito com ela. Ainda não ninguém policiando essa cumbuca.]

Ora, pensam os empresários que reclamavam dos juros altos: se ela faz isso com os bancos, pode fazer com qualquer outro setor da economia. E fez, com as elétricas, com o câmbio, com as regras sempre mudando. Trataremos de cada tema desses nas próximas colunas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário