sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Múltis reduzem repatriação de investimentos

As compras de participação no capital de empresas brasileiras por estrangeiros continuam fortes neste ano e as multinacionais já instaladas aqui evitam se desfazer de ativos no Brasil mesmo diante de um cenário difícil para a matriz. Entre janeiro e setembro, ingressaram US$ 41 bilhões em aportes desse tipo no país, o que sustenta o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil, de acordo com dados do Banco Central.

As repatriações de recursos somaram apenas US$ 3,4 bilhões até setembro deste ano, e esse retorno foi bastante concentrado no setor de construção civil. O número representa pouco mais de um terço do capital produtivo que deixou o Brasil na forma de venda de fatias em empresas nacionais entre janeiro e setembro do ano passado.

A indústria, apesar do mau desempenho no ano, continua a ser o setor que mais atrai investimentos produtivos, com US$ 17,4 bilhões -- 44% do total. O setor de serviços, ramo de atividade que mais cresce no PIB pelo lado da oferta, vem a seguir, com 42%. Para analistas, os investidores não residentes continuam atentos a oportunidades em segmentos ligados à demanda interna e nos quais as possibilidades de importação são limitadas, o que explica a liderança que a indústria alimentícia e de produtos farmacêuticos mantêm entre os aportes no setor manufatureiro.

Mercado interno continuar a atrair investimentos produtivos e estrangeiros evitam vender ativos no país - (Gráfico: Valor Econômico - clique na imagem para ampliá-la).

Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e de Globalização Econômica (Sobeet), afirma que as empresas continuam a destinar recursos para o Brasil de olho, principalmente, no potencial da demanda interna. "Por causa da renda e da redução da desigualdade na distribuição de riqueza, o consumo cresce de forma sustentada e consistente há anos, e as empresas não veem esse mesmo cenário no mercado de suas sedes. A fronteira de crescimento é a América Latina", afirma Lima.

Apesar do número modesto esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de 1,5%, de acordo com o boletim Focus do Banco Central, as projeções para o aumento das vendas no varejo ficam entre 7% e 8%, segundo o Valor Data. Até agosto, dado mais recente, o comércio ampliado, que inclui automóveis e material de construção, cresceu 8,6%, mas as vendas de itens como artigos farmacêuticos (11,2%) e produtos alimentícios (9,2%) foram ainda mais fortes. São segmentos em que a importação de produtos é mais difícil, diz Lima, o que explica o crescimento dos investimentos em fábricas nesses ramos de atividades. Apenas para a indústria de alimentos, ingressaram no país US$ 4,2 bilhões para aquisições no setor até setembro, ou 10% do total de recursos destinado ao Brasil para compras de participação no capital no período.

Antônio Corrêa de Lacerda, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), acredita que juros mais baixos e câmbio estável a R$ 2 também são fatores de atração de estrangeiros, que enxergam nessa combinação condições de competitividade melhores no futuro. Para Lacerda, os investidores não residentes olham o potencial de expansão da economia brasileira em um momento em que é esperado uma longa década de baixo crescimento em países desenvolvidos. "O investidor estrangeiro dá mais peso à expectativa de avanço de 4% do PIB no ano que vem do que o crescimento de 1,5% em 2012", diz.

Com o balanço afetado pela crise, multinacionais de economias em dificuldades, como Espanha e Japão, estão enviando menos recursos ao Brasil do que em 2011. Ao mesmo tempo, o ambiente externo não se traduziu em aumento da repatriação de investimentos. Neste ano, o retorno de recursos caiu 72% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da queda de 2% esperada para a produção industrial em 2012, os desinvestimentos no setor somam apenas US$ 555 milhões até setembro.

Para Afonso Lima, as empresas do ramo manufatureiro optam por manter as receitas que têm com a operação brasileira, mesmo sem investir em ampliação da capacidade. Se há necessidade de caixa, a alternativa é se desfazer de ativos nos países em crise.

O diretor de pesquisas e negócios da Brain, associação privada que reúne bancos e entidades do mercado financeiro, André Sacconato, concorda com essa avaliação. "Mesmo que o volume de recursos vindo para o Brasil hoje seja um pouco menor, as empresas que já estão aqui não querem deixar o país". Para Sacconato, o interesse é quase exclusivamente pelo mercado de consumo doméstico, já que é "praticamente impensável" ter uma plataforma de exportação no Brasil.

Outro fator de atração, na opinião do diretor da Brain, é a adoção de medidas mais protecionistas pelo governo, como o novo regime automotivo, o Inovar Auto. Com as regras já estabelecidas e condições mais favoráveis de importação até que as fábricas instaladas aqui estejam produzindo, montadoras estrangeiras se apressaram em anunciar investimentos. A alemã BMW, por exemplo, já disse que construirá uma fábrica no Estado de Santa Catarina.

Na contramão está a construção civil, com desinvestimento de US$ 1,1 bilhão neste ano, se somadas as atividades imobiliárias e construção de edifícios. Uma boa parte pode ser atribuída à venda de dois dos principais negócios do investidor americano Sam Zell no país, a Brazilian Finance & Real Estate (BRFE) e a BR Malls. O setor também atravessa fase conturbada, marcada pela queda no nível de atividade e estouro dos orçamentos dos empreendimentos lançados.
Para Wesley Bernabé, analista do BB Investimentos, a conjuntura atual torna o segmento pouco atrativo, mas a expectativa é que esse não seja um cenário permanente, já que as empresas devem conseguir no médio prazo ajustar os balanços e entregar obras.



A Amazon é um buraco negro que ameaça devorar a América empresarial

[O texto abaixo é da autoria de Matthew Iglesias e foi publicado hoje no blogue Money Box do site Slate.] 

Se uma grande empresa varejista anunciou um prejuízo de algumas centenas de milhões de dólares no terceiro trimestre, cerca de metade disso relacionada com sua atividade principal, o varejo, e a outra metade resultante de seu investimento em uma empresa startup de alta tecnologia, o culpado é óbvio -- a competição da Amazon. E se um fabricante de tablets acusou um prejuízo no terceiro trimestre, o culpado novamente seria óbvio -- a competição da Amazon. Excetuando a empresa em questão, foi a própria Amazon que, abaixo do comunicado à imprensa "Amazon.com anuncia aumento de 27% nas vendas no terceiro, alcançando US$ 13,81 bilhões", informou um prejuízo de US$ 274 milhões, cerca de metade disto relacionada com a empresa LivingSocial [empresa de compras coletivas do tipo Coupon, da qual a Amazon é coproprietária].

E é isso que faz da Amazon a empresa mais espantosa no mundo de hoje. Obviamente, ela não poderá continuar perdendo dinheiro dessa maneira no quarto trimestre e isso provavelmente não acontecerá. Mas, na maioria dos trimestres ela tem lucros muito baixos, com margens tão tênues que eventualmente podem forçá-la a situações como essa do prejuízo no terceiro trimestre. Como uma prestadora de serviços aos consumidores ela é incrível, mas como geradora de receitas e ganhos ela fracassa completamente.

Mas, o que faz da Amazonas não apenas um espanto mas também absolutamente perigosa é que em termos financeiros ela possui algo ainda melhor do que lucros -- uma confiança ilimitada da comunidade dos investidores. Você pode considerar o preço das ações de uma empresa como sendo formado conjuntamente por seus lucros ("ganhos") e pelo nível de otimismo de Wall Street em relação ao seu futuro, expresso na relação preço/ganhos ("price-to-earnings ratio", PE em inglês).

O gráfico abaixo mostra a Amazon (em azul), comparada com a líder mundial em tecnologia, a Apple (em alaranjado) e a líder mundial no varejo, a Wall-Mart (em vermelho) em termo de relação PE (clique na imagem para ampliá-la):


Quadro comparativo entre Amazon, Apple e Wall-Mart em termos de relação PE -- (Fonte: Blog Money Box/Slate).

Isso é simplesmente assombroso. Isso significa que Wall Street embarcou em uma estratégia de negócios da Amazon que na realidade não exige que ela tenha lucro, desde que ela aumente seus volumes de vendas. E, se você estiver em qualquer ramo de negócio que compita com a Amazon -- e a Amazon está em um monte de negócios, e parece entrar em novos tipos de negócios a cada ano -- isso deve deixá-lo aterrorizado.

Em qualquer ramo de negócios em que você esteja fazendo lucros grandes e corretos, você precisa sempre se preocupar com alguém que possa minar os seus preços. Mas, normalmente, você pode também ter alguma confiança em que seu concorrente será freado em seu corte de preços para manter seus próprios lucros. Neste aspecto, a Amazon foge completamente à regra. Wall Street a trata como se fosse uma startup novinha em folha, que precisa apenas preocupar-se com seu crescimento e pode encontrar um modelo viável de negócio mais tarde. Isso significa que se ela (Amazon) vier ao seu encalço, você não terá saída. Seus lucros irão encolher e seus acionistas irão puní-lo, mas os lucros da Amazon não necessitam necessariamente ter que crescer na mesma proporção. Eles precisam apenas mostrar que podem morder a sua fatia de mercado.

É bom ficar com medo.

Cobrança de meta não caracteriza dano moral

A Justiça brasileira considera que as empresas têm direito de estabelecer e cobrar metas de seus funcionários. Assim, trabalhadores que recorrem aos tribunais em busca de indenização por danos morais por serem pressionados a cumprir metas não estão tendo seus pedidos atendidos, a menos que a cobrança seja feita de forma ofensiva e com ameaças ou que os objetivos fixados pelas companhias não sejam realistas.

Trabalhadores estão buscando na Justiça danos morais por serem pressionados a cumprir metas. Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), porém, têm entendido que a cobrança, por si só, não gera indenização, a menos que seja realizada de forma ofensiva e sob ameaças, ou que os objetivos sejam inalcançáveis. "O cumprimento de metas está dentro do poder diretivo do empregador, sendo uma decorrência do mundo competitivo", diz o juiz convocado Helder Vasconcelos Guimarães, relator de um caso analisado recentemente pela 5ª Turma do TRT de Minas Gerais.

Em uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo envolvendo a Casas Bahia, a desembargadora Kyong Mi Lee, da 16ª Turma, afirmou que "o trabalho sob pressão é, hoje, inerente à sociedade moderna". Segundo ela, cada pessoa reage de forma diferente à cobrança. "Condições tidas por insuportáveis para alguns indivíduos, para outros não o são. A prática de estabelecer metas é demandada pelos tempos atuais em razão da exigência do mercado competitivo".

Para a desembargadora Elizabeth Fátima Martins Newman, da 2ª Turma do TRT da 8ª Região (Pará e Amapá), relatora de um caso envolvendo o Itaú-Unibanco, a cobrança de metas, desde que não exageradas, "é perfeitamente possível dentro de uma instituição bancária, que precisa agir dentro do mercado financeiro com eficiência e eficácia". E acrescentou: "É uma prática geral, inclusive no serviço público, não podendo ser vislumbrada como pressão psicológica".  No processo, uma ex-funcionária do Itaú-Unibanco afirma que havia "pressão desumana" para o cumprimento de metas, havendo inclusive ameaça de demissão. Segundo a autora, a cobrança era diária e havia exposição dos vendedores "lanternas". Era enviado a todos os funcionários um relatório com ranking das agências bancárias. O relator, no entanto, considerou que "a simples exposição do desempenho de cada agência, com a indicação daquelas que apresentavam resultado abaixo da meta não pode ser considerada como ofensa à dignidade da reclamante".

Dilma falou demais dos apagões de FHC e agora tem que explicar os seus

[Pelo jeito, mais uma vez fica provado que Dª Dilma sofre do mesmíssimo mal de seu criador, padrinho e guru, o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, o Lula) -- em vez de cuidar de suas obrigações, fica buscando picuinhas para jogar em FHC a culpa por todos os males deste país, esquecendo-se de que o PT já está há uma década no governo e não foi competente para corrigir os erros que alega ter herdado. Sem falar que além de incompetente, aumentou estratofericamente o nível de corrupção no país. Na área elétrica, de tanto dirigir só olhando no retrovisor mirando o apagão de FHC, Dª Dilma acabou batendo de frente -- se esqueceu de que os governos petistas desde 2003, incluindo o dela própria, têm rabo preso, teto de vidro e culpa no cartório. O raio caiu na cabeça da ex-guerrilheira e os apagões elétricos estão virando rotina no cardápio dos brasileiros, como informa a notícia abaixo, publicada hoje no Estadão.]

Pela primeira vez, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu que a sequência de quedas de energia, que têm afetado diversas regiões do País nas últimas semanas, pode não se tratar apenas de coincidências. O ministro interino, Márcio Zimmermann, disse há pouco que esse tipo de evento "não é normal" e que "essas coincidências são menos ainda". Na madrugada desta sexta-feira, um apagão atingiu estados do Nordeste e do Norte do País.

"Já é a terceira semana seguida em que isso acontece e vamos tomar todas as providências para análise do que ocorreu", disse o ministro interino ao chegar ao MME para reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), marcada para às 11 horas. Segundo Zimmermann, o problema de hoje ocorreu em uma linha de transmissão da Cemig, entre as cidades de Colinas e Imperatriz, ambas no Maranhão. O problema teria ocorrido, segundo ele, em uma chave seccionadora de um banco de capacitores.

"O sistema elétrico brasileiro é um dos maiores do mundo e é muito seguro, mas tivemos uma diminuição dessa confiabilidade no último mês", completou o ministro interino. "Estas ocorrências têm sido registradas sempre com uma falha de equipamento e com a não atuação da primeira proteção, levando a eventos de grandes proporções", concluiu.


Ainda de acordo com Zimmermann, técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estão se dirigindo para a subestação de Imperatriz para obter mais dados sobre a falha de hoje.

Investimentos federais em transportes não decolam

[Se alguém ainda acredita na história da carochinha -- criada e propalada pelo NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) -- de que nossa ex-guerrilheira e ex-quase Dama de Ferro Dª Dilma é padrão de referência como gestora (o NPA lhe deu até a "maternidade"  do fracassado PAC), a reportagem abaixo, publicada no Valor Econômico de ontem, é mais uma prova contundente de que essa competência é pura balela.]

O governo não conseguiu apertar o acelerador dos investimentos públicos que havia planejado para o setor de transportes. Os desembolsos previstos para obras em rodovias, ferrovias e hidrovias, ações encaradas como principal antídoto contra a estagnação econômica, não decolaram na velocidade desejada. O ano de 2012 chega ao fim carimbado como uma das piores execuções orçamentárias do setor de transportes nos últimos tempos. Esse cenário é revelado a partir de informações do Sistema de Administração Financeira (Siafi). Os dados foram estruturados pela coordenação de infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O plano desenhado para as estradas federais previa a execução total de R$ 13,627 bilhões ao longo deste ano. Até esta semana, apenas 48,3% desse montante - R$ 6,581 bilhões - haviam sido executados. O cenário projetado até 31 de dezembro é pouco estimulante. Se confirmada a média histórica dos últimos anos relativa aos desembolsos feitos no último bimestre, a projeção aponta para uma execução de apenas 57,9% do total previsto para as estradas federais, chegando a R$ 7,897 bilhões no ano. É preciso destacar ainda que quase 70% dessa execução deve-se, exclusivamente, à quitação de restos a pagar, ou seja, pagamento de contratos que foram firmados antes de 2012. Trata-se do resultado mais tímido registrado pelas rodovias desde 2008 (ver quadro -- clique na imagem para ampliá-la).
 
 Trecho da rodovia BR-163 próximo a Cuiabá: depois de analisar os editais e projetos, TCU encontrou falhas nos estudos, que levariam a um superfaturamento - (Foto: Valor Econômico).


Desembolsos realizados exclusivamente pelo setor público em rodovias -- investimentos em R$ bilhões - (Gráfico: Valor Econômico).

A situação não é diferente nas ferrovias. O transporte sobre trilhos, que contava com R$ 2,751 bilhões para investimento neste ano, só recebeu R$ 740 milhões até agora, o que equivale a apenas 26,9% do planejado. Dada a média histórica de suas execuções anuais, chegará a 31 de dezembro com menos de um terço do total previsto, cerca de R$ 888 milhões, o pior resultado desde 2007, quando teve início o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mais complicada que a situação de estradas e ferrovias é a realidade encarada pelas hidrovias. As estradas de água, que já chegaram a ter um pacote de projetos idealizado pelo governo, acabaram praticamente excluídas das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). As ações para melhorar o transporte pelos rios começaram 2012 com previsão de R$ 817,6 milhões em investimento público. Chegaram a esta semana com execução de R$ 309 milhões (37,8% do total) e devem concluir o ano com, no máximo, 45,4% do previsto. Será o resultado mais fraco dos últimos oito anos.

"O governo iniciou o ano falando muito da necessidade de se ampliar os investimentos em infraestrutura, mas o cenário mostra, claramente, que ele não conseguiu deslanchar", diz Carlos Campos, coordenador de infraestrutura econômica do Ipea.

O Ministério dos Transportes faz uma avaliação diferente deste cenário. Por meio de nota, a pasta declarou que, até o fim deste exercício, seu desempenho financeiro "se situará dentro da média anual de execução" do setor. "Cabe destacar que diversas obras prioritárias foram concluídas e outras de igual importância para o país estão em andamento, tais como a duplicação da BR-060/GO (Goiânia -Jataí) e a construção da BR-448/RS, BR-116/RS, BR-163/PA, empreendimentos cujo volume de execução é bastante satisfatório", informou o ministério.  "Devem-se [sic] considerar ainda as novas obras de manutenção, construção, duplicação e adequação de capacidade que serão contratadas e que permitirão um grande avanço nos níveis de investimento", declarou a Pasta dos Transportes, sem detalhar essas informações.

Segundo o ministério, o ano se valerá ainda dos resultados que vêm sendo alcançados com a "atuação destacada do Fundo da Marinha Mercante", unidade vinculada à pasta, que vem promovendo o financiamento de embarcações para a Marinha Mercante. "Atualmente há 257 embarcações contratadas, além da geração significativa de empregos", afirmou o ministério.

No ano passado, a execução de obras de transporte foi prejudicada por causa da crise de corrupção no setor, que explodiu em junho, levando à queda da cúpula do ministério e até à paralisação temporária, por determinação da presidente Dilma Rousseff, de contratações de obras públicas. "Esperava-se que neste ano os projetos retomassem o ritmo, mas uma série de problemas com a baixa qualidade de projetos de engenharia, a necessidade de fazer desapropriações e as dificuldades para obtenção de licenciamento ambiental impactaram no resultado", avalia Carlos Campos, do Ipea.

Hoje, são raros os casos de obras do setor que não param nas malhas do Tribunal de Contas da União (TCU) ou do Ministério Público Federal (MPF). É o caso das prometidas obras de recuperação, restauração e manutenção das BRs 163 e 364, no Mato Grosso, principais rotas de escoamento da agroindústria do país. O orçamento total das obras chegava a R$ 247 milhões. Depois de analisar os editais e projetos, o TCU encontrou falhas nos estudos, que levariam a um superfaturamento superior a R$ 28 milhões. Nas duas rodovias, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estimou uma largura média de dois metros para os acostamentos, mas o próprio projeto licitado apontava para uma medida inferior. A licitação acabou suspensa em março pelo Dnit. Na semana passada, a autarquia publicou um novo edital para contratação das obras. A concorrência será realizada por meio do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), com o propósito de acelerar a execução. Alguns trechos da BR-163 têm obras em andamento.

Nas ferrovias Norte-Sul (FNS) e Oeste-Leste (Fiol), tocadas pela Valec, as obras pouco avançaram neste ano, por conta de problemas semelhantes, além de uma enorme dificuldade para desembaraçar o nó de milhares processos de desapropriações que se situam no traçado dos trilhos.

Explosão no espaço põe em alerta agências no mundo inteiro

Operadores de satélites e agências espaciais do mundo inteiro estão em alerta depois que um estágio de um foguete russo modelo Breeze M se desintegrou no espaço no último dia 16, lançando uma nuvem de destroços na região em torno do planeta ocupada pela Estação Espacial Internacional (ISS) e numerosos satélites de comunicação, científicos e militares.

O foguete foi lançado em 6 de agosto levando a bordo dois satélites de comunicação, um da Indonésia e um russo, para serem colocados em uma órbita geoestacionária, a cerca de 35 mil quilômetros acima do equador. Uma falha no último estágio, no entanto, deixou o conjunto perdido no espaço, mas ainda com os tanques carregados de combustíveis extremamente voláteis, prováveis causadores da catastrófica explosão.

Desde a desintegração, militares americanos e diversas instituições internacionais estão monitorando mais de 500 grandes pedaços do foguete dispersados pela explosão. Até o momento, no entanto, não foram identificados destroços em rotas que possam ameaçar a ISS.

A ilustração da Agência Espacial Europeia (ESA) mostra a explosão de um estágio de foguete na órbita da Terra - (Divulgação/ESA).

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Nova obra de Picasso é encontrada escondida sob outro quadro do artista

Uma minuciosa restauração realizada pelo Museu Guggenheim de Nova York permitiu localizar uma obra do pintor espanhol Pablo Picasso até agora desconhecida sob outro de seus quadros, intitulado "Mulher Passando Roupa".

Na obra original, que corresponde à fase azul do espanhol, aparece uma mulher passando roupa com um ferro. A restauração permitiu descobrir uma figura masculina subjacente, orientada no sentido contrário do outro desenho, que foi encontrada após uma análise profunda da tela. Os resultados obtidos graças a essa restauração, que foi liderada pela principal curadora do museu nova-iorquino, Julie Barten, permitirão "melhorar" a bibliografia e conhecer mais sobre os métodos de trabalho de Picasso.

"Mulher Passando Roupa" foi doado em 1978 ao Museu Guggenheim pelo colecionador alemão Justin Thannhauser e, desde então, é uma de suas aquisições mais procuradas.

  "Mulher passando roupa", de Pablo Picasso -- (Fonte: Acervo de Pablo Picasso/Reuters).

Um porta-voz do Guggenheim afirmou à Agência Efe que por enquanto não há detalhes da identidade da pessoa que aparece no novo quadro, uma pintura que ainda está sendo investigada. Desde os primeiros estudos realizados em "Mulher Passando Roupa" em 1989, os conservadores e historiadores da arte tinham suspeitado que por trás da obra, datada em 1904, o pintor podia estar escondendo algo. 

Alguns especialistas apontaram que a imagem pode ser um retrato de Benet Soler, um alfaiate de Barcelona e amigo de Picasso, que ajudou a apoiá-lo durante os anos de vacas magras e que pintou frequentemente.  Agora, graças ao uso de dois tipos de câmeras infravermelhas, o cientista Johan Delaney foi capaz de produzir imagens muito mais detalhadas que qualquer estudo pôde ver antes, já que as novas tecnologias permitiram "ver além da superfície". 

"Há coisas que o olho humano não pode ver, mas agora os conservadores podem passar pelo que está imediatamente visível para enxergar a história oculta através das camadas de pintura", declarou o museu.

Essa descoberta também permitiu confirmar a reutilização dos quadros por parte do pintor espanhol, uma técnica que, segundo os analistas, foi utilizada ao longo de toda sua carreira. 

[O site do Museu Guggenheim informa que, além das técnicas modernas de reprodução de imagens, nesse quadro foi feita também uma análise química de pigmentos e uma pesquisa histórica. O trabalho de conservação do quadro foi uma abordagem central do projeto, e compreendeu limpeza geral, estabilização e edição de restaurações antigas e não perfeitamente coerentes entre si.

Ao olho nu, as pinturas expõem apenas suas superfícies. Os pigmentos na superfície de uma pintura difundem a luz no espectro visível, percebido pelo olho, criando a impressão familiar pela qual a obra é conhecida.  Entretanto, pelo uso de uma variedade de ferramentas de exame e análise para revelar o que o olho nu não pode ver, os conservadores [dos museus] esmiuçam sob o imediatamente visível para espiar a história escondida sob camadas de pintura.

O que é visto por meio dessas técnicas permite aos conservadores distinguir mudanças de composição feitas por um artista no decorrer da pintura de um quadro, e reconhecer se uma tela foi reutilizada. A observação e a documentação desses passos na evolução de um quadro permitem aos estudiosos entender os métodos de trabalho e os objetivos de um artista. No caso da tela "Mulher Passando Roupa", essa análise revelou uma pintura detalhada de uma figura masculina, sob a pintura hoje visível, orientada em sentido contrário ao da mulher. 

Uma técnica comumente usa de produção de imagens, denominada reflectografia infravermelha, envolve o exame da tela com uma câmera infravermelha usando luz na região próxima do infravermelho no espectro eletromagnético -- a área logo após do que é visível. Os pigmentos absorvem menos a luz e a difundem menos nesses comprimentos de onda, fazendo com que a pintura apareça mais transparente. Isto pode tornar visíveis as camadas mais inferiores da pintura e revelar detalhes até então escondidos.

Através do link Launch the interactive feature →  ("Disponibilização do processo interativo", em tradução livre) é possível, clicando sobre a imagem, fazer aparecer à esquerda um "cursor" que, ao ser deslocado para a direita, faz aparecer progressivamente a figura masculina anteriormente pintada por Picasso.]

Ameaçada por vírus, polícia de Israel se desconecta da Web

A polícia de Israel deu ordem a todos os seus escritórios no país de desconectar seus computadores da internet, amedrontada por uma ameaça de vírus. Agentes da inteligência israelense receberam informações de um possível ciberataque, nesta quinta-feira.

Às 10h30 do horário local (6h30 de Brasília), as autoridades policiais ordenaram que os computadores fossem desligados da rede civil e mantidos apenas na rede interna, exclusiva da polícia de Israel. As instruções passadas também impediam que os empregados conectassem equipamentos com entrada USB ou CDs nos computadores.

Especialistas em informática estão analisando se o sistema da polícia local foi realmente contaminado ou sofreu qualquer dano.  Recentemente, o premiê Binyamin Netanyahu advertiu os israelenses sobre intenções de supostos inimigos do país de derrubar a infraestrutura de informática nacional. Ele classificou esses possíveis atos como "terrorismo virtual".

Ataque anterior

Ainda nesta quinta-feira, a imprensa de Israel afirmou que o sistema de informática oficial do governo do país sofreu um ciberataque na semana passada.  O ataque afetou ministérios e órgãos oficiais, ao introduzir um vírus "cavalo de Troia" por um e-mail que levava o nome do chefe do Exército, Benny Gantz. O e-mail também dizia aos diplomatas de Israel para "ficarem alertas".

Irã

No início de outubro, o governo iraniano afirmou ter bloqueado um ciberataque aos sistemas de computadores de suas plataformas de petróleo, insinuando que Israel estava por trás do atentado. 

O Irã periodicamente reporta a descoberta de vírus e outros programas maliciosos de computador nas redes governamentais de instalações nucleares e industriais, sempre culpando Israel e os EUA por esses ataques cibernéticos. [Ver postagens a esse respeito, em março e agosto do ano passado.]

[O jornal israelense Haaretz, em sua versão em inglês de hoje, relatou também a história acima, acrescentando que o aviso foi dado através de uma informação confidencial da área de inteligência, que alertou que o sistema central de computação da polícia seria infectado com vírus através de um dispositivo disk-on-key ou de um CD. Segundo o Haaretz, o premiê Netanyahu disse que, assim como seus sistemas eficientes de defesa contra mísseis e terrorismo, Israel terá também um sistema de mesmo nível contra ataques cibernéticos. Mas, alertou o premiê, isso levará tempo para ser operacional, mas que os israelenses trabalham nesse sentido a plena carga e máxima dispopsição.]

 

Os 10 melhores aplicativos, segundo o jornal inglês The Independent

[O prestigioso jornal inglês The Independent lista hoje o que ele considera os 10 melhores aplicativos para uso rotineiro. Confira abaixo.]

1. Diacarta Planner (Planejador Diário) - £ 1,49 (ca. R$ 4,90)/grátis, iOS/Android

Permite visualizar seu dia. O app sincroniza com o seu calendário e gera um layout com um relógio central, a partir do qual se irradiam seus eventos ou atividades, como planetas de um sistema solar.

Planejador Diário - (Foto: The Independent).

2. Evernote  (Agenda de colagem) Grátis, iOS/Android

Funciona como uma agenda digital onde você "cola" o que quiser. Você conecta o app ao navegador do seu computador e ao seu celular, "clipa" ao app o que lhe der na telha e lê mais tarde.

Evernote - (Ilustração: The Independent).

3. Dragon Dictation (Gerador de Palavras)  Grátis, iOS

O Dragon usa um algoritmo diferente para o Siri para rastrear o que você diz e, facilmente, fornece numerosas sugestões para palavras que ele não entende direito.

 Dragon Dictation - (Ilustração: The Independent).

4. Doodle: Easy Scheduling (Agendamento Fácil)  £ 1,99 (ca. R$ 6,50), iOS

O Doodle lhe permite convidar todo o seu grupo de amigos para dizer-lhes em quais datas podem ou não podem se encontrar -- e as inclui em sua agenda.


Doodle: Easy Scheduling - (Ilustração: The Independent).

5. OmniGraffle (Planejamento Gráfico)  £ 34,99 (ca. R$ 114,00), iOS

Se você gosta de planejar com a ajuda de um diagrama, dê uma olhada nisto. Este app lhe permite permite percorrer fluxogramas de tarefas usando apenas seu dedo. É caro, não se esqueça. 

OmniGraffle - (Ilustração: The Independent).

6. Google Drive ("Pilotagem" Google)  Grátis, iOS/Android

Acesse seus documentos Google onde quer que você esteja no planeta, com este novo aplicativo. É armazenado em nuvem, assim por exemplo você pode editar um texto seu no trem ou no avião.

Google Drive - (Ilustração: The Independent).

7. Expense Magic (O Mago das Despesas)  Grátis, iOS

Basta colocar uma imagem de seus recibos, bilhetes de trem, etc, e este aplicativo faz o resto, gerando inclusive detalhes do IVA (Imposto de Valor Agregado). Embora o aplicativo seja gratuito, há uma taxação por recibo registrado. 

Expense Magic - (Ilustração: The Independent).

8. Weave (Organizador)  Grátis, iOS

Este aplicativo gratuito não apenas organiza sua vida pessoal, como também pode criar mapas prospectivos para acompanhamento do progresso de suas atividades e ainda fazer um rastreamento do seu fluxo de caixa.

 Weave - (Ilustração: The Independent).

9. WorkSnug Pro   (Quebra-galho)  Grátis, iOS/Android

Você está ocupado, recebe uma chamada e tem que mandar um email, mas o 3G está com problema -- o que você faz? Usa este app para saber onde está o WiFi mais próximo, claro.
WorkSnug Pro - (Foto: The Independent).

10. Wunderlist (Lista de Tarefas) Grátis, iOS/Android

Este app lhe permite montar listas de coisas que você precisa fazer: livros a ler, pessoas com quem tem que se entender, agendar reuniões ou encontros, etc -- e, depois, as sincroniza com os dispositivos que quiser.

Wunderlist - (Foto: The Independent).










quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Brasileiro desenvolve vacina experimental mais eficaz contra HIV

Uma vacina com a combinação de cinco anticorpos, testada em ratos e fruto do trabalho do imunologista brasileiro Michel Nussenzweig, conseguiu manter os níveis do vírus da aids (HIV-1) abaixo dos detectáveis durante mais tempo que os tratamentos atuais, informou nesta quarta-feira, 24, a revista "Nature". [Michel Nussenzweig foi eleito para a Academia Nacional de Ciências dos EUA em 3 de maio de 2011.]

Este tratamento experimental, composto por cinco potentes anticorpos monoclonais (idênticos entre si porque são produzidos pelo mesmo tipo de célula do sistema imunológico), foi desenvolvido pela equipe do cientista brasileiro e membro da Academia Americana de Ciências na Universidade Rockefeller em Nova York.

O cientista administrou os anticorpos em ratos "humanizados", que dispõem de um sistema imunológico idêntico ao humano, permitindo que sejam infectados com o vírus HIV. Estima-se que esta é uma fórmula que poderia evitar a infecção de novas células. Nussenzweig observou que, desde que foi iniciado o tratamento, a carga viral tinha caído para níveis abaixo dos detectáveis, e assim se mantiveram por até 60 dias após o término do tratamento.  Em seguida, o cientista comparou os resultados com os obtidos ao tratar ratos com uma combinação de três anticorpos monoclonais e, também, com um tratamento baseado em um único anticorpo.

Ao tratar os roedores com uma vacina com três anticorpos, o HIV se manteve em níveis baixos até 40 dias após o fim do tratamento, enquanto a monoterapia só permitiu que o vírus não fosse detectado durante o tempo em que o rato estava recebendo o tratamento (cerca de duas semanas).  "O experimento demonstrou que combinações distintas de anticorpos monoclonais são eficazes na hora de suprimir a replicação do HIV em ratos 'humanizados', por isso podem prevenir a infecção e servir para o desenvolvimento de novos tratamentos", defendeu o especialista em seu artigo.

Na atualidade, o tratamento anti-retroviral em humanos consiste em combinar pelo menos três drogas antivirais para minimizar o surgimento de vírus mutantes resistentes aos remédios.  No entanto, o HIV se armazena em uma espécie de "depósito" ou reservatório viral, o que faz com que a carga viral do paciente se eleve quando o tratamento farmacológico é interrompido, e o vírus volta a aparecer depois de 21 dias. Apesar dos resultados promissores de Nussenzweig, ainda serão necessários testes clínicos que permitam avaliar a eficácia do tratamento em humanos e medir os efeitos sobre a infecção em longo prazo.

In dubio pro reo -- até no mensalão?!

No julgamento do mensalão ocorreram sete empates de votação no STF, e os ministros dessa corte decidiram aplicar aos réus neles envolvidos a máxima jurídica do "em caso de dúvida, beneficia-se o réu". Isso é muito bonito, soa nobre e humanista, mas no caso do mensalão acho que essa máxima ficou mais com jeito de "mínima" do que qualquer outra coisa.

Mesmo aceitando-se que o Direito não é uma ciência exata, ele não prescinde, creio eu, do raciocínio lógico. Nós humanos executamos diversos tipos de atos, alguns por puro impulso, outros fria e calculadamente perpretados. Nestes últimos, cada passo é prévia e minuciosamente calculado -- cochilou, o cachimbo cai. Os atos e passos são aqui a materialização das etapas do raciocínio lógico. No julgamento da Ação Penal 470, mais conhecido como julgamento do mensalão, ficou provado à saciedade que tudo o que foi feito pela quadrilha chefiada por José Dirceu foi medido e pensado, ninguém bateu prego sem estopa.  Cada etapa e cada passo, cada crime de per si, era peça importante de uma mesma engrenagem, elemento estrutural relevante de uma mesma construção criminosa. Nada foi feito gratuitamente, ou para simplesmente matar o tempo até a próxima pilantragem. A divisão da quadrilha em núcleos foi um mero artifício da acusação e do relator para ajudar a dissecar e esquartejar o cadáver, inequivocamente os núcleos se provaram vasos indissoluvelmente comunicantes.

Aí, no meio da montoeira de crimes da quadrilha do capo José Dirceu, em 7 deles houve empate na avaliação, metade dos ministro foi contra e metade a favor da condenação de alguns mafiosos. Vá lá que errar é humano, e isto vale também para ministro togado de Suprema Corte, ainda que no caso do STF e do mensalão haja dois ministros que, definitivamente, estão petreamente posicionados na segunda metade do ditado (a que diz que perseverar no erro é diabólico, o que no caso dos dois ministros em tela é fraqueza de expressão) -- Ricardo Lewandowski e José Antônio Dias Toffoli.  Mas, como é que se pode absolver alguém de um crime que está íntima e visceralmente vinculado a outros pelos quais foi condenado?! E a tal teoria do "domínio do fato", também tem dosimetria -- 1/4 de domínio, 1/3 de domínio, ...?

Em se tratando de um tribunal, no caso o STF, fico pensando no paradoxo da existência do voto de Minerva para seu presidente frente ao rolo compressor do in dubio pro reo, especialmente em situações como a do mensalão. A presunção de qualquer inocência, em qualquer hipótese, dos mafiosos desse caso  tem para mim a mesmíssima consistência da existência de Papai Noel. É preocupante ver ministros togados com esse tipo de credulidade.

Ford faz recall de cerca de 27 mil carros New Fiesta por defeito no sistema de airbags

A montadora Ford anuncia um recall de 27.687 veículos New Fiesta modelos 2011, 2012 e 2013, por causa de um defeito no sistema de airbags. Segundo a montadora, a falha pode aumentar o risco de lesões em caso de acidentes. Segundo comunicado da empresa, em alguns casos o airbag de um dos passageiros no banco traseiro pode não ser acionado por problemas no sensor.

Estão convocador a comparecer a uma das concessionárias da marca os proprietários de veículos com numeração de chassi compreendida entre os intervalos BM100380 a BM240215, para os modelos 2011; CM100037 a CM211821, para os modelos 2012; e DM100027 a DM139548, para os modelos 2013. 

Para obter mais informações, os consumidores podem entrar em contato pelo telefone 0800 703 3673 ou pelo site da empresa.

De acordo com o Ministério da Justiça, o Código de Defesa do Consumidor determina que é dever do fornecedor fazer o reparo ou a troca do produto ou serviço defeituoso a qualquer momento e de forma gratuita.  Se houver dificuldade, a recomendação é procurar um dos órgãos de proteção e defesa do consumidor.

O Procon disponibiliza telefones e seus postos de atendimento para responder quaisquer dúvidas por parte dos clientes. 

[Veja aqui se sua montadora fez recall este ano.]



Cresce a importância do voto judaico nos EUA

[Reproduzo a seguir, reportagem de hoje no Estadão.]

Se na área doméstica questões como a economia e a reforma da saúde continuam dominando a campanha presidencial americana, no debate sobre política externa a relação com Israel é um tema constante.

O republicano Mitt Romney acusa o democrata Barack Obama de sacrificar a aliança dos Estados Unidos com o país. Já o atual presidente defende as ações de seu governo na região. Mas, ambos os partidos miram um objetivo bem mais próximo: a conquista dos votos da comunidade judaica americana. 

Embora muito menos numerosos que outras minorias, como os hispânicos, o voto dos judeus americanos pode ser decisivo em uma eleição apertada, onde a maioria das pesquisas, com algumas variações, mostra os dois candidatos tecnicamente empatados. Compondo cerca de 2% da população dos EUA, a importância da comunidade judaica na disputa deve-se, de acordo com analistas ouvidos pela BBC Brasil, à sua participação política e à sua organização. A comunidade registra altos índices de comparecimento às urnas e está distribuída em Estados com maior peso no Colégio Eleitoral.

"Os judeus geralmente conseguem uma atenção muito maior (dos políticos) do que se poderia esperar. Isso acontece em parte por causa dos lugares onde estão localizados e em parte por causa de suas características sociais e políticas", diz Kenneth D. Wald, professor de Ciência Política da Universidade da Flórida especializado nas relações entre religião e política.  "Embora sejam um pequeno grupo de pessoas, eles são muito importantes em termos de registro de eleitores, participação política, comparecimento às urnas e doações às campanhas. Assim, eles são vistos como um eleitorado muito mobilizado, que é bom ter ao seu lado", diz Wald.

Estados-pêndulo e tendência democrata


"Esta eleição presidencial será decidida nesses Estados, e o voto dos judeus em alguns desses lugares já se provou determinante em eleições anteriores", diz Mark A. Siegel, doutor em Ciência Política e que atuou como assessor da Casa Branca para questões relacionadas à comunidade judaica durante o governo de Jimmy Carter (1977-1981).  Segundo Siegel, tradicionalmente cerca de 80% dos votos dos judeus-americanos vão para candidatos do Partido Democrata, em uma tendência discrepante do restante do eleitorado branco nos EUA.

De fato, nas eleições de 2008, Barack Obama recebeu 78% dos votos de judeus, contra 43% do eleitorado branco de modo geral. Siegel calcula que, se a comunidade judaica tivesse um comportamento mais parecido com o do restante do eleitorado branco, Obama teria tido uma vitória mais apertada no Estado do Colorado. Também poderia ter perdido na Flórida, um dos Estados com maior peso no Colégio Eleitoral, contando então com 27 votos.

"Todos esperamos que esta eleição seja muito, muito apertada. Na última eleição, Obama venceu (John) McCain por 7% do voto popular e nós não esperamos este tipo de número agora", diz Siegel.  Ele afirma que, em uma eleição disputada, os números do voto da comunidade judaica podem "trazer mudanças significativas no Colégio Eleitoral que, obviamente, podem afetar o resultado geral".

Neste ano, Obama deve contar novamente com o apoio da maioria dos judeus americanos, embora em menor grau. De acordo com uma pesquisa realizada no início de setembro pelo American Jewish Committee (AJC) - grupo de defesa da comunidade judaica sediado em Nova York - 64,9% dos judeus deve votar em Obama, contra 24,1% em Romney. A margem de erro da pesquisa é de 5 pontos percentuais. 

Pressão

Além do peso do voto judeu em Estados-chave, a atuação de grupos de pressão pró-Israel é algumas vezes apontada como um dos fatores para a influência da comunidade judaica nos EUA, embora o real impacto dessas entidades no processo eleitoral americano não seja consenso entre os analistas.

O mais conhecido desses grupos talvez seja a AIPAC (American Israel Public Affairs Committee), entidade que trabalha na defesa da cooperação entre EUA e Israel entre membros do Legislativo e do Executivo americano. Em seu website, a entidade afirma ter sido classificada pelo jornal The New York Times como "a mais importante organização afetando a relação dos Estados Unidos com Israel".  De acordo com Mark Siegel, a importância do grupo se dá principalmente pelo trabalho que faz avaliando o apoio de deputados, senadores e membros do Executivo à aliança entre EUA e Israel e reportando suas conclusões aos seus mais de 100 mil membros. "Eles estão muito mais envolvidos em campanhas para o Congresso e para o Senado do que em campanhas presidenciais, mas têm presença nas convenções democrata e republicana (....). Eles são um bom modelo de um grupo de lobby e como deve ser organizado", diz. A atividade de lobby é regulamentada nos Estados Unidos.

Embora alguns analistas vejam uma grande influência de grupos como a AIPAC na definição das políticas americanas para o Oriente Médio, outros, como Kenneth Wald, consideram que essa influência é por vezes superestimada. "Eu acho que a influência da AIPAC é muito exagerada. Ela é muito mais um sintoma das alianças dos EUA do que a causa dessa aliança", diz Wald. "É muito fácil defender Israel nos Estados Unidos porque muitos dos oponentes de Israel são vistos como oponentes violentos dos Estados Unidos, então é uma aliança natural".

[Para entender melhor a força do lobby judaico nos EUA, recomendo a leitura dos seguintes livros, entre outros sobre o tema:

☞ "The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy" - John J. Mearsheimer e Stephen M. Walt - Farrar, Straus & Giroux (Ed.), New York, 2007.

☞ "They Dare to Speak Out" (3rd Ed.) - Paul Findley - Lawrence Hill Books, 2003]

EUA investigam se bebida energética causou a morte de 5 pessoas

[Está na moda nos embalos da rapaziada o consumo das chamadas bebidas energéticas (ou energéticos), isoladamente ou combinadas com bebidas alcoólicas. Quando ingeridos em excesso e indiscriminadamente, os energéticos podem trazer efeitos colaterais sérios. "A bebida traz possíveis efeitos colaterais como insônia, e aumento da freqüência cardíaca e diurética", comenta Renata Mendes, nutricionista e especialista em nutrição esportiva. Quando combinado com bebida alcoólica, o energético pode ter efeito explosivo. A reportagem abaixo aborda uma investigação em curso nos EUA sobre 5 mortes envolvendo o consumo de energéticos.]

A Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, sigla em inglês) investiga cinco mortes e um ataque cardíaco [sem morte] possivelmente ligados ao consumo de bebidas energéticas Monster Energy, indicou uma porta-voz do organismo nesta terça-feira (23/10).

"Posso confirmar que a FDA recebeu cinco relatórios de efeitos adversos de morte e um de ataque cardíaco possivelmente associados à bebida Monster Energy", indicou Shelly Burgess, porta-voz da agência, em uma mensagem de correio eletrônico.  Burgess advertiu que esses relatórios "servem como um sinal à FDA e não provam uma relação de causalidade entre um produto ou ingrediente e um efeito adverso". No entanto, indicou que esses casos são levados a sério e investigados com cuidado pela agência, que regula as indústrias alimentícia e de medicamentos.

A porta-voz pediu que os consumidores que sofreram algum efeito adverso com uma bebida energética notifiquem os fabricantes, que são obrigados a informar a FDA em um prazo de 15 dias.

[Um dos casos fatais, entre os citados acima, envolve uma garota de 14 anos de Maryland, que morreu de parada cardíaca em dezembro passado depois de, durante dois dias consecutivos, bebeber latas grandes de Monster Energy. 

Não bastassem as bebidas alcoólicas, cujas propagandas bombardeiam os jovens diariamente em todas as mídias, surgem essas bebidas energéticas que são também perigosas quando ingeridas em excesso. Deve ser extremamente preocupante ser pai de um adolescente hoje em dia, em particular no Brasil, onde o governo oscila entre a omissão e a conveniência no tocante ao consumo de álcool em geral e, especialmente, entre os jovens. O governo Dilma, por exemplo, já deixou claro que prefere remediar do que prevenir, já que a indústria de bebidas alcoólicas -- a cervejeira em particular -- é uma fonte enorme de receita tributária. No mês passado, seguindo seu figurino do consumismo, Dª Dilma optou por estimular o consumo de cerveja (arrecadar mais com o aumento de consumo) -- ela não se preocupa com o fato de que sejam os jovens seus grandes consumidores, seu netinho ainda engatinha -- adiando para depois do Carnaval o aumento da tributação sobre o setor. Fiz recentemente uma postagem com dados assustadores sobre o  estímulo ao consumo de álcool pelos jovens.

Nesse jogo do perde-perde, engordam-se as estatísticas de acidentes de trânsito por embriaguez, envolvendo expressivamente também os jovens, está se criando uma geração de cidadãos álcool-dependentes, o governo não só é omisso, mas também cúmplice, e uma sociedade impressionantemente passiva não faz absolutamente nada -- pelo menos em termos sistemáticos e coordenados -- para acabar com esse estado de coisas, ou minimizá-lo ao máximo.]

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Prisioneiros brasileiros (MG) ganham redução de penas pedalando

[Esta notícia circulou em julho deste ano, mas só casualmente soube dela hoje ao ler o site The Next Web -- trata-se de mais uma dessas ideias bem boladas, mais um ovo de Colombo. E ela vem de Minas, uai!]

Presos de Santa Rita do Sapucaí (MG) estão participando de um projeto inovador em Minas Gerais. Em troca da redução das penas, eles pedalam e produzem energia elétrica. A eletricidade que é produzida ajuda a iluminar parte de uma praça da cidade durante a noite. Pedalando o dia inteiro, os presos conseguem produzir energia para acender seis lâmpadas. Mas quando o presídio tiver dez bicicletas funcionando, aí sim vai ter carga suficiente para iluminar toda a avenida.

As duas bicicletas ficam no pátio do presídio. Por correias, as pedaladas geram a energia que vai carregar duas baterias. No guidão, um aparelho indica a hora de parar. O juiz da cidade, José Henrique Mallmann, tirou a ideia da internet. Viu nas academias americanas. No presídio, o projeto foi recebido com receio, mas depois ganhou a adesão dos detentos. Outras oito bicicletas devem ser instaladas.  “Controla um pouco da ociosidade, e a cada 16 horas pedaladas eles têm um dia a menos na pena”, aponta o juiz.

Pela lei, os presos não são obrigados a pedalar, mas os presos, além de ganharem a remissão de pena, aproveitam para se manter em forma, o que mudou o clima no presídio. “Eles estão se sentido úteis pedalando. Eles estão ganhando remissão e produzindo energia, energia saudável. Hoje se fala muito em sustentabilidade”, diz o diretor do presídio, Gilson Rafael Silva.

O Presídio de Santa Rita do Sapucaí tem 130 detentos. A cada 16 horas pedaladas, eles têm um dia a menos de pena. Segundo a direção do presídio, qualquer empresário que quiser doar bicicletas pode participar do projeto. Os equipamentos não precisam ser novos.

Projetos inovadores

Este não é o primeiro projeto do tipo a ser implementado no Presídio de Santa Rita do Sapucaí. O mesmo juiz já havia implantado um outro sistema em que os detentos trabalham e parte dos salários que recebem é encaminhado para as vítimas. Por enquanto, apenas presos que cometeram roubos ou pequenos furtos estão participando.

[A notícia acima foi publicada em junho deste ano no site G1 da Globo, e fala de apenas 2 bicicletas em uso pelos prisioneiros de Santa Rita do Sapucaí. Já na notícia que saiu em julho deste  ano, aparece o vídeo  abaixo, mostrando 4 já em uso.]

Apple lança dois novos iPads e renova linha de computadores; conheça as novidades

Durante o evento realizado nesta terça (23) no teatro California, em San José (EUA), a Apple introduziu o iPad mini, tablet com tela de 7,9 polegadas que concorrerá com o Google Nexus 7 e o Amazon Kindle Fire, além de atualizar suas linhas de computadores.


O iPad mini será vendido a partir do dia 2 de novembro nos EUA, onde custará entre US$ 329 (R$ 660) e US$ 659 (R$ 1.320) e em mais 33 países --o Brasil não está nessa lista.  O aparelho confirma grande parte dos boatos. Sua tela de 1.024 x 768 pixels de resolução, em tese, reproduz imagens menos nítidas que os concorrentes diretos, que têm resolução maior ou igual -- em telas menores.

iPad mini, novo tablet da Apple; a empresa anunciou o iPad mini, tablet com tela de 7,9 polegadas, por US$ 329 - (Foto: Divulgação).


Morre o 'iPad 3'

Anunciada hoje, a quarta geração do iPad convencional (tela de 9,7 polegadas) sepulta o antecessor, mas não o iPad 2, que segue sendo vendido.  Ele empresta do aparelho anterior, que havia sido anunciado em março, o nome "novo iPad". Sua principal atualização é o processador, que passou a ser um Apple A6X. A empresa diz que o chip melhora em até duas vezes o desempenho do anterior.

Outra mudança do "iPad 4" é o emprego do conector Lightning, inicialmente introduzido no iPhone 5, menor e incompatível com acessórios e cabos que eram usados pelos aparelhos de gerações passadas.

Retina, de 13"

No Brasil, sai por R$ 6.999 ou R$ 8.299 por meio da loja virtual da Apple, com prazo de entrega de "duas a três semanas".

A resolução de 2.560 x 1.600 pixels do notebook gera, em tese, imagens mais definidas que a maioria dos aparelhos semelhantes. Sua densidade de 232 pixels por polegada é ligeiramente superior aos 226 pixels por polegada do aparelho irmão. 

O iPad de terceira geração apresenta imagens a 264 pixels por polegada, enquanto as telas de iPhone 5 e o iPhone 4S têm 329 pixels por polegada de densidade. O computador carece de drive ótico, tem duas portas USB 3.0 e duas portas Thunderbolt.

IMac emagrece

A última geração do iMac, computador de mesa com tela integrada da Apple, é até 80% mais fino que seus antecessores. Em suas bordas, tem espessura tão baixa quanto 5 mm.  O "tudo em um" será vendido a partir de novembro e dezembro no Brasil em dois tamanhos: com tela de 21,5 polegadas (resolução de 1.920 x 1.080 pixels), que sairá por R$ 6.199 na versão mais básica, e 27 polegadas (resolução de 2.560 x 1.440 pixels), vendido por pelo menos R$ 8.499.
 Novos iMacs, mais finos: versão de 21,5 polegadas (R$ 6.199) e 27 polegadas (R$ 8.499) - (Foto: Divulgação).

Com os novos iMacs, a Apple introduziu o que chama de Fusion Drive, que nada mais é que uma solução de armazenamento híbrido entre SSD (drive de estado sólido) e HD (disco rígido), já comercializada por Seagate e Samsung há certo tempo. A novidade do Fusion Drive, segundo a empresa sediada em Cupertino, é a capacidade de se comunicar com o sistema operacional para apresentar desempenho semelhante a um SSD "puro", muito mais caro. 

Todas as versões terão processador Core i5 de terceira geração e núcleo quádruplo. 

Mac Mini renovado

Além de ganhar um primo com nome semelhante, o Mac mini, computador de mesa diminuto fabricado pela Apple, foi renovado com a nova geração de processadores da Intel. Agora, o pequeno PC pode ser configurado com até 16 Gbytes de memória e chip Core i5 ou Core i7 da terceira geração (codinome Ivy Bridge). Ele já está à venda nos EUA por US$ 599 (Core i5, 4 Gbytes de memória e disco rígido de 500 Gbytes).

No Brasil, não há previsão de chegada, mas os preços variam entre R$ 2.499 (processador Core i5) e R$ 3.399 (Core i7). 

O novo Mac mini, que no Brasil custará a partir de R$ 2.499 - (Foto: Divulgação).

Concorrência

O Google anunciará durante seu evento na segunda (29) duas novas versões do Nexus 7 --uma com armazenamento de 32 Gbytes e outra com conectividade 4G--, um tablet de 10 polegadas fabricado em parceria com a Samsung e uma atualização para seu sistema móvel, segundo o site "The Next Web". 

A Amazon, maior varejista do mundo, disse nesta segunda que seu tablet Kindle Fire HD é o produto que mais vende atualmente. 

Um quinto dos franceses não toma banho todos os dias, diz pesquisa

Um quinto dos franceses resolveu assumir a fama nacional de não ser fã da hora do banho. A pesquisa, feita pela empresa de produtos de higiente Tork, entrevistou 1000 pessoas e mostrou que dentro deste grupo, 3,5% fogem da chuveirada mais de uma vez por semana.

Os dados só pioram quando o assunto é lavar as mãos. Do grupo pesquisado, 20% admitiu não lavar as mãos antes do jantar, 12,5% pulam a visita até a pia depois de ir ao banheiro. O pior dos dados é que 55% não limpam as mãos nem depois de usar o transporte público.

A hora em que os franceses são mais higiênicos é quando vão cozinhar: 86,6% dizem que lavam as mãos automaticamentes antes de cozinhar. 

[A pesquisa da Tork, feita em conjunto com a empresa suiça de marketing direto BVA (que absolutamente nada tem a ver com o banco brasileiro BVA, que acaba de ser objeto de intervenção do Banco Central), está disponível em Etude BVA – Tork 55 % des français ne se lavent pas ...

A pesquisa diz que a lavagem das mãos não é sempre uma prioridade para os franceses, ainda que 21,4% deles lavem as mãos 10 vezes por dia [será?...] -- no entanto, mesmo em certas situações que requerem hábitos de higiene indispensáveis, a lavagem das mãos é relegada a segundo plano. A taxa de 55% de pessoas que não lavam as mãos sistematicamente depois de usar o transporte público é paradoxal, porque a maioria dos franceses (54%) considera o balaústre ou barra de apoio do metrô ou dos ônibus o objeto mais sujo de sua vida quotidiana. A pesquisa mostra, entretanto, que os habitantes da Ilha de França [no centro da qual está Paris] são os mais preocupados com isso, pois 57% deles lavam as mãos cada vez que usam um transporte público. 

Outra constatação surpreendente é que mais de 1 francês em 5 não lava  sistematicamente as mãos antes das refeições. Este comportamento é muito mais forte entre os franceses na faixa de 18 a 34 anos, pois 43% deles admitiram ter esse mau hábito.  No entanto, como dito no início da postagem, os franceses são mais sérios e higiênicos quando se trata de cozinhar, pois 86% deles disseram lavar as mãos sistematicamente antes de cozinhar.

12,5% dos franceses não lavam as mãos depois de usar o banheiro.

A pesquisa mostra que o banho não desfruta de estima nos lares franceses: quer seja por razão ecológica [bela desculpa!...], quer seja para economizar dinheiro, os franceses não são apreciadores do banho -- 61% deles não tomam banho frequentemente. Apenas 18% tomam banho uma vez por semana, esta tendência sendo mais forte entre as mulheres [vixe Maria!].  

O chuveiro não é um hábito de higiene sistemático para todos os franceses -- 20% deles não tomam senão uma chuveirada a cada dois dias, ou nem isso; 3,5% dos franceses não se ducham mais que uma vez por semana, enquanto 11,5% deles se ducham várias vezes ao dia. O estudo mostra um ligeira diferença entre homens e mulheres, estas últimas mais propensar a uma chuveirada por dia (71,7% das mulheres contra 63,3% dos homens). Entre as pessoas com 65 anos ou mais, 40% não tomam uma chuveirada diariamente.

A limpeza dos banheiros não é posta de lado nos lares franceses: um terço (34,6%) da população os limpa diariamente,  19% o faz a cada 2 dias e 26,4%, uma vez por semana. Outra conclusão do estudo é que a preocupação com a higiene dos banheiros cresce com a idade: enquanto entre os mais jovens (de 18 a 34 anos (18,9%) ela não é um hábito quotidiano, ela cresce importância na faixa entre 50 e 64 anos (44,9%) e mais ainda entre os maiores de 65 anos (58,7%).

Comentários pessoais meus -- Quem já teve a inesquecível experiência de usar o metrô de Paris em um dia de calor não esquece jamais o bodum reinante. 

A fama do "desapego" francês com a higiene pessoal é imortalizada na frase atribuída a Napoleão Bonaparte em carta à sua amada Joséphine de Beauharnais, quando ainda em campanha militar no Egito: "Ne te lave pas, j' arrive" ("Não te laves, estou a caminho"). 

E uma outra história folclórica, não mais exclusiva dos franceses mas europeia, é que a "invenção" do buquê das noivas em maio não teria nada de romântica -- na realidade, o perfume das flores servia para disfarçar o "CC" das mulheres ...]   

Qual é a posição da Igreja Católica na crise europeia?

[O texto que traduzo abaixo é da autoria de Gonzalo Fanjul e foi publicado ontem no blogue Sociedad do jornal espanhol El País. O autor chama a atenção para a ausência e a omissão da Igreja Católica espanhola no meio à crise avassaladora que aflige o país. Mas não é só na Espanha que se ouve esse silêncio ensurdecedor da Igreja Católica Apostólica Romana sobre a crise que flagela a Europa em geral e, mais particularmente, a zona do euro. Mesmo o Papa não tem batido muito nessa tecla. Enquanto no Brasil a CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil bota a boca no trombone por qualquer coisa, via de regra pecando pelo excesso, a meu ver, os bispos europeus pelo visto preferem o silêncio.] 

De que lado estão os bispos nesta crise?

Gonzalo Fanjul -- El País, 22/10/2012

José Ignacio Munilla, bispo de SanSebastián [Espanha], expressou há alguns dias sua preocupação ante a crise espiritual dos jovens espanhóis, metade dos quais declara não acreditar em Deus. Se, além disso, esses jovens fossem indagados sobre a Igreja Católica e sua credibilidade como instituição social, os números seriam ainda mais baixos. Eles simplesmente sentem que a Igreja se converteu em uma instituição irrelevante para boa parte deles, uma entidade carente de atrativos e alheia às questões que fazem com que suas vidas sejam mais difíceis e inseguras.

Eu iria mais além: em meio a uma crise devastadora, que fez com disparassem as cifras da pobreza e da desigualdade em nosso país, a incapacidade dos bispos em articular uma mensagem social clara e contundente os coloca do lado dos culpados e em oposição às vítimas. Trata-se de um pecado de omissão. Os primeiros traídos pela posição dos líderes da Igreja são as centenas de organizações religiosas que trabalham diariamente nas trincheiras contra a exclusão social, com emigrantes, com famintos, com despejados, com os sem teto e com os enfermos. São parte  da mesma Igreja, mas habitam universos paralelos.

O monsenhor Munilla sabe muito bem disso, porque foi uma das poucas vozes da hierarquia católica que se expressou com claridade nesse sentido. Uma simples homilia sua no verão passado, na qual fez carga contra "os escandalosos benefícios anuais [dos bancos], apoiados em uma economia irreal, fictícia e insustentável", se converteu em notícia nacional.

Por que algo tão evidente foi notícia? Porque, entre bispos e cardeais, tais declarações são a exceção e não a regra. Dando-se uma repassada nos documentos e notas das assembleias plenárias da Conferência Episcopal desde 2008, observam-se orientações sobre o amor conjugal, sobre a inscrição nos arquivos diocesanos, sobre a Jornada Mundial da Juventude ou sobre as lições de S. João de Ávila. Há referências à crise, é certo, mas muito escassas e sempre com uma linguagem exageradamente doce e agradável, e arrevesada, que faz com que fique difícil compreender o que se está dizendo. Falando da resposta à crise, Mosenhor Rouco disse em abril passado: "sem fé não pode haver a verdadeira caridade, capaz de afastar os obstáculos para essa liberdade espiritual imprescindível que dá frutos abundantes de justiça, solidariedade e paz".  Mas, o que é isso? Por que ele é tão compreensível quando protesta contra os casais homossexuais e o aborto e, no entanto, utiliza essas galimatias quando se trata da crise e de seus responsáveis?  Ele tem, realmente, algo a dizer?

A atitude da hierarquia eclesiástica espanhola nesse  contexto contrasta amargamente contra o que têm manifestado os bispos católicos em outros países, como nos EUA por exemplo. Vejam, por exemplo, a declaração da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA por ocasião do Dia do Trabalhador, que nos EUA se comemora no início de setembro. Em plena campanha eleitoral [americana], um texto sobre o "trabalho decente" e os riscos de um modelo econômico "quebrado": "Como pessoas de fé, somos chamados a estar com os que foram deixados para trás, oferecer-lhes nossa solidariedade e unir forças com os menores entre eles, para ajudá-los a satisfazer suas necessidades básicas. Buscamos uma renovação econômica nacional, que ponha no centro da vida econômica as pessoas que trabalham e suas famílias".  Eis aqui  uma linguagem que todos podem compreender.

Ainda que já faça algum tempo que joguei a toalha com a instituição Igreja, sou uma pessoa crente e compreendo os riscos de uma sociedade que vive de costas para a espiritualidade. Em matéria de moral sexual ou de educação, os bispos têm posições legítimas que não compartilho, mas isto é irrelevante. Minha pergunta é por que não é possível fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Se a pobreza e o sofrimento de quem vive dentro e fora do nosso país os preocupam -- e não é possível admitir o contrário --, o mínimo que podem fazer é dizê-lo em alto e bom som. Não apenas respaldariam o insubstituível trabalho de suas bases, mas também exerceriam o tipo de liderança e ensinamento públicos de que tanto se carece neste momento, e que não nos nos são oferecidos nem pelos partidos, nem pelos sindicatos. Talvez então a sociedade recupere seu respeito pela Igreja e Munilla tenha menos razões para preocupar-se.