O STF - Supremo Tribunal Federal sempre foi um palco onde desfilam egos hiperbólicos e estratosféricos e falsas modéstias efervescentes, o que a transmissão ao vivo e em cores de suas sessões plenárias só faz ampliar e desmedir. Emboras superlativas em si mesmas, essas características de boa parte dos ministros se ampliam surpreendentemente quando eles ocupam a presidência do tribunal -- aí, os comportamentos extrapolam e não raramente beiram o ridículo. O expoente disto até agora foi, inequivocamente, Nelson Jobim, um homem de ego paquidérmico, falastrão contumaz -- que, por isto mesmo, morreu politicamente pela boca, literalmente --, que dirigia as sessões do Supremo como se estivesse pechinchando em xepa de feira. Felizmente, temos hoje na presidência do STF um ministro que é a sua antítese em modos e na educação -- e, quiçá, também na competência.
Entre os egos mirabolantes do Supremo destaca-se, sem dúvida, o de Marco Aurélio Mello, que reiteradamente parece padecer de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) por sua atração em se tornar sujeito, objeto (direto ou indireto), predicativo, aposto e o que mais seja, de uma manchete. Frente a microfones, câmeras e flashes Marco Aurélio se transfigura e assume fala, pose e gestos professorais, teatrais e, autoproclamando-se xerife e guardião dos costumes e comportamentos jurídicos do país e do Supremo, deita falação, via de regra no mínimo deselegante.
Sem qualquer prurido, de qualquer espécie, Marco Aurélio comenta publicamente processos ainda em julgamento no STF e, recorrentemente, emite opiniões sobre seus pares com a elegância, a sutileza e a leveza de um trem descarrilando. Ele só fala em "off" quando amplificado, em imagem e/ou som. Pouco antes do início do julgamento do mensalão, ele se pronunciou sobre o conflito de interesses que poderia constranger ou impedir a participação do ministro José Dias Toffoli no mesmo, por suas notórias e recentes ligações com o PT. Apesar de, neste caso, verbalizar o que muita gente pensava e pensa, o problema é a maneira insidiosa e maquiavélica com que instila o veneno da dúvida em seus pronunciamentos públicos fora do plenário do STF, absolutamente inapropriada a meu ver para um ministro da Suprema Corte do país. No caso em tela, apesar de, sem o mínimo de autocrítica, pretextar ter um apego "exacerbado" à correição de falhas de comportamento de seus pares, ele não teve a coragem nem a coerência de, em plenário, confirmar o que dissera fora da Corte e pedir o impedimento de Toffoli.
Muito recentemente, ele novamente voltou seu conta-gotas de curare verbal contra seu evidente desafeto, o ministro Joaquim Barbosa, questionando ostensiva e publicamente suas condições para presidir o STF, vice-presidente que é da Corte no atual mandato de Ayres Britto na presidência do Tribunal, após a aposentadoria deste em novembro próximo. Quer de moto próprio, quer se prestando a ser o arauto de terceiros, novamente aqui Marco Aurélio pareceu-me mais um fofoqueiro do que um ministro togado da mais alta Corte do país. Tem-se a impressão de que lhe pesa nos ombros e no comportamento seu parentesco com Fernando Collor de Mello, de quem é primo em quarto grau e por quem foi nomeado para o STF em 1990.
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