Marika Lulay, executiva-chefe de operações da alemã
GFT, reconhece que
os
primeiros passos da empresa no Brasil foram marcados pelo receio de
que haveria uma enorme distância entre a cultura de negócios europeia e
as particularidades do mercado local. O ano era 2005 e a companhia de
serviços de tecnologia da informação para o setor financeiro havia
fechado - com o Bradesco - o seu primeiro contrato no país. Bem
calculado, o movimento seguia a estratégia de expansão internacional da
GFT.
Decorridos sete anos desse primeiro contato com o mercado brasileiro, as
impressões de Marika são completamente diferentes. "Hoje, costumamos
dizer na GFT que combinamos a disciplina alemã com a paixão e a
criatividade latina", disse a executiva.
Mais do que uma boa mescla de culturas, essa visão começa a render
iniciativas que estreitam os laços da GFT com o Brasil. A empresa acaba
de investir em um centro local de desenvolvimento de software, voltado
especificamente à criação de sistemas nas áreas de cartões e meios de
pagamento. O valor do investimento não foi revelado. A unidade já está
em operação em Sorocaba (SP), onde a companhia desenvolvia alguns
projetos sob medida para clientes.
A nova estrutura irá desenvolver sistemas voltados ao mercado
brasileiro. Em médio prazo, a ideia é exportar as tecnologias criadas
para outras operações da GFT, disse Marika. O projeto reforça a
abordagem da companhia em descentralizar suas atividades de pesquisa e
desenvolvimento. Na área de cartões e meios de pagamento, a GFT conta
com outros três centros de desenvolvimento, localizados na Alemanha,
Espanha e Inglaterra. Dentro desse modelo, os laboratórios reúnem poucos
profissionais, com alto nível de especialização. No Brasil, a equipe
inicial conta com 20 especialistas.
A distribuição das atividades de pesquisa e desenvolvimento em vários
países é uma tendência que tem ganhado força no setor de TI. Nesse
contexto, o Brasil vem pouco a pouco conquistando relevância ao atrair
projetos internacionais, por diferentes motivos.
Na GFT, a escolha do Brasil para a instalação do novo centro levou em
conta dois fatores: o conhecimento do país em tecnologias para o mercado
financeiro e a receptividade do mercado local. Esse último aspecto,
segundo Marika, é essencial para a GFT, pois os projetos de
desenvolvimento são realizados em um modelo de coinvestimento com os
clientes. "Enquanto nossos clientes europeus estão mais presos às
questões regulatórias, os bancos brasileiros têm mais 'apetite' por
novas tecnologias e estão mais dispostos a pular para a nova geração",
disse.
O centro brasileiro será focado em duas vertentes. A primeira delas será
a criação de aplicações para que bancos e operadoras de cartões
estendam seu relacionamento com clientes aos dispositivos móveis e a
ambientes como as redes sociais. Em outra frente, os projetos serão
direcionados ao desenvolvimento de uma base comum a todos os softwares
usados nas operações das empresas do setor. A ideia é oferecer meios
para que essas companhias consigam aumentar a eficiência no lançamento
de produtos e ampliar o volume de processamento de transações. "Temos uma expectativa de crescimento de 25% para essa área de cartões e
meios de pagamento em 2013 no Brasil", disse Marco Santos,
diretor-geral da GFT no país. Para o executivo, apesar do foco
específico, os sistemas podem ser adaptados para atender a outras
demandas do mercado brasileiro.
Além do aumento de projetos dos bancos brasileiros, Santos destacou que o
volume de negócios da GFT no Brasil tem crescido sob o impulso do
crescimento local das operações de bancos internacionais. Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil tem sido um dos principais motores
de crescimento da GFT, afirmou Marika. A empresa fechou 2011 com uma
receita global de € 272,3 milhões em 2011, alta de 10% sobre 2010.
Diante das perspectivas no país e da maior receptividade para novas
ofertas, a executiva acrescentou que o plano é dobrar o número atual de
170 profissionais da empresa no Brasil, no prazo de dois anos.
Marika Lulay, executiva-chefe de operações da GFT: clientes brasileiros têm mais 'apetite' por novas tecnologias - (Foto: Valor Econômico).
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