quarta-feira, 25 de junho de 2014

Luis Suárez, o vampiro canibal uruguaio do futebol mundial (II)

(Ver postagem anterior). Começam a surgir novos detalhes e aspectos da psicose vampiro-canibalesca de Luis Suárez. Reportagem e foto publicadas hoje pelo jornal inglês The Independent, mostram que já no ano passado no jogo Itália x Uruguai na Copa das Confederações, no Brasil, Luis Suárez tentou tirar um pedaço de carne do ombro direito do mesmíssimo jogador italiano Giorgio Chiellini que ele mordeu agora na Copa de 2014, só que desta vez no ombro esquerdo.

Tudo faz crer que o jogador uruguaio tem uma especial predileção por carne de ombro de jogador italiano, principalmente se ele for de Pisa e se chamar Giorgio Chiellini.


Luis Suarez tenta morder o ombro direito de Giorgio Chiellini, da seleção italiana, na disputa pelo terceiro lugar na Copa das Confederações no Brasil em 2013 - (Foto: The Independent).


Luis Suárez, o vampiro canibal uruguaio do futebol mundial


Foto-montagem: Tecmundo

Luis Suárez, o cracaço uruguaio, demonstrou mais uma vez no jogo decisivo contra a Itália na Copa do Mundo seus irrefreáveis instintos vampirescos e canibalescos. Esse cidadão já deveria estar isolado numa clínica psiquiátrica e banido dos campos de futebol há muito tempo. A Fifa e as federações de futebol onde ele joga deveriam ser responsabilizadas criminalmente por permitirem que Suárez continue mostrando, sem punição exemplar e definitiva, sua selvageria e seu problema psicológico a milhões de espectadores em todo o mundo.

Esse cidadão já mostrou repetidas vezes que tem um sério distúrbio de comportamento, e que precisa passar por um tratamento rigoroso longe dos gramados. Vejamos seu currículo de pitbull e vampiro:



Mordidas de Luis Suárez -- (Foto: Arte/Agência RBS - Fonte: ZH Copa 2014)


Todas as mordidas de Luis Suárez em 2014 - (YouTube)

  • Ajax x PSV -- Campeonato holandês, 2010 -- Na final entre os dois times, houve uma confusão entre os jogadores dos dois times e Luis Suárez mordeu o pescoço do volante do PSV, Otman Bakkal (aqui prevaleceu seu lado vampiro) -- primeira foto acima, da esquerda para a direita. O jornal inglês The Independent informa que ele recebeu por isso uma suspensão de 7 jogos.
  • Liverpool x Chelsea -- Campeonato inglês, 2013 -- O jogador uruguaio foi suspenso por 10 jogos após morder o jogador Branislav Ivanovic (terceira foto acima, da esquerda para a direita). 
  • Itália x Uruguai -- Copa do Mundo, 2014 -- Suárez mordeu o ombro do jogador italiano Giorgio Chiellini (foto do meio, acima). 

A mordida de Luis Suárez em Giorgio Chiellini (YouTube)

A Fifa informou que abriu processo disciplinar contra o atacante uruguaio Luis Suárez, que mordeu o zagueiro italiano Giorgio Chiellini durante o jogo com a Itália na terça-feira.

"A Fifa pode confirmar que procedimentos disciplinares foram abertos contra o jogador Luis Suárez, do Uruguai", disse a federação mundial de futebol em um comunicado na noite de terça-feira. A Fifa disse que Suárez e a associação uruguaia de futebol têm prazo até as 17 horas (horário de Brasília) desta quarta-feira para "apresentar sua posição e qualquer evidência documental que considerem relevante".

Vamos ver se pelo menos na área disciplinar a Fifa mostrará um mínimo de coerência e decência, e punirá Luis Suárez de maneira rigorosa e exemplar. Não tem cabimento a Fifa desfilar sua bandeira de "fair play" nos estádios e permitir que um idiota reincidente morda um adversário em jogo de Copa do Mundo.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Henry Kissinger foi aconselhado a não vir assistir a Copa para não correr o risco de ser preso

[A coluna de José Casado no Globo de 24/6 revela a surpreendente informação de que Henry Kissinger (91 anos) -- que, também surpreendentemente, é conselheiro da Fifa (será que conseguiu ficar imune aos escândalos da entidade?...) -- sondou informalmente vir ao Brasil para assistir a Copa (como fez na maioria das Copas dos últimos 60 anos). Não houve um veto explícito, mas lembrou-se que ele correria riscos em território brasileiro, inclusive de prisão — há meia dúzia de organizações civis internacionais sempre mobilizadas com esse objetivo. Crimes contra a Humanidade são considerados imprescritíveis, também no Brasil. Por isso, mesmo com o passe livre da Fifa, o “Heinz” de Fürth virou um torcedor rejeitado nesta Copa, confinado à tela da televisão na Ilha de Manhattan, onde vive.

Poucas pessoas têm tido ou tiveram tanta participação e influência em acontecimentos de sérias implicações no cenário político-estratégico internacional como Henry Kissinger, e óbvia e consequentemente poucos como ele têm despertado tanta polêmica e controvérsia (ver postagens anteriores de 21/11/2013, de 26/12/2010 e de 18/12/2010), dado seu enorme e inegável poder sobre a formulação da política externa americana durante anos, principalmente durante conflitos armados violentos. Vários acontecimentos lamentáveis e dolorosos na América Latina, incluindo a derrubada de Salvador Allende no Chile, têm as digitais de Kissinger, que escreveu dois livros, cuja leitura é imprescindível para tentar entendê-lo e vislumbrar os bastidores da política externa americana: "Diplomacia" (Editora Saraiva, 2012, 928 págs.) e "Sobre a China" (Editora Objetiva, 2011, 576 págs.). No Globo de 30/3 deste ano, a excelente Dorrit Harazim -- jornalista e documentarista brasileira nascida na Croácia -- publicou um artigo contundente sobre ele, que transcrevo a seguir.]

O passado ronda os presentes

Dorrit Harazim -- O Globo, 30/3/2014


‘A visita do Dr. [Henry] Kissinger ao nosso campus não será divulgada, portanto contamos com sua confidencialidade...”, dizia o e-mail recebido no início desta semana pelos alunos de pós-graduação em História do Instituto de Assuntos Globais da Universidade de Yale. Enviado através da rede exclusiva ao grupo, o comunicado acrescentava que o evento era reservado a convidados cujos nomes seriam conferidos na entrada. Laptops e outros periféricos estavam vetados.

A palestra de Kissinger programada para a tarde de sexta-feira no Johnson Center for the Study of American Diplomacy era considerada “de segurança máxima”. Todos os participantes foram instruídos a permanecerem em seus assentos até o fim do evento. 


Não que o tema da palestra — “A Europa numa encruzilhada e seu papel no sistema internacional” — fosse explosivo, transcendental ou revelador de algo que Kissinger já não tenha escrito ou dito recentemente. A preocupação dos organizadores era com o palestrante de voz cavernosa que, apesar de estar fora do poder há quase quatro décadas, não consegue se desvencilhar do lado B de sua folha corrida. Nem de protestos contra sua pessoa.

Aos 91 anos, Henry A. Kissinger leva uma existência quase bipolar. Ora é execrado e recebido com apupos por uma geração de americanos que sequer era nascida quando a condução da política externa esteve em suas mãos; ora é reverenciado e regiamente pago por grandes instituições e empresas para fazer previsões sobre o andar do mundo. Não raro as duas coisas ocorrem simultaneamente.

Durante quase uma década (1969 a 1977) Kissinger foi o todo-poderoso conselheiro de Segurança Nacional e secretário de Estado de dois presidentes, Richard Nixon e Gerald Ford. Dono de um intelecto e de uma bagagem acadêmica invejáveis, desenvolveu uma filosofia política que norteou de ponta a ponta sua atuação como diplomata-estadista internacional. Segundo definição do biógrafo Walter Isaacson, Kissinger concluiu que o fator determinante do funcionamento da ordem mundial não é a moralidade nem o respeito aos direitos humanos — é o poder. E, assim sendo, os Estados Unidos deveriam perseguir seus interesses mundiais com um calculado senso de realismo e frieza.

Foi o que fez, de forma nem sempre magistral, porém sempre teatral. Reinou como ninguém na diplomacia da segunda metade do século 20 e, após deixar o governo, soube manter a áurea de conselheiro indispensável. Há quatro décadas atua como uma espécie de secretário de Estado particular para uns 30 conglomerados internacionais ávidos de sua expertise. Até pouco tempo atrás recebia de cada um desses grupos (American Express, Freeport-McMoRan Minerals, Chase Manhattan Bank, Volvo, entre outros citados por Isaacson) um honorário fixo anual de 250 mil dólares, e outros 100 mil dólares mensais por projeto específico.

Cinco novos presidentes já se revezaram na Casa Branca desde a era Kissinger, mas é a ele que a grande imprensa americana recorre quando surge uma nova crise mundial ou algum imbróglio diplomático encruado. Sua grife é cobiçada: ele analisa o conflito na Ucrânia, teoriza sobre a Primavera Árabe, debate a questão das armas químicas da Síria com saber acumulado.
Contudo, paralelamente a esta existência soberana e admirada, Henry A. Kissinger chega à última etapa da vida útil precisando se esconder da História. No verbete Guerra do Vietnã sua biografia se confunde com o bombardeio indiscriminado de massas de civis em três países da antiga Indochina. O horror praticado no Laos ainda é um capítulo em aberto. Foram quase quatro milhões de toneladas de bombas, mais do que durante a Presidência de Lyndon Johnson e o dobro do despejado sobre a Europa e os países do Pacífico envolvidos na Segunda Guerra Mundial.
Foi essa deliberada chacina a granel de não combatentes que levou o ensaísta Christopher Hitchens, morto em 2011, a classificar o ex-secretário de Estado de “criminoso de guerra” e a exigir seu julgamento no livro-libelo “The trials of Henry Kissinger”.

Mas Kissinger sempre driblou sua responsabilidade direta no apoio americano a regimes que praticaram barbáries contra civis, como no Chile, em Bangladesh, no Timor Leste, no Laos e no Camboja.


Até que um dia apareceu sua impressão digital num memorando secreto de 1977 revelado em 2004, graças à abertura de documentos oficiais do governo americano. O memorando foi redigido pelo embaixador americano em Buenos Aires e narrava um encontro entre Kissinger e o chanceler argentino da época, Cesar Augusto Guzzetti. “O principal problema da Argentina é o terrorismo”, informou Guzzetti. “Se há coisas que precisam ser feitas, então que sejam feitas rapidamente”, orientou Kissinger. Referia-se à guerra suja da junta militar, que resultou na morte ou desaparecimento de cerca de 30 mil pessoas.

Um novo documento secreto sobre o mesmo encontro, apenas com mais detalhes, foi divulgado recentemente. Nele consta que os argentinos temiam ouvir de Kissinger alguma pergunta sobre a questão dos direitos humanos, o que não ocorreu. Quem tocou no assunto foi Guzzetti. Kissinger então quis saber quanto tempo os militares levariam para “limpar o problema”. Informado de que tudo estaria terminado até o final do ano, o secretário de Estado deu seu aval, aliviado. Uma lei vinculando o respeito aos direitos humanos à ajuda externa fornecida pelos Estados Unidos acabara de ser aprovada e ele temia que ela entrasse em vigor antes da erradicação da esquerda na Argentina.
Não é só no Brasil que o passado ronda, desenterra memórias e verdades, e se mostra presente. Mesmo um Henry Kissinger tem o passado a lhe roubar a confiança. Até o fim da vida ele sabe que corre o risco de, no mínimo, ser apontado na rua por alguém que o chame de charlatão da História. Melhor então permanecer em ambientes controlados.

 






Documento da Fifa sobre a organização e a realização da Copa deixa mal o governo e o país. Cadê a resposta de Dilma NPS?

[Sob o título "FAQ: Setting the record straight" ("Perguntas frequentemente feitas: Botando os pingos nos 'is'", em tradução livre), a Fifa dá sua versão sobre detalhes da organização e realização da Copa que têm sido objeto de protestos e gerado enorme confusão no país. Divulgado na semana atrasada (15/6), o que nele a Fifa afirma deixa muito mal o governo Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) e o país. Um das afirmativas mais graves da Fifa é que, ao contrário do que o governo diz, ela não pediu isenção geral de impostos. Passada mais de uma semana, o governo da madame permanece em silêncio ensurdecedor, usando a velha prática petista de fingir-se de morto ou ficar com olhar de paisagem, na expectativa de que o malfeito caia no esquecimento. Estranhamente, a mídia também desprezou as informações da Fifa, cujo documento traduzo a seguir. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Perguntas frequentemente feitas: Botando os pingos nos 'is' -- Fifa

Até agora, a Copa do Mundo no Brasil custou US$ 15 bilhões. Os contribuintes têm pago a conta, a Fifa não gastou nada.

A Fifa cobriu todos os custos operacionais da Copa do Mundo no considerável valor de US$ 2 bilhões. Não utilizamos nenhum dinheiro público para isso, usando em vez disso apenas a receita gerada pela venda dos direitos de TV e de comercialização relativos à Copa do Mundo. Em termos de investimentos do país anfitrião, as cifras citadas incluem investimentos em infraestrutura que não são diretamente relacionados ao custo da Copa do Mundo, e alguns deles nem mesmo foram feitos para o evento. O país irá usufruir por muitos anos dos resultados dos investimentos feitos em redes viárias, aeroportos ou sistemas de telecomunicações, e assim sendo tais investimentos não são custos relacionados unicamente à Copa do Mundo.

O dinheiro investido em estádios faz falta agora nos orçamentos para educação e saúde.

A presidente Rousseff, falando duas semanas antes da Copa do Mundo, disse que os orçamentos governamentais para educação e saúde não serão afetados pelo financiamento do BNDES para os estádios (apenas 0,16% do PIB do país).

A Fifa determinou que o Brasil construísse 12 estádios.

A Fifa não exige que um país construa 12 estádios, nem como devam ser projetados. Há algumas diretrizes básicas a serem seguidas, de modo que os estádios satisfaçam as exigências e expectativas das equipes, dos agentes de segurança e da mídia mas, antes de tudo, cada país anfitrião tem que decidir se deseja utilizar oito, dez ou 12 estádios. O Brasil optou por 12. Cabe também a cada país anfitrião projetar seus estádios de tal maneira que possam ser usados de maneira sustentável no longo prazo. Só depois disso se verifica se não necessárias quaisquer modificações para o uso das instalações para a Copa do Mundo, com ambas as partes trabalhando em conjunto para encontrar a melhor solução possível. [Pelo que diz a Fifa, a invenção de fazer 12 estádios suntuosos -- e nos locais escolhidos --  é porralouquice do governo Dilma NPS e não dela. Que atentem bem para isso os eleitores que votarão em outubro vindouro.]

Os ingressos são tão caros que a maioria dos brasileiros não pode pagá-los.

Em comparação com outros eventos de porte (Jogos Olímpicos, Fórmula 1, torneios de tênis, concertos populares, etc), há muitos ingressos baratos disponíveis para a Copa do Mundo. Para a fase de classificação (group-stage matches), por exemplo, ingressos por até apenas US$ 15 foram postos à venda para os brasileiros. A Fifa doou também 100.000 ingressos para os operários que trabalharam na construção dos estádios, assim como para os socialmente desfavorecidos. Dos 11 milhões dos pedidos de ingressos, cerca de 70% foram feitos por brasileiros, e 58% dos 2,7 milhões de ingressos vendidos até o momento foram comprados também por brasileiros. [As infos sobre os ingressos a 15 dólares e a doação de 100.000 ingressos são surpreendentes e deveriam ser confirmados pela CBF ou quem mais seja do lado brasileiro. Ver postagem anterior com preços de ingressos no site oficial da Fifa.]

A Fifa exige isenção total de impostos para seus patrocinadores, o que significa que o país anfitrião não lucra nada com o evento.

A Fifa não faz exigências para que haja um isenção geral de impostos para patrocinadores e fornecedores, ou para quaisquer atividades comerciais no país anfitrião. Em vez disso, a Fifa demanda apenas facilidades nos procedimentos aduaneiros para alguns equipamentos que precisam ser importados para a organização da Copa do Mundo, e que não se encontram à venda no país anfitrião (por exemplo, importação de computadores a serem usados pela Fifa ou pelo Comitê Organizador Local), importação (e subsequente exportação) de placas eletrônicas de propaganda, importação de bolas pasra uso na Copa do Mundo [o Brasil não é capaz de fabricá-las?!], e que serão usadas durante o evento e depois reexportadas ou doadas para uma instituição social ligada a esporte no país anfitrião. Todas essas isenções são comparáveis àquelas demandadas por organizadores de outros eventos esportivos ou culturais. [Esta declaração da Fifa é seríssima, porque desmente frontalmente o governo Dilma NPS, que afirmou que concedeu isenção fiscal plena para a Fifa na Copa das Confederações em 2013 e para esta Copa do Mundo porque issa era uma "condição" pasra a realização desses eventos. Isso significou para o país a perda de mais de R$ 1 bilhão, só em impostos federais. É preciso exigir que o governo explique isso direitinho. Ver mais detalhes no site UOL.Copa. O TCU diz ainda que falta transparência nessa isenção fiscal à Fifa.]

Dos US$ 2 bilhões que a Fifa gasta com a Copa do Mundo, cerca de US$ 1 bilhão é gasto com serviços no Brasil -- em outras palavras, dinheiro que é injetado diretamente na economia brasileira. Embora a Fifa seja extremamente cautelosa com prognósticos econômicos, a Fundação de Pesquisa Econômica Brasileira avalia que a Copa gere uma receita adicional para a economia do país de US$ 27 bilhões. [Não consegui identificar esta instituição; existe um site oficial do governo -- "Foundation Institute of Economic Research" -- para a Copa, mas nele não encontrei esse estudo citado pela Fifa. A agência de risco Moody's informou em março deste ano que a Copa teria efeito pouco duradouro sobre a economia brasileira. O Ipea, em seu site, diz que "para o crescimento do PIB, a Copa do Mundo deve ser jogo de zero a zero". Para o TCU essa receita seria de R$ 10 bilhões.]

A Fifa só pensa em ter lucro, não se preocupa com nada mais

A Fifa é uma associação de associações, com um objetivo não comercial e sem fins lucrativos, que utiliza recursos significativos na busca de seus objetivos estatutários, que incluem desenvolver o futebol ao redor do mundo, organizar suas próprias competições internacionais e elaborar cuidadosamente regulamentos para o esporte, garantindo ao mesmo tempo sua aplicação.  Então, a pergunta é: o que a Fifa faz com os lucros da Copa do Mundo?

Em resumo, todas as 209 associações que compõem a Fifa se beneficiam na mesma proporção. Na realidade, a Fifa gasta US$ 550.000 no desenvolvimento do futebol ao redor do mundo -- todo santo dia. Além disso, gastamos cerca de US$ 2 milhões na organização de competições internacionais -- todo santo dia. [Seria interessante ter acesso aos arquivos da Interpol sobre a Fifa e seus dirigentes, atuais e do passado ...].

A Fifa deixa o país anfitrião sozinho para enfrentar seus problemas sociais, econômicos e ecológicos

A Fifa está plenamente consciente -- e aceita isso integralmente -- de sua responsabilidade social como parte da Copa. Em 2006, a Copa do Mundo na Alemanha foi a primeira a ter um abrangente programa ambiental. Depois, em 2010, a Fifa lançou "Vencer na África com a África "("Win in Africa with Africa"), uma iniciativa para o desenvolvimento de uma infraestrutura futebolística sustentável cobrindo o continente africano, a um custo de US$ 70 milhões.  Além disso, US$ 12 milhões foram investidos em vários programas sociais e foi criado o Fundo de Legado da Copa do Mundo de 2010 (2010 World Cup Legacy Trust) após o evento, com uma provisão adicional de US$ 100 milhões para promover o desenvolvimento social a longo prazo na África do Sul após a Copa e dar suporte a iniciativas que usem o futebol para impulsionar o desenvolvimento social. É justo dizer que a África do Sul ainda se beneficia de ter sediado a Copa do Mundo em 2010.

No que se refere à Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a Fifa divulgou uma estratégia completa de sustentabilidade há quase dois anos atrás, com foco em estádios ecologicamente favoráveis, gestão de refugos, apoio comunitário, redução e compensação de emissões de CO₂, mudança climática e transferência de conhecimento. [Por que esse trabalho não foi tornado público? Essa estratégia envolve apenas a Fifa, ou há exigência de contrapartida do nosso governo?] - A estratégia da Fifa é fundamentada em normas internacionais, como a ISO 26000 e a GRI - Global Reporting Initiative [ver aqui], assim como na política de desenvolvimento do governo brasileiro. Uma vez mais, a Fifa está apoiando uma ampla gama de projetos sociais [quais?], lançou uma iniciativa sobre saúde de âmbito nacional [qual?] e está organizando uma "Copa do Mundo Social", da qual participarão 32 organizações sociais em sua própria Copa do Mundo [que diabo é isto?!].

Serão implementadas medidas adicionais nas áreas de saúde, infraestrutura e futebol feminino como parte do Fundo de Legado da Copa do Mundo de 2014. [Quais são essas medidas?]

A Fifa considera que sua responsabilidade social é um fator crucial para sucesso sustentável de seus eventos, mas a Copa do Mundo somente pode ser usada como uma ferramenta ou como um catalisador para mudanças se todos nela envolvidos pressionarem numa mesma direção, como parte de uma estratégia global.

A Fifa é responsável por despejos forçados no Brasil

A Fifa nunca pediu tais despejos. A Fifa recebeu uma declaração por escrito do Governo Federal e das Cidades Anfitriãs explicitando que em nenhuma das12 construções ou reformas de estádios alguém teria que ser despejado ou removido. [E aí, o governo realmente cumpriu isso?]

A Fifa expulsa vendedores ambulantes/camelôs para garantir a exclusividade de seus patrocinadores

Ao contrário, a Fifa trabalha duro para garantir que os camelôs façam parte da Copa do Mundo. No entanto, nas vizinhanças imediatas dos estádios, por razões de segurança, há uma área à qual apenas portadores de ingressos ou de credenciais podem ter acesso. Por conseguinte, com base na experiência adquirida na Copa do Mundo da África do Sul, a Fifa deixou assentado com as autoridades brasileiras e com as cidades anfitriãs (que, em última análise, são responsáveis pelas atividades comerciais em suas áreas), desde os primeiros entendimentos sobre o evento, que estabelecessem e implementassem programas especiais para aqueles comerciantes.

Na maioria das cidades anfitriãs, camelôs que já trabalhavam no entorno de estádios foram cadastrados e poderão, portanto, trabalhar perto dos estádios e das Fifa Fun Fests™ durante a Copa do Mundo. Os camelôs receberam também um treinamento especial, um uniforme e uma credencial que lhes permite vender produtos autorizados. Um exemplo: São Paulo, a cidade anfitriã do jogo de abertura, tem no momento um total de 600 camelôs cadastrados nas vizinhanças da Fifa Fan Fest™e da Arena São Paulo. Esse é um procedimento padrão que é necessário em grandes eventos, principalmente no interesse da segurança. Um processo semelhante de credenciamento foi posto em prática nos Jogos Olímpicos de Londres e de Vancouver, por exemplo. Isso ajuda também a evitar que produtos falsificados sejam vendidos, infringindo leis brasileiras e internacionais.



domingo, 22 de junho de 2014

Dilma NPS, bravateira e mentirosa (outra vez)

Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) tem um estilo mais do que roto e conhecido, mas que ainda funciona p'ra muita gente -- infelizmente. Gosta de posar de durona, adora falar "grosso" (e grossa), é pesadamente indelicada e prepotente, mente descaradamente com cara de sapiência, e adora intimidar com enxurradas de números e cifras principalmente quando sabe que o interlocutor não tem nem terá tempo de checar e contestar seus números. E assim ela vai enrolando petistas catatônicos e fanáticos sem causa há 11 anos.

Nesta ano eleitoral e de Copa, a madame tem sido bipolar, cínica e hipócrita mais do que nunca -- e tem recebido golpes no fígado como nunca desde que foi guerrilheira e virou "democrata". E tem eliminado doses cavalares de bílis com o tratamento que tem recebido das massas em público. Atriz indigente e sem cacoete para essa profissão, tem feito monólogos paupérrimos, vazios, bizarros, lamentáveis.


Depois que foi vaiada estrepitosamente (com todo mérito) e xingada (deseducadamente) na abertura da Copa, teve nova crise de bravateira, dizendo que não se abate nem se abaterá com esse tipo de reação e que já enfrentou situações piores na época de guerrilheira. Palavrório bonito, mas sem contraparte na realidade. A ex-guerrilheira corajosa não teve -- nem tem -- peito de enfrentar vaias, a mandona não gosta de ser contrariada. Botou o galho dentro e se escondeu na última fila do camarote das autoridades no Itaquerão na abertura da Copa. É uma democrata de fachada e de fancaria. Assim como não teve ânimo e coragem de enfrentar p'ra valer (e não de mentirinha) a Fifa quando esta -- várias vezes -- ultrapassou os limites da cortesia com o nosso país. A madame enriqueceu seu currículo com puxões de orelha e cascudos do corrupto Joseph Blatter e da corrupta Fifa. Vivendo há 11 anos num mar de corrupção, Dilma NPS acaba ficando confusa, não consegue distinguir Blatter do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata), de Maluf ou de um petista de alto coturno. O uso do cachimbo faz a boca torta.


A bravata -- casada com muita mentira -- mais recente da nossa Dama de Ferrugem ocorreu na convenção do PT que confirmou sua candidatura à reeleição. Dilma NPS disse que não faz política com ódio, mas não ficará de joelhos (sua artrite não deixa ...). A madame consegue produzir uma fantástica concentração de bravatas e mentiras por parágrafo dito ou escrito, competindo cabeça a cabeça com o NPA, seu inventor, tutor e avalista. Quem fizer uma pesquisa de opinião entre políticos (da base e opositores), ministros e ex-ministros, e executivos do alto escalão do governo garantindo-lhes o anonimato verá como essa gente toda adora o jeitinho carinhoso e doce de Dilma NPS tratá-los. Quanto a não ficar de joelhos, isso evidentemente não vale para a Fifa e Blatter (e eles sabem disso), como também não vale para Maluf, nem para a marginália política com a qual a madame tem feiro conchavos explícitos e implícitos, e vergado os joelhos na busca desesperada e nada asséptica pela reeleição. Temo muito pela educação que o netinho da madame vem recebendo da avó materna.


Dilma NPS é economista. Deve ter sido péssima aluna, porque só faz besteiras com a nossa economia. Não acerta uma. E, na gestão da coisa pública, é prevaricadora renitente, reincidente, criminosa e irresponsável. Volta e meia faz caridade com o dinheiro do contribuinte. No ano passado, por exemplo, perdoou R$ 900 milhões de dívidas de países africanos, incluindo várias ditaduras. A madame faz também jogo duplo -- enquanto sangra nossos bolsos com uma tributação escorchante, faz rapapé pilantra com setores da economia que escolhe sabe lá Deus como reduzindo-lhes a carga tributária. E com a Fifa, desde 2011 mostra-se subserviente e sem um pingo da valentia que gosta de arrotar. No dia 11 de outubro de 2011 Dilma NPS assinou o Decreto n° 7.578, publicado em 13/10/2011 no Diário Oficial da União, concedendo à Fifa isenção total de impostos federais para bens e serviços relacionados à Copa das Confederações de 2013 e à Copa do Mundo de 2014. Os dirigentes ficaram livres, inclusive, da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), cobrada na importação e comercialização de combustíveis. 

Esse ato criminoso privou o país de arrecadar mais de R$ 1 bilhão em impostos da Fifa. A desoneração vale de 01/01/2011 a 31/12/2015 e, da forma geral como foi escrita, permite, por exemplo, isenção de impostos durante visitas de representantes da Fifa ao Brasil para encontros com Dilma NPS ou vistoria do andamento das obras. Segundo o coordenador-geral de Tributação da Receita Federal, Fernando Mombelli, a desoneração era uma "condição" para a realização dos eventos esportivos no país. Tais concessões são comuns em eventos da Fifa, disse ele. Mentira, pura mentira, mais uma do repertório do governo de Dilma NPS. Em nota oficial no seu site -- "Setting the record straight" ("Botando os pingos nos is", em tradução livre) -- a Fifa diz clara, inequívoca e categoricamente que não faz qualquer exigência de isenção geral de impostos para patrocinadores e fornecedores, ou para quaisquer atividades comerciais no país anfitrião. E aí, dona Dilma NPS, mais uma mentira?!



Movimento da Paz faz protesto contra isenção de impostos dada à Fifa pelo governo brasileiro -- (Fotos:  Fernando Quevedo/Agência O Globo)

Os jovens do protesto acima caíram no conto do vigário de Dilma NPS, esse cartão vermelho tem que ser dado a ela e não à Fifa.





sábado, 21 de junho de 2014

Golpe baixo e safado da Fifa contra o Brasil

As relações Fifa - Brasil  em relação à Copa deste ano nunca foram amenas, nem saudáveis, à exceção talvez do dia em que o Brasil foi sorteado para sediar o evento, lá nos idos de 2007. À medida que o certame se aproximava e o país se mostrava cada vez mais relapso e incompetente para cumprir com o que lhe competia contratualmente fazer, a Fifa foi subindo o tom e passou a nos tratar como moleques -- culpa exclusivamente nossa e não dela. Como qualquer observador atento, dentro e fora do país, a Fifa sabe perfeitamente que o Brasil é masoquista, adora sofrer e levar porrada -- aí estão Bolívia e Argentina para comprovar isso. E caiu de cascudos, palmatória e puxões de orelha sobre nós -- só faltou nos botar de joelhos sobre grãos de milho. Não enriquece o currículo de ninguém levar esporro de uma entidade pilantra, atolada em denúncias de corrupção, com dirigentes e ex-dirigentes acusados de mutretas, pilantragens e negociatas. 

Em certo momento, o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, disse que o Brasil precisava levar um pontapé no traseiro para fazer o que devia em tempo hábil, e fazê-lo certo. Houve um teatrinho do governo fingindo-se de ofendido e magoado, o ministro da Porrinha (único esporte de que entende alguma coisa) Aldo Rebelo declarou Valcke persona non grata, o francês pediu "desculpas" e todos terminaram de mãozinhas dadas. 

Eis que, às vésperas de um jogo vital para o Brasil contra Camarões -- se perdermos estamos eliminados e mesmo empatando corremos risco -- a Fifa, através de seu diretor de segurança Ralf Mutschke, vem a público para dizer que se trata de um jogo "vulnerável e de risco, sujeito a manipulações porque implica classificação, diferença de gols, envolvendo uma seleção já eliminada", explicou esse executivo. Beleza, a Fifa corrupta posa de boa menina e alerta Camarões para que não faça negociatas que favoreçam o dono da casa ou outrem, depois de passadas nove ou dez rodadas do Mundial.  

Camarões mostrou-se uma seleção mercenária, que chantageou sua federação até a última hora e chegou com um dia de atraso ao Brasil para conseguir vantagens financeiras. Jogou contra dois adversários de sua chave, perdeu os dois jogos, e a Fifa não levantou qualquer suspeição contra seu comportamento em campo. Por que só agora, na véspera do jogo contra o Brasil?

Com essa "pressão" supostamente bem intencionada da Fifa, Camarões recebeu o "doping" de que necessitava para endurecer e infernizar o jogo contra o Brasil. Na sua coluna de hoje (21/6) no Globo, Ancelmo Gois informa que a CBF vai acionar a Fifa e que "O ambiente, ontem à noite, na comissão técnica da seleção era de completa indignação. Tudo por causa desta notícia, no site da Fifa, de que o jogo do Brasil contra Camarões corria “sério risco de manipulação”.  Por que esta suspeita só sobre o nosso jogo? E os outros não podem ser manipulados? — rebatia Parreira". Com essa atitude canalha, a Fifa lança suspeitas também sobre a CBF e o país.  

Joseph Blatter e Jerôme Valcke certamente terão orgasmos múltiplos se o Brasil for desclassificado ainda na fase de classificação, e passar o resto da competição amargando seu desastre e pagando caríssimo para ser um mero espectador. Seria para a Fifa o castigo perfeito para anfitriões que lhe deram um enorme trabalho na preparação, organização e implementação do evento. 

Não aparece ninguém para dar uma chacoalhada nessa Fifa, pô?!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Brasil é o segundo maior investidor direto estrangeiro na Europa

[Somos um país surpreendente. A notícia abaixo foi publicada no site do Globo em 20/6.]

O Brasil é o segundo maior investidor estrangeiro direto na União Europeia (UE), com um aporte de € 21 bilhões em 2013, informou nesta sexta-feira a Eurostat, órgão de estatísticas do bloco europeu. O maior investidor direto estrangeiro são os Estados Unidos com um volume muito maior: € 313 bilhões.

No total, a UE recebeu investimentos diretos do exterior (IDEs) num total de € 327 bilhões, volume que inclui desinvestimentos. Atrás de Estados Unidos e Brasil seguem Suíça, com € 18 bilhões; Japão, com € 10 bilhões; Hong Kong e Rússia, cada um com € 8 bilhões em IDEs.

Segundo a Eurostat, os investimentos a partir de centros financeiros em offshores recuaram € 41 bilhões. Estes incluem tanto centros europeus, como Liechtenstein, Ilha de Man, as ilhas Anglonormandas, Andorra e Gilbatrar, mas também centros financeiros da América Central e Caribe ou ainda centro asiáticos, como Bahrein e Cingapura. Por outro lado, os investidores diretos estrangeiros dos 28 países-membros da UE totalizaram no ano passado € 341 bilhões.

A maior parte foi para os Estados Unidos (€ 159 bilhões), seguidos pelos centro financeiros offshore (€ 40 bilhões); Brasil (€ 36 bilhões); Suíça (€ 24 bilhões); Hong Kong (€ 10 bilhões); e China (€ 8 bilhões).


Os investimentos da UE em Rússia e Canadá foram negativos no ano passado, com € 11 bilhões e €2 bilhões, respectivamente.

Os IDEs são uma categoria de investimento internacional com objetivos a longo prazo, aplicando em empreendimentos em um país estrangeiro.


Mundial de 2014: deve-se suprimir os hinos nacionais nos jogos?

[No jogo França x Honduras pela Copa do Mundo em Porto Alegre ocorreu um fato lamentável e bizarro: não houve a tradicional e emocionante apresentação dos hinos dos dois países devido a uma pane no sistema de som do estádio. De quem foi a culpa? A esta altura do campeonato isso não interessa mais, porém o fato originou um artigo interessante do sociólogo Albrecht Sonntag no jornal francês Le Monde de 17/6, com o título desta postagem, que traduzo a seguir. O autor é sociólogo na ESSCA, escola de administração (Angers, Paris), onde dirige o Centro de expertise e pesquisa em integração europeia. Atualmente, ele coordena o projeto FREE (sigla inglesa para Pesquisa sobre Futebol numa Europa Ampliada) que congrega 18 pesquisadores de nove universidades europeias. Sonntag se reporta ao incidente técnico que privou França e Honduras de cantarem seus hinos antes do jogo. -- O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

A cerimônia antes do jogo no domingo, 15 de junho em Porto Alegre, tinha algo de engraçado: as equipes foram vistas se posicionando em campo para os hinos nacionais e depois ... depois, nada. Uma pane no sistema de som privou os jogadores de treinarem seu canto patriótico ou, alternativamente, atraírem para si a reprovação violenta de um grupo de telespectadores que consideram que isso deveria ser obrigatório para exprimir de maneira audível seu desejo de ver o solo encharcar-se de sangue impuro [alusão aos versos da Marselhesa "Qu'un sang impur / Abreuve nos sillons" -- "Que um sangue impuro/ Encharque nosso solo", em tradução livre].

Os hinos nacionais são necessários nesses encontros internacionais já sobrecarregados de simbolismo nacional? Seria preciso suprimí-los, com já foi defendido recentemente nestas colunas ("Por uma separação entre o futebol e o Estado")? Como a Copa do Mundo põe em confronto equipes que representam nações essa solicitação, ainda que possa ser justificada do ponto de vista internacionalista e pacifista, continuará inútil.   

76% se opõem ao fim dos hinos nos estádios

É a oportunidade de identificação nacional que, neste momento de uma globalização angustiante, permite à Copa do Mundo (ou, para ser mais exato, à Fifa) a atrair públicos normalmente menos inclinados a acompanhar a bola de futebol. Os hinos -- e tudo mais, como as cores nacionais, os representantes políticos nas arquibancadas, e os discursos nacionalistas que amplificam o evento em cada país -- contribuem para a atratividade do produto. 

Em meados dos anos 1990, um grande número de personalidades do mundo do futebol europeu prenunciava que os times nacionais entrariam em declínio. Para elas, não era senão uma questão de tempo até que os grandes torneios entre nações fossem substituídos por uma liga fechada de clubes (ou de "franquias") de caráter transnacional. A Copa do Mundo francesa de 1998 varreu todas essas previsões. A necessidade coletiva de se tranquilizar face às incertezas e inquietudes da época através da retomada dos símbolos familiares do povo fez da Marselhesa o sucesso do verão. A partir daí, a exibição de símbolos nacionais quando dos grandes eventos do futebol internacional não cessou de crescer em intensidade.

Hoje, os amantes do futebol parecem muito ligados ao momento dos hinos nacionais antes do pontapé inicial. Por ocasião de uma pesquisa recente feita pelo projeto FREE [ver a introdução desta postagem] em nove países europeus, apenas 13% dos consultados concordaram com a afirmação de que era "inútil tocar os hinos nacionais antes dos jogos internacionais" -- 76% se opuseram, dos quais 64% categoricamente. 

"Isso foi um ato de fraqueza"

Ao mesmo tempo, os espectadores atuais sabem perfeitamente conciliar o "fervor nacional" esperado no momento dos hinos com a descontração dos convidados a uma festa-surpresa: assim que percebem que a câmera está voltada para eles, a postura solene é abandonada imediatamente em favor de trejeitos pouco ortodoxos dirigidos ao mundo inteiro. Tudo faz crer que o espectador pós-moderno programado no modo "festa" poderia perfeitamente bem dispensar os hinos nacionais. Quem se lembra ainda que durante os primeiros anos da Copa europeia de clubes eles eram também executados antes de cada jogo?

Aliás, não foi a primeira vez que a Marselhesa não soou antes de um jogo internacional. Em 1952, as federações francesa e alemã decidiram pela não execução dos hinos antes do pontapé inicial do primeiro jogo França x Alemanha do pós-guerra. Era uma questão de evitar reavivar lembranças pouco agradáveis entre os espectadores de um público recorde de 60.000 pessoas em Colombes.  Enquanto o Frankfurter Allgemeine Zeitung sublinhava que não se devia em nenhum caso "tirar conclusões negativas quanto às relações esportivas franco-alemãs", o Le Monde comentou secamente: "Isso foi um ato de fraqueza".

Como seria também um ato de fraqueza teimar hoje em reduzir o simbolismo nacional nos estádios durante os grandes torneios. Deixemos que as coisas se resolvam com o passar do tempo. Nos anos 1950 e 1960, um hino poderia ser um assunto delicado. Hoje, pertence ao folclore da identidade.







Ligação entre operadoras ficará 90% mais barata no Brasil -- em 2019 ...

[A reportagem abaixo é do site Olhar Digital, publicada em 19/6. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou uma norma nessa quarta-feira, 18, que resultará na redução das tarifas cobradas pelas operadoras móveis por ligações entre seus clientes e os clientes das concorrentes.

De acordo com o órgão, até 2019 os valores de referência de uso de rede móvel da telefonia móvel devem cair em mais de 90%, chegando a um custo médio de R$ 0,02. Hoje esse valor é de R$ 0,23. [Até 2019?!! Por que tanto tempo?!! É impossível entender o mecanismo -- muito menos a lógica -- da fixação de prazos de nossas agências para que benefícios para o consumidor entrem em vigor.]

A redução atinge as operadoras, que devem repassar o benefício aos clientes, aumentando a competição do setor e diminuindo o “efeito clube” - hoje, como os valores de interconexão são altos, os consumidores evitam ligar para outras operadoras.

“Com a medida deliberada hoje, espera-se que os preços off-net (para telefones fora da operadora de origem) se tornem mais próximos dos preços on-net”, explica a Anatel. “Assim, o consumidor não precisará de vários aparelhos celulares ou vários chips em um mesmo celular para realizar chamadas para outras operadoras a preços mais próximos às chamadas on-net”.

[Eis a íntegra do comunicado da Anatel:

Conselho Diretor aprova norma que poderá reduzir preços dos serviços aos usuários  -- 18 de Junho de 2014

O Conselho Diretor da Anatel aprovou hoje, 18, em sua reunião, norma que resultará na redução dos valores máximos das tarifas de uso de rede da telefonia fixa (TU-RL), dos valores de referência de uso de rede móvel da telefonia móvel (VU-M) e de Exploração Industrial de Linha Dedicada (EILD), com reflexos nos preços pagos pelos usuários dos serviços.

A partir da vigência dessa norma, essas tarifas e valores estarão referenciados a custos, e serão reduzidas gradativamente até o nível de custo eficiente de longo prazo. 

Quanto às reduções esperadas, até 2019 a VU-M deverá reduzir-se em mais de 90%, quando atingirá um valor médio em torno de R$ 0,02 (dois centavos de real). Hoje o valor médio de VU-M está em torno de R$ 0,23 (vinte e três centavos de real). Esta redução de preços de interconexão deverá se refletir nos preços dos serviços de telefonia ofertados pelas empresas ao consumidor, pois haverá aumento da competição no setor. Também são esperadas reduções significativas nas tarifas fixas (TUs) e valores de EILD. 

As reduções nos valores de interconexão deverão impactar, também, os preços das chamadas fixo-móvel, que deverão reduzir-se substancialmente. 

A orientação a custos dos valores e tarifas de interconexão é importante, ainda, para diminuir o chamado "efeito clube". Com valores de interconexão altos, as chamadas para outras operadoras acabam se tornando caras. Assim, parentes ou amigos precisam ter o chip de uma mesma operadora para aproveitar os preços reduzidos de chamadas on-net.  

Com a medida deliberada hoje, espera-se que os preços off-net (para telefones fora da operadora de origem) se tornem mais próximos dos preços on-net. Assim, o consumidor não precisará de vários aparelhos celulares ou vários chips em um mesmo celular para realizar chamadas para outras operadoras a preços mais próximos às chamadas on-net. 

A orientação a custos das tarifas e valores de referência também é de fundamental importância para a Agência no cumprimento das políticas públicas e no estímulo à competição e à eficiência na prestação dos serviços, contribuindo para o aperfeiçoamento da regulação setorial. 

Para tomar tal decisão, o Conselho Diretor baseou-se nos estudos desenvolvidos no âmbito do contrato firmado em 2011 entre a Anatel e o consórcio das empresas consultoras Advisia, Analysis Mason e Grant Thornton. Esse trabalho foi contratado por meio de licitação internacional realizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT). 

Após analisar as reduções dos valores de interconexão praticadas em outros países, sobretudo da Europa, América Latina e África, que experimentaram impactos muito positivos para os consumidores em termos de redução de preços e aumento de investimentos no setor, o Conselho Diretor determinou que as tarifas de uso de rede da telefonia fixa (TU-RL) e os valores de referência de rede móvel (VU-M) sejam orientados a custos em 2016 e alcancem patamares de custos de uma empresa eficiente em 2019. Para EILD, o prazo de convergência para custos eficientes será em 2020. 

O Conselho Diretor analisou, ainda, os impactos das reduções de VU-M já implementadas em 2012 e 2013, não constando impactos negativos para o setor, bem como redução de investimentos ou lucros das empresas. 

As reduções nas tarifas de interconexão móvel seguem a política estabelecida pela Agência no PGMC - Plano Geral de Metas de Competição, que determinou reduções graduais até 2015. As reduções decididas hoje abrangem o período de 2016 a 2019.]

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A destruição de inestimável patrimônio cultural, histórico e arqueológico do Iraque durante a ocupação militar (2003/2011) liderada pelos EUA

Os 11 anos em que os Estados Unidos permaneceram militarmente no Iraque -- desde que invadiram o país em 20/3/2003 até a retirada de suas tropas em dezembro de 2011 -- revelaram-se não apenas um fracasso do ponto de vista estratégico, político e militar (ver postagem anterior), mas se caracterizaram também por danos irreparáveis a um patrimônio artístico, cultural, histórico e arqueológico inestimável por ação e/ou omissão das tropas americanas.

Todos os relatos disponíveis na mídia internacional e na internet sobre a ocupação americana no Iraque revelam que as tropas dos EUA não só não se preocuparam em proteger minimamente os museus e sítios arqueológicos do país, depositários de testemunhos ímpares de um período importantíssimo da história da humanidade, como em inúmeros casos elas mesmas destruíram fria, irresponsável e criminosamente vários desses locais.

Segundo um relato impressionante de Joanne Farchakh Bajjaly, uma arqueóloga independente e jornalista que cobre o Oriente Médio e estuda o patrimônio histórico iraquiana há mais de uma década,  no site BBCBrasil.com indicado acima, com a guerra -- até abril de 2005 -- o Iraque havia perdido 12 mil peças arqueológicas. Em 2003, saqueadores esvaziaram um dos museus mais importantes do mundo, o Museu de Bagdá, no centro da cidade. Contrabandistas profissionais ligados à máfia internacional de antigüidades conseguiu violar algumas das portas trancadas das salas de armazenamento do museu. Eles saquearam artefatos de valor incalculável, como a coleção inteira de selos cilíndricos do museu e um grande número de esculturas assírias de marfim. Mais de 15 mil objetos foram levados. Vários deles foram contrabandeados para fora do Iraque e oferecidos no mercado.

Até abril de 2005, 3 mil desses objetos haviam sido recuperados em Bagdá, alguns devolvidos por cidadãos comuns, outros pela polícia. Além disso, mais de 1,6 mil objetos foram confiscados nos países vizinhos, cerca de 300 na Itália e mais de 600 nos Estados Unidos. A maioria das peças roubadas não foi encontrada, mas alguns colecionadores privados no Oriente Médio e na Europa admitiram possuir objetos com as iniciais IM (número de inventário do Museu do Iraque).

Sítios arqueológicos destruídos


Um número crescente de websites também oferece artefatos da Mesopotâmia - com até 7 mil anos - para venda. Sem dúvida, há mais objetos falsos apregoados na internet do que autênticos, mas a mera existência deste mercado estimulou o saque de sítios arqueológicos no sul do Iraque.

O quadro é horrendo. Mais de 150 sítios sumérios que datam do milênio 4 a.C. – tais como Umma, Umm al-Akkareb, Larsa e Tello – foram destruídos, transformados em crateras cheias de fragmentos de cerâmica e tijolos quebrados. Se escavados de maneira apropriada, estes sítios - que, estima-se, cobrem 20 quilômetros quadrados - podem nos ajudar a aprender sobre o desenvolvimento da raça humana.

"É um desastre o que todos estamos observando, mas que pouco podemos fazer para evitar. Com a ajuda de 200 recém-recrutados policiais, nós estamos tentando acabar com os saques patrulhando sítios o quanto podemos", diz o arqueólogo responsável pelo distrito de Nasiriya, Abdul Amir Hamadani. "Mas nós agora estamos totalmente sozinhos. Tropas de carabinieri italianos são as únicas forças da coalizão trabalhando ativamente nesta questão por uns poucos meses. Eles costumavam patrulhar a região por terra e por ar. Eles pararam todas as suas operações e agora estão simplesmente ajudando a treinar guardas e policiais". Pelo visto -- digo eu e não a BBC Brasil -- os americanos e outros participantes das forças de coalizão se lixaram para o problema. Faltou-lhes e falta-lhes o sentimento da importância desse tipo de patrimônio, com que os italianos estão mais do que acostumados.

Botas pesadas

As próprias forças de coalizão danificaram sítios arqueológicos ao usá-los como bases militares. 

A retirada de tropas da coalizão da Babilônia revelou a ocorrência de danos irreversíveis a uma das sete maravilhas do mundo antigo. Um relatório alarmante do administrador do departamento de Oriente Próximo do Museu Britânico, John Curtis, conta como áreas no meio de um sítio arqueológico sofreram terraplanagem para que se criasse uma área para helicópteros e estacionamento de veículos pesados. "Eles causaram danos substanciais na Porta Ishtar, um dos monumentos mais famosos da antiguidade", escreveu Curtis.

"Veículos militares dos Estados Unidos esmagaram pavimentos de tijolos de 2,6 mil anos, fragmentos arqueológicos foram espalhados pelo sítio, mais de 12 trincheiras foram cavadas sobre depósitos da antigüidade e projetos militares de deslocamento de terra contaminaram o sítio para futuras gerações de cientistas. Soma-se a isso todo o dano causado a nove das figuras moldadas de tijolos de dragões no Portão de Ishtar por pessoas que tentaram remover os tijolos da parede".

"Não terá fim a destruição do patrimônio histórico do Iraque, a menos que os líderes do país tomem uma decisão política de considerar arqueologia uma prioridade. Por isso, a rede de comerciantes em Bagdá tem que ser apreendida, saques no sul têm que ser confrontados de maneira eficaz e as forças de coalizão têm que ser impedidas de montar bases em sítios arqueológicos", escreveu a arqueóloga Bajjaly em abril de 2005. "Quanto mais tempo o Iraque ficar em estado de guerra, mais o berço da civilização estará ameaçado. Pode nem durar o suficiente para que nossos netos aprendam com esse patrimônio".

A catástrofe piorada contra a qual a arqueóloga faz seu alerta dramático pode, infelizmente, atingir em breve seu ápice. Os extremistas sunitas do autoproclamado "Estado Islâmico do Iraque e do Levante" (ou da Síria, segundo a sigla ISIS, em inglês -- ver postagem anterior), já direcionam suas tropas concentradas no Norte e Oeste em direção à capital, Bagdá. Vejam o mapa abaixo:



O avanço do ISIS no Iraque - (Mapa: Haaretz). As posições acima refletem a situação em 12/6. Informações do The New York Times atualizadas hoje (18/6) indicam que Mosul, Tikrit e Dhuluiya (não mostrada e vizinha a Bagdá) já foram capturadas e Baiji foi parcialmente capturada pelo ISIS.


O nível de violência que tem caracterizado os combatentes do ISIS permite supor que a proteção a relíquias e sítios arqueológicos não faz parte de suas preocupações e objetivos. 

Os Estados Unidos falharam redondamente no Iraque e deixaram atrás de si o caos político, social e arqueológico. Não só não se interessaram em proteger os tesouros arqueológicos do país, como eles mesmos destruíram partes significativas e relevantes deles.

No entanto, à medida que cresce a perspectiva de uma invasão de Bagdá pelo ISIS, os EUA prontamente providenciaram uma força de mais de 250 soldados posicionados dentro e fora de Bagdá para proteger bens americanos, incluindo a embaixada americana na capital. Desse contingente 170 já chegaram ao Iraque, preparados e equipados para combate -- embora o presidente Obama insista em que não é sua intenção que quaisquer de seus soldados se envolvam em combate direto. Os americanos bravamente impedirão que os extremistas do ISIS façam com sua embaixadas e seus ativos no Iraque a destruição que eles americanos fizeram com sítios arqueológicos de Bagdá e alhures.

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Porta de Ishtar

A porta de Ishtar foi o oitavo portal da cidade mesopotâmica da Babilônia. Foi construída por volta de 575 a.C. por ordem do rei Nabucodonosor II no lado norte da cidade. Dedicado à deusa babilônica Ishtar (deusa da fertilidade, do amor e da guerra) o portal foi construído em fileiras de azulejos azuis brilhantes mesclados com faixas de baixo-relevo ilustrando sirrushs (dragões) e auroquesO teto e as portas foram feitos em cedro, de acordo com a placa dedicatória. Embora dedicasse o templo basicamente à deusa Ishtar, Nabucodonosor nele rendia tributo a outros deuses: os touros (auroques) são associados a Adad (deus do clima) e os dragões representam Marduk, o deus nacional da Babilônia.


Através do portal corria o caminho processional ladeado por paredes de 15 m cobertas por leões em tijolos envidraçados (aproximadamente 120 deles). Estátuas de divindades eram conduzidas através do portal durante as procissões uma vez por ano durante a celebração do Ano Novo. Originalmente o portal foi considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, sendo substituído pelo Farol de Alexandria algumas centenas de ano à frente.


A reconstrução da Porta de Ishtar e da via processional foi feita no Museu do Antigo Oriente Próximo, uma seção do Museu Pergamon em Berlim, utilizando o material escavado por Robert Koldewey, tendo sido finalizada em 1930. Inclui também a placa de inscrição. Possui uma altura de 14 metros e extensão de 30 metros. A escavação se deu entre 1902-1914, e nela foram descobertos cerca de 14 m das fundações originais do monumento.

Devido às restrições de espaço no Museu Pergamon, a Porta de Ishtar ali reconstruída não está completa, nem tem seu tamanho original. A porta, originalmente, era um portão duplo, mas o Pergamon Museu utiliza apenas a parte frontal, que é a menor delas. O segundo portal está guardado, estocado. Uma reprodução menos da Porta de Ishtar foi construída em Bagdá em 1950 por Saddam Hussein, como entrada para um museu.

Partes do portal e leões da via processional se encontram espalhados por diversos museus ao redor do mundo. Apenas dois museus adquiriram dragões enquanto leões estão em alguns poucos museus. O Museu Arqueológico de Istambul possui leões, dragões e bois. O Instituto de Arte de Detroit abriga um dragão; o Museu do Louvre, o Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pennsylvania em Philadelphia, o Metropolitan Museum of Art em Nova York, o Instituto Oriental em Chicago, o Rhode Island School of Design Museum, o Museu Röhsska em Gothenburg, Suécia, e o Museu de Belas Artes em Boston possuem cada um, leões.


A Porta de Ishtar reconstruída em Bagdá por Saddam Hussein com elementos da porta original e danificada pelas forças de ocupação - (Foto: Google).






 




Detalhes da Porta de Ishtar reconstruída no Museu Pérgamo, em Berlim - (Fotos: Google).