domingo, 31 de julho de 2011

Resultados financeiros do banco inglês HSBC ficam estagnados e gerarão corte de mais de 10.000 empregos

O banco inglês global HSBC anunciará amanhã uma receita de 10,9 bilhões de dólares até junho, um resultado quase idêntico ao de 11,0 bilhões de dólares no mesmo período do ano passado. Essa estagnação dos resultados levará o banco a incrementar um plano de demissões, já iniciado, destinado a economizar cerca de 3,5 bilhõesde dólares em três anos. Órgãos da mídia inglesa preveem que o HSBC irá cortar mais de 10.000 empregos este ano, podendo inclusive chegar a 15.000.

No total, o principal banco inglês e um dos maiores do mundo poderá reduzir até 30.000 empregos em todo o mundo, o que equivale a 10% de sua força de trabalho atual de 300.000 empregados. Assim, o HSBC não faz mais do que seguir na esteira anunciada nos últimos dias e meses por diversos bancos europeus e americanos. Os bancos europeus foram particularmente afetados pela crise da dívida na zona do euro, pelos aumentos dos gastos fixos, pela queda de receita e pela crise nos EUA.

Em junho, o HSBC anunciou algumas linhas mestras de seu plano de economia, que inclui uma redução de atividades na Europa e nos EUA e um aumento de sua presença na Ásia, onde há melhores perspectivas de crescimento. O banco antecipou sua decisão de vender sua carteira de cartões de crédito, com ativos de mais de 30 bilhões de dólares -- Capital One Financial Corp e Wells Fargo estão entre os principais candidatos a esse negócio, segundo a agência Reuters. O banco inglês de origem chinesa quer também se desfazer de parte de sua rede de agências ou escritórios em Nova Iorque, como parte de seu programa de redução de sua rede de 475 desses postos de negócio nos EUA.

Outra das estratégias do HSBC é reduzir sua presença ou simplesmente abandonar certos países no que se refere ao varejo bancário. Rússia e Polônia estão entre os quase 40 países que podem ser afetados por essa nova política.

O panorama em relação a outros bancos europeus também não é animador. O suiço USB teve uma queda de 22% na receita bruta e de 50% na receita líquida. No Crédit Suisse, outro banco suiço, esses números foram de 25% e 52%, respectivamente. Na Grã-Bretanha, também se espera uma deterioração nas áreas de investimentos do Barclays e do Royal Bank of Scotland com os resultados a serem anunciados na próxima semana, com perda de 30% na receita líquida.  O Lloyds deverá anunciar uma receita de 1 bilhão de libras no primeiro semestre deste ano, um terço menos do obtido no mesmo período do ano passado.

Comandante do Exército brasileiro está sob investigação

O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, e mais sete generais viraram alvo de investigação da Procuradoria-Geral de Justiça Militar sob suspeita de participação em fraudes em obras executadas pelo Exército, informa reportagem de Marco Antônio Martins, publicada na edição deste domingo da Folha.

Os oficiais comandaram o DEC (Departamento de Engenharia e Construção) e o IME (Instituto Militar de Engenharia) entre 2004 e 2009, período em que o Exército fez convênios com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), do Ministério dos Transportes, para obras em rodovias.

O general Enzo chefiou o DEC entre 2003 e 2007. Ele deixou o cargo para assumir o comando do Exército no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que chamo de Nosso Pinóquio Acrobata) e foi mantido no cargo por Dilma Rousseff.

O grupo investigado inclui cinco generais que comandaram o IME e dois que chefiaram o DEC depois do general Enzo: os generais Marius Luiz Teixeira Neto, na reserva desde março, e Ítalo Fortes Avena, hoje consultor militar da missão do Brasil na ONU. A investigação foi aberta em maio pela procuradora Geral da Justiça Militar, Cláudia Luz, para saber se o general Enzo e os outros que comandavam áreas envolvidas sabiam das irregularidades. A apuração foi um desdobramento de inquérito anterior, que identificou indícios de fraudes em 88 licitações do Exército para fazer obras do Ministério dos Transportes e apontou desvios de recursos públicos de R$ 11 milhões.

À Folha, o Centro de Comunicação do Exército diz que não tem conhecimento da investigação e que "não cabe à Força e nem aos militares emitir qualquer tipo de pronunciamento".

Criados para atender necessidades de militares, os batalhões de Engenharia do Exército são convocados com frequência para acelerar obras. Somente do Dnit, que nas últimas semanas teve toda a diretoria afastada por ordem de Dilma,o Exército recebeu R$ 104 milhões nos últimos cinco anos. As investigações mostram que um grupo liderado por dois oficiais que coordenavam os convênios no IME, o coronel Paulo Roberto Dias Morales e o major Washington Luiz de Paula, criou seis empresas para entrar em concorrências do IME com dinheiro do Dnit.

O major Paula teria movimentado mais de R$ 1 milhão em sua conta em um ano e feito 14 viagens aos EUA no período em que trabalhou com o Dnit.

Seis militares estão sendo processados na Justiça Militar. Se condenados, poderão ser presos e expulsos da corporação. Peças do processo foram encaminhadas à Justiça Federal para que eles sejam processados ali também.

A Procuradoria-Geral da Justiça Militar investiga também os generais Rubens Brochado, Silvino Silva, Ernesto Ronzani, Emilio Aconcella e Amir Kurban, que chefiaram o IME entre 2004 e 2009.

Em depoimento aos promotores militares, o coronel Paulo Roberto Dias Morales disse que apenas coordenava a execução dos convênios com o Dnit e outras pessoas eram responsáveis pela contratação de fornecedores. Ele afirmou não conhecer os sócios das empresas beneficiadas nas concorrências, que, segundo os promotores, eram parte de um grupo organizado por ele e pelo major Washington Luiz de Paula.

O major Paula negou as acusações dos promotores ao prestar depoimento, e disse que sua movimentação bancária e suas viagens ao exterior eram compatíveis com seus rendimentos. 

O general Enzo Martins Peri ao microfone e, ao seu lado, o general Marius Luiz Teixeira Neto (Foto: AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras).
General Ítalo Fortes Avena.

sábado, 30 de julho de 2011

Governo quer a ajuda de hackers

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, anunciou há pouco nesta sexta-feira, 29, que o governo vai procurar a comunidade de hackers para pedir ajuda na construção do projeto Aquarius que se destina a promover segurança cibernética de dados no Brasil.

Segundo o ministro, existem mais de 21 bilhões de operações financeiras que transitam na rede no País. O tráfego aéreo também necessita de segurança constante. Em vez de criminalizar os hackers, o governo tentará um acordo para que colaborem na construção desse projeto, que será desenvolvido no Centro de Defesa Cibernética do Comando do Exército. “Não podemos confundir hackers éticos com os crackers que são piratas destruidores que atuam na rede. Os hackers, ao contrário, são colaboradores do País. O que eles querem é mais transparência e mais eficiência do governo. E isso nós também queremos. Eles são jovens talentosos, não podemos criminalizá-los”, disse o ministro. “O que eles querem é mais transparência na administração pública e novos instrumentos para a cidadania”, acrescentou.

Mercadante informou que haverá, nos próximos dias, um encontro entre representantes do governo e mais de 300 hackers das comunidades de softwares livres que atuam no País.
O ministro Aloizio Mercadante (Foto: Daniel Teixeira/AE).

A EDF vai duplicar seus investimentos nas centrais nucleares francesas

O grupo EDF apresentou ontem, 29 de julho, um programa estratégico para o período 2011-2015 que prevê a duplicação de seus investimentos para aumentar a vida útil e reforçar a segurança de suas centrais nucleares na França. "O grupo aplicará os investimentos necessários à boa operação das centrais (nucleares), ao aumento de sua capacidade e ao aumento da duração de seu funcionamento pasra além de 40 anos, e internalizará as lições relativas a Fukushima", detalha a EDF em um comunicado.

"Em 2010, na França, 1,7 bilhão de euros em investimentos foi dedicado às inspeções decenais, ao programa de substituição de grandes componentes, e aos outros investimentos relativos à operação das centrais  (contra 1,5 bilhão em 2009)", detalha o comunicado. O programa estratégico prevê que esse montante está "estimado entre 3,4 e 3,6 bilhões de euros em 2015". "Esta é a lógica e a filosofia do grupo: nossos investimentos são destinados a estender a vida útil das centrais a sessenta anos", comentou o CEO do grupo, Henri Proglio, durante uma conferência para a apresentação dos resultados da EDF.  A Autoridade de Segurança Nuclear (ASN) aumentou recentemente em 10 anos a vida útil da central nuclear de Fessenheim, no Alto Reno, sob a condição de que a EDF faça ali alguns serviços. "Testes de estresse" devem igualmente ser aplicados a todas as centrais nucleares francesas, para levar em conta os ensinamentos da catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão.

Por ora, a EDF teve no primeiro semestre um nível de produção "histórico" em suas centrais nucleares, e reviu para cima sua previsão de produção nuclear para 2011. Em 2009 ela havia atingido seu nível mais baixo, depois de dois anos sob o efeito de panes e greves.

Astrônomos sugerem nova radioterapia contra o câncer

Astrônomos também são capazes de colaborar com o desenvolvimento de novos tratamentos contra o câncer. Ao tentar desvendar a composição de estrelas e buracos negros, um grupo fez uma descoberta que, afirma, poderia ser aplicada em um método mais seguro e mais efetivo de radioterapia com o uso de elétrons de baixa energia. "Como astrônomos, aplicamos física e química básicas para entender o que estava ocorrendo com as estrelas", comentou a Dra. Sultana Nahar, da Universidade do Estado de Ohio (EUA), que participou do estudo. "Estamos muito animados em aplicar o mesmo conhecimento [em saúde]."

A ideia surgiu durante uma análise de substâncias que compõem as estrelas. Em simulação computadorizada, os astrônomos detectaram como metais pesados absorvem diferentes níveis de radiação.  Durante a pesquisa que até então tinha ainda como enfoque as galáxias, descobriu-se que metais como o ferro e o ouro emitem elétrons de baixa energia quando expostos a raios X em algumas situações específicas. Esse conceito poderia ser usado na destruição de tumores, com a vantagem de a carga de radiação em células saudáveis ser menor do que a utilizada em aparelhos atuais.

A partir daí, os cientistas chegaram à possibilidade de se injetar nanopartículas de metais pesados dentro e ao redor dos tumores, que receberiam uma carga curta e concentrada de radiação para combater o câncer.  "Com a espetroscopia de raios X podemos dizer quais as energias necessárias e quais átomos ou moléculas são mais efetivas em cada tratamento", diz Nahar. As conclusões do trabalho foram apresentadas no dia 24 de junho, durante o Simpósio Internacional de Espectroscopia Molecular realizado na Universidade do Estado de Ohio de 20 a 24 de junho deste ano.

Bilionário aposta nos rapazes do Brasil para trazer paz ao Daguestão

Os refletores estão acesos, o estádio está lotado, e a figura familiar do jogador Roberto Carlos, ganhador da Copa do Mundo, corre pela esquerda do campo. O fato estranho em relação a essa cena é o local onde ocorre -- em Mackhachkala, capital do Daguestão. [A República do Daguestão é uma unidade política da Rússia, no norte do mar Cáspio, com 3 milhões de habitantes]. Um pedaço de terra montanhoso, localizado no extremo sul da Rússia e de frente para o mar Cáspio, o Daguestão tem sido conhecido nos últimos anos por sua pobreza e sua violência. A forte insurgência islâmica reivindica vítimas quase que diariamente, envolvendo policiais e funcionários e autoridades do governo.

Neste ano, entretanto, um bilionário da região anunciou um plano de investimentos para atacar a pobreza e a instabilidade da república. A peça central de seu plano é o futebol. Suleiman Kerimov, um homem de negócios reservado com investimentos em muitos setores, é o 118˚ homem mais rico do mundo segundo a revista Forbes, com uma fortuna de US$ 7,8 bilhões. Sua empresa prometeu no mês passado investir mais de US$ 1,5 bilhão em instalações esportivas e projetos de infraestrutura no Daguestão, e até agora seu investimento mais visível é o time de futebol do Anzhi, de Mackhachkala.

Kerimov assumiu o Anzhi em janeiro, prometendo grandes investimentos. O mundo do futebol ficou surpreso quando Roberto Carlos, um dos mais famosos jogadores do mundo, assinou com o time, seguido por três outros brasileiros e outros grandes nomes internacionais. As pequenas multidões domésticas transformaram-se em casas lotadas. Um novo estádio de 40 mil lugares está prometido para daqui a quatro anos, com instalações de treinamento de última geração, restaurantes, hotéis e spas, diz o porta-voz do clube Alexander Udaltsov. O objetivo é a classificação para a competição máxima da Europa, a Champions League, dentro de cinco anos, e o time já está consolidando sua posição entre os seis maiores times da liga principal da Rússia.

Mas, há um objetivo ainda mais ambicioso, que é o de usar o futebol para trazer alguma esperança e felicidade ao Daguestão. "É claro que não foi muito divertido que isso tenha sido em Mackhachkala", admite Udaltsov, "o Sr. Kerimov está muito interessado em dar ao povo daqui algo de que possa se orgulhar".

Por enquanto, o time fica baseado em Mackhachkala apenas um par de dias antes de cada jogo. O resto do tempo ele fica em seu principal centro de treinamento nos arredores de Moscou. O clube nega que isso deve à falta de segurança local, alegando que a única razão é a falta de estrutura no Daguestão. Quando o novo estádio estiver pronto o clube lá ficará em tempo integral, diz Udaltsov.

O ciclo de violência continua no Daguestão. Na quinta-feira, 28/7, o chefe da secretaria de imprensa do presidente da República, Magomedsalam Magomedov, foi morto a tiros quando entrava em seu carro.

As autoridades têm dito repetidas vezes que a melhor maneira de evitar que os jovens se juntem aos insurgentes é dar-lhes oportunidades econômicas e esperança. Esporte e um "estilo de vida saudável" são repetidos como mantras de como manter os jovens longe de problemas, e a esperança é que o "fenômeno Anzhi" gere coesão social e orgulho na região.

Mas, há situações esdrúxulas -- um artigo no jornal local Chernovik, em abril, dizia que enquanto Roberto Carlos ganha US$ 6,5 milhões por ano, um professor escolar local ganha entre US$ 3.250,00 e US$ 4.000,00. Mas,  para aqueles que estão dentro do estádio esse é um dinheiro que vale a pena ser pago. "Os russos dizem que aqui não há nada além de ovelhas e terroristas", disse Gadzhi, um jovem de 24 anos, enquanto torcia e agitava uma bandeira. "Eles estão errados, temo o Anzhi".
Roberto Carlos em ação pelo Anzhi (Foto: Reuters).
Localização geográfica do Daguestão.
O vilarejo de Shamil, no Daguestão (Foto: Google).
Um casal em trajes típicos do Daguestão (Foto: Google).

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Celular não altera risco de câncer em crianças, diz estudo

Mais um capítulo na polêmica que envolve a capacidade ou potencial dos telefones celulares em provocar ou não câncer no cérebro de seus usuários.

Crianças e adolescentes que usam celulares não estão expostos a um risco maior de desenvolver câncer no cérebro em relação a quem não usa esses aparelhos, aponta um estudo junto a pacientes de 7 a 19 anos divulgado nessa quarta-feira, 27. A pesquisa, publicada no Jornal do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, diz respeito a temores de que crianças possam ser mais vulneráveis a riscos de saúde em decorrência da radiação eletromagnética dos celulares.

Como o sistema nervoso das crianças está em desenvolvimento, há temores de que a radiação dos celulares possa penetrar mais fundo em seus cérebros. Mas o estudo, o primeiro a analisar especificamente crianças e o risco de câncer associado a celulares, descobriu que pacientes com tumor cerebral não eram mais propensos a serem usuários regulares de celulares do que os indivíduos de controle que não tinha câncer. “Se o uso de celular fosse um fator de risco, seria de se esperar que pacientes com câncer usassem mais o aparelho”, disse o professor Martin Roosli, que conduziu o estudo no Instituto Tropical e de Saúde Pública, na Basileia, Suíça.

Parte do financiamento para o estudo veio da Fundação Suíça de Pesquisa sobre Comunicação Móvel, que é em parte apoiada por operadoras de telefonia celular da Suíça. As operadoras não foram envolvidas no projeto do estudo ou no recolhimento, análise ou interpretação dos dados, segundo os autores.

Após cerca de 30 anos da introdução comercial dos celulares no mundo, aproximadamente 5 bilhões de aparelhos estão em uso atualmente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) retomou o interesse sobre possíveis riscos à saúde causados por dispositivos móveis depois que informou em maio que o uso de um celular pode aumentar o risco de surgimento de certos tipos de tumores no cérebro.

A pesquisa de Roosli, conduzida entre 2004 e 2008 na Noruega, Dinamarca, Suécia e Suíça, avaliou o uso de celulares entre 352 pacientes com câncer e 646 participantes de um grupo de controle. Cerca de 55% dos pacientes tiveram um uso regular do celular ante taxa de 51% entre os integrantes do grupo de controle, segundo o levantamento, que definiu como usuário regular aquele que em média faz pelo menos uma chamada por semana. “O que descobrimos é que não há diferença (significativa) na quantidade de uso”, disse Roosli à Reuters, acrescentando que se houver algum risco, “ele seria realmente muito pequeno”.

O estudo envolveu entrevistas ao vivo e Roosli comentou que não pode ter certeza sobre a precisão das lembranças de uso de celular pelos entrevistados. Um crítico da pesquisa afirmou que os resultados não trazem garantias. ”Tumores cerebrais podem levar 10 anos para se formar e crianças jovens certamente não são usuárias intensas de celulares por muitos anos”, disse Devra Davis, autora do livro Disconnect: The Truth About Cell Phone Radiation (Desligue: A Verdade sobre a Radiação do Celular, em tradução livre).

Google vai digitalizar livros esgotados de editora francesa

A francesa Hachette e o gigante americano Google anunciaram nessa quinta-feira, 28, um acordo definitivo para digitalização de livros esgotados da tradicional editora. “O acordo de associação tem como objetivo dar uma segunda vida às milhares de obras esgotadas, tanto para benefício de seus autores como das universidades, dos pesquisadores e do grande público em geral”, indicou a Hachette em comunicado.

A editora francesa é que decidirá quais títulos poderão ser digitalizados pelo Google e quais estarão disponíveis em formato de livro eletrônico (e-book) através da ferramenta Google Books, acrescenta a nota. A Hachette, que considera que o acordo fornecerá uma nova fonte de renda aos autores, terá também a possibilidade de utilizar as pastas das obras digitalizadas pela Google e explorá-las via impressão por demanda.

Segundo informou a Hachette no início das negociações, o compromisso cobre   entre 40 mil e 50 mil obras que não estão mais disponíveis nas livrarias.

Coreia do Sul sofre seu possível maior ataque hacker

A agência de Comunicações da Coreia do Sul disse nesta quinta-feira, 28, que hackers chineses atacaram um site e um portal de blogs gerenciados pelo SK Comms e tiveram acesso a informações pessoais de quase 35 milhões de usuários. O incidente, que pode ser o maior ataque hacker já ocorrido no país, se deu após uma série de ataques a empresas sul-coreanas durante os últimos meses, expondo a vulnerabilidade das redes no país mais conectado do mundo.

A Comissão de Comunicações da Coreia disse em comunicado que os ataques desta manhã tinham o objetivo de roubar números de telefone, endereços de e-mail, nomes e senhas dos usuários do portal Nate e do portal Cyworld, ambos administrados pela SK Comms. A polícia está investigando o caso e ainda não pediu a ajuda de autoridades chinesas, afirmou um funcionário da comissão.

 As acusações contra a China pelos ataques cresceram nos últimos meses, entre elas a de invadir as redes da Lockheed Martin e outras empresas privadas militares dos Estados Unidos e de tentar acessar as contas Gmail de cidadãos norte-americanos e defensores chineses de direitos humanos. A Coreia do Sul elaborou recentemente um plano geral de segurança digital depois de uma onda de ataques contra instituições globais e empresas financeiras. Em abril, Nonghyup, um grande banco sul-coreano financiado pelo governo, sofreu uma falha em sua rede que afetou milhões de usuários e responsabilizou hackers da Coreia do Norte pelo ataque. Em maio, hackers violaram informações pessoais de 1,8 milhões de clientes da Hyundai Capital, de propriedade da Hyundai Motor e GE Capital International. AS ações da SK Comss, uma divisão do conglomerado SK Group, caíram 6% nesta quinta.

Air France e Airbus abrem guerra de versões sobre queda do voo 447

A guerra de versões sobre as razões da queda do voo AF447 em 31 de maio de 2009 está declarada entre Air France e Airbus. Ainda que nas aparências as duas empresas sigam cordiais, as direções de ambas travam uma batalha para empurrar a culpa pelo acidente e pela morte dos 228 passageiros e tripulantes. Enquanto o discurso do fabricante reitera que "não há mais dúvidas" sobre a culpa dos pilotos, a companhia aérea frisa que ao longo dos três minutos de queda o trabalho dos pilotos foi dificultado por informações eletrônicas contraditórias. Um novo relatório sobre a queda do voo 447 da Air France, divulgado nesta sexta-feira pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA, sigla em francês), concluiu que os pilotos da aeronave cometeram uma série de erros.

Ao Estado, um executivo da Airbus disse que o relatório do Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil (BEA) é cristalino sobre a suposta responsabilidade da tripulação - ainda que a direção do escritório afirme que não tem provas sobre o assunto. "Nós sempre dissemos que havia algo além da falha das sondas de velocidade. Elas foram o evento de origem, é verdade, mas há bem mais do que isso", diz.

Para ele não há mais dúvidas: "A queda foi causada por ações inapropriadas dos pilotos. Isto está claro". As lacunas na investigação, que não permitem saber que informações orientavam os pilotos no momento da tomada de decisão, não abalam sua convicção. "Eu acredito que neste momento entramos em fatores humanos e é muito difícil explicar as razões pelas quais os pilotos tomaram as decisões que tomaram." Diante disso, a responsabilidade é clara. "Não sou um especialista no domínio do direito, mas a companhia aérea é responsável direta pela ação de seus pilotos", argumenta. Vejam postagem anterior sobre isso.

Já a Air France mantém o discurso oposto. Em nota oficial, a empresa afirmou que a queda do voo AF-447 foi causada "por uma combinação de múltiplos elementos improváveis que conduziram à catástrofe em menos de quatro minutos". A companhia área cita então o congelamento dos sensores de velocidade - os tubos de pitot - e a "perda da proteção de pilotagens associadas". "Em um ambiente de pilotagem degradado e desestabilizador, o aparelho perdeu sustentação em alta altitude, não pode ser recuperado e atingiu a superfície do oceano Atlântico em grande velocidade", diz a empresa. Ela completa: "As múltiplas ativações e paradas intempestivas e enganosas do alarme de perda de sustentação, em contradição com o estado do avião, contribuíram fortemente à dificuldade de análise da situação por parte da tripulação".

A nota da Air France faz ainda o elogio de seus pilotos. "A tripulação, reunindo as competências de dois oficiais pilotos de linha e do comandante de bordo, provou sua consciência profissional, permanecendo engajada até o final na condução do voo. Air France homenageia sua coragem e determinação em condições extremas."

Ao se digladiarem pela culpa da queda do voo AF-447, as companhias tentam reduzir suas responsabilidades no processo que corre na Justiça da França, onde respondem por crime de homicídio culposo. O advogado João Tancredo --que representa 16 famílias de vítimas do voo 447 da Air France-- afirmou que a constatação de que houve erro dos pilotos, divulgada na manhã desta sexta-feira pelo BEA (órgão francês que investiga o acidente), pode aumentar a indenização aos parentes.

Apple tem mais dinheiro em caixa que o Tesouro dos EUA

O jornal Estado de S. Paulo informa que o Tesouro americano tem atualmente menos dinheiro disponível do que a Apple, observa o jornalista Matt Hartley, do diário canadense “National Post".

Ele notou que o Tesouro está com balanço operacional de US$ 73,768 bilhões, enquanto a Apple, segundo os dados mais recentes, tem US$ 75,876 bilhões em caixa. O primeiro valor corresponde a quanto o Tesouro tem à disposição neste momento, antes da elevação do limite do endividamento. O próprio jornalista, no entanto, reconhece que os dois valores “não são diretamente comparáveis”. O dado sobre o Tesouro está relacionado a um “teto arbitrário de endividamento”, que pode ser elevado a qualquer momento, enquanto o da empresa corresponde à reserva que a companhia juntou e que não pode ser elevado por meio da lei.

Outra comparação entre a saúde financeira do governo americano e a do setor privado foi feita recentemente pelos jornais “The Wall Street Journal” e “Financial Times“. Ambos chamaram atenção para o fato de que quatro companhias gigantes dos EUA estão mais bem avaliadas pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s do que os títulos do governo americano. Microsoft, ADP, Johnson & Johnson e Exxon têm nota AAA, a classificação mais alta que a S&P atribui a um papel. Os títulos dos EUA também têm essa nota, mas estão com “perspectiva negativa” (podem ser rebaixados em breve), enquanto essas empresas não.
Timothy Geithner, Secretário do Tesouro dos EUA (Foto: Fred Wakkins/AP ABC).

Steve Jobs, CEO da Apple (Foto: David Paul Morris/Getty Images).

Embraer eleva metas para 2011 e ações disparam

As ações da Embraer exibiam forte alta nesta sexta-feira, reagindo à revisão para cima das metas da companhia para 2011 de receita, lucro operacional e margem anunciada na véspera. No final de quinta-feira, a Embraer aumentou de US$ 5,6 bilhões para US$ 5,8 bilhões sua meta de receita em 2011. A projeção para o lucro anual antes de juros e impostos (Ebit, em inglês) subiu de US$ 420 milhões para US$ 465 milhões. A margem Ebit em 2011 deverá ficar em 8%, e não 7,5% como estimado antes.

"A notícia positiva foi a nova estimativa para 2011", disseram os analistas do Bradesco em relatório.  Em relatório, o analista Rodrigo Goes, do BTG Pactual, destacou os ganhos de produtividade da fabricante, que estão mais do que compensando a pressão do real valorizado sobre os custos.

Os papéis da fabricante brasileira de aviões vinham sendo pressionados para baixo por um ambiente mais desafiador, com novos rivais de Rússia, China e Japão. 

A Embraer é a única das quatro grandes produtoras mundiais de aeronaves comerciais que não decidiu seu próximo passo nesse segmento, de onde obtém a maior parte de suas vendas. Em teleconferência, o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, disse que a demanda pelos E-Jets da empresa de 70 a 122 passageiros segue firme. Ele vê potencial de fechar vendas de jatos comerciais no segundo semestre em ritmo similar ao visto de janeiro a junho, quando foram anunciados pela Embraer acordos envolvendo 104 jatos comerciais ---62 novos pedidos firmes e 42 encomendas que devem ter seus contratos definitivos concluídos em breve. A maior disputa é por um contrato com a norte-americana Delta Air Lines -- que deve decidir sobre seu plano de frota em outubro.

A Embraer mantém o cronograma de decidir até o final do ano sua estratégia na aviação comercial, após a decisão da Boeing de remotorizar o avião 737.  "Ainda não temos clareza exatamente do que será essa remotorização (do 737)... Mas esse anúncio que foi precipitado pela AMR deixou o cenário competitivo mais ou menos delineado", afirmou Curado. Na semana passada, a Boeing anunciou que colocará um novo motor que promete economia de combustível de até 15 % no 737, como forma de assegurar uma encomenda de 200 aviões da AMR, controladora da American Airlines.

A Boeing seguiu o caminho da rival europeia Airbus, que anunciou meses atrás o A320neo, avião com novo motor baseado no A320. A canadense Bombardier, que disputa diretamente com a Embraer o mercado de aviões regionais, está desenvolvendo a família de jatos CSeries, de 100 a 149 assentos. 

Curado refutou a ideia de que a Embraer esteja atrasada em relação às outras fabricantes. "Temos os aviões mais recentes dessa faixa de mercado (de 100 passageiros)." A Embraer estuda se ingressará ou não num segmento adjacente ao de seu jato 195, que pode transportar até 122 passageiros. Nesse caso, poderia alongar o 195 --com modificações de motor e asa, entre outros componentes-- ou partir para o desenvolvimento de uma nova plataforma. "É evidente que quando se parte para um avião novo você tem muito mais flexibilidade de tamanho e pode incorporar aquilo que você quer. A contrapartida disso é que o investimento é muito maior", afirmou Curado, ao comparar as opções.

Além disso, a Embraer avalia remotorizar seus E-Jets, como sugerido por alguns clientes, caso da britânica Flybe. O presidente da Embraer enfatizou que, seja qual for a decisão, qualquer produto novo ou redesenhado terá muito em comum com os E-Jets atuais. "Temos uma base de 60 clientes. Essa base será protegida. A decisão será em consistência e em benefício dos nossos clientes atuais", assegurou.
Aviões projetados e construídos pela EMBRAER 

Jatos comerciais
Jatos executivos

Aviões militares

Avião militar KC-390 (em desenvolvimento)

Aviões de uso agrícola




Consulte seu voo -- um serviço de utilidade pública da Infraero

A Infraero disponibiliza em seu site duas opções de informação extremamente úteis: "Consulte seu voo" e "Situação dos Voos". Enquanto deixa muitíssimo a desejar na gestão dos nossos aeroportos, que em sua esmagadora maioria estão em péssimas condições sob qualquer ângulo de que se queira analisá-los, pelo menos esse serviço a Infraero nos presta.

O fim da comunicação como a conhecemos

Dois eventos aparentemente não relacionados um com o outro -- o lançamento pelo Google de sua nova rede social Google+ e a decisão do Serviço Postal dos EUA (USPS, em inglês) de definir 3.700 de suas agências para potencial fechamento -- podem ter mais em comum do que se pensa. Juntos, são representativos das mudanças fundamentais que estão ocorrendo com as nossas modernas redes de comunicações.

Enquanto se apressam em se adaptar à rápida digitalização da informação no mundo em 1 seg e 0 seg, as empresas estão também redefinindo como comunicar-se entre si. Hoje, estamos mais conectados uns com os outros e estamos conectados a mais pessoas do que jamais pensamos ser possível. No momento em que estamos apenas a um nível de separação de qualquer político, celebridade ou figura cultural importante, será possível que estejamos mais separados do que nunca antes?

Tomemos como exemplo o potencial fechamento das agências do USPS. Predominantemente, esse fechamento se dará em áreas rurais que não geram atividade suficiente para justificar seus custos. Entretanto, para muitas cidades menores essas agências são nós vitais numa rede de comunicações através do país. Elas, as agências, estão no núcleo da própria identidade dessas cidades e são locais onde pessoas da comunidade se juntam para comemorar momentos importantes de suas vidas. Mas as grandes cidades americanas não estão imunes a essa iniciativa do USPS. Os Correios americanos estão fechando agências por toda Nova Iorque, do Bronx a Manhattan e Brooklyn.

Não é difícil ver outros sinais de que estão ocorrendo mudanças fundamentais em nossa rede de comunicações. Vejamos o fechamento da cadeia de livrarias Borders Books nos EUA. Há apenas uns poucos anos atrás, era difícil imaginar que alguém lamentaria o fechamento de uma loja de uma grande cadeia. Mas, é exatamente o que está acontecendo quando as pessoas percebem que a Borders era um lugar em que iam para às vezes passar o dia todo, tomar um cafezinho e se comunicar com outros leitores de mesmas preferências que as suas. [A Borders, fundada há 40 anos, tinha 399 lojas e 10.700 empregados nos EUA].

A mutante natureza do modo como nos comunicamos uns com os outros deve estar fazendo com que os gurus da teoria de redes e de informação estejam com água na boca, na perspectiva da ocorrência de um novo e grande experimento. Faz sentido que, à medida que os nós físicos da nossa rede de comunicação estejam desaparecendo para sempre, estejamos correndo para substituí-los com nós digitais. Essa é uma busca para um sentido, um significado em nossas vidas sociais. Como sociedade, estamos nos afastando cada vez mais das mensagens e da comunicação e caminhando para a informação pura e simples, enviada para quem quer que a queira receber.

Pessoalmente, acho que a era digital está depreciando e eliminando, em escala apreciável e lamentável, o contato mais humano e pessoal entre as pessoas, e isso é uma lástima.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Etanol brasileiro: um pepino, um abacaxi, ou ambos?

Quem investiu em carro a álcool, ou mesmo em carro bicombustível (o flex), deve estar vivendo preocupado e confuso nos últimos tempos porque em termos de disponibilidade e preço o álcool combustível brasileiro tornou-se uma incógnita e uma dor de cabeça. Tem-se a nítida impressão de que também nessa área o governo está perdidão, vem administrando o assunto na base do espasmo ou do soluço. E há ainda quem, no governo, quer vender lá fora a veleidade de que o Brasil pode ser o fornecedor de álcool para o mundo ...

O problema do nosso etanol é que ele vem da cana-de-açúcar e, assim, disputa espaço no mercado com o açúcar -- quando este está em alta, o etanol some, e vice-versa. Mas, o problema é mais complicado do que parece.

Em 04 de abril deste ano, Marcos Sawaya Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), apresentou no O Globo um interessante artigo com o título "Etanol: o gargalo", que continua inteiramente válido. Na época em que o artigo foi publicado havia ocorrido uma disparada dos preços do açúcar e do etanol, e o autor definiu como principal razão disso uma forte freada no crescimento do setor sucroenergético brasileiro. De 2000 a 2008, crescemos acima de 10% ao ano, mais que dobrando a produção anual de cana-de-açúcar. O consumo de etanol superou o da gasolina e atendeu à forte expansão da frota flex.

Mas a crise econômica global de 2008 atingiu severamente a indústria, causando forte reestruturação financeira e societária. Desde então, o crescimento do setor caiu para cerca de 3% ao ano, com investimentos concentrando-se em fusões e aquisições e não na construção de novas usinas.

Uma segunda razão para o ocorrido, sempre segundo o mesmo autor, decorreu das quebras sucessivas de safra em função de dificuldades climáticas. A pior delas foi a seca que castigou a cana em meados do ano passado, o que explicou a menor oferta de produto naquela entressafra. Uma terceira razão, raramente explicada com clareza, seria a migração de produtores para a produção de açúcar em vez do etanol. Se por um lado foi mais lucrativo produzir açúcar nos dois últimos anos, por outro essa flexibilidade é muito limitada, restrita a no máximo 10% da cana colhida. Em 2010, isso resultou em 5 milhões de toneladas adicionais de açúcar. Apesar disso, a maior parte da cana continuou sendo dedicada ao etanol. Já a desaceleração pós-crise do crescimento do setor equivale a uma redução de cana que permitiria produzir 11 bilhões de litros adicionais de etanol neste ano, o equivalente a 48% do consumo anual este ano.

É fundamental destacar dois outros pontos que costumam passar despercebidos. O primeiro é que a oscilação de preços é uma característica marcante em todas as commodities. O que acontece com o etanol ocorre também com o tomate, a soja, o minério de ferro e o petróleo. Por que então se reclama tanto do etanol? Basicamente porque a comparação desse produto é sempre feita com a gasolina, cujo preço no Brasil praticamente não varia há anos devido à política de preços administrados da Petrobras. Se a gasolina brasileira seguisse pari-passu os preços internacionais do petróleo, a volatilidade de seu preço seria maior que a do etanol, e as reclamações dos brasileiros, imensa.

O segundo ponto é que o Brasil é o único país que oferece ao consumidor a possibilidade de escolher entre dois combustíveis no momento do abastecimento. O etanol é uma opção renovável, menos poluente e mais barata na maior parte do ano. Se ele não existisse, restaria apenas a gasolina,pior em todos esses requisitos.

A volatilidade de preço do etanol, no fundo, prejudica produtores, distribuidores, revendedores, consumidores e governo.  Entende Marcos Sawaya que é hora de buscar condições para um novo ciclo sustentado de crescimento do setor sucroenergético, muito além da questão do financiamento, que definitivamente não é o atual gargalo do setor. O importante é resgatar a competitividade do etanol com a harmonização de impostos, a melhoria da infraestrutura e do sistema de abastecimento, a redução dos custos agrícolas e industriais e a maior eficiência dos motores flex.

Em 2009 circulavam no país mais de 8 milhões de veículos automotores que podiam rodar com 100% de etanol, ou com uma mistura de etanol e gasolina que hoje é feita com 25% de etanol.  Em mais uma tentativa de resolver o problema da escassez de álcool para abastecer o mercado, o governo cogitou de reduzir de 25% para 20% a porcentagem do etanol na mistura com a gasolina, mas já adiou por 30 dias essa decisão.  O ministro Edson Lobão disse que o governo vai editar, dentro de dez dias, uma medida provisória que trata de incentivos, como financiamento, para estimular a produção e armazenagem de etanol. Segundo Lobão, será criada uma linha de crédito, com juros mais baixos e prazos maiores, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil, para atender aos produtores e distribuidores que querem estocar etanol.

Se cair a mistura de etanol, a Petrobras importará mais gasolina.

O Brasil deverá importar um volume aproximado de 650 milhões de litros de etanol no período que vai do começo da safra 2011/12, em abril, até o final da temporada, em março do ano que vem, buscando suprir o aquecido mercado de combustíveis.  O país já importou 400 milhões de litros de etanol anidro em 2011 para atender a demanda no mercado doméstico, e deve importar mais cerca de 250 milhões de litros até o final da safra, disse à Reuters o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, nesta quarta-feira.

Hoje o Globo informa que o governo decidiu aumentar fortemente a presença  da Petrobras no mercado brasileiro de etanol (de 5% para 12%), com investimentos de R$ 4,1 bilhões. Haverá ainda linhas de financiamento do BNDES e do Banco do Brasil para o setor.

Acho que, diante desse quadro, dá p'ra concluir tranquilamente que o etanol brasileiro é ao mesmo tempo um pepino e um abacaxi, e deverá continuar assim por bom tempo.




"Avô dos pássaros" na evolução era dinossauro, diz fóssil encontrado na China

A descoberta de um fóssil na China fez cair por terra uma velha teoria sobre o Archaeopteryx, espécie considerada elo de ligação entre os dinossauros e os pássaros. Segundo o estudo divulgado pela revista Nature, o ancestral das aves faria parte do primeiro grupo. A razão da reviravolta é um fóssil encontrado na região de Liaoning, na China, batizado de Xiaotingia zhengi. Acredita-se que o animal viveu no período jurássico, entre 145 e 160 milhões de anos atrás. 

Mais bem conservado que o Archaeopteryx, ele revela que apesar das penas, o animal tinha “garras nas pontas de suas patas dianteiras e dentes afiados”.  Segundo a revista, “o Archaeopteryx tem sido colocado na base da árvore de evolução dos pássaros. Ele tem características que o ajudam a ser definido como um pássaro, como braços longos e robustos (equivalente às asas)”. Porém, análise do Instituto Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia de Pequim, liderada pelo cientista Xing Xu, mostrou que o Xiaotingia está mais próximo de dinossauros como o Velociraptor e o Microraptor do que de pássaros primitivos. Logo, os cientistas chineses classificaram o Xiaotingia no grupo Deinonychosauria, de dinossauros, e não no Avialae, que reúne aves. 

Segundo os chineses, as características que os levaram a fazer a troca foi a constatação de que o Xiaotingia possuia focinho menor e uma expansão da região que fica atrás da cavidade ocular, marcas encontradas no Microraptor, mas não nas aves do grupo Avialae.

Descoberto em 1861, pouco tempo depois da publicação de A Origem das Espécies, de Charles Darwin, que revolucionou a paleontologia, o fóssil do Archaeopteryx não demorou para ser classificado como o “elo perdido” entre os pássaros e os dinossauros. Para o cientista chinês, “ a classificação do Archaeopteryx foi resultado tanto da história quando da escassez de material mostrando a transição de dinossauros para pássaros”.

 Para o paleontólogo da Universidade de Ohio Lawrence Witmer, o “Archaeopteryx era considerado uma ave porque tinha penas e nenhum outro tinha. Depois, em outros animais, dedos, mãos e penas passaram a ser descobertos”, diz, explicando a mudança de referencial para considerarem um animal ave ou não. 

Para Thomas Holtz, da Universidade de Maryland, ainda não há palavra final sobre o assunto, já que novas descobertas podem levar a outras conclusões.
O Archaeopteryx foi classificado como ave após o lançamento de A Origem das Espécies, de Darwin (Foto AP).

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A ridícula novela da causa da morte de Simón Bolívar

Incapaz de conseguir governar decentemente seu país, deixando-o mal das pernas sob praticamente qualquer critério econômico e democrático, Hugo Chávez resolveu agarrar-se ao esqueleto de Simón Bolívar para desviar a atenção daqueles a quem vem enganando sistematicamente como dirigente, dentro e fora da Venezuela. Ele desenvolveu a paranoia de que Bolívar, seu ídolo máximo, foi assassinado por envenenamento e não descansou enquanto não conseguiu a exumação dos restos mortais de seu herói. [Bolívar, cujo nome completo era Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte y Blanco, é uma das mais importantes figuras da história latino-americana -- levou Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela à independência.]

Os testes feitos com os restos mortais de Simón Bolívar foram, no entanto, inconclusivos sobre sua morte. Cientistas que examinaram os restos mortais do herói da independência latino-americana Simon Bolívar disseram não ter conseguido esclarecer a causa de sua morte, embora o relatório fale de envenenamento não intencional.

No ano passado, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, determinou a exumação do corpo de Bolívar, para saber se ele foi assassinado – apesar de a maioria dos documentos históricos apontar que ele morreu de tuberculose em 1830. Mas especialistas que estudaram seu DNA não encontraram evidências que sustentem – ou neguem – tais teorias. Não há indícios de que ele tenha sido envenenado intencionalmente. Após o anúncio dos resultados, Chávez disse a parlamentares venezuelanos que ainda crê na hipótese de assassinato, ainda que não tenha provas.

O estudo feito com apoio na exumação dos restos de Bolívar conclui que ele morreu intoxicado não intencionalmente, com o uso de medicamentos contendo arsênico.  Parentes de uma irmã de Simón Bolívar protestaram contra a exumação dos restos mortais dele.
Foto da exumação dos restos mortais de Simón Bolívar (Foto do site do Google).
Hugo Chávez inicia a abertura do caixão com os restos mortais de Simón Bolívar, diantes das câmeras da televisão (Foto Google).

CIA simula programa de vacinação para fazer espionagem no Paquistão

No ano passado, num lugar remoto do Afeganistão, 10 ajudantes médicos foram apanhados e mortos em uma emboscada por militantes talebãs. Depois de matá-los, os talebãs alegaram que eles na realidade eram espiões "atuando em uma missão clandestina contra os mujahidins naquela área" [os mujahidins são combatentes armados, fundamentalistas islâmicos].

Isso foi considerado um insulto contra as vítimas. No entanto, neste mês, o governo Obama admitiu que a CIA havia organizado uma falsa campanha de vacinação no Paquistão para obter o DNA da família de Osama Bin Laden, quando a inteligência americana fechava o cerco sobre ele. Trabalhadores da área médica foram utilizados em uma missão clandestina -- não na imaginação paranoica de fanáticos que odeiam os americanos, mas como parte de uma política deliberada do governo dos Estados Unidos.

O artigo da Slate afirma que fornecer vacinas inadequadas sob falso pretexto não é obviamente pior do que, por exemplo, sequestrar e torturar pessoas sistematicamente -- acho esta afirmativa discutível, depende do tipo de vacina e do tipo de doença que ela deveria combater. O fato em si, continua o artigo, evidencia o colapso moral total das pessoas e do sistema responsáveis por ele. A CIA, dessa maneira, deu sua aprovação para o assassinato de Tom Little e Dan Terry (dois dos participantes do grupo de 10 emboscado pelos talebãs) e para quaisquer  assassinatos futuros de médicos em zonas de guerra abertas/declaradas ou secretas.  De agora em diante, não existe mais a figura do não combatente.

O teatro de guerra Afeganistão-Paquistão é um dos últimos lugares do mundo onde a poliomielite é ainda endêmica. O Washington Post (WP) informou que o governo paquistanês cogitou de cancelar uma campanha de imunização contra a pólio na semana passada por causa da campanha da CIA, antes de decidir pela continuação da iniciativa. "Uma autoridade da área de saúde da região da fronteira dos dois países disse que a preocupação era que militantes naquela região pudessem ferir os membros das equipes de vacinação, por suspeitar que fossem da CIA", disse o WP.

Mesmo que estejam desarmados, empregados da área de saúde correm o risco de serem barrados por pessoas já desconfiadas por conta de intervenções estrangeiras e, especialmente, de campanhas de vacinação. A lógica da CIA -- de que operários da saúde podem entrar em lugares que outras pessoas não conseguem -- é exatamente a razão para não usar essa alternativa.

"Por que nós (americanos ) queremos correr o risco de destruir a campanha contra a pólio? pergunta o WP. Depois que a história da "vacinação" da CIA veio à tona, o WP apresentou a resposta de uma "autoridade senior" americana: "As pessoas precisam colocar isso dentro de uma certa perspectiva", disse esse funcionário graduado, falando sob condição de anonimato devido à natureza sensível do assunto. "A campanha de vacinação fazia parte da operação de caça ao principal terrorista do mundo, e nada mais. Se os EUA não tivessem mostrado esse tipo de criatividade, as pessoas estariam coçando suas cabeças, perguntando por que não usaram todas as ferramentas à sua disposição para achar Bin Laden".

"Perspectiva", disse o alto funcionário. Então, nesse caso, por que a criatividade deveria ter parado com a falsa vacinação? Poderíamos ter ido de porta em porta em Abbottabad e matado cada pessoa encontrada. No final, continuando assim, teríamos matado Bin Laden, diz o artigo da Slate. Mas o tal funcionário graduado não estava descrevendo o raciocínio ético por trás do esforço para "encontrar Bin Laden". Bin Laden já havia sido encontrado. A campanha de vacinação foi uma questão de autoproteção burocrática -- conseguir amostras de DNA de pessoas que estavam dentro do esconderijo do terrorista, para confirmar que o alvo que a CIA havia identificado em Abbottabad era o certo, de modo que a agência não envergonhasse a si mesma. O máximo que as vacinações poderiam ter feito, se os testes de DNA resultassem negativos, teria sido permitir que a CIA silenciosamente adicionasse aquela casa à lista de lugares nos quais, ao longo de uma década, não conseguira encontrar Bin Laden.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Avanços da ciência, aqui e lá fora (73)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cientistas temem que pesquisas médicas criem macacos falantes

A Academia de Ciências Médicas da Grã-Bretanha está pedindo ao governo que estipule regras mais estritas paras as pesquisas médicas envolvendo animais. O grupo teme que experimentos envolvendo transplante de células acabem criando anomalias, como macacos com a capacidade de pensar e falar como os humanos.

O alerta ressalta o debate da questão dos limites da pesquisa científica. Um dos autores do relatório, o professor Christopher Shaw, do King's College de Londres, diz que tais estudos "são extraordinariamente importantes". A academia ressalta ainda que não é contrária a experimentos que envolvam, por exemplo, o implante de células e tecidos humanos em animais. Estudos atuais, por exemplo, transplantam células cancerígenas em ratos a fim de testar novas drogas contra o avanço da doença. A academia defende, no entanto, que com o avanço das técnicas estão surgindo novos temas que precisam ser urgentemente regulados.

Os avanços científicos atuais já permitem a criação de ratos com lesões similares às causadas por um derrame cerebral, para que sejam depois injetadas células tronco humanas, a fim de corrigir os danos. Outro estudo com implante de um cromossomo humano no genoma de ratos com síndrome de Down também foi essencial para a compreensão da doença.

Apesar de a maioria dos experimentos ser feita com ratos, os cientistas estão particularmente preocupados com os testes em macacos.

Na Grã-Bretanha são proibidas as investigações com macacos de grande porte como gorilas, chipanzés e orangotango. Em outros países, como os Estados Unidos, são liberadas. "O que tememos é que se comece a introduzir um grande número de células cerebrais humanas no cérebro de primatas e que isso, de repente, faça com os que os primatas adquiram algumas das capacidades que se consideram exclusivamente humanas, como a linguagem", diz o professor Thomas Baldwin, outro membro da academia. "Estas são possibilidades muito exploradas na ficção, mas precisamos começar a pensar nelas", diz.

O relatório indica três áreas particulamente "delicadas" na pesquisa com animais: a cognitiva, a de reprodução e a criação de características visuais que se percebam como humanas. "Uma questão fundamental é se o fato de povoar o cérebro de um animal com células humanas pode resultar em um animal com capacidade cognitiva humana, a consciência, por exemplo", diz o relatório. --
O professor Martin Bobrow, principal autor do relatório, sugere o que chama de "prova do grande símio": se um macaco que recebeu material genético humano começa a adquirir capacidades similares a de um chimpanzé, é hora de frear os experimentos.

Na área de reprodução, recomenda-se que embriões animais produzidos a partir de óvulos ou esperma humano não se desenvolvam além de um período de 14 dias.

O campo mais polêmico é o de animais com características "singularmente humanas", os experimentos que o relatório chama de "tipo Frankestein, com animais humanizados". Segundo o relatório, "criar características como a linguagem ou a aparência humana nos amimais, como forma facial ou a textura da pele, levanta questões éticas muito fortes".
Para o relatório da Academia de Ciências Médicas da Grã-Bretanha "Criar características como a linguagem ou a aparência humana" para macacos levanta questões éticas (Foto AFP). 

Americanos usam VANT para atirar em dois líderes de organização somaliana ligada à al-Qeda

Em junho um VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) americano atirou em dois líderes de uma organização somaliana ligada à al-Qeda e aparentemente os feriu, disse um oficial militar sênior americano familiarizado com a operação. (Veja postagem anterior sobre os VANTs).

O ataque contra membros graduados da al-Shabab ocorreu no contexto de uma crescente preocupação do governo americano com o fato de que alguns líderes desse grupo islâmico estejam colaborando mais de perto com a al-Qeda, para atacar alvos fora da Somália. O ataque americano faz com que a Somália seja pelo menos o sexto país em que os EUA esteja usando VANTs para realizar ataques mortais -- ela se junta a Afeganistão, Paquistão, Líbia, Iraque e Iêmen. E ele surge no momento em que é esperado que a CIA comece a voar VANTs armados sobre o Iêmen, para caçar ativistas da al-Qeda.

A al-Shabab tem combatido há anos o frágil governo da Somália. Em meses recentes, o serviço de inteligência americano detetou que membros graduados do grupo haviam expandido suas ambições para além das fronteiras somalianas. Os dois líderes da al-Shabab alvejados pelo VANT tinham "laços diretos" com o clérigo de origem americana Anwar al-Aulaqi, disse a fonte militar. Aulaqi escapou de um ataque de um VANT no Iêmen em maio.

O Comando de Operações Especiais executou o ataque na Somália, e realizou voos de VANTs sobre Iêmen durante boa parte do ano passado. Esse ataque com VANT na Somália parece ter sido o primeiro desse gênero no país.

Tio Sam está espionando você, a qualquer momento e em qualquer lugar

Reproduzo a seguir um texto interessante do blogue "Across the Universe", de Terrence Barr.

A lei americana denominada U.S. Patriot Act de 2001 foi, para começar, uma legislação controvertida, pois dava ao braço executivo do governo americano e a várias instituições a ele relacionadas vastos poderes para espionar eletronicamente, fazer busca e demandar dados pessoais e informação sobre comunicação de uma ampla gama de fontes -- frequentemente em franca e direta violação a leis existentes de longa data e a liberdades civis protegidas pela Constituição americana.

Desde então, o governo americano tem acessado arquivos privados de bancos, seguradoras, companhias de telecomunicações, provedores de atendimento de saúde, e muitos mais, extraindo nesse processo grandes quantidades de dados sensíveis de potencialmente centenas de milhões de pessoas nos EUA -- com pouco ou nenhum cuidado ou verificação de natureza democrática.

Voce, que não mora nos EUA, deve estar pensando "OK, isso é na América, não aqui, certo?" É bom pensar outra vez.

Primeiro, está ficando cada vez mais claro que há uma versão secreta do U.S. Patriot Act -- o modo pelo qual o Departamento de Justiça interpreta a lei, que parece significativamente mais invasivo e de mais longo alcance do que muitos legisladores e o público foram levados a acreditar. E, porque é confidencial, não há discussão pública sobre o real alcance da lei ou dos abusos.

Segundo, está comprovado -- como a Microsoft recentemente admitiu -- que para as empresas americanas não há como impedir que as autoridades americanas apliquem o Patriot Act a todas as subsidiárias de empresas americanas ao redor do mundo. Isso, na essência, significa que os EUA estão passando por cima das leis de países estrangeiros que protegem a privacidade e a soberania.

Praticamente, qualquer dado que for armazenado ou processado por uma subsidiária de uma empresa americana e for enquadrado no/pelo Patriot Act, em qualquer lugar do mundo, pode ser demandado e coletado por autoridades americanas em qualquer instante, e sem o conhecimento de quem for envolvido, violando diretamente as leis do próprio país desse cidadão. Veja bem, isso não se aplica apenas a cidadãos americanos, isso se aplica a qualquer um.

Difícil de acreditar? Sim. Mas, quando mais você mergulhar nisso, pior fica.

Lições dos atentados na Noruega

Continua repercutindo no mundo todo a insanidade cometida pelo psicopata que matou quase 100 pessoas na Noruega na semana passada. O site CNN World traz um artigo interessante de Brian Fishman, com o título desta postagem, que reproduzo a seguir. Brian é um pesquisador de contra-terrorismo na New America Foundation, uma "usina de ideias" (think-tank) focada em ideias inovadoras que perpassem o espectro político.

Na imediata esteira de um ataque como o que sacudiu a Noruega na sexta-feira, frequentemente buscamos as razões do ocorrido. Como pode alguém matar crianças inocentes? Por que alguém detonaria uma bomba que inevitavelmente mutilaria quem estivesse por perto? Em vez de buscar mais informação sobre a razão porque os autores do ataque na Noruega fizeram o que fizeram, é importante pensar como fizeram o que fizeram. Porque a terrível realidade é que há pessoas de coração diabólico, com múltiplas agendas políticas, querendo usar de violência contra inocentes para alcançar seus objetivos.

Talvez a lição mais forte do atentado na Noruega é que, com base nos primeiros relatórios, mais pessoas parecem ter morrido feridas por arma de fogo do que por explosivos. Assim, esse ataque reflete uma tendência maior no terrorismo, exemplificada da maneira a mais terrível pelo ataque terrorista em Bombaim em 26/11/2008, no qual 10 atiradores agiram em grupo para matar mais de 160 pessoas.

Terroristas matam por duas razões básicas: querem desintegrar e destruir instituições ou símbolos de uma ordem política que desprezam, e querem intimidar as pessoas que não foram atingidas diretamente por seu ataque. Durante anos, as bombas foram a ferramenta mais útil para atingir ambos objetivos: eram o melhor meio para matar um grande número de pessoas e atraíam muita atenção da mídia. Mas isso pode estar mudando. A crescente disponibilidade de armas automáticas torna mais fácil assassinatos em massa, até por uma pessoa só. E a velocidade e a capilaridade da cobertura da mídia garantem que será maciço o número de pessoas acompanhando qualquer tipo de ataque violento, quer os terroristas usem bombas ou armas de fogo.

Os autores do ataque na Noruega tiveram êxito em montar e detonar uma bomba no centro de Oslo, mas uma lição de supostos terroristas da al-Qeda é que fazer explosivos/bombas é mais difícil do que parece. Tanto pelo exemplo do fracasso da tentativa de Faisal Shahzad de detonar uma bomba em Times Square no dia 1˚ de maio de 2010, como pelo fracasso do terrorista que, com um explosivo na cueca, tentou derrubar um avião que sobrevoava Detroit no Natal de 2009, fica evidente que um ataque terrorista com o uso de explosivos acarreta muito risco para pessoas não suficientemente treinadas para fazê-lo. Se os terroristas puderem usar armas de fogo para conseguir níveis semelhantes de destruição sem correr o risco operacional de usar bombas, podemos esperar que irão fazê-lo.

Um efeito perigoso do ataque da Noruega é que terroristas do mundo inteiro o estudarão, para dele tirar lições -- e não apenas pessoas com as mesmas convicções ideológicas dos autores do atentado de sexta-feira. A al-Qeda tem sido particularmente adepta de adaptar técnicas desenvolvidas por outras organizações. Podemos esperar que propagandistas dela irão pelo menos apontar o ataque na Noruega como exemplo de ação que uma pessoa ou um grupo pequeno pode executar no futuro.

domingo, 24 de julho de 2011

Brasil é campeão mundial dos encargos trabalhistas

Entra governo, sai governo, repete-se o show de blá-blá-blá, faz-se muita demagogia e ninguém ataca um dos problemas mais agudos que enfrentamos no chamado "custo Brasil", que é a absurda carga tributária que onera a produção no país, a começar pelos encargos que incidem sobre o salário.

Apesar de o título brasileiro de campeão mundial já estar consolidado há um bom tempo no debate econômico, faltavam informações sobre a representatividade dos encargos trabalhistas no custo da mão de obra em um conjunto de países. Está agora confirmado aquilo de que já se desconfiava: o Brasil é mesmo o campeão mundial dos encargos trabalhistas. Levantamento inédito da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), feito com base em dados compilados pelo Departamento de Estatística do Trabalho dos Estados Unidos (BLS, sigla em inglês de Bureau of Labor Statistics), mostra que os encargos já correspondem a praticamente um terço (32,4%) dos custos com mão de obra na indústria de transformação brasileira. Trata-se do valor mais alto de toda a amostra, 11 pontos porcentuais superior à média dos 34 países estudados pelo BLS (21,4%). Na Europa, por exemplo, o peso dos encargos no custo da mão de obra é de apenas 25%.

Quando comparado aos países em desenvolvimento, com os quais o Brasil compete comercialmente em escala mundial, a posição do País é ainda pior. Os encargos são 14,7% dos custos em Taiwan, 17% na Argentina e Coreia do Sul e 27% no México.

No Brasil, os encargos sobre a folha salarial são compostos principalmente pelas contribuições patronais à Previdência Social. No caso da indústria de transformação, a contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sozinha, corresponde a 20% da folha de salários.  Há também a contribuição por Risco de Acidente de Trabalho, o Salário Educação e contribuições ao Incra, Sesi, Senai e Sebrae, que correspondem a até 8,8% da folha de salários.

Somando-se as contribuições do empregador ao FGTS, indenizações trabalhistas e outros benefícios, como o 13.º salário e o abono de férias, o total de encargos chegou a 32,4% dos gastos com pessoal da indústria em 2009, ano-base do estudo do BLS.

Para a Fiesp, a indústria brasileira enfrenta uma perda de competitividade que tem levado a um quadro de desindustrialização do País. "Os encargos incidentes na folha de salários traduzem-se em encarecimento da mão de obra e, consequentemente, dos custos de produção de bens e serviços, afetando a competitividade local", diz o diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, que coordenou o trabalho. "O problema é mais grave na indústria de transformação, cujos bens em geral competem em mercados com escalas globais."

O estudo da Fiesp é conhecido no momento em que o governo se prepara para lançar a nova versão da política industrial brasileira, chamada de Política de Desenvolvimento Competitivo. A expectativa dos empresários do setor era de que o pacote incluísse medidas para desoneração da folha de salários da indústria de transformação. No entanto, poucos ainda apostam nisso. A equipe econômica já deu sinais claros de que não deverá incluir a desoneração na proposta de política industrial a ser divulgada no dia 2 de agosto. O projeto deverá ser apresentado separadamente em outro momento.

De acordo com Roriz Coelho, a situação da competitividade da indústria brasileira ficou ainda mais dramática por causa dos "graves efeitos da excessiva valorização" do real ante o dólar.  Segundo ele, entre 2004 e 2009, o valor em dólares dos encargos trabalhistas no Brasil aumentou 119,5%, muito acima do que ocorreu na maior parte dos países. Na Coreia, a alta foi de apenas 1,2%, enquanto em Cingapura não chegou a 30%.

Porém, como o custo em dólar da mão de obra no País ainda é relativamente baixo em comparação com a maioria das economias avaliadas, o valor dos encargos no Brasil, de US$ 2,70 a hora, é inferior à média dos 34 países (US$ 5,80 a hora). "O valor em dólares dos encargos incidentes em uma hora da mão de obra industrial no País é inferior ao da maioria das economias desenvolvidas, mas supera o de nações em desenvolvimento e mesmo de algumas desenvolvidas, como Coreia do Sul", argumenta o diretor da Fiesp.



Número de brasileiros sozinhos triplica em 20 anos -- já são 6,9 milhões

A família tradicional, com pai, mãe e três filhos, está cada vez mais rara no Brasil. Pela primeira vez na história, o número de pessoas morando sozinhas ultrapassou o das famílias com cinco integrantes. Hoje, os domicílios com apenas um morador já são 12,2% do total, ante 10,7% das residências com cinco pessoas. Os brasileiros solitários já somam 6,9 milhões – quase três vezes mais que os 2,4 milhões de 1991.

Os dados constam de um recorte inédito feito pelo Estado nos dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que o País está seguindo uma tendência internacional: há cada vez menos gente dividindo o mesmo teto. Em 1960, a média de moradores por domicílio era de 5,3 pessoas. Cinquenta anos depois, caiu para 3,3. Ainda assim, é bem maior do que a proporção em países europeus e nos Estados Unidos: por volta de 2,5.

Existem, porém, duas grandes diferenças no aumento dos “solitários” brasileiros registrado na última década. A primeira é a intensidade – de 2000 para cá, o ritmo de crescimento dos domicílios com apenas um morador foi cerca de 15% maior do que na década anterior. A outra é a participação das cidades médias: morar sozinho era um comportamento mais restrito às grandes cidades. Mas, nos últimos dez anos, o avanço de casas e apartamentos com apenas um morador foi quase 40% maior em cidades de 100 mil a 500 mil habitantes que nos grandes municípios.

As principais explicações para esse fenômeno são o crescimento no número de idosos e o aumento na renda média do brasileiro. Porto Alegre, líder no ranking dos solitários entre as capitais, com 21,6%, é o melhor exemplo da primeira razão. A cidade gaúcha é também a capital que conta com mais moradores com mais de 60 anos (15%). Como regra geral, quanto mais velha a população, maior o número de pessoas morando sozinhas após criar os filhos, se divorciar ou ficar viúva.

Florianópolis, segundo lugar na lista das capitais, é um exemplo de como a renda influencia na quantidade de pessoas morando sob o mesmo teto. Como a cidade é a capital com maior renda per capita por domicílio, há mais pessoas com condições de bancar todos os custos de manter uma casa ou um apartamentos apenas com seu salário.

Já São Paulo ocupa um lugar intermediário: é a 8ª capital com maior renda per capita, 5ª colocada no ranking da terceira idade e 7ª das que, proporcionalmente, mais têm domicílios com apenas um habitante. No total dos municípios brasileiros, a maior média é de Herval (RS), no interior gaúcho, onde 26,6% dos moradores vivem sozinhos. Na outra ponta está Ipixuna, no Amazonas – lá, a alta proporção de indígenas faz menos de 1% dos lares ter só um morador.

Empilhadeira destrói mais de US$1 milhão em vinho

Um acidente com uma empilhadeira na Austrália destruiu um carregamento de vinho avaliado em mais de US$ 1 milhão (R$ 1,55 milhão). O shiraz Mollydooker Velvet Glove de 2010 é vendido a US$ 199 a garrafa, segundo a agência de notícias AFP. O produtor Sparky Marquis disse estar "arrasado" com a notícia de que 462 caixas de vinho foram danificadas durante embarque para os EUA. "Quando abriram as caixas, falaram que parecia uma cena de assassinato. Mas o aroma era sensacional", disse ele.

O empresário disse que o carregamento representa um terço da produção anual da vinícula McLaren Vale.  "É uma perda enorme, vamos verificar agora cada uma das 462 caixas para ver se é possível salvar algo."

O vinho estava no seguro. O porta-voz da transportadora envolvida, a Kery Logistics, disse que a empresa cuida de mais de 20 mil containers por ano e nunca teve um problema como este antes.



Atirador da Noruega usou bala especial, para causar dano máximo

Surgem novas revelações sobre o psicopata que cometeu os dois terríveis atentados na Noruega, matando cerca de 100 pessoas. Sabe-se agora que ele usou balas especiais no massacre da ilha de Utoeya, onde quase 90 jovens morreram, de acordo com informações de um dos médicos que atenderam as vítimas no Hospital de Ringriket, nas cercanias da capital Oslo.

O médico Colin Poole, chefe da divisão de cirurgia desse hospital afirmou à agência Associated Press que em pelo menos 16 corpos não foi possível recuperar as balas.  "Aquelas balas mais ou menos explodiram dentro do corpo. (...) Essas balas infligiram danos internos que são absolutamente horríveis", comentou. Especialistas em balística afirmaram que as balas chamadas "dum-dum", a provável munição usada pelo atirador, são mais leves que as balas comuns, além de serem melhores para tiros à longa distância, sendo utilizadas regularmente por caçadores.

O número de vítimas fatais no duplo atentado na última sexta-feira na Noruega foi para 93 neste domingo com a morte de um dos feridos. Com isso, subiu de 85 para 86 o total de vítimas no tiroteio em um acampamento de verão da juventude do Partida Trabalhista na ilha de Utoeya. Outras sete pessoas foram mortas, cerca de duas horas antes, na explosão de uma bomba nos arredores da sede do governo, em Oslo.

Mais cedo, o suspeito de ser autor dos dois ataques na Noruega, Anders Breivik Behring, disse à polícia de Oslo ter agido "sozinho" no massacre. "Durante o interrogatório ele disse que estava sozinho. Vamos tentar descobrir se isso é verdade em nossa investigação", disse Sveinung Sponheim, um oficial da polícia de Oslo. Depoimentos de alguns sobreviventes deram a entender que poderia haver outro atirador.

Centenas de pessoas participaram hoje de uma missa celebrada em Oslo em memória às vítimas dos ataques duplos de sexta-feira na Noruega. O último balanço aponta para ao menos 93 mortos e 96 feridos. Os arredores da catedral de Olso, no centro da capital e a poucos metros do distrito governamental alvo do carro-bomba do primeiro atentado, estão tomados policiais, militares e bombeiros, mobilizados pelos incidentes.

O papa Bento 16 lembrou na missa dominical do Ângelus as vítimas dos atentados da última sexta-feira na Noruega e pediu que se abandone "para sempre a via do ódio" e se fuja "da lógica do mal".  O papa, que neste sábado enviou um telegrama de condolências ao rei Harald da Noruega, reiterou a "profunda dor" pelo duplo atentado.

Um documento de 1.500 páginas redigido aparentemente pelo norueguês que matou 93 pessoas em dois atentados em Oslo, na sexta-feira, revela que o ataque já era preparado desde o outono (boreal) de 2009.  O documento, publicado na internet diariamente, inclui um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo. Anders Behring Breivik, um norueguês de 32 anos, detalha os preparativos de sua ação, destacando "o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas", e admite que será lembrado como "o maior monstro nazista desde a Segunda Guerra Mundial".

Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque.  O texto, escrito em inglês, tem o título "A European Delaration of Independence - 2083" (Uma declaração de Independência Europeia - 2083) e é firmado sob o pseudônimo "Andrew Berwick".

"Meu nome, Breivik, remonta à época anterior a dos vikings. Behring é um nome germânico pré-cristão que deriva da palavra Behr, que em alemão significa urso (...) e Anders (Andreas) é o equivalente escandinavo de (...) Andrew", explica.  "Um alvo prioritário é a reunião anual do partido socialista/social democrata", diz o texto, que também explica como montar uma empresa de fachada, mineradora ou agrícola, para adquirir explosivos. O documento acaba assim: "Acredito que será minha última postagem. Estamos na sexta-feira, 22 de julho, às 12h51", apenas três horas antes da explosão de uma bomba no centro de Oslo e do posterior ataque à colônia de férias do Partido Trabalhista.

Behring admitiu hoje que participou dos ataques, que "foram planejados há muito tempo", informou seu advogado Geir Lippestad.  O acusado foi membro do partido Progressista (FrP, da direita populista) e de seu movimento jovem, além de participar de um fórum neonazista sueco na internet. O FrP confirmou que Behring se filiou ao partido em 1999, mas saiu da lista de membros em 2006. Ele também foi o responsável local do movimento juvenil do FrP entre 2002 e 2004.

A polícia definiu Behring como um "fundamentalista cristão" de direita, hostil ao islamismo.  De acordo com Mikel Ekman, investigador da Fundação Expo, com base em Estocolmo, que monitora grupos de extrema direita, Behring criou um perfil em 2009 sob um pseudônimo que pode ser rastreado para seu endereço de e-mail em um fórum neonazista sueco chamado Nordisk. Fundado em 2007, o Nordisk conta com 22 mil membros na região.
 O premier norueguês Jens Stoltenber e sua mulher Ingrid Schulerud fazem homenagem antes da missa que lembrou as vítimas dos dois atentados (Foto: Wolfgang Rattay/Reuters).
Imagens retiradas da página no Facebook do atirador Andres Behring Breivik (Foto: France Presse).

Frutas: verdades e mentiras (?)

Volta e meia a gente se depara com recomendações parcial ou totalmente conflitantes com relação ao consumo de alimentos, dentre eles indispensavelmente as frutas. Recentemente recebi de uma amiga um texto de uma professora da USP exatamente sobre "verdades e mentiras" relativas ao consumo de frutas. Achei o texto interessante, e o reproduzo abaixo, inserido num texto de outro blogue, o "Mais Nutrição" -- vamos ver o que resultará disto.

Em maio deste ano eu publiquei um texto chamado “Frutas: vamos comê-las de estômago vazio?”. Eu tinha recebido o texto por e-mail de diversas pessoas e eu vi o mesmo texto em outros sites e resolvi publicar. 

Eis que esta semana vejo um novo texto corrigindo as informações assinado pela Fernanda Beraldo Michelazzo. O texto “original” estava sem autor. Para não cometer o mesmo erro, resolvi procurar a Fernanda e achei uma carta dela publicada na Veja e consegui entrar em contato com a Secretaria do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental e fiquei sabendo que a Fernanda foi aluna da Silvia Cozzolino, ou seja, parece que agora temos as informações verdadeiras e com fonte confiável. Segue o texto:

INFORMAÇÕES ERRADAS – Frutas: quando comê-las?
Fernanda Michelazzo

Sou Profa. Dra. em Nutrição pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo e atuo ministrando vários cursos dentro da “Ciência da Nutrição”.

Foi com muita preocupação que tomei conhecimento de e-mail circulando na Internet, recomendando a ingestão de frutas somente com o estômago vazio, o qual deve ter sido formatado provavelmente por médicos especialistas em Nutrologia (é preciso apenas 1 final de semana para receber este título).

Nutricionista seria o profissional mais indicado para discorrer sobre frutas e talvez não cometesse o erro de falar tantas bobagens, informações descabidas e sem respaldo científico:

1) A fruta gasta mais energia para ser digerida que um sorvete, mesmo tendo valor calórico igual. Por exemplo, uma maçã e uma bola pequena de sorvete de frutas: ambos tem em torno de 50 calorias, porém, o saldo calórico da maçã é menor, porque gasta muito mais para ser digerida e não é totalmente absorvida por causa da pectina, ao passo que o sorvete facilmente passa pelo estômago e logo é 100% absorvido. Portanto, a maçã engorda menos que o sorvete, mesmo contendo as mesmas 50 calorias, justamente por gastar mais energia na digestão, além de conter vitaminas minerais. (graças a Deus e ao seu conteúdo de pectina e outras fibras que retardam o esvaziamento do estômago, permitindo assim que os diabéticos possam comê-las sem que haja um aumento na glicemia – teor de açúcar no sangue).

2) A frutose não se transforma rapidamente em glicose. Se assim fosse, os diabéticos estariam proibidos de comer frutas. Além do mais, a Frutose que é o açúcar das frutas é absorvida mais lentamente que a Glicose, e não precisa de insulina para ser metabolizada. Ela é considerada um monossacarídeo (açúcar simples) que também alimenta o cérebro sem precisar ser convertida.

3) É negligente afirmar que a fruta não pode ser consumida após o almoço: MENTIRA. A melhor absorção do Ferro se faz através da Vitamina C, ou seja, para evitar uma anemia, é preciso comer frutas cítricas após o almoço (que geralmente é a refeição com maior conteúdo de Ferro) – para que ele possa ser absorvido.

4) As frutas não passam rapidamente pelo estômago, como diz o email. Ao contrário. Justamente pelo seu teor de fibras, elas demoram mais no estômago, especialmente quando ingeridas com casca, bagaço e sementes, o que é super positivo para as pessoas que precisam emagrecer. Já está comprovado cientificamente que por conta disto as frutas promovem maior saciedade e são excelentes coadjuvantes no emagrecimento.

 5) O intestino delgado apenas finaliza a digestão de partículas muito pequenas de alimentos. É o estômago o grande responsável pela digestão de todos os alimentos. Pelo amor de Deus, isso é FISIOLOGIA BÁSICA!

6) As frutas não ficam presas nas batatas ou carnes (o que é isso?). No estômago ocorre a mistura dos alimentos formando o bolo alimentar, onde não se distingue mais o que é fruta ou carne ou batata, e sim o que é carboidrato, proteina, gordura e fibra. E é justamente o teor de fibra deste bolo alimentar que irá determinar a liberação do “açúcar” ou da gordura. Quanto mais fibra tiver, ou seja, se a fibra for comida juntamente ou logo após as batatas ou carnes, ela impedirá que o excesso de gordura ou de carboidratos seja absorvido. Por isso a recomendação DOS ÓRGÃOS INTERNACIONAIS de que AS REFEIÇÕES DEVEM CONTER PELO MENOS UMA FRUTA.

7) É desejável que haja fermentação das fibras no intestino grosso (para que as bactérias benéficas produzam substâncias que irão proteger o coração), ou seja, para não haver fermentação de açúcar, é necessário comer FIBRAS. Elas diminuem o risco de câncer e várias outras doenças de alergia no intestino. As fibras são encontradas em vários alimentos, não só em frutas: vegetais, cereais integrais, por exemplo.

 8) Nem todas as Frutas podem ser comidas em jejum. Depende muito de cada caso. É errado generalizar. Se o paciente sofrer de gastrite ou úlcera ou tiver hérnia de hiato ou diverticulite ou síndrome do intestino curto não poderá comer fruta em jejum, principalmente as mais ácidas, como abacaxi, maracujá, acerola,
manga.


9) Estimular a compra de uma centrífuga também não é conveniente. É um produto caríssimo e nem todos têm acesso. Além do mais, o suco aumenta muito mais a glicemia do que a fruta, não sendo recomendado à vontade para diabéticos, obesos, cardíacos, nem para pacientes com síndrome metabólica. -- Mais uma vez, não podemos generalizar. CADA CASO É UM CASO!!!!

O Dr. William Castillo, realmente declarou que fruta é o melhor alimento e protege contra doenças do coração. Jamais ele disse que ela deveria ser centrifugada ou comida em jejum, ou ainda falou conceitos errados de fisiologia da nutrição.

10) Café e pão branco com manteiga não levam o dia inteiro para serem digeridos e não são lixos. Os trabalhos científicos revelam que esta composição de refeição pode levar em torno de 2 horas para ser digerido, deixar o estômago, ser absorvidos no intestino e chegar no sangue. É uma boa fonte de energia para pessoas com baixa condição financeira, por exemplo. O que não anula a importância dos pães integrais e acréscimo de frutas no café da manhã.

11) É difícil manter um cardápio só de Frutas. Haja vista porque a “Dieta do abacaxi” (e de outras frutas) fracassou!!!

Os chineses e os japoneses têm hábitos alimentares saudáveis, comem alimentos funcionais e praticam Atividade Física. Tem baixos índices de doenças do coração, mas por conta do uso dos chás quentes são a população com maior índice de câncer de esôfago e estômago. Cada vez mais os cientistas do mundo inteiro, inclusive os do Brasil, descobrem os benefícios dos diferentes chás da natureza. MAS CUIDADO COM TEMPERATURAS EXTREMAS, ELAS PODEM DAR CÂNCER.

Bebidas geladas não solidificam a gordura!
 
Mais uma vez FISIOLOGIA BÁSICA: o estômago tem função de igualar a temperatura dos alimentos e formar o bolo alimentar. Tanto faz a temperatura, pois o estômago vai fazer este papel. É bem verdade que alimentos mais mornos do que frios FACILITAM A DIGESTÃO.

Profa. Dra. Fernanda Beraldo Michelazzo