Os sete reatores mais antigos do parque nuclear alemão, que conta com um total de 17 reatores, foram retirados de operação alguns dias após a ocorrência da catástrofe com a usina nuclear japonesa de Fukushima, atingida pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março deste ano. Esses sete reatores não serão religados ao sistema de suprimento elétrico alemão. Um oitavo reator, que tem sofrido panes repetidas, também não será reativado. Os 9 reatores restantes serão paralizados progressivamente, entre 2015 e 2022. A Alemanha volta assim à situação existente em 2000, quando os sociais-democratas e os Verdes no poder já haviam decidido abandonar a energia nuclear para esse fim.
Esse calendário havia sido abandonado pela coalizão conservadora-liberal, apesar de uma opinião pública profundamente hostil ao átomo "civil", como previsto quando da campanha legislativa que, no outono de 2009, deu um segundo mandato à chanceler Angela Merkel. Essa decisão provocou uma brusca retomada do interesse pela causa antinuclear na Alemanha, traduzida por maciças manifestações nas principais cidades do país.
O Bundestag adotou uma série de medidas complementares, como a construção de novas centrais térmicas a carvão e a gás, para permitir recompor a perda da energia de origem nuclear. Hoje, cerca de 22% da energia elétrica na Alemanha são de origem nuclear. A energia eólica será também estimulada, com o objetivo de levar a energia renovável a 35% da energia total de hoje até 2020, ou seja quase o dobro de hoje. Trata-se de uma questão impositiva, se Berlim quiser honrar seus compromissos climáticos. A Alemanha espera reduzir em 40% suas emissões de gases de efeito estufa em 2020, e em 80 a 95% de hoje até 2050.
Registre-se, no entanto, o jogo duplo e hipócrita dos alemães, que rejeitam usinas nucleares em seu território mas financiam essas usinas em outros países, como é o caso de Angra 3 no Brasil.
Usina nuclear alemã de Thiange, em Wallonie (Foto: John Thys, AFP).
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