A tal "brecha" mostrou que continha um veio de ouro -- o CD vendeu o suficiente para receber o prêmio duplo de disco de platina. Ele gerou um musical e mais três CDs em série -- a série toda vendeu 2,3 milhões de cópias, principalmente na Inglaterra. E praticamente cada comprador do álbum comprou um compacto, mesmo a contragosto. "Eles não baixam (download) as músicas e não querem fazê-lo", diz Brian Berg, da Universal.
Esses "eles" são pessoas no final da meia-idade ou além, que cada vez mais movimentam o mercado da música. Na Inglaterra, pessoas de 60 anos ou mais gastavam mais dinheiros com álbuns de música pop em 2009 do que os adolescentes na faixa de 20 anos. A barulhenta perturbação introduzida pela Internet nos modelos de mídia na década passada deixou um tanto despercebida uma profunda transformação demográfica. Quer estejam comprando música, ouvindo rádio, lendo jornais ou vendo televisão, os consumidores de mídia estão estão envelhecendo ainda mais rapidamentedo que a população em geral. Em vez de tentar reverter essa tendência atraindo pessoas mais jovens, muitas empresas estão tentando lucrar com esse envelhecimento dos consumidores de mídia.
Nos EUA, as audiências de todas as quatro grandes redes de televisão em inglês aparentam estar na meia-idade. Desde 2003, a mediana das idades dos espectadores do horário nobre da CBS aumentou em três anos, de acordo com a empresa de pesquisa de audiência Nielsen. Os espectadores das redes ABC e NBC estão cinco anos mais velhos; os da Fox, sete e meio. Nesse período, a idade mediana nos EUA provavelmente aumentou um ano e pouco. Alguns shows estão se tornando "grisalhos" mais rapidamente do que as emissoras que os apresentam, em parte porque elas têm bases de fãs que estão envelhecendo naturalmente. A audiência que sintoniza o programa "Desperate Housewives" de Wisteria Lane está se aproximando dos 50 (ver gráfico 1).
De fato, à exceção da Fox, todas as redes de televisão tinham uma idade média (de espectadores) de 50 anos ou mais no ano passado. Isto é significativo, porque os anunciantes tendem a estar mais interessados em como um show é aceito/visto por pessoas na faixa etária de 18 a 49 anos. Como diz Alan Wurtzel, chefe de pesquisa da NBC, uma proporção crescente de espectadores está se tornando quase invisível para o pessoal de marketing -- "esquecidos, mas presentes".
Se a televisão está envelhecendo "graciosamente" (graças às injeções de botox), os jornais caminham rápido para a senescência. Entre 2002 e 2010, a proporção de leitores habituais dos jornais americanos que tinham a idade de 50 anos ou mais aumentou de 37% para 46% (ver figura 2). Completos 43% dos leitores dos jornais ingleses Daily Telegraph e Daily Mirror têm pelo menos 65 anos, de acordo com a Pesquisa Nacional de Índice de Leitura. Esses jornais estão repletos de anúncios de sapatos confortáveis, cruzeiros e elevadores de escadas (stairlifts).
A razão pela qual os jornais estão envelhecendo tão rapidamente é simples: os jovens estão abandonando o papel impresso mais rapidamente do que quaisquer outras pessoas. Eles podem apanhar para ler jornais gratuitos nos meios de transporte, mas quando a recepção é boa tendem a optar pelos celulares e pela Internet. O Pew Research Centre, uma "usina de ideias" (think-tank) americana, verificou que 65% dos que estão entre 18 e 29 anos descrevem a Internet como sendo sua primeira ou segunda fonte de notícias. Apenas 14% das pessoas com 65 anos ou mais dizem o mesmo.
O artigo da The Economist é longo e contém mais informações interessantes.
Idade mediana dos espectadores americanos (Fonte: The Economist).
Índice de leitura dos jornais americanos por faixa etária (Fonte: The Economist).
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