A Folha de S. Paulo de hoje denuncia, com acesso exclusivo para assinantes, as relações promíscuas e comprometedoras de uma empresa paranaense com o Dnit - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes desde o governo de Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA). O saco de gatos em que foi transformado o Ministério dos Transportes, por força de sua submissão ao PR, foi objeto de postagem anterior deste blogue.
A empresa é a Sanchez Tripoloni, de Maringá (PR), que concentrou doações para partidos aliados do governo e é alvo de investigações por irregularidades -- ela aumentou em 1.273% seus contratos com o Dnit de 2004 a 2010. Desde o início do governo do NPA essa empresa vive um crescimento em seus contratos -- saiu de R$ 20 milhões em 2004 para R$ 267 milhões no ano passado (valores atualizados). Em maio de 2009, ela foi declarada inidônea pelo TCU (Tribunal de Contas da União), ou seja, proibida de fazer negócios com a administração pública.
Auditoria do TCU concluiu que a licitação em que a empresa conquistou um contrato com o Dnit para fazer o contorno rodoviário em Foz do Iguaçu (PR) "deu-se de forma extremamente viciada". Entre as irregularidades, foi apontado um sobrepreço de R$ 9,9 milhões. Em dezembro passado, após recurso impetrado pela empreiteira, o TCU aceitou argumentos de que as provas apresentadas contra ela não eram conclusivas, mas apenas "indiciárias".
Ano passado, quando estava impedida de fechar contratos, a Sanchez Tripoloni doou R$ 2,5 milhões para campanhas do PR, que controla o Dnit. Do total, R$ 500 mil foram para o padrinho do diretor-geral afastado do órgão, Luiz Antonio Pagot, o senador Blairo Maggi (PR-MT). A construtora também repassou R$ 510 mil para a campanha da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher do ministro Paulo Bernardo (Comunicações). Desde o início da crise nos Transportes, políticos do PR dizem, sem apresentar provas, que Paulo Bernardo atuou em prol de empreiteiras, o que ele nega. Como mencionei em postagem anterior, o PR é mesmo um câncer na área de transportes do país.
A Tripoloni doou, ao todo, R$ 7,2 milhões em 2010. Desse total, R$ 6,4 milhões (89,5%) foram para políticos da base aliada. A empresa destinou R$ 1 milhão para a campanha de Dilma Rousseff (PT). O restante foi para a oposição, incluindo R$ 180 mil para José Serra.
Dois meses após as eleições a empresa deixou de ser inidônea, cumprindo exigências do TCU. Procurada pela Folha, a Tripoloni informou que seus responsáveis estão viajando e se manifestarão na semana que vem. Em março deste ano, a empresa foi beneficiada pela elevação de um contrato para obras no anel viário de Maringá, que passou de R$ 142,9 milhões para R$ 178,6 milhões. Em fevereiro,venceu livitação para a segunda fase da obra -- o contrato ainda não foi assinado porque o TCU viu sobrepreço de 10%.
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