Na realidade, ainda não fomos longe o suficiente. Os terroristas estão tomando o passo lógico seguinte, estão tentando esconder bombas em seus corpos. No ano passado, após o atentado em Detroit com bomba na cueca, a inteligência britânica registrou conversas na Internet entre jihadistas sobre a possibilidade de implantes cirúrgicos de explosivos. Por volta do final do ano passado, o Grupo de Inteligência SITE capturou uma detalhada conversa online de seguidores da Al Qeda -- "Qual é a sua opinião sobre sobre cirurgias com as quais eu posso implantar a bomba ... dentro do meu corpo?, perguntou um dos participantes. Outros participantes o aconselharam a suturar explosivos plásticos ou líquidos dentro da cavidade abdominal do mártir.
Agora, o Departamento de Segurança Doméstica dos EUA (DHS, em inglês) está emitindo um alerta para governos estrangeiros. Um trecho desse documento, reproduzido no jornal Daily Mirror , diz: "Temos informação de que médicos estão oferecendo ajuda a extremistas para implantar cirurgicamente dispositivos explosivos em pessoas e animais para ataques terroristas".
Como operaria esse tipo de bomba? Quase como os jihadistas propuseram online, de acordo com especialistas. Empacote e lacre um explosivo plástico como PETN (ou PENT -- tetranitrato de pentaeritritol ou tetranitrato de eritrina, também conhecido como pentrita), faça uma incisão no corpo do voluntário e enfie nela o pacote, suture a incisão e deixe-a sarar. Em um homem, o pacote pode ser inserido nas nádegas ou no abdômen, em uma mulher ele pode ser um implante de seio. Dê ao(à) terrorista uma seringa para injetar TATP (sigla em inglês para peróxido de acetona ou Triacetone Triperoxide), que detonará a bomba. Al-Qeda já usou a fórmula PETN-TATP na tentativa de bomba na cueca e em uma operação similar na Somália. O Daily Mirror, aparentemente parafraseando um memorando da Administração de Segurança nos Transportes dos EUA (TSA, em inglês), diz que terroristas com implante de explosivos "levariam uma carta de um médico dizendo que sofreram uma cirurgia e precisam carregar uma agulha e uma seringa por razões médicas -- isso seria suficiente para eliminar uma objeção de segurança no check-in de um voo". A mais simples das alegações médicas para o porte da agulha e da seringa seria a de diabete.
Escaneadores de aeroporto não conseguiriam detetar esse armadilha, eles são superficiais, eles podem mostrar seus testículos ou bicos de seios em torturantes detalhes mas não podem ver uma bomba dentro de um terrorista. Há vários meses atrás, quando perguntado se a "tecnologia existente" poderia detetar um explosivo "numa cavidade de um corpo", o administrador do TSA John Pistole respondeu que não. "Se eles fizerem uma bomba desse tipo, não conseguiremos detetá-la", disse ele ao jornal USA Today. "Não temos como eliminar esse risco". No dia 6 deste mês de julho, o vice-presidente da Rapiscan Systems, que fabrica os equipamentos de reflexo difuso usados nos aeroportos americanos, concordou com essa afirmativa. Os equipamentos, explicou ele, "são projetados para detetar ameação sobre o corpo humano, não dentro dele".
Agora que o governo americano faz soar alarmes internacionais sobre explosivos implantados, o próximo passo no jogo "Esconda a Bomba" é óbvio: escaneadores de aeroportos que possam ver não apenas através das roupas de um passageiro, mas através de todo o seu corpo. Morpho, uma companhia de segurança global, está trabalhando em um dispositivo de onda de rádio para detetar o que ela chama de "bombas em corpos". Nesch, uma empresa que trabalha com a técnica de imagens (como em tomografia, por ex.), está fazendo propaganda de uma tecnologia de baixa dosagem de raios-X que pode detetar "explosivos escondidos tanto dentro, como fora do corpo humano". A empresa Valley Forge Composite Technologies, que faz equipamentos para controle/monitoramento de bombas e armamentos, está promovendo no mercado um sistema de imagens radiográficas que "pode ver através das pessoas" e localizar "itens não metálicos incluindo "folhas" explosivas escondidas na roupa ou em cavidades do corpo".
Um dos sapatos de Richard Reid contendo explosivo, descoberto no voo 63 da American Airlines de 22/12/2001 de Paris para Miami (Foto Wikipedia).
Pacote explosivo em uma cueca, descoberto em um voo da Northwest Airlines sobre Detroit em dezembro de 2009 (Foto ABC News).
Pacote de PETN usado na cueca da foto anterior (Foto ABCNews).
Seringa que seria usada para detonar o explosivo da foto anterior (Foto ABC News).
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