Cuidar de seu corpo pode ajudá-lo a salvar sua mente. Uma pesquisa recente sinaliza que milhões de casos do mal de Alzheimer no mundo todo poderiam ser evitados pela redução de fatores de risco tais como pressão arterial alta, fumo, obesidade e falta de exercício. O estudo fornece mais do que uma simples conversa estimuladora sobre vida saudável. Sete condições ou comportamentos respondem por quase a metade dos 35 milhões de casos de Alzheimer ao redor do mundo. Como não há cura ou tratamento para essa doença que nos rouba nossa mente, é crucial evitar novos casos.
O estudo foi apresentado hoje na conferência internacional da Associação de Alzheimer realizada na França, cujas sessões sobre prevenção atraíram auditórios lotados, com pessoas em pé, por vários dias. Ele foi liderado por Deborah Barnes, professora-associada de psiquiatria na Universidade da Califórnia, em S. Francisco. Os resultados foram publicados online pelo publicação inglesa Lancet Neurology. Os pesquisadores foram subvencionados pela Associação de Alzheimer e pelos Institutos Nacionais sobre Envelhecimento dos EUA.
O estudo usou um modelo matemático para avaliar o impacto dos principais fatores de risco para Alzheimer que são passíveis de serem alterados: fumo, depressão, baixa educação, diabete, muito pouco exercício, e obesidade e pressão alta na meia-idade. Qual o impacto de cada um sobre o total de casos de Alzheimer depende de quão comum ele seja, e quão fortemente ele afeta o risco de demência. Os pesquisadores calcularam o impacxto globalmente e apenas para os EUA.
Em escala mundial, o impacto maior sobre casos de Alzheimer vem da baixa educação, porque o anafalbetismo é tão comum, acham os pesquisadores. A baixa educação pode ser um sinal de muitos fatores que prejudicam a mente, como uma nutrição pobre. Mas é prejudicial em si mesma, porque há menos oportunidade para desenvolver "energia cerebral" (brain power) que pode levar alguém à idade avançada. "Educação, mesmo na idade jovem, começa a construir nossas redes neurais", assim, ser privado dela significa menos desenvolvimento do cérebro, explica Deborah Barnes.
Fumar causa o segundo maior impacto em casos de Alzheimer no mundo todo, seguido pelo hábito de fazer muito pouco exercício. Nos EUA, entretanto, a inatividade é o principal problema, porque um terço da população é sedentária, diz Barnes.
Depressão gerou o segundo maior impacto nos EUA, seguida do fumo e da pressão alta na meia-idade. Depressão não tratada, ou incorretamente tratada, é reconhecida há longo tempo por aumentar o risco de desenvolvimento do mal de Alzheimer.
Reduzir esses sete fatores de risco em 25% poderia significar 3 milhões de casos de Alzheimer a menos no mundo todo, incluindo 500 mil nos EUA, estimam os pesquisadores. Uma redução de 10% nesses fatores de risco levaria a 1,1 milhão de casos a menos.
Espera-se que os casos de Alzheimer tripliquem por volta de 2050, atingindo cerca de 106 milhões no mundo todo. "Podemos fazer algo com relação a isso", disse o Dr. Ronald Petersen, um especialista em demência da Clínica Mayo que participou do estudo. "Um conceito equivocado comum é o de que "já na infância recebemos as cartas distribuídas"-- ou seja, a sorte já está lançada -- ", ele diz, "mas as pessoas não precisam ficar sentadas e observar o desdobramento disso".
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