sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Está farto das redes sociais? Você não é o único

[Algo aparentemente impensável mostra indícios de estar começando a acontecer: as pessoas estão ficando cansadas das redes sociais. Traduzo a seguir reportagem de Jackeline Beltrán, publicada no jornal espanhol El Mundo. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

(Arte: Riki Blanco)

Pela primeira vez desde seu aparecimento, cai seu uso. Já ficamos entediados com  fotos de pés e discussões com desconhecidos?

As redes sociais perderam seu encanto, e isto não é um exagero. Seu consumo caiu pela primeira vez, depois de dez anos de um crescimento enorme.

Para começar, um dado: em 2015, os espanhóis gastaram nove minutos menos por semana nas principais redes sociais, em comparação com 2014. Em um mercado que se alimenta, em grande parte, do tempo que lhe dedicamos, essa diminuição marca um ponto de inflexão em uma forma até agora hipnótica de consumo. Algo ocorre com nossa vida social virtual e nos Estados Unidos já lhe deram um nome: social media fatigue (fadiga social).Em espanhol:  as redes começam a nos cansar. Pelo menos, tal e como as conhecemos.

O Facebook continua reinando, mas não escapa da queda. Cada semana, os espanhóis lhe dedicam uma média de 4 horas e 23 minutos. Isto já é 8 minutos menos do que em 2014, segundo um estudo anual de redes sociais do IAB Spain, a  associação que representa o setor de publicidade em redes sociais.

Ainda que pareça pouco, se multiplicarmos isso pelos 15 milhões de usuários que há no país, a plataforma de Mark Zuckerberg está perdendo dois milhões de horas a cada semana. E na Internet, tempo é sinônimo de receita. A queda do Twitter é bastante mais notória: cai 37 minutos e fica com 2 horas e 32 minutos por semana. 

A que se deve essa queda? "A intensidade  com que se usavam as redes em seus inícios foi controlada", conclui o relatório do VII Observatório de Redes Sociais elaborado por The Cocktail Analysis y Arena em dezembro de 2015. Isto é, já superamos a emoção da primeira vez. 

"Os usuários já não dão às redes um papel central em suas vidas, ainda que um em cada quatro as reconheça como imprescindíveis", explica Felipe Romero, CEO de The Cocktail Analysis. Algo semelhante ocorre em nível global. O uso do Facebook, que já supera o 1,6 bilhão de usuários, caiu 8% em nove países (Alemanha, Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Índia, Reino Unido e África do Sul), segundo uma análise que o medidor de tráfego SimilarWeb fez em dispositivos Android. 

Há duas razões que explicam essa tendência: "Primeiro, o social puro está esfriando", assinala Romero. Isto significa dizer que converter o muro em nosso diário pessoal, bisbilhotar perfis alheios, compartilhar fotos da última festa ou ampliar o número de amigos virtuais já não agrada  como antes. 

As redes sociais estão evoluindo. Os jovens preferem os serviços de mensagens instantâneas instantâneas do que as ferramentas tradicionais. 


O relatório do Observatório mostra um perfil de um tipo de usuário que é cada vez mais comum: o que se sente saturado de navegar entre  grandes quantidades de fotos, retuítes, memes, discussões próprias e alheias ... e começa a usar essas plataformas como ferramentas mais  funcionais do que sociais. Há outros que simplesmente as abandonam. Segundo a pesquisa, 10% dos espanhóis se obrigam a não entrar em seus perfis para deixar o hábito.

Por isso é mais comum a busca por espaços de desconexão, como as zonas livres de wifi -- que nos empurram para aquele costume quase esquecido de nos falarmos entre nós. Há iniciativas, como a 99 dias sem Facebook, uma experiência de uma agência de comunicação holandesa que convida os usuários a se absterem da rede social para ver se seu estado de espírito melhora, e cruzadas antirredes de figuras influentes que se rebelaram contra a ditadura do Like (curtir). 

"Não medi bem meu tempo, me conectava muito e isso acabou condicionando meu trabalho, tanto que o uso do Twitter chegou a pesar sobre a atenção que  dedicava ao correio eletrônico", conta o diretor artístico do Museu Thyssen-Bornemisza, Guillermo Solana, que encerrou sua conta em setembro passado, depois de três anos de uso. 

Esse não foi o único motivo, foi também o ambiente de "ruído e hostilidade" que começou a perceber: "Às vezes, usar o Twitter é como organizar uma luta num bar, há um tom de discussão constante e isso me cansou". 

Dissemos antes que havia dois motivos que explicam o cansaço provocado pelas redes sociais. Aqui vai o  segundo: elas estão evoluindo, e nós com elas. Das mais populares, a maior (Facebook) tem 12 anos e a menor (Snapchat), cinco. A  primeira é o muro público por excelência, o que guarda cada detalhe da nossa vida. A segunda, ao contrário, é tão reservada que alguns ainda não a entenderam por completo. 

"A evolução das redes sociais tem sido muito rápida, e como sociedade mal estamos aprendendo a usá-las. É um comportamento lógico que alguém necessite se desconectar por um tempo, se abusou de algo", analisa Enrique Dans, professor da IE Business School. Que destaca algo mais: a fadiga social também atinge os jovens, e em grande escala. 

"Os jovens vêem que o Facebook se estendeu tanto, que neles já estão não apenasseuspais mas também seus avós. Não encerram suas contas, mas continuam usando-as apenas para cumprimentos por aniversários ou para ver alguma foto", explica Dans. Em seu lugar, há uma preferência pelos serviços de mensagens instantâneas e mais privativos, como WhatsApp, Telegram e Snapchat, aplicativos criados especificamente para as telas dos celulares.

Os dados confirmam essa tendência: o WhatsApp é o preferido dos internautas espanhóis, acima das redes sociais consideradas puras. Depois de crescer em bom ritmo, estas pisaram no freio -- na Espanha, entre 2008 e 2012 sua penetração passou de 45% para 92%, e daí em 2015 baixou para 89%.

Em 2014, "ver o que fazem meus contatos" era a atividade favorita dos usuários espanhóis, e enviar mensagens ocupava o segundo lugar. Hoje é o contrário: sobe a troca de mensagens, seguida de ver vídeos e ouvir música, e cai o interesse em bisbilhotar os outros. Por isso, se esses usuários para fazer isso tivessem que usar exclusivamente o computador, "se perderiam, se frustariam, porque ficaram condicionados pelo vídeo e pelo celular", argumenta Romero.

Zuckerberg já percebeu isso. O Facebook comprou o WhatsApp e o Instagram (o Snapchat resistiu e recusou a oferta de US$ 3 bilhões que ele lhe fez) e há pouco se atualizou para para dar prioridade às publicações de amigos e familiares sobre outros conteúdos. E o fez com esta mensagem: "Em 2006, quando lançamos nosso News Feed, era difícil imaginar o desafio que enfrentamos agora: demasiada informação para que uma pessoa apenas possa consumí-la". 

Sim, o excesso afeta também o gigante. Porque até a vida social (virtual) em grandes quantidades pode cair-nos mal.

[A reportagem acima, do El Mundo, tem praticamente o mesmo título de um artigo de 08 de junho deste ano ("Do you suffer from Social media fatigue? You are not alone") publicado no site Foursys.  

Esse tema da "fadiga social" mencionado acima já foi abordado pelo Globo em agosto de 2011 ("Usuários de Facebook, Twitter e Orkut estão ficando cansados das redes sociais, diz Gartner" -- a Gartner é uma empresa de consultoria fundada em 1979 por Gideon Gartner, que desenvolve tecnologias relacionadas à introspecção necessária para seus clientes tomarem suas decisões). 

Uma pesquisa realizada pela Gartner com usuários de redes sociais como Twitter, Facebook e Orkut afirmava que, na época, "havia sinais de maturidade no mercado" e havia grupos de internautas que estavam mostrando uma espécie de "fadiga das mídias sociais". Um levantamento sobre uso, frequência de acessos e opiniões dos usuários, com objetivo de analisar tendências, feito com 6.295 pessoas com idade entre 13 e 74 anos, em 11 mercados desenvolvidos e em desenvolvimento entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, mostrou que parte significativa dos entrevistados dizia estar usando menos as redes sociais. 

A pesquisa ouviu 581 pessoas no Brasil, um dos países onde mais usuários foram entrevistados. E de acordo com análise da BBC, o Orkut, rede social da Google, ainda era o líder em usuários, seguido pelo You Tube -- que apresenta também funções sociais -- e pelo Facebook.

Em 6 de junho deste ano, o site CNBC publicou o artigo "As pessoas estão gastando muito menos tempo com aplicativos de mídias sociais: Relatório" ("People are spending much less time on social media apps: Report"). O relatório refere-se também ao estudo feito com usuários de Android, comparando o tempo gasto por eles com Facebook, Instagram, Twitter e Snapchat de de janeiro a março de 2016 relativamente ao mesmo período de 2015. São do relatório os seguintes gráficos (Q1 = primeiro trimestre), que mostram o tempo médio (em minutos, eixo das ordenadas) gasto com os aplicativos Instagram, Twitter, Snapchat e Facebook:






Me parece que, apesar da queda em sua utilização, as redes sociais continuarão ainda por longo tempo exercendo muita atração sobre muita gente e permanecerão sendo uma enorme fonte de receitas para os aplicativos que as dominam. Como esse setor da Tecnologia da Informação é extremamente dinâmico, de uma hora para outra podem surgir novidades e/ou aperfeiçoamentos que podem fazer essas redes ganharem novo impulso.]

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Brasil surpreende o mundo revelando o até então oculto Sistema Solar do PT, o Propinocracia Lulae

Até a NASA foi pega de surpresa. Ver http://oglobo.globo.com/brasil/lula-era-comandante-maximo-do-esquema-de-corrupcao-diz-mpf-20110350.

Cientistas políticos e jurídicos brasileiros há muito -- pelo menos há cerca de 14 anos -- acreditavam na existência desse sistema, mas o Sol dele era muito esperto e eficiente em se esconder de seus telescópios. Lula, esse Sol, era um mestre do disfarce para desaparecer dos céus do Brasil e se esconder nos subterrâneos da política e da corrupção. Ele se fez de cego, surdo e mudo; vestiu-se com pele de ovelha, mas o focinho teimava em denunciá-lo; passou por mártir e assim se apresentou à ONU, à OEA e até ao Vaticano; por fim, inventou um biombo para atrás dele se esconder chamado Dilma Rousseff -- mas, essa proteção era de tão péssima qualidade que, em vez de escondê-lo, ajudou a revelar o Sol Lula em sua verdadeira e repugnante grandeza.

O Sistema Solar do PT, ontem revelado: o Propinocracia Lulae -- (Foto: Reprodução)

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Fotos marcantes (I)

Imagens marcantes, ao redor do mundo.

Imagem que não se vê todos os dias: uma van de serviço no aeroporto de Hong Kong bate na turbina de um avião da Dragonair, que se encaminhava para a pista de decolagem - (Foto: Kevin Li)

Imagem do que será o "Topo de  Londres", também chamado "Torre da Flor", que será o edifício residencial mais alto de toda a Europa (235m), previsto para ser entregue em 2020 em Londres - (Foto: Alex Lawrie/Lawrie Cornish)

Impressionante tromba d'água marinha por trás da cidade costeira de Thorpness, no condado de Suffolk (Inglaterra) em 30 de julho - (Foto: Phil Hannam/Shutterstock/SIPA)

O vulcão Sinabung na Sumatra do Norte (Indonésia), em erupção em 30 de julho, sob um céu coalhado de estrelas - (Foto: Tibta Pangin/AFP/Anadolu Agency)

Decolagem bem sucedida do foguete Falcon 9, da empresa Space X, na noite de 17 para 18 de julho em Cabo Canaveral (Flórida/EUA), tendo como missão enviar uma nave Dragon não tripulada à Estação Espacial Internacional, com uma carga de 2,2 toneladas de suprimentos diversos. Após o lançamento, o primeiro estágio do foguete fez uma descida controlada, para pousar a alguns quilômetros do local  de lançamento - (Foto: John Raoux/AP Photo)

Um soldado maori desfila na avenida Champs-Elysées (Paris), por ocasião do ensaio para o desfile militar de 14 de julho, dois dias antes do evento. A Nova Zelândia, junto com a Austrália, foi convidada para a cerimônia. As tropas desses dois países participaram da batalha de Somme [também chamada de  Ofensiva do Somme, essa batalha foi travada de julho a novembro de 1916, portanto há cem anos, sendo considerada  uma das maiores batalhas da Primeira Guerra Mundial, com mais de 1,2 milhão de vítimas entre mortos e feridos] - (Foto: Thomas Sansom/AFP Photo)

O pediatra oncológico Sergio Gallegos com roupa de lutador mexicano de catch, no hospital de Guadalajara (México) em 12 de julho. O médico está convencido de que o estado de espírito de seus pacientes desempenha um papel crucial na luta contra o câncer, razão pela qual ele não hesita  em vestir-se assim para suas consultas - (Foto: Hector Guerrero/AFP Photo)

A Virgem do Carmo, padroeira dos pescadores, é levada para um barco, para uma procissão marítima, como reza a tradição em Puerto de la Cruz, em Tenerife )Ilhas Canárias) - (Foto: Desiree Martin/AFP Photo)

Em 11 de julho ocorreu em Nova Iorque o espetáculo do Manhattanenge, o momento que ocorre duas vezes ao ano em que o sol poente se alinha com as ruas orientadas de este para oeste em Manhattan - (Foto: Li Muzi/AFP/NurPhoto)

Participantes das festas de São Firmino correm à frente dos touros em Pamplona, província de Navarro (Espanha). Essa corrida, chamada de encierro, realiza-se num percurso de 894m em três ruas do centro de Pamplona que terminam na praça de touros da cidade - (Foto: Pedro Armestre/AFP Photo) 

Mar do Caribe? Não. Vista aérea (feita de um drone) das águas cor de turqueza do lago Elba em Greinau, na Bavária (Alemanha) - (Foto: Sven Hoppe/AFP/dpa)

Apresentação ao público de Kumo, aranha mecânica feita de madeira e aço, nas ruas de Nantes (França) em 8 de julho -- ela foi fabricada por "Machines de L'lle"- (Foto: Loic Venance/AFP Photo)

Paquistaneses caminham sobre uma estrada inundada e transformada em torrente em Peshawar, em 4 de abril - (foto: A Majeed/AFP)

Péssimo início de mandato da ministra Cármen Lúcia na presidência do Supremo


Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal têm se caracterizado por atitudes no mínimo bizarras para quem milita na Suprema Corte do país: são falastrões, falam fora dos autos, são desrespeitosos, gostam de aparecer e adoram se sentar sobre processos, retardando absurdamente seu julgamento -- enfim, são péssimos exemplos. Cármen Lúcia era a esperança de dias mais sérios e sóbrios no STF, principalmente depois de seu antecessor Ricardo Lewandowski ter participado do estupro coletivo e público da Constituição Federal quando endossou o fatiamento do impeachment de Dilma Rousseff. 

Mas, eis que a ministra resolveu logo na posse entrar pro bloco dos ministros que consideram o Supremo um mero palco para espetáculos de vale-tudo verbal e jurídico. Cármen Lúcia fez de Lula seu candidato de honra para a cerimônia de sua posse hoje, deixando explicitamente inequívoco que é devedora ao ex-presidente que a nomeou para o Tribunal. 

Por mais mérito que tenha demonstrado em sua trajetória no STF até agora, a ministra deveria estar careca de saber que uma Suprema Corte não é lugar para sentimentalismos baratos, que no fundo mandam uma mensagem de subserviência a um cidadão profundamente enredado no pior escândalo de corrupção já ocorrido neste país. Com seu convite inesperado e irresponsável a Lula, a ministra comete dois sacrilégios éticos: i) convida para sua posse um cidadão que já é réu declarado na corte que ela presidirá, o que a torna suspeita para julgá-lo -- justo ela, que detém o poder do voto de Minerva em casos de empates em votações no plenário; - ii) dá um tapa com luva de arame farpado em um de seus pares, o ministro Teori Zavaski, que acaba de acusar Lula e seu advogado de quererem embaraçar o julgamento do ex-presidente na Justiça e, portanto, no próprio STF que ela presidirá.

Consta que é praxe protocolar convidar ex-presidentes da República para a cerimônia de posse de ministro(a)-presidente do STF, mas pelo que apurei isso não é verdade. A lista de convidados é feita por quem assumirá o cargo. Na cerimônia de hoje Lula, FHC e Sarney já confirmaram presença, não consta o nome de Collor. Como este cidadão é um papagaio de pirata com doutorado, e extremamente vaidoso, duvido muito que ele deixasse de comparecer, se convidado.

Deve soar muito peculiar mundo afora, ajudando a avacalhar ainda mais a imagem do país, que a ministra-presidente da nossa Suprema Corte convide por gratidão seu padrinho de nomeação, que é réu nessa mesmíssima corte e será, portanto, por ela julgado. Além desse absurdo, ela dá uma gigantesca mensagem negativa para a sociedade, que vê na Operação Lava-Jato um sinal fantástico de eliminação da impunidade nos atos de corrupção sistemática no país, doa a quem doer. Além desse duro golpe na Lava-Jato, ela reforça a falsa e fétida imagem de que Lula está acima dos mortais que o rodeiam, a ponto de mesmo estando ele sub judice na casa que defende a Constituição e que ela presidirá por dois anos, Cármen Lúcia o coloca como seu convidado de honra, em uma inexplicável e imperdoável afronta a seus pares e ao país.

domingo, 11 de setembro de 2016

Os governos petistas criaram no país o operariado de esquerda mais original e masoquista do planeta

Vamos dar uma olhada no país que encontramos até 31 de julho de 2016, data do impeachment meia-sola de Dilma Rousseff:

A economia nos anos Dilma






Taxa de desemprego atingiu 11,6% em agosto, deixando 12 milhões de brasileiros sem emprego -- Num ranking de 51 países, o Brasil é o 7° com maior taxa de desemprego. 
Fundos de pensão de estatais (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Correios e Petrobras), administrados por gente do PT, sofreram fraude de R$ 8 bilhões e perdas de R$ 48,7 bilhões (por gestão fraudulenta) -- O rombo dos quatro fundos de pensão estatais responde por 62,6% do rombo total (R$ 77,8 bilhões) de todo o sistema de fundos de pensão em 2015. Os contribuintes desses fundos estão sendo chamados a aumentar sua contribuições para ajudar a tapar o buraco da bandalha.



PF estima que o prejuízo da Petrobras com corrupção pode ser de R$ 42 bilhões -- Detalhe importantíssimo: parte ponderável do petrolão ocorreu no período em que Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobras (2003-2010).

FGTS foi usado por Dilma para cobrir rombos do governo e para investimentos desastrosos da Caixa Econômica Federal: 




Subsídios do FGTS têm salto de 492% após 2009 -- Na falta de recursos para fazer políticas públicas, o governo tem se voltado cada vez mais para o FGTS. Segundo dados do site oficial do Fundo, o montante de subsídios para habitação (a fundo perdido) explodiu a partir do lançamento do programa Minha Casa Minha Vida. Entre 2001 e 2008, foram concedidos R$ 7,4 bilhões a título de subsídio. Mas a partir de 2009, quando o programa foi lançado, até janeiro deste ano, o montante pulou para R$ 43,8 bilhões — alta de 492%, ou quase seis vezes mais. Do total, R$ 36 bilhões foram destinados ao Minha Casa.

Além disso, os donos das contas no FGTS deixaram de ganhar R$ 74,2 bilhões nos últimos sete anos, devido à diferença na correção das contas (de 3% ao ano, mais a TR) e a inflação no período, segundo cálculos do consultor da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, Leonardo Rolim. A conta foi feita com base nos saldos médios das contas e a inflação registrada pelo INPC. Só em janeiro deste ano (2016), a perda foi de R$ 6,2 bilhões.

Inadimplência do consumidor, um índice da incapacidade do consumidor de pagar suas contas

Um dos maiores crimes do governo Dilma foi estimular o consumismo, sem que a economia do país justificasse isso. Com juros baixos e isenções de impostos para vários setores da economia e tarifa de energia elétrica falsamente reduzida, Dilma estimulou de maneira totalmente irresponsável o consumismo do brasileiro, criando um falso clima de euforia que foi logo seguido de forte frustração pela incapacidade de honrar suas contas por parte daqueles que caíram no conto do vigário de Dilma Rousseff.

Brasil abriu 2016 com 59 milhões de inadimplentes -- isso representa quase 30% da nossa população. A dívida correspondente a isso é de R$ 256 bilhões.

Até a primeira semana deste mês de setembro houve um aumento de 27,9% de títulos protestados no país

Situação real de inadimplência no país é pior do que mostram os índices

Um terço dos devedores renegocia dívidas, mas não consegue pagá-las

Inadimplência no ensino superior cresceu 16,5% em 2015

Inadimplência atinge nível recorde em contas de água, luz e gás, diz Serasa


Listei acima apenas as pilantragens petistas em áreas que atingem diretamente os trabalhadores a elas vinculados. É evidente, porém, que todo o repertório de corrupção petista (mensalão, petrolão, eletrolão, fundos de pensão, FGTS & etc) atinge o país inteiro, toda a população.

O humana e logicamente normal é que houvesse uma indignação imediata e veemente dos trabalhadores a esses assaltos de que têm sido vítimas nos quase 14 anos de governos petistas, acompanhada de demandas pela prisão dos culpados disso. Xongas. Ninguém foi às ruas por isso, se reações houve foram pontuais, tímidas e na internet. Ninguém foi à porta do Palácio do Planalto cobrar satisfações de Dilma por isso e tampouco invadiu o Palácio e qualquer Ministério, como fazem agora contra Temer a três por dois. Ninguém estranhamente se lembra de que o país está na merda em que está por culpa de PT, Lula e Dilma. Não se vê nenhuma faixa em praça pública contra a roubalheira na Petrobras e nos fundos de pensão estatais.

Dilma Rousseff esculhambou com a vida de todos nós, em inúmeros casos -- é só ver acima, nesta postagem -- principalmente dos trabalhadores, e no entanto a esquerda está toda apaixonada por Dilma e órfã dela! Há choros e quebra-quebras nas ruas por causa do impeachment dela. Pessoas choram diante dela, dam-lhe flores e prestam-lhe solidariedade como se ela fosse uma mãe para todos, um exemplo de candura, a salvadora de suas vidas, uma pessoa sem a qual não podem e não sabem viver. Que palhaçada! Que ridículo! Que demonstração de burrice, estupidez e masoquismo! Que falta de vergonha na cara!

Além de burra, incompetente, cínica, desonesta, mentirosa, autoritária, deselegante e grosseira, Dilma sempre se caracterizou e se notabilizou por ser intratável e absolutamente avessa a diálogo. Ela queimou todas as pontes possíveis com os políticos, o que pesou substancialmente para seu afastamento. Apesar de tudo, além da péssima gestão do país, as esquerdas a transformaram numa espécie de Madre Teresa de Calcutá. Perdoaram-lhe todos os defeitos e pilantragens, e lhe dão a outra face para novas porradas!

Nossas esquerdas cegas e masoquistas estão com a Síndrome de Estocolmo, um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor.

É impossível ter respeito para uma esquerda como essa, que gosta de ser enganada e violentada pelo PT e por pessoas como Lula e Dilma, que age irresponsável e criminosamente contra uma decisão justificadamente legal, e que age como um idiota que finge não perceber que está provocando uma séria situação de divisão e confronto no país para defender uma falsa líder, uma irresponsável, e um partido e uma política que levaram o país ao caos. 

 

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Imagens das Paralimpíadas Rio 2016

Algumas imagens já marcantes das Paralimpíadas Rio 2016, que mal começaram.

Com o público do Maracanã de pé, o maestro João Carlos Martins, sozinho ao piano, tocou o hino nacional enquanto a bandeira brasileira era hasteada - (Foto: Tasso Marcelo/AFP).

Milhares de pessoas vibram durante a abertura das Paralimpíadas Rio 2016 no Maracanã- (Foto: Buda Mendes/Getty Images).

Integrantes da delegação brasileira na abertura das Paralimpíadas Rio 2016 - (Foto: Hagen Hopkins/Getty Images).

O colorido das bandeiras dos países participantes das Paralimpíadas Rio 2016, na cerimônia de abertura dos Jogos - (Foto: Raphael Dias/Getty Images).






Flashes de outro momento de forte emoção na cerimônia de abertura das Paralimpíadas 2016: sob forte chuva, a ex-atleta paralímpica brasileira Márcia Malsar cai quando carregava a tocha paralímpica, se levanta sozinha, recebe de volta a tocha e finalmente a entrega à próxima atleta - (Fotos: de cima para baixo, Reuters/PA/Reuters). Márcia Malsar é uma ex-atleta paralímpica brasileira, medalhista de ouro, prata e bronze na Paralimpíada de Nova York, em 1984. Medalha de prata em 1988, quando o evento foi realizado em Seul, na Coréia do Sul. Foi a primeira brasileira medalhista de ouro nos jogos paralímpicos, ao conquistar o primeiro lugar nos 200 m em 1984.


Daniel Dias vence a final dos 200m nado livre S5 e ganha a medalha de ouro - (Foto: Fábio Motta/Estadão). 

Egípcio Ibrahim Hamadtou disputa o tênis de mesa - (Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB).

Norte-americana Jessica Long disputa os 400m livres S8 - (Foto: Bob Martin/OIS/IOC/AFP).

Vileide Almeida foi a cestinha brasileira (31 pontos) da partida de basquete em cadeira de rodas em que vencemos a Argentina por 85 a 19 - (Foto: Marcelo Theobald/Agência O Globo).

A seleção masculina de goalball estreou com vitória por 9 a 6 contra a Suécia - (Foto: Pablo Jacob/O Globo).

Seleção brasileira feminina de goalball ganhou na estréia, vencendo os Estados Unidos por 7 a 3 - (Foto: Pablo Jacob/O Globo).

Um dos fenômenos que emocionam nas Paralimpíadas Rio 2016: a nadadora Zulfiya Gabidullinaa, do Cazaquistão, mostrou que nunca é tarde para estrear no alto do pódio de uma Paralimpíada. Aos 50 anos, a simpática atleta vibrou ao conferir no telão do Estádio Aquático dos Jogos Rio 2016, na noite desta quinta-feira, a vitória na final dos 100m livre S, com direito a recorde mundial (1m30s07). Emocionada com a conquista inédita em sua segunda Paralimpíada, garantiu não se importar com idade e ainda vê um futuro promissor para sua carreira - (Foto: Google). 

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Fé e vestuário: para as religiões abraâmicas, a roupa é ao mesmo tempo trivial e vital

[Traduzo a seguir artigo de autoria de Erasmus, publicado na revista The Economist. Trata-se de mais um texto que aborda a questão do vestuário e os problemas adicionais que ela tem trazido para o relacionamento entre governos e cidadãos europeus e pessoas que professam a fé islâmica. Ver também:

Site árabe reclama de hipocrisia na Rio 2016: mulheres criticadas por usarem hijab e minissaia

A França e seus atritos gratuitos com os devotos do islamismo: agora é a proibição do burquini em algumas de suas praias ]

(Foto: Reuters)

Por que as autoridades religiosas são tão fortemente afetadas pelo que vestimos quando nos deslocamos em nossa vida diária, quando prestamos culto ... ou, de fato, até quando nadamos? Esta não é uma pergunta boba. Afinal, a literatura sagrada contém muitas declarações ou afirmações que parecem estabelecer o contrário: que a roupa não importa, ou importa menos do que pensamos. Qualquer que seja a impressão que queremos passar através do nosso vestuário, Deus verá através dele. Um verso bombástico nas escrituras hebraicas diz que "o Senhor não vê como o homem vê: o homem olha para a aparência externa, mas o Senhor olha o coração". No Islã há um hadith (ou ditado tradicional) que menciona que "Deus olha não para suas figuras, não para suas roupas, mas Ele olha para seus corações". E Jesus de Nazaré diz a seus seguidores que sejam mais como lírios nus crescendo em um campo, livres de preocupações quanto a roupas e alimentação. 

E entretanto, a questão do vestuário emerge repetidamente naqueles textos religiosos, seja como uma armadilha, uma obrigação ou um símbolo do sublime. Tanto o Corão quanto as escrituras hebraicas explicam que a necessidade do uso de roupa, no sentido comum, surgiu apenas após um terrível ato intencional que deixou o homem alienado de Deus, subitamente consciente de uma nudez que precisava ser coberta. Após a desobediência de Adão e Eva, como expõe a mais famosa tradução inglesa da Bíblia: "os olhos de ambos se abriram, e ambos perceberam que estavam nus; e ambos juntaram folhas de figo e fizeram para si aventais".

Está também implícito no Corão que o drama e o dilema da desobediência de nossos primeiros ancestrais repetem-se em cada geração subsequente: "Oh filhos de Adão, lhes concedemos roupas para esconder suas partes íntimas e como um adorno. Mas a roupa da virtude, esta é a melhor ... Não deixem Satã tentá-los como fez ao retirar seus pais do Paraíso, despindo-os de suas roupas para revelar suas partes íntimas".

A ideia de que a vestimenta é um presente de Deus, e de que deve ser respeitável e discreta é enfatizada alhures no Corão. As pessoas devem vestir-se de maneira organizada e limpa quando se dirigindo para uma mesquita. Como diz uma tradução: "Oh filhos de Adão, vistam-se elegantemente em cada local de oração ... Quem proibiu as finas roupas de Deus, que Ele costurou para seus servos, ou as as boas coisas que Ele proveu?". A modéstia é requerida para ambos os sexos: "os fiéis devem baixar seus olhos e resguardar suas partes íntimas", e as mulheres em particular devem "cobrir seus bustos com seus véus" e não mostrar sua beleza a não ser para membros próximos de sua família. Este último verso  tem sido interpretado como uma determinação para que as mulheres cubram suas cabeças, embora haja algumas mulheres muçulmanas que discordam disso. Mulheres que  se convertem ao islamismo frequentemente notam que há algo paradoxalmente liberador quanto ao vestir-se modestamente, de um modo consistente com suas crenças, em vez de se sentirem compelidas a impressionar a sociedade ou atrair homens.

Na tradição judáica e cristã, é dito com frequência que, antes de sua desobediência, Adão e Eva estavam vestidos não com roupas comuns mas com uma luz divina que os envolvia completamente. Isso, por sua vez, confere um status especial a roupas que indiquem a renovação daquela luz. Roupas brancas brilhantes, usadas quer por um sacerdote na área mais sagrada do templo de Jerusalém ou por um anjo flutuando sobre um rio na Babilônia, ou por Jesus Cristo aparecendo ante três seguidores em uma luz ofuscante, são um sinal de que aquela luz está novamente fluindo sem empecilhos. Nas páginas finais das escrituras cristãs, a igreja que espera por Deus é comparada a uma noiva "vestida em fino linho, limpo e branco".

Outras roupas e adornos, no contexto cerimonial correto, são mencionados de maneira aprobatória. O alto sacerdote na antiga Jerusalém ostentava 12 pedras preciosas fixadas em uma placa que lhe cobria o peito e que incorporava fios de linho dourado, azul, púrpura, escarlate e branco pálido. Deve ter sido uma visão impressionante. O visual magnífico do rei Salomão é citado com aprovação. Mas, a Bíblia tem coisas duras a dizer sobre aqueles que se vestem e se preparam para produzir uma impressão mundana, como Jezebel, que nos últimos momentos de sua vida "pintou seus olhos, enfeitou sua cabeça e olhou pela janela".

No coração de todas as religiões monoteístas está a ideia de que a adoração de, ou ligação excessiva com, qualquer coisa ou ente que não seja Deus é algo a ser evitado: no melhor dos casos um desvio, na pior hipótese uma idolatria. Aplicando-se este princípio, fica mais fácil entender a aparente inconsistência de atitudes religiosas em relação à roupa, ao vestuário. A vestimenta pode ser uma ajuda ao culto, ou um desvio tolo dele. Mas, certamente, a asneira do "excessivo apego ou ligação" aplica-se não apenas a coisas físicas mas também a regras.  Sentir-se preocupado ou embaraçado com o que as pessoas devem ou não devem usar em determinados locais soa como um desvio que não ajuda em nada. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O VERDADEIRO GOLPE

Ver postagem anterior.

Em 31 de agosto próximo passado o país recebeu um coice na cara do Senado Federal, com a chancela do ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, ao presenciar o embuste de um julgamento de impeachment em duas etapas e a pouca-vergonha de se decidir pela manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff.

A Constituição Federal foi estuprada em público, aos olhos de toda a nação, tendo como coadjuvante um ministro da nossa Suprema Corte. Do lado do Senado, nada de novo -- vergonha na cara, ética e respeito às leis e ao povo nunca constaram do perfil nem do currículo dos ocupantes da nossa chamada Câmara Alta (puro humor negro -- só se o "alta" for decorrente de pileque).

Tudo foi armado com a conivência, a concordância e o apoio de Ricardo Lewandowski, que em tese preside uma corte cuja missão precípua é defender nossa chamada Carta Magna. Temos mais um caso de guarda-costa matando seu protegido. PMDB, PT e Lewandowski armaram escandalosamente um estratagema para rasgar a Constituição às vistas do povo e criar um precedente jurídico fétido.

Como tudo que Renan Calheiros faz, essa manobra também foi diversionista -- o objetivo real do fatiamento não foi "livrar a cara" de Dilma, mas sim criar um precedente que pudesse beneficiar ele próprio, Renan, e outros figurões do PMDB, investigados pelo mesmo Supremo Tribunal de Lewandowski. Renan, Romero Jucá, Valdir Raupp, Eduardo Cunha e outros "VIPs" do partido de Temer têm a cassação de seus mandatos como uma ocorrência de fato, passível de ocorrer em suas vidas. O objetivo real, pra valer, de Renan, Lewandowski et caterva é bombardear ao máximo a Lava-Jato até, se possível, torná-la letra morta daqui pra frente.

A Lava-Jato tem feito um estrago devastador na marginália da nossa política, nas quadrilhas montadas por empreiteiras e em santos do pau oco como Lula e dona Dilma. Renan já havia arquitetado um golpe pesado contra ela, ressuscitando extemporânea e "surpreendentemente" (mentirinha!) o tal projeto de lei sobre "abuso de autoridade". Este projeto, se aprovado, criará seríssimos entraves artificiais e corporativos contra todo o mecanismo de apuração da Lava-Jato, a ponto de poder inviabilizá-la segundo alguns observadores. Como tem havido uma reação popular negativa contra o projeto, Renan com a malandragem que o caracteriza acionou o plano B do fatiamento do impeachment de Dilma.

O STF voltou a ser o centro das atenções e já recebeu ao todo dez pedidos de impugnação da votação do dia 31 de agosto, tanto da defesa de Dilma como da oposição a ela. Não vai ser fácil para a Suprema Corte retirar ilesa a Constituição da cloaca em que seu próprio presidente a atirou.





O estranho amor dos extremistas hindus pela vaca

[Traduzo a seguir artigo de Julien Bouissou publicado no site do jornal francês Le Monde. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Os chifres das vacas são pintados com tinta fosforescente para torná-las mais visíveis - (Foto: Sam Panthaky/AFP)

Asilos de  idosos, ambulâncias, brigadas de proteção: na Índia, os bovinos estão no centro de todas as atenções.

É o resgate da glória e da devoção. Enquanto 550 pessoas morreram em 2015 em acidentes ligados a animais vagando em vias públicas, policiais indianos de Madhya Pradesh, um estado localizado no centro do país, acabam de decidir por pintar com tinta fosforescente os chifres -- as faixas e "coleiras" refletoras, pouco confiáveis, fracassaram na segurança do trânsito. Uma medida que serve para proteger os bovinos, ao menos tanto quanto os motoristas.

É que depois da chegada ao poder do primeiro-ministro nacionalista hindu Narendra Modi, em maio de 2014, a vaca está no centro de todas as atenções. O governo indiano cogita principalmente de construir 1.850 asilos de idosos para que os animais possam neles chegar ao fim de suas vidas, em vez de nos matadouros. Na maior parte dos estados, matá-los já é ilegal, alguns deles chegando mesmo a  punir com dez anos de prisão a venda e a retenção de carne de vaca.

"A vaca é nossa mãe", afirmam os extremistas hindus, citando textos sagrados. No estado de Jharkhand, até ambulâncias para vacas surgiram em novembro de 2015, ao passo que não existe ainda nenhum número de emergência para atendimento aos indianos. E já que não há nada melhor que a ciência para tornar verdade uma crença, cientistas do país anunciaram ter descoberto ouro na urina de vaca ... [Isso ocorreu na Universidade Agrícola de Junagadh localizada no estado de Gujarate, região oeste da Índia -- cientistas da universidade colheram 400 amostras de urina de vacas da raça gir, típica desse país oriental. Curiosamente, foram encontrados vestígios de ouro no líquido excretado pelos animais. "Tínhamos a informação, proveniente de fontes antigas, sobre a presença de ouro na urina das vacas, bem como de suas possíveis qualidades medicinais. Como não havia um análise científica cuidadosa que o provasse, decidimos fazer a pesquisa", diz Balu Golakia, responsável pelo estudo, em entrevista ao jornal indiano Indian Express.]

Fardo financeiro

Mas essa afeição transbordante faz do amor algo prejudicial. A veneração ao animal contribui para sua extinção, e não apenas devido aos acidentes de trânsito. A vaca  não é mais utilizada por seu leite, porque as búfalas são muito mais generosas. Não é mais usada para arar os campos, porque os camponeses preferem o trator. E, por fim, seus excrementos não servem mais para adubar a terra. A menos que os extremistas hindus transformem sua urina em ouro, a vaca não rende mais grande coisa. E se não pode nem mesmo ser mandada para o matadouro, ela se transforma em um fardo financeiro para seu proprietário, que prefere abandoná-la ou mandá-la para um estado vizinho, onde o abate seja permitido.

O animal sagrado parece finalmente não servir mais do que para afirmar a supremacia hindu num país em que as minorias religiosas representam 17% da população. Esses são aliás, juntamente com os intocáveis [o termo dalit foi utilizado pela primeira vez em finais do século XIX pelo ativista Jyotirao Phule para designar quem, no sistema de castas do hinduísmo, é designado como "shudra", grupo formado por trabalhadores braçais, considerados pelos escritos bramânicos, sobretudo o Manava Dharmashastra, como "intocáveis" e impuros. O termo deriva de uma palavra em sânscrito que significa tanto "chão" quanto "feito aos pedaços". Desse modo, conota que a condição dos "dalits" é de oprimidos e, portanto, não podem reverter essa situação. O termo, assim, é considerado preferível, pelos ativistas e intelectuais dalits, aos mais pejorativos "shudra" e "intocáveis".], os principais alvos das brigadas de proteção às vacas, cujos ataques aumentaram após a chegada de Narendra Modi ao poder. Em 2015, pelo menos cinco muçulmanos foram mortos por comandos hindus por suspeita de terem comido carne de vaca ou feito tráfico de bovinos.

Os especialistas do hinduísmo afirmam entretanto que os próprios hindus sacrificavam vacas ou consumiam sua carne antes que isso se tornasse um tabu. Em sua obra "O Mito da Vaca Sagrada" (ed. Navayana, não traduzido), o historiador Dwijendra Narayan Jha considera que, em sua opinião, o animal é hoje um mito que convém sobretudo a certas ambições políticas. E os chifres fosforescentes desse animal certamente não mudarão nada disso.

[Uma outra reportagem do mesmo site francês, agora de autoria de Edouard Pflilmin, diz que "a vaca é o coração espiritual e também econômico da Índia". 

 Uma crente hindu durante a Gopashtami, festa de adoração das vacas, em Hyderabad, em 31 de outubro de 2014 - (Foto: Mahesh Kumara/AP)

Diz o texto (datado de 12/3/2016) que  a vaca é sagrada para os hindus, e que nos últimos meses anteriores a essa data a Índia tivera violências ligadas aos bovinos, gerando inúmeras mortes. Tais violências são encorajadas pelo governo de Narendra Mori, que se expressou com virulência contra o massacre dos bovinos e quase justificou as mortes humanas.

Mas, apesar dessa repressão governamental, a carne mantém-se como um pilar da economia indiana. É verdade que o rebanho bovino indiano reduziu-se em 4,1% de 2007 a 2012, mas a Índia é o quarto maior produtor de carne do mundo, atrás do Brasil, da União Europeia e da China, segundo o site indiano Quartz. O país é seu  principal exportador, o que lhe rende mais ainda que o  arroz basmati. A Índia é também o quinto maior consumidor mundial de de carne de vaca, um consumo em alta regular sobretudo por muçulmanos e cristãos. O sucesso é tal, que os camponeses vendem mais e mais sua produção pela Internet. 

Eu (Vasco), pessoalmente, vi de perto essa reverência pela vaca quando estive na Índia e no Nepal no final dos anos 1990, em missão oficial pela Eletrobras. Em um dos deslocamentos em carro da embaixada brasileira, passamos por uma vaca e perguntei ao motorista (um paquistanês) o que acontece quando alguém atropela e mata uma vaca. Ele deu uma freada brusca, olhou-me com muito espanto e disse "mas a vaca é nossa mãe"! Insisti na pergunta e ele então me disse que quem matar uma vaca em condições como a que citei tem que fazer uma estátua em ouro do animal, de dimensões de algum modo compatíveis com sua riqueza pessoal, levá-la a um templo e cumprir uma penitência. 

As vacas perturbam completamente o trânsito, porque às vezes ficam paradas no meio da rua ou da estrada, de pé ou deitadas, e os motoristas têm que se virar para não atingí-las.






A intromissão da vaca na vida diária dos indianos - (Fotos: Google)

Uma amiga nossa, uma artista plástica de renome internacional, foi à Índia há muitos anos atrás participar como conferencista de um evento na sua área. Ela era uma mulher alta e forte. Quando passeava por uma rua, não me lembro onde, com sua bolsa de palha a tiracolo, uma vaca começou a seguí-la e a tentar comer sua bolsa. Em certo momento, nossa amiga deu uma forte cotovelada na vaca para afastá-la; imediatamente foi cercada por populares, que ameaçavam agredí-la, foi levada presa a uma delegacia e foi solta por interferência de nossa embaixada.

Outra presença estranha -- e crescente -- da vaca na vida dos indianos é pelo uso de sua urina para fins terapêuticos, em aumento visível no país. Desde 2014, o governo indiano já gastou US$ 87 milhões com estábulos para vacas. Urina destilada de vaca vende pelo menos tanto quanto seu leite, na Índia. "Cerca de 30 remédios caseiros podem ser feitos com a urina da vaca", disse Sunil Mansinghka, coordenador-chefe na Go-Vigyan Anusandhan Kendra, uma instituição de pesquisa focada na vaca em Nagpur, financiada por dois grupos hindus. "Nossa ambição máxima é fazer com que o elixir chegue aos nossos compatriotas", acrescenta ele.

O estado de Rajasthan chegou ao ponto de criar uma secretaria para vacas, para proteger um animal que, segundo alguns críticos, tem mais direitos que os 2 milhões de cidadãos sem teto no país. Há sérias controvérsias quanto à salubridade do uso da urina de vaca para fins medicinais, porque ela tem a potencialidade de conter patógenos. O médico veterinário treinado na Índia, Navneet Dhand, professor de bioestatísticas e epidemiologia veterinárias da Universidade de Sidney, menciona três doenças prevalecentes na Índia que potencialmente podem ser transmitidas por urina não destilada de vacas infectadas: leptospirose, que pode causar meningite e falha hepática; artrite, provocando brucelose; e febre Q, que pode provocar pneumonia e inflamação crônica do coração. Apesar disso, cresce no país o número de clínicas dedicadas à terapia com urina de vaca.
Clínica de saúde com terapia de urina  de vaca, na Índia - (Foto: Anindito Mukherjee/Bloomberg)

Virenda Khumar, fundador da rede de Jains de clínicas de saúde que fazem terapia com urina de vaca [ver foto acima], disse que já administrou medicamentos derivados da urina de vaca para 1,2 milhão de pacientes nas duas últimas décadas, para doenças que vão de câncer a distúrbios endócrinos (como a diabete).





Coleta de urina fresca de vaca para uso medicinal na Índia - (Foto: Google)

O sistema de castas na Índia, que rege toda a vida dos indianos e está envolvido também nesse  culto à vaca, é complicado e absolutamente bizarro para o mundo ocidental. Um excelente livro para conhecer esse mecanismo de divisão da sociedade indiana é o "Caste - Its twentieth Century Avatar", editado e apresentado por M. N. Srinivas (ed. Viking - Penguin Books, 1996).]