sábado, 31 de maio de 2014

Pesquisa com anticorpo para combate ao câncer recebe Prêmio Fundação Butantan

[O artigo abaixo, de Noêmia Lopes, foi publicado em 09/5 no site da Agência Fapesp.]

Em 2012, pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, e da empresa brasileira de pesquisa e desenvolvimento Recepta Biopharma geraram uma linhagem de células que produz um anticorpo monoclonal (mAb, na sigla em inglês) batizado RebmAb 200, com potencial para combater células tumorais de ovário, rim e pulmãoO trabalho resultou em um artigo na revista PLoS One, eleito como a melhor publicação de 2013 pelo IV Prêmio Fundação Butantan – premiação destinada a estudos vinculados ao Instituto Butantan.

Desenvolvida sob a coordenação da bióloga Ana Maria Moro, a pesquisa fez parte do projeto Linhagens celulares da alta produtividade e estabilidade de anticorpos monoclonais humanizados para terapia de câncer, com financiamento do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE-FAPESP) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

“Pela primeira vez no Brasil linhagens celulares com alta produtividade e estabilidade foram obtidas para anticorpos monoclonais recombinantes, num trabalho realizado por uma equipe jovem de cientistas, sem experiência prévia, que se dedicou ao máximo para a obtenção dos resultados apresentados que, espero, possam ser traduzidos em benefícios para pacientes com determinados tipos de câncer”, disse Moro à Agência FAPESPEnquanto tratamentos convencionais contra o câncer – químio e radioterapias – atingem a um só tempo células tumorais e sadias, os mAbs são capazes de reconhecer e ligar-se a moléculas específicas na superfície dos tumores, agindo apenas sobre elas. Daí esse tipo de produto biotecnológico ter altíssimo valor agregado.

Desenvolvimento do RembAb 200

Inicialmente, a Recepta Biopharma licenciou o anticorpo do Ludwig Institute for Cancer Research (LICR), em Nova York, que já havia passado por testes em camundongos e humanos (dose única) e pelo processo de humanização (os genes responsáveis pela produção do anticorpo em questão são modificados a fim de eliminar a reação imunológica que o organismo humano teria diante de sua origem murina, por ter sido obtido em camundongos).

Já no Instituto Butantan, confirmou-se que a humanização prévia não causara alterações na ligação anticorpo-antígeno. Em seguida, a equipe introduziu os genes que sintetizam o anticorpo em uma linhagem de células humanas e gerou centenas de clones. “Fizemos uma seleção minuciosa em busca dos melhores clones, visando alta produtividade, estabilidade e função de citotoxicidade mediada por anticorpo, essencial para o uso terapêutico do anticorpo em câncer”, disse Mariana Lopes dos Santos, então pesquisadora da Recepta Biopharma e hoje pesquisadora do Laboratório Biofármacos em Células Animais do Instituto Butantan.

O RebmAb 200 é o resultado dessa busca. Embora ainda não tenha sido usado clinicamente, há potencial para o uso em câncer de ovário em função de resultados preliminares obtidos no LICR antes da humanização.

Os pesquisadores também apontam para a possibilidade de utilização contra células tumorais de rim e de pulmão. Com a colaboração do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), estudos de imuno-histoquímica revelaram que o RebmAb 200 estabelece ligação com células tumorais desses dois órgãos, além do ovário e também de alguns tipos de câncer de mama. “As células que geramos aqui foram enviadas para uma empresa na Holanda que realizou a produção em larga escala em condições de manufatura para uso clínico. O que se espera é que a citotoxicidade verificada em ensaios seja efetiva quando injetada em pacientes”, afirmou Moro.

Leia mais sobre o desenvolvimento da pesquisa em reportagem da revista Pesquisa FAPESP
 







sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ameaças da marginália petista provocam aposentadoria antecipada de Joaquim Barbosa

Passados 11 anos da ascensão petista ao poder são evidentes, escancarados e inequívocos os enormes danos causados ao país pelo domínio do PT -- só não caiu ou não cai a ficha disso para os alienados e fundamentalistas com e sem carteirinha do partido. 

Houve inegáveis benefícios materiais para a sociedade nesse período, mas mesmo eles começam a dar sinais de fadiga. A coisa funcionou bem enquanto o NPS (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula), mais por esperteza que por sabedoria, manteve as diretrizes econômicas do governo FHC que ele finge abominar. Mas, depois que Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) assumiu e começou a meter não apenas um dedo mas as duas mãos inteiras estatais na economia, a coisa desandou e virou o estrume que nos incomoda a todos, inclusive aos petistas, mas a diferença é que eles são hienas e nós não. A classe C, engordada como os patos e gansos dos quais se obtém o foie gras, está agora entre o céu e o inferno porque, estimulada irresponsavelmente pelo governo Dilma NPS, se meteu a consumir e a se endividar adoidado, e agora se vê encalacrada -- o governo só ensinou-a a gastar e consumir, jamais a aconselhou a poupar. 

Mas, sem sombra de dúvida, o legado pior desses 11 anos petistas é o ético, o moral. Nunca se mentiu tanto, nunca se roubou tanto, nunca se acobertou tanto a pilantragem e nunca se estimulou tanto a marginalidade  na gestão pública como nesse período. Só p'ra ficar no período mais recente, basta citar Petrobras (com Pasadena, Abreu Lima, etc, tudo com raízes no governo do NPA), PAC, Copa do Mundo, etc. O NPA implantou e Dilma NPS acabou de consolidar -- por ação e omissão -- o sistema da sem-vergonhice, da pilantragem, da cegueira, da surdez e da perda de memória seletivas ante os malfeitos no manejo da coisa pública.  Um fato que sintetiza e evidencia isso é a recente declaração do NPA,  em entrevista gravada em Portugal, de que os petistas presos no mensalão não são de sua confiança ...

Nesse caldo de cultura de absoluta leniência com o iníquo e o injusto, os petistas sentiram-se à vontade para partir para a agressão verbal de seus contrários como preâmbulo imediato da agressão física, principalmente depois que seu guru, o NPA, mandou o PT  "partir para cima" da oposição. Para quem sempre gostou de baderna e anarquia, isso foi uma carta branca para a violência. Aumentaram exponencialmente a pressão e as ameaças ao ministro Joaquim Barbosa, que já existiam desde o início de sua atuação como relator do julgamento do mensalão.

Vejamos o que informa a Veja. A chamada “militância virtual” do PT, treinada pela falconaria do partido para perseguir e difamar desafetos políticos do petismo na internet, caçou Barbosa de forma implacável. O presidente do Supremo sofreu toda sorte de canalhice virtual e foi até perseguido e hostilizado por patetas fantasiados de revolucionários nas ruas de Brasília.

Os ataques anônimos da patrulha virtual petista, porém, não chegavam a preocupar Barbosa até que atingiram um nível inaceitável. Da hostilidade recorrente, o jogo sujo evoluiu para uma onda de atos criminosos, incluindo ameaças de morte e virulentos ataques racistas. Os mais graves surgiram quando Joaquim Barbosa decretou a prisão dos mensaleiros José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino. Disparadas por perfis apócrifos de simpatizantes petistas, as mensagens foram encaminhadas ao Supremo.

Em uma delas, um sujeito que usava a foto de José Dirceu em seu perfil no Facebook escreve que o ministro “morreria de câncer ou com um tiro na cabeça” e que seus algozes seriam “seus senhores do novo engenho, seu capitão do mato”. Por fim, chama Joaquim de “traidor” e vocifera: “Tirem as patas dos nossos heróis!”Em uma segunda mensagem, de dezembro de 2013, o recado foi ainda mais ameaçador: “Contra Joaquim Barbosa toda violência é permitida, porque não se trata de um ser humano, mas de um monstro e de uma aberração moral das mais pavorosas (…). Joaquim Barbosa deve ser morto”.

Temendo pela integridade do presidente da mais alta corte do país, a direção do STF acionou a Polícia Federal para que apurasse a origem das ameaças. Dividida em dois inquéritos, a averiguação está em curso na polícia, mas os resultados já colhidos pelos investigadores começam a revelar o que parecia evidente. O homem que desejava atentar contra a vida do presidente do Supremo usava um computador de Natal (RN) e o codinome de Sérvolo Aimoré-Botocudo de Oliveira. Os agentes federais descobriram que o nome verdadeiro do criminoso é Sérvolo de Oliveira e Silva – um autêntico representante da militância virtual petista, mas não um militante qualquer.



Sérvolo de Oliveira agora diz que não queria matar, embora, para ele, o ministro mereça morrer (Foto: VEJA).

Além de admirador de José Dirceu e Delúbio Soares e um incentivador do movimento “Volta, Lula”, o cidadão que alimenta o desejo de ver uma bala na cabeça do presidente do STF é secretário de organização do diretório petista de Natal e membro da Comissão de Ética do partido no Rio Grande do Norte (o destaque é meu, não da revista). Ele também atua como agitador sindical nas greves e movimentos da CUT no estado.
Para não perder a pose, nem o hábito, o NPA, Dilma NPS e a alta direção do PT se fecharam em silêncio ensurdecedor sobre o assunto, não houve sequer um arremedo ou teatrinho de repúdio a essa violência -- isso, evidentemente, serviu e serve como endosso e estímulo para a repetição de atitudes desse quilate. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) reclamou desse silêncio.
O Globo informou que com a profusão de ameaças nas redes sociais, e o episódio em que foi abordado por um grupo de militantes do PT, ao deixar um restaurante em Brasília, Barbosa se sentiu forçado a mudar seus hábitos. "Ele passou a evitar locais públicos por medo em relação à sua segurança. Parou de sair — disse um amigo de Barbosa: — Agora, ele está se sentindo aliviado. Ele estava cansado, quer viver a vida. Estava muito patrulhado, se sentia agredido com palavras, com provocações. Me disse: 'Tô precisando viver'".
O Brasil sai muito mais pobre e idiota depois dessa aposentadoria prematura de Joaquim Barbosa, pelas circunstâncias em que se deu, pelo que evidencia do poder absurdo de uma militância anárquica  e desprovida de valores morais, e pelo que significa de perda de qualidade no STF. Pode-se discordar do estilo de Barbosa, mas acho muito difícil discordar do seu desassombro ou não reconhecê-lo. Somado a isso, assumirá em seu lugar na presidência o ministro Ricardo Lewandowski, uma melancólica e pobre figura na nossa Suprema Corte.
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PS -- Tive a paciência de dar uma olhada no CV (Curriculum Vitae) de Ricardo Lewandowski no site do STF -- são nada mais, nada menos que 126 páginas! Aí, resolvi dar uma olhada comparativa nos currículos de outros ministros no mesmíssimo site do STF. Eis o que achei (entre parênteses está o número de páginas do CV): Luiz Fux (118); Gilmar Mendes, um dos pavões do Supremo (80); Carmen Lúcia (55);  Marco Aurélio Mello, outro pavão (52); Dias Toffoli, o pobre de espírito e de competência (29); Rosa Weber (10); Teori Zavascki (9); Celso Mello, o decano do STF (1); Joaquim Barbosa (1); Luís Roberto Barroso (não disponível). 

Infelizmente, não há uma formatação gráfica padronizada pelo STF para os currículos de seus ministros, não sendo possível portanto uma comparação direta sobre seus tamanhos. Mas, o jeito e a extensão de um currículo são um bom retrato da cabecinha de quem nele se retrata.
 


Spotify é hackeado antes de entrar no Brasil

[A reportagem abaixo é do site Olhar Digital e foi publicada no dia 27/5. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]


(Foto: Reprodução)

O serviço online de streaming de músicas Spotify, que oficializa amanhã sua chegada ao Brasil, sofreu esta semana um ataque que expôs informações da empresa. Segundo o CTO, Oskar Stål, uma investigação foi aberta para apurar as causas e consequências do ocorrido. [Ver informação do site Verge,  que foi a fonte desta reportagem do Olhar Digital.]

As análises preliminares não apontam para prejuízos; aparentemente, o invasor não conseguiu acesso aos dados de nenhum usuário, preservando as senhas e o número de cartão de crédito da base de assinantes. "Não há  risco para nossos usuários em decorrência deste incidente", reforçou o executivo.

A empresa está tomando providências para aumentar a segurança de seus sistemas e anunciou que vai deslogar alguns usuários para baixar novamente suas playlists de músicas. Além disso, o Spotify recomenda que os donos de Android atualizem o aplicativo do serviço. [O site Verge deixa claro que o problema se limita aos usuários do Android, enfatizando que os usuários de iOS e do Windows Phone não necessitam fazer nada em consequência dessa invasão do(s) hacker(s). Infelizmente para os "androidianos", quaisquer playlists que tenham baixado para ouvir offline terão que ser baixadas novamente depois que a nova versão for instalada. Spotify informou que, de imediato, está adotando medidas para "fortalecer nosso sistema de segurança em geral e para ajudar a proteger o usuário e seus dados".]

[A reportagem abaixo é do site G1 Tecnologia e Games e foi publicada em 28/5.]

O serviço de música por streaming Spotify (acesse aqui) – uma espécie de Netflix apenas com canções – foi lançado oficialmente no Brasil nesta quarta-feira (28) com mensalidade em dólar. Por US$ 6 ao mês (algo em torno de R$ 15), os brasileiros poderão acessar mais de 30 milhões de músicas disponíveis, acessadas no PC, em tablets e smartphones.

O Spotify chega tarde ao Brasil, e enfrenta concorrentes já consolidados no mercado, como o Xbox Music, da Microsoft, o Deezer, o Rdio e o Napster.

O catálogo de 30 milhões de músicas pode ser acessado por meio do programa para PC gratuitamente, desde que o usuário aceite ouvir e assistir a anúncios publicitários. Também não é possível escutar uma canção escolhida pelo usuário: é necessário incluí-la em uma lista ou escutar o álbum inteiro do artista na ordem ou em forma aleatória. Para ter liberdade de escolha, apenas pagando a mensalidade.

O valor pago, além de permitir escolher qual canção ouvir, dá a possibilidade de se baixar mais de 3 mil canções para escutar offline. Há aplicativos para celulares com sistemas Android, iOS, Windows Phone e Blackberry.




quinta-feira, 29 de maio de 2014

Surto de sarampo nos EUA é o maior desde que a doença foi considerada erradicada no país há 14 anos

[A reportagem abaixo foi publicada hoje no The Washington Post. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

O surto de sarampo que ocorre agora nos EUA atingiu um recorde para qualquer ano desde que essa doença foi erradicada do país há 14 anos atrás, com o registro de 288 casos dessa infecção potencialmente mortal em 18 estados, segundo informação do Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês) nesta quinta-feira.

Os maiores focos da doença estão em Ohio (138 casos confirmados), Califórnia (60) e  Nova Iorque (26), de acordo com o CDC. Quase todos (97%) foram trazidos ao país por viajantes, principalmente americanos, que contraíram a doença no exterior. Cerca de metade deles refere-se a pessoas que se contaminaram nas Filipinas, onde um grande surto de sarampo atingiu mais de 32.000 pessoas, causando 41 mortes apenas desde janeiro, disse Anne Schuchat, diretora do Centro Nacional para Imunização e Doenças Respiratórias do CDC. "Isso é um alerta para que pais e viajantes se assegurem de que sua vacinação esteja em dia", disse ela. "A vacina contra sarampo é muito segura e eficaz, e a doença pode ser séria", acrecentou. "O sarampo é muito contagioso". Quarenta e três das pessoas atingidas nos EUA com a doença necessitaram ser hospitalizadas, na maioria dos casos com pneumonia, disse Schuchat. Não há registro de casos fatais no país.

Nos EUA, o maior surto está localizado na comunidade Amish em Ohio, londe muitos dos residentes não são vacinados, informou o CDC. Na Virgínia, dois casos foram confirmados no início do mês. 

O sarampo é uma doença respiratória altamente contagiosa que afeta geralmente crianças novas, provocando febre, rinorreia [corrimento excessivo de muco nasal], tosse e uma erupção característica por todo o corpo. Este ano, entretanto, mais da metade das pessoas afetadas tem 20 anos ou mais, segundo dados do CDC.

Cerca de 1 em 10 crianças adquire também uma infecção no ouvido, e 1 em 20 tem pneumonia. Uma pessoa com sarampo pode transmitir a doença até quatro dias antes que surjam seus sintomas. Pais e mesmo médicos que não vêem essa doença há anos podem não perceber seus primeiros sinais. 

O maior número de casos confirmados de sarampo depois que ele foi erradicado nos EUA em 2000 ocorreu em 2011, quando foram registrados 220 casos. O país não tem visto tantos casos como agora tão cedo no ano desde 1994, quando 764 foram infectadas nessa época do ano, disse Schuchat. Nos últimos 20 anos, uma campanha coordenada de saúde pública, especialmente entre as famílias de baixa renda, tornou raros os surtos de sarampo nos EUA.  Mas, há um número estimado de 20 milhões de pessoas infectadas por ano na Europa, Ásia e África e alhures, e delas 122.000 morrem.

Nos EUA, o número de pessoas que optam por não se imunizar por razões religiosas, filosóficas ou pessoais começou a se tornar um problema de saúde pública, disse Schuchat. Outras pessoas não estão cientes de vacinações ou não têm como recebê-las antes que cheguem aos EUA. Um pequeno número de adultos pode perder sua imunidade ao longo do tempo e pode ter que ser revacinado.

As autoridades não sabem como a comunidade Amish contraiu a doença, mas segundo Schuchat elas acreditam que pode haver o envolvimento de pessoas viajando ao exterior para fazer trabalho religioso.  De acordo com o CDC, 40 dos casos "importados" da doença referem-se a americanos não vacinados retornado do exterior. Steven Nolt, um professor de história no Golshen College, em Indiana, que escreveu sobre os Amish diz que alguns grupos deles viajam realmente para lugares como Quênia, Ucrânia ou América Central para realizar trabalho missionário ou de ajuda. Ele disse que muitos Amish realmente se vacinam e vacinam seus filhos, mas outros se recusam a fazê-lo.

Schuchat instou para que qualquer pessoa que não esteja segura se sua imunização está válida que receba outra dose da vacina, especialmente se for viajar a lugares como as Filipinas ou se estiver envolvida em trabalhos de cuidados médicos. Embora a vacina geralmente não seja aplicada em crianças com menos de um ano de idade, crianças que estejam viajando para o exterior podem ser vacinadas com uma dose até com seis meses de idade, disse Schuchat.  A vacina geralmente é ministrada em duas doses com alguns anos de intervalo. Pessoas que perderam seu sistema imunológico e mulheres grávidas não devem receber a vacina, disse ela. 

Adultos nascidos antes de 1957 provavelmente tiveram sarampo e devem estar imunes, acrescentou Schuchat. A vacina contra o sarampo tornou-se disponível em 1963.

Como reconhecer o sarampo


Ilustração feita por Bonne Berkowitz e Alberto Cuadra, do The Washington Post - Fonte: Centros para o Controle e Prevenção de Doenças.

Tradução das legendas da figura:

O programa de vacinação contra o sarampo nos EUA reduziu os casos da doença de milhões nos anos 1950 e 1960 para 37 em 2004. A doença, entretanto, está ensaiando um retorno, e pais e até mesmo médicos nem sempre reconhecem os sintomas.

COMPLICAÇÕES -- Encefalite, uma infecção do cérebro que pode deixar uma criança surda ou com danos mentais. Para cada mil crianças que contraem a doença nos EUA, uma ou duas morrem por causa disso.

Measles virus = vírus do sarampo; - Skin rash = erupção na pele; Ear infection = infecção no ouvido.

INFECÇÃO -- O sarampo, também chamado de rubéola, invade células que se alinham por trás da garganta e dos pulmões. É altamente contagioso e se espalha pelo ar, sendo particularmente perigoso para bebês e crianças de baixa idade.

SINTOMAS -- O primeiro sintoma é febre alta. Em seguida vem rinorreia, tosse e olhos vermelhos. Por fim, uma erupção de pequenos pontos vermelhos começa na cabeça e vai descendo pelo corpo, mas a doença é contagiosa bem antes da erupção começar.

O gráfico tem como título "Número de casos de sarampo nos EUA por ano". 

[Como Califórnia e Nova Iorque são destinos de muitos turistas brasileiros, é bom ficar atento a esse surto de sarampo por lá. O sarampo e a meningite podem aumentar no Brasil durante a Copa, como informou ontem o Estadão.  Diz o jornal: "Com incidência estável na maior parte do Brasil, o sarampo e a meningite podem ter o número de casos aumentados no País com a chegada dos cerca de 600 mil turistas que são esperados para a Copa do Mundo. Essas são as duas doenças que têm os maiores riscos de alta durante o evento, segundo o presidente da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri. "Não temos tanto sarampo no Brasil, mas a Europa ainda vive surtos. O risco é maior para crianças menores de um ano, que, nessa faixa etária, ainda não foram vacinadas, e em regiões com baixa cobertura da vacina", disse Kfouri nesta terça-feira, 27, em almoço com jornalistas".

O sarampo se soma assim ao elenco de doenças que podem ocorrer na Copa, mencionadas em postagem anterior.]


A culpa é nossa (oops, outubro vem aí!)




Guia para as eleições de outubro de 2014

Com o intuito cristão de iluminar o caminho das urnas para a eleição presidencial de outubro vindouro, principalmente para quem votou em Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) em 2010 e/ou pensa em nela votar, listo abaixo alguns fatos emblemáticos:

  • Setor público, máquina cara e ineficiente: órgãos públicos, que representam apenas 0,4% das empresas e outras organizações formais existentes no país em 2012, absorveram e pagaram quase 30% dos salários nesse ano -- Valor Econômico, 29/5/2014

terça-feira, 27 de maio de 2014

Mais uma de Dilma NPS: atraso em seis obras do PAC provoca perda de R$ 28 bilhões

[A madame Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias), que em 7/3/2008 foi chamada de "mãe do PAC" pelo NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula), transformou esse programa -- o PAC -- em um mostruário multifacetado, abrangente e extremamente caro de seu inesgotável repertório de burrices, incompetências e lambanças, jogando no ralo bilhões de reais que poderiam ser muitíssimo melhor aplicados fosse a Dama de Ferrugem minimamente competente. A reportagem abaixo é do Estadão de 25/5. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

A demora do governo em concluir no prazo obras de infraestrutura incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) causou um prejuízo de R$ 28 bilhões à sociedade, apenas num grupo de seis projetos analisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O valor é próximo ao que se estima gastar na realização da Copa.

O estudo procura medir os benefícios que deixaram de ser gerados para o País apenas pela demora. Leva em conta, por exemplo, o que poderia ter sido a produção agropecuária no Nordeste, caso a transposição do São Francisco tivesse ficado pronta no prazo fixado pelo governo. Ou as receitas de exportação de minérios e grãos que deixaram de ocorrer pelo atraso na construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).

Em todos os casos foi considerado também o custo de oportunidade – o custo do dinheiro público aportado nas obras que ainda não gerou benefícios. "Se o programa deveria ficar pronto em três anos e sai em seis, isso reduz a produtividade global da economia", diz o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Coelho Fernandes. Ele explica que a dificuldade em administrar megaprojetos não é exclusiva do Brasil. Porém, os prazos estourados tornaram-se praticamente uma regra, o que merece atenção.


A CNI propõe que o próximo governo, seja qual for, intensifique o programa de concessões em infraestrutura. Para Coelho, esse é um campo em que a economia pode aumentar sua produtividade, visto que as reformas trabalhista e tributária demorarão a sair e gerar efeitos. Sugere, também, iniciativas para melhorar a qualidade dos projetos e para facilitar o licenciamento ambiental.
O estudo faz parte de um conjunto de 43 documentos-propostas que serão entregues aos presidenciáveis em junho, quando a entidade pretende fazer um debate dos candidatos com os industriais.

Foram analisados o aeroporto de Vitória, o principal projeto de esgotamento sanitário em Fortaleza (Bacia do Cocó), a transposição do São Francisco, a Fiol, a duplicação da BR-101 em Santa Catarina e as linhas de transmissão das usinas do Madeira. A maioria dos projetos ainda está em andamento.
Atraso. Das obras selecionadas, a que causou maior prejuízo foi a transposição do São Francisco. Originalmente estava prevista para terminar em junho de 2010 (eixo Leste) e dezembro de 2012 (eixo Norte). [Ver postagem anterior.]
Como isso não ocorreu, o estudo estima quanto deixou de ser produzido pela agropecuária local, já considerando um crescimento proporcionado pela disponibilidade constante de água. E subtraiu da conta o custo da energia que deixará de ser gerada pela redução do fluxo de água para a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Os economistas da CNI chegaram a um total de R$ 11,7 bilhões de 2010 a 2015. A isso, foram somados R$ 5 bilhões referentes ao custo de oportunidade do dinheiro aplicado na obra, orçada em R$ 8,2 bilhões.
A história da transposição segue o roteiro clássico de obra atrasada no País. Segundo o estudo, foi iniciada em 2005, baseada num projeto pouco detalhado de 2001 – que, evidentemente, estava desatualizado. Seguiram-se vários ajustes. Para andar mais rápido, foi dividida em 14 subcontratos. Mas o que em tese ia acelerar a construção virou um pesadelo gerencial. A própria presidente Dilma Rousseff reconheceu que o governo subestimou a complexidade do projeto.






Umas pitadas de humor

Como a barra anda pesada, vamos tentar rir um pouco. As charges foram tiradas todas do Google.










segunda-feira, 26 de maio de 2014

A permissividade absurda e criminosa da propaganda de remédios e de bebidas alcoólicas no Brasil

O brasileiro comum, de todas as categorias sociais, é bombardeado diariamente -- principalmente pelo rádio (AM e FM) e pela televisão -- por campanhas promocionais de produtos e serviços desaconselháveis e/ou nocivos à sua saúde ou por propagandas que o induzem a práticas que são danosas a ele e à sociedade. A característica básica dessas propagandas são a permissividade e a irresponsabilidade com que induzem o cidadão a consumir produtos e a adquirir hábitos que são daninhos a ele mesmo e, em alguns casos, ao meio social em que convive. Esse tipo de propaganda deseduca e cria vícios perniciosos. E toda vez que alguém ousa se manifestar contra isso surge a falácia da liberdade de se expor tais produtos e serviços, cabendo ao consumidor decidir o que quer fazer -- é o tal do movimento contra a censura na publicidade. Isso num país de serviços básicos lato sensu de frequência e qualidade baixíssimas, educação precária e com distribuição de renda extremamente injusta.

Esse viés da "liberdade de expressão", que virou um escudo gigantesco à sombra do qual é possível e ocorre cometer inúmeras barbaridades, é o cerne da criação e da atuação do CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Este órgão tem por missão "Impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas e defender a liberdade de expressão comercial" -- "Constituído por publicitários e profissionais de outras áreas, o CONAR é uma organização não-governamental que visa promover a liberdade de expressão publicitária e defender as prerrogativas constitucionais da propaganda comercial". 

Observe-se que nem remotamente é preocupação do Conar a saúde física do consumidor, mas a defesa da "saúde" empresarial está explicitada. O termo "constrangimento" utilizado na definição da missão desse órgão é emblemático da visão unilateral, oportunista e mercenária do Conar -- uma das acepções (dicionário Houaiss) desse termo é "violência física ou moral exercida contra alguém; coação". Beleza, com isso o Conar se sente no direito de não coibir a propaganda indiscriminada de medicamentos (que livre e sistematicamente induz a população aos riscos da automedicação), ao consumo de bebida alcoólica (especialmente da cerveja), a associar o carro à direção em alta velocidade, ao consumo (principalmente entre a garotada e adolescentes) de comidas nocivas à sua saúde, etc. Ou seja, com a desculpa do repúdio à "censura" o Conar permite que se protejam as indústrias e se cometam violências contra a saúde do consumidor.

Para variar, o governo federal se omite e não protege o contribuinte, como é de sua responsabilidade. Ministério da Saúde e Anvisa, entre outros, são tímidos, lentos e covardes no exercício de sua missão legal  e via de regra têm comportamento reativo e não proativo, só dando o ar da graça quando o malfeito já se implantou e, geralmente, já se consolidou.

Vamos às principais propagandas perniciosas que rolam soltas nas mídias falada e televisiva do país.

Medicamentos

Uma das mais frequentes e perniciosas, a propaganda livre de medicamentos na mídia é revoltante, criminosa e extremamente preocupante. E ninguém faz nada. O resultado imediato, claro e inequívoco disso é o assustador índice de automedicação no Brasil, o que, por exemplo, faz com que isso seja a maior causa de intoxicação no país

Levantamento feito em 2013 mostrou que nos cinco últimos anos, até aquele, a automedicação levou mais de 60 mil pessoas ao hospital no Brasil. No Brasil, os antiinflamatórios não esteroides (AINES) ocupam três das cinco primeiras posições de medicamentos mais utilizados sem orientação médica (ver tabelas). O problema disso é que essa classe de medicamentos interfere em muitos mecanismos fisiológicos normais do homem e o uso deles pode causar graves complicações. Um dos motivos dos AINES serem os mais procurados pela população em geral é que eles atuam, além de antiinflamatórios, como antitérmicos e analgésicos. O AINES mais utilizado no Brasil é a dipirona sódica. A comercialização dessa substância está proibida em alguns países da Europa e nos EUA, porque há estudos que indicam que ela pode causar agranulocitose ou seja, a falta de produção de células granulares que são responsáveis pela defesa do organismo. 

dipirona sódica foi banida da Suécia em 1974, dos Estados Unidos em 1977, assim como em mais de 30 países como Japão, Austrália, Irã e parte da União Européia. Na Alemanha a dipirona sódica somente é vendida com receita médica. Na Suécia a dipirona sódica foi re-introduzida em 1995 e banida novamente em 1999. Por que, então, ela é permitida no Brasil?!





Medicamentos à venda no Brasil que contêm dipirona sódica (às vezes citadas apenas como dipirona): Anador, Dorflex (que contém também cafeína e orfenadrina, ver tabela 2 acima), Novalgina, Buscopan, Lisador, Neosaldina, etc. Como todo e qualquer medicamento, esses também devem necessariamente ser precedidos de consulta médica.

Além da mídia falada e televisiva -- especialmente esta última, por seu poder de sedução e indução -- abrir indiscriminada e irresponsavelmente espaço para a propaganda de remédios os mais diversos, a televisão usa ainda o recurso criminoso de fazer com fundo azul todos os "alertas" (de araque) que emite após a propaganda de um medicamento. É sabido que a cor azul é relaxante, não transmite jamais a sensação de perigo -- assim, o potencial usuário daquele(s) medicamento(s) não assimila pelo "alerta" nenhuma noção de risco no consumo daquele produto. O alerta deveria ser feito com a tradicional cor de perigo ou risco, o vermelho, mas nem o Conar nem o governo se preocupam com isso. A propaganda do Dorflex que está bombando agora na TV é, ao meu ver, o mais recente exemplo desse tipo de propaganda irresponsável e criminosa.


Bebidas alcoólicas

O que se vê na televisão é uma enxurrada de propagandas de cerveja, todas elas -- sem qualquer exceção -- direcionadas exclusivamente para jovens. Os consumidores mostrados nos comerciais são invariavelmente jovens, saudáveis, bonitos, alegres  -- a cerveja é apresentada como o veículo certo para uma vida alegre, despreocupada e aparentemente saudável. Hipócrita e quase que à surdina, repisando uma frase escrita timidamente e em tamanho reduzido na tela, mal se ouve uma voz (quando existe) que diz "beba com moderação" ou "se beber não dirija". 

Se a cerveja já era um anunciante poderoso e uma enorme fonte de arrecadação fiscal para o governo federal antes da Copa de 2014, agora então nem se fala. Por ser o principal patrocinador do evento para a Fifa, um de seus fabricantes adquiriu poderes absurdos, a ponto da Fifa nos impor a suspensão da lei que impede a venda de cerveja nos estádios. O setor de bebidas frias (cujo principal participante é o de fabricantes de cervejas) é tão forte que -- com a cumplicidade irresponsável do segmento de bares e restaurantes --  pressionou o governo contra o aumento de tributação anunciado, e o governo de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) covardemente cedeu. Instrumentos da chantagem contra o governo e contra a saúde dos brasileiros: aumento de 5%  nas bebidas e a ameaça de demissão de até 200 mil pessoas pela Abrasel - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes caso a alta de impostos não fosse adiada (isto, em ano eleitoral, seria fatal para Dilma NPS).  

Resultado: o governo voltou atrás nesta terça-feira (13/5) e decidiu adiar por três meses o aumento dos impostos sobre bebidas frias -- cervejas, refrigerantes, isotônicos e refrescos. O reajuste será feita aos poucos, e não de uma vez só. Em troca, os empresários assumiram o compromisso de não aumentar os preços durante a Copa. A alta de impostos estava prevista para entrar em vigor em 1º de junho e, agora, ficou para 1º de setembro.

A decisão foi tomada após encontro do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com representantes do setor de bebidas frias e do segmento de bares e restaurantes. "O governo postergará o aumento da tabela e o setor adiará o aumento de preços. Será uma Copa sem aumento de preços de bebidas", disse Mantega.A manutenção dos preços terá um efeito benéfico na inflação, continuou Mantega. "Inflação está sob controle e o setor poderá dar contribuição nesse sentido. Os preços estão mais comportados, mas queremos que eles não subam nada", explicou.

Eis aí a síntese de como o governo de Dilma NPS -- que é uma mãe de família -- vê a indústria cervejeira: fonte de arrecadação de impostos e instrumento de pressão sobre a inflação. Só isso, nada mais que isso. Danos à saúde da juventude que se embebeda cada vez mais, e cada vez mais cedo? Besteira, isso não é problema dela -- mesmo tendo um netinho. Em setembro de 2012 fiz uma postagem sobre isso

O consumo de álcool no Brasil supera a média mundial e apresenta taxas superiores a mais de 140 países. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que, em um informe publicado em 12/5, alertou que 3,3 milhões de mortes no mundo em 2012 (5,9% do total) foram causadas pelo consumo excessivo do álcool. O volume é superior a todas as vítimas de aids e tuberculose. A OMS avaliou dados de 194 países e chegou à conclusão de que o consumo médio mundial para pessoas acima de 15 anos é de 6,2 litros por ano. No caso do Brasil, os dados apontam que o consumo médio é de 8,7 litros por pessoa por ano.

Em outubro de 2012, fiz postagem denunciando que o álcool mata mais rápido que o cigarro e que casas noturnas do Rio faziam promoções para que os jovens se embebedassem.

Em 15 de março de 2011, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS -- epa, uma maçã "podre" decente na cesta do PT?!) apresentou proposta de ementa que modifica a Lei n° 9.294, de 15 de julho de 1996, estendendo as restrições da publicidade de bebidas alcoólicas a cervejas e assemelhados. Sua proposta tramita apensada ao Projeto de Lei PL 2134/2007. Pelo tempo já decorrido, essa proposta deve estar sofrendo forte reação da indústria cervejeira.

Carros

Muito raramente se vê na televisão uma propaganda de carro em que o veículo não esteja em alta velocidade, na cidade, em estradas e até no campo. Há um claro e criminoso estímulo à direção em alta velocidade, num país traumatizado por mais de 40.000 mortes no trânsito por ano.

Encaminhei ao Conar uma reclamação contra uma propaganda recente da Ford, em que um pedestre toma o carro (Ford) de um motorista, identificando-se como policial, e sai em louca disparada por uma cidade cantando pneus em perseguição a uns marginais mascarados. O Conar se lixou para a minha reclamação. E ninguém se mexe para coibir isso, nem os órgãos de defesa do consumidor e muito menos o governo.


Fast food


A propaganda de produtos alimentícios na televisão é outro lixo, apregoando produtos extremamente nocivos à saúde humana. E frequentemente esse tipo de propaganda envolve crianças e adolescentes, que aparecem felicíssimos comendo hambúrgueres, batatas fritas, frituras e outros besteiras de mesmo calibre. É claro que ninguém, em esfera alguma, se mexe contra isso. O resultado disso já pode ser visto em qualquer lugar: se não gostar de ir a shoppings, nem que seja vapt-vupt, sente-se num banco de jardim e veja a fauna humana que circula. É impressionante o aumento visível de obesos, em todas as faixas etárias! E esse é apenas o lado visível da ingestão crescente de alimentação inadequada e ruim, de alto teor de gordura e de outros produtos maléficos à saúde contidos principalmente na comida chamada de "fast food", indiscriminada e impunemente anunciada na rádio e na televisão.


Uma exceção

A fantástica e extremamente louvável eliminação da propaganda de cigarros em toda a mídia é um claro e inequívoco exemplo de que devemos persistir na luta para eliminar também da mídia os anúncios dos três péssimos produtos citados acima.

Outra exceção


Em 23 de junho de 2010, enviei por e-mail reclamação ao Conar contra uma propaganda denominada "Shell - Vamos Juntos" que mostrava um garoto soltando pipa numa praia, junto com um cachorro. Solicitava a suspensão imediata da propaganda, por seu caráter deseducativo e ilegal, já que infrigia legislações específicas que proíbem cães e soltar pipa nas praias. 


No dia 23 de setembro de 2010 recebi email do CONAR (ver postagem) informando-me de que minha queixa havia sido levada a julgamento pelo seu Conselho de Ética, tendo sido deliberada por unanimidade de votos, em 1ª instância,  a sustação da veiculação daquele anúncio. Isso vem mostrar e comprovar a importância e a necessidade da manifestação do cidadão contra atos e atitudes que agridem a ética e a moralidade e ferem seus direitos.


domingo, 25 de maio de 2014

Veteranos de guerra nazistas criaram um exército secreto

[A reportagem traduzida abaixo, de autoria de Klaus Wiegrefe, foi publicada em 14/5 na versão inglesa do site Spiegel Online International. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Documentos descobertos recentemente mostram que nos anos seguintes à Segunda Grande Guerra ex-membros das Forças Armadas [Wehrmacht] e da SS [Waffen-SS, ou esquadrão de proteção armado, criado como braço armado do esquadrão de proteção do Partido Nazista e que gradualmente se transformou em uma força militar da Alemanha nazista] formaram um exército secreto para proteger o país contra os soviéticos. Esse projeto ilegal poderia ter gerado um grande escândalo na época.



Documentos recém-liberados mostram que o ex-chanceler Konrad Adenauer sabia da existência de um grande exército ilegal em seu país, criado por veteranos das Forças Armadas e da SS - (Foto: akg-images/Fonte: Spiegel Online International).


Albert Schnez, em uma foto sem data. Ele desempenhou um papel central no plano para a criação de um exército secreto. Schnez nasceu em 1911 e serviu como coronel na Segunda Grande Guerra, antes de ascender nos escalões da Bundeswehr (Formas Armadas Federais), fundada em 1955 - (Foto: DPA/Fonte: Spigel Online International).



A informação foi revelada por uma Comissão Histórica Independente contratada pelos Serviço Federal de Inteligência alemão, o BND [Bundesnachrichtendienst = Serviço Federal de Informações, em tradução direta], para determinar a influência de ex-nazistas sobre ele nos primeiros dias de sua criação. A Oraganização Gehlen (assim denominada em homenagem ao major-general Reinhard Gehlen, mostrado acima), a antecessora do BND, mantinha contatos com Albert Schnez, o homem por trás do exército [secreto]. - (Foto: US Army Signal Corps PD/Fonte: Spiegel Online).




Oficiais das Forças Armadas e da SS criaram o novo exército em 1949. Na foto, soldados alemães na Rússia em 1941. Hoje não se sabe exatamente quando o grupo secreto pós-guerra foi dissolvido, mas seu destino foi selado com a criação das forças armadas alemãs, a Bundeswehr, em 1955 - (Foto: Corbis/Fonte: Spiegel Online International).



Por quase seis décadas, o dossiê de 321 páginas permaneceu sem ser notado nos arquivos do BND, o serviço de inteligência alemão -- mas, agora seu conteúdo revelou um novo capítulo da história da Alemanha no pós-guerra que é tão impressionante quanto misterioso.

Os antes secretos documentos revelam a existência de uma coalizão de cerca de 2.000 ex-oficiais -- veteranos das Forças Armadas e da SS nazistas -- que decidiram em 1949 formar um exército na Alemanha do pós-guerra. Fizeram seus preparativos sem um mandato do governo alemão, sem o conhecimento do parlamento e, os documentos mostram, enganando as forças de ocupação aliadas. 

O objetivo dos oficiais da reserva: defender a nascente Alemanha Ocidental contra agressões nos estágios iniciais da Guerra Fria e, no fronte doméstico, se organizar cointra os comunistas em caso de uma guerra civil. Coletaram informações sobre políticos da esquerda, como Fritz Erler, da Social Democracia (SPD), uma peça chave na reforma do partido após a Segunda Grande Guerra, e espionou estudantes como Joachim Peckert, que depois se tornou um funcionário sênior na embaixada da Alemanha Ocidental em Moscou nos anos 1970. 

A descoberta do dossiê deu-se por uma coincidência. O historiador Agilolf Kesselring encontrou os documentos -- que pertenciam à Organização Gehlen, a predecessora do atual serviço de inteligência internacional -- enquanto trabalhava para uma Comissão Histórica Independente contratada pelo BND para investigar o início de sua história. Comissões semelhantes haviam sido contratadas por várias autoridades alemãs em anos recentes, incluindo os ministérios da Fazenda e das Relações Exteriores, para criar um registro acurado de legados antes encobertos. 

Kesselring descobriu os documentos, que haviam recebido o estranho nome de "Seguros", quando tentava determinar o número de pessoas que trabalhavam para o BND.  Em vez de papéis ou apólices, Kesselring deu-se com o que agora pode ser considerado a descoberta mais significativa da Comissão Histórica Independente. O trabalho que escreveu com base nisso foi divulgado esta semana.

Facilidade em minar a democracia

O dossiê é incompleto, e assim precisa ser considerado com certa reserva. Mesmo assim, seu conteúdo mostra a facilidade com que os padrões democráticos e constitucionais podiam ser solapados nos primeiros anos de existência da Alemanha Ocidental. De acordo com o dossiê, o chanceler Konrad Adenauer não soube da existência do grupo paramilitar até 1951, mas então, como se mostra evidente, não decidiu eliminá-lo. 

No caso de uma guerra, dizem os documentos, o exército secreto poderia recrutar 40.000 combatentes. O envolvimento de figuras de sua liderança nas futuras forças armadas alemãs, a Bundeswehr, é uma indicação exata de quão séria parece ter sido a iniciativa.

Entre seus atores mais importantes estava Albert Schnez. Ele nasceu em 1911, e serviu como coronel na Segunda Grande Guerra antes de galgar postos nos escalões da Bundeswehr, que foi criada em 1955. No final dos anos 1950, Schnez fazia parte do staff do então ministro da Defesa Franz Joseph Strauss (do CDU) e depois serviu como chefe do exército, sob as ordens do chanceler Willy Brandt e do ministro da Defesa Helmut Schmidt (ambos do SPD).

Declarações de Schnez citadas nos documentos sugerem que o projeto de montar um exército clandestino tinha o apoio também de Hans Speidel -- que se tornaria o comandante supremo da OTAN no exército aliado na Europa Central em 1957 -- e de Adolf Heusinger, o primeiro fiscal geral da Bundeswehr.

Kesselring, o historiador, tem uma conexão especial com a história militar alemã: seu avô Albert foi marechal de campo e comandante supremo do Terceiro Reich no sul, com Schnez como seu subordinado e "general de transportes" na Itália. Ambos tentaram evitar a rendição parcial da Alemanha na Itália.

Em seu relatório, Kesselring omitiu Schnez tranquilamente. Ele não menciona o envolvimento de Schnez com os ativistas da direita, e descreve a espinoagem deste sobre os ativistas de esquerda como "controles de segurança". Quando questionado sobre isso, o historiador explicou que tratará desses aspectos do dossiê num relatório abrangente no ano que vem. Mas, o BND liberou recentemente o dossiê com o arquivo "Seguros", permitindo que se obtenha uma visão independente da questão.

O projeto do exército secreto teve início no período pós-guerra na Suábia, a região à volta de Stuttgart, onde Schnez, então com 40 anos, comercializava madeira, tecidos e itens domésticos e, paralelamente, organizava eventos sociais para os veteranos da 25ª Divisão de Infantaria, na qual havia servido. Eles se ajudavam mutuamente, sustentavam as viúvas e órfãos dos colegas, e conversavam sobre os velhos e novos tempos.

Medo de um ataque vindo do Leste

Mas, suas discussões sempre voltavam ao mesmo ponto: o que deveria ser feito caso os russo e seus aliados do leste invadissem o país? Na época, a Alemanha Ocidental não tinha ainda um exército e os EUA haviam removido muitos de seus militares da Europa em 1945. De início, o grupo de Schnez cogitou deixar-se derrotar e então liderar um esquema de guerrilha por trás das linhas, antes de se reacomodar em algum lugar fora da Alemanha. No caso de um ataque de surpresa vindo do leste, escreveu depois um empregado da Organização Gehlen, Schnez queria fazer uma retirada com sua tropa e levá-la com segurança para fora da Alemanha. Eles travariam a partir do exterior a batalha para libertar a Alemanha. 

Para preparar uma resposta à ameaça potencial, Schnez -- filho de um funcionário do governo da Suábia -- buscou criar um exército. Mesmo violando a legislação aliada -- organizações militares ou "similares" estavam banidas, e quem violasse isso corria o risco de ser condenado à prisão perpétua -- a ideia tornou-se rapidamente muito popular. O exército começou a tomar forma no máximo em 1950. Schnez coletou doações de empresários e de ex-oficiais que comungavam das mesmas ideias, contatou grupos de veteranos de outras divisões, perguntou a empresas de transporte que veículos poderiam fornecer no pior dos cenários e trabalhou em um plano de emergência.

Anton Grasser, um ex-general de infantaria que na época era empregado da empresa de Schnez, ficou responsável pelo armamento. Em 1950, começou sua carreira no Ministério do Interior em Bonn, onde se tornou fiscal geral e supervisionou a coordenação das Forças Táticas da Polícia nos estados alemães para o caso de uma guerra. Ele queria usar seus ativos para equipar a tropa no caso de uma emergência. Não há indicação de que o então ministro do Interior Robert Lehr tivesse sido informado desses planos.

Schnez queria criar uma organização de unidades compostas de ex-oficiais, idealmente staffs inteiros de divisões de elite da Wehrmacht que pudessem ser colocados rapidamente em posição de combate no caso de um ataque. De acordo com as listas existentes nos documentos, todos os recrutados/recrutáveis estavam empregados, o que incluía homens de negócios, representantes comerciais, um comerciante de carvão, um advogado criminalista, um procurador, um instrutor técnico e até mesmo um prefeito. Presumivelmente, eram todos anticomunistas e, em alguns casos, motivados por um espírito de aventura. Por exemplo, os documentos revelam que o Tenente-General da reserva Hermann Hölter "não estava satisfeito trabalhando em um escritório".

A maior parte dos membros da reserva secreta vivia no sul da Alemanha. Um resumo da documentação revela que Rudolf von Bünau, um general de infantaria da reserva, liderava um grupo de oficiais seniores nos arredores de Stuttgart. Havia subunidades adicionais em Ulm (sob o comando do Tenente-General da reserva Hans Wagner), em Helibronn (Tenente-General da reserva Alfred Reinhardt), em Freiburg (Major-General da reserva Wilhelm Nagel), assim como em muitas outras cidades.

A lista de Schnez não foi passada adiante, mas os documentos informam que ele dizia que ela incluía 10.000 nomes, o bastante para formar o núcleo de três divisões. Por razões de confidencialidade ele formalizou apenas 2.000 oficiais. Ainda assim, Scnez não tinha dúvidas de que os outros se juntariam a eles. Não parecia haver nenhuma escassez de candidatos para as unidades -- afinal, não faltavam alemães com experiência de guerra. Ficou indeterminado onde esses militares seriam reunidos em caso de emergência. Schnez negociou com localidades suiças, mas suas reações foram "muito restritivas"; os documentos informam que ele depois planejou um possível deslocamento para a Espanha para usá-la como uma base, a partir da qual lutaria ao lado dos americanos.

Contemporâneos descrevem Schnez como um organizador cheio de energia, mas também autoconfiante e arredio. Ele manteve contato com a Liga da Juventude Alemã e sua organização especializada, o Serviço Técnico, que estavam se preparando para um movimento de guerrilha contra os soviéticos. Os dois grupos, financiados secretamente pelos EUA, tinham como membros ex-oficiais nazistas e foram ambos banidos pelo governo federal da Alemanha Ocidental em 1953 como organizações de extrema-direita. Ao que parece, Schnez não tinha nenhuma objeção de qualquer tipo para associar-se com ex-nazistas. 

Schnez mantinha também um dispositivo de inteligência que avaliava candidatos para a "Companhia de Seguros", nome que dava ao projeto, e verificava se tinham características suspeitas. Um criminoso chamado K foi descrito como "inteligente, jovem e meio-judeu". 

Documentos americanos acessados pela Spiegel indicam que Schnez negociou com Otto Skorzeny, ex-tenente-coronel da SS. O oficial da SS tornou-se um herói nazista durante a Segunda Grande Guerra depois que organizou com êxito uma missão para libertar o ditador italiano deposto Benito Mussolini, que havia sido preso pelo rei da Itália. Skorzeny tinha planos semelhantes aos de Schnez. Em fevereiro de 1951, ambos concordaram em "cooperar imediatamente na região da Suábia" -- até hoje se desconhece o que precisamente resultou desse acordo.

Em sua busca por financiamento para uma operação de tempo integral, Schnez solicitou ajuda ao serviço secreto da Alemanha Ocidental durante o verão de 1951. Em uma reunião em 24/7/1951, ele ofereceu os serviços de seu exército secreto a Gehlen, o chefe dos serviços de inteligência, para "uso militar" ou "simplesmente como uma força potencial", fosse para um governo alemão no exílio ou para os aliados ocidentais.

Uma anotação nos papéis da Organização Gehlen afirma que "houve de longa data relações de natureza amistosa" entre Schnez e Reinhard Gehlen. Os documentos indicam também que o serviço secreto tomou conhecimento pela primeira da existência do exército clandestino na primavera de 1951. A Organização Gehlen classificava Schnez como uma "conexão especial", com o estranho nome de código de "Schnepfe",  um termo insultuoso para as mulheres [pode ser traduzido também como "vaca"ou "prostituta"]

Adenauer evitou envolver-se?

É provável que o entusiasmo de Gehlen pela oferta de Schnez tivesse sido maior se ela tivesse surgido um ano antes, quando a Guerra da Coreia estava sendo deflagrada.  Naquela época, a então capital da Alemanha Ocidental, Bonn, e Washington haviam cogitado a ideia de "agrupar membros das ex-tropas de elite alemãs no caso de uma catástrofe, dando-lhes armas e juntando-as às tropas de defesa aliadas".

Em um ano, a situação alterou-se um pouco, e Adenauer se afastou daquela ideia. Em vez disso, pressionou para que a Alemanha Ocidental se integrasse mais profundamente com o Ocidente e que fosse criada a Bundeswehr [as forças armadas alemãs]. O grupo ilegal de Schnez era um risco potencial para essa política -- se sua existência se tornasse pública poderia teria gerado um escândalo internacional. Ainda assim, Adenauer decidiu não agir contra a organização de Schnez, o que levanta pelo menos uma questão: estaria ele evitando entrar em conflito com veteranos das Forças Armadas e da SS?

Havia apreensão no âmbito da Organização Gehlen, particularmente com relação a Skorzeny. De acordo com outro documento do BND a que a Spiegel teve acesso, um chefe de divisão levantou a questão sobre se seria possível para a organização adotar uma posição agressiva contra Skorzeny. A direção da Organização Gehlen sugeriu que se consultasse "a SS", acrecentando que "a SS é um fator a ser levado em conta, e devemos conhecer em detalhe sua opinião antes de tomar uma decisão". Aparentemente, redes de nazistas veteranos e ex-nazistas exerciam ainda uma influência considerável durante os anos 1950.

Em 1951 ficou também claro que se passariam anos antes que a Bundeswehr pudesse ser estabelecida. Pela visão de Adenauer, isso significava para aquele então que se deveria garantir a lealdade de Schnez e seus camaradas na eventualidade de ocorrência de um cenário pior. Provavelmente, foi por causa disso que Gehlen foi encarregado pela Chancelaria para "cuidar do grupo e monitorá-lo".  Parece que Adenauer, na época, deu ciência de seu plano aos aliados e à sua oposição política.  Os documentos parecem indicar também que Carlo Schmid, na época um membro do comitê executivo nacional do SPD, estava "no circuito".

Pouco se sabe sobre a dissolução do exército

A partir daquele momento, o staff de Gehlen teve contatos frequentes com Schnez. Gehlen e Schnez firmaram também um acordo para compartilhar informações de inteligência decorrentes de atos de espionagem. Schnez se gabava de ter um esquema de inteligência "particularmente bem organizado".

A partir dali, a Organização Gehlen tornou-se destinatária de listas de alerta que continham os nomes de soldados alemães que supostamente se comportaram de maneira "indigna" enquanto prisioneiros de guerra dos soviéticos, insinuando-se que haviam desertado para apoiar a União Soviética. Em outras ocasiões, havia registros de "pessoas suspeitas de serem comunistas" na região de Stuttgart.

Mas, Schnez nunca recebeu o dinheiro pelo qual esperava. Gehlen permitiu-lhe apenas receber pequenas somas, que se esgotaram no outono de 1953. Dois anosmais tarde, a Bindeswehr incorporou seus 100 primeiros voluntários. Com o rearmamento da Alemanha Ocidental, o exército de Schnez tornou-se redundante. 

Hoje, não se sabe exatamente quando o exército secreto foi dissolvido pois não se fez nenhum estardalhaço a respeito na época. Schnez morreu em 2007, sem jamais se manifestar publicamente sobre esses acontecimentos. Seus registros sobre a "Companhia de Seguros" desapareceram. O que hoje se sabe se origina em grande parte de documentos relacionados com a Organização Gehlen que foram direcionados para os arquivos classificados de seu sucessor, o BND. Parece que foram deliberadamente arquivados sob o nome enganoso de "seguros", na esperança de que jamais alguém tivesse porque se interessar por eles.