quinta-feira, 22 de maio de 2014

Adélia Prado, uma pessoa extraordinária que não nos deixa perder a esperança no Brasil

Sou fissurado, apaixonado por ela, quando a ouço e leio me emociono profundamente. Adélia Prado é um ser humano no melhor de sua plenitude, como mulher, como cidadã e como escritora. Sou meio indeciso quanto à poesia, leio pouca, mas o que ela escreve tem passe livre na minha vida. E quando me lembro que ela é de Divinópolis, da minha Minas Gerais, aí então ... Em maio de 2010 fiz uma postagem sobre ela.

O foco desta postagem é um trecho da entrevista dela no programa Roda Viva em março deste ano -- que felizmente meu amigo Steele me enviou, e por isso lhe sou muito grato -- em que ela faz uma análise precisa, cirúrgica, definitiva sobre o momento político brasileiro. Mas antes de mostrar o vídeo, apresento uma pequena joia do relicário de Adélia:

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


Vamos agora ao vídeo, em que Adélia eviscera o momento político brasileiro:



A entrevista de Adélia no Toda Viva é longa, leva mais de uma hora, e pode ser vista aqui. Mas, vale a pena ver um pouco mais do trecho (de 25 minutos) de sua participação em que a análise acima se insere:




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