segunda-feira, 5 de maio de 2014

Rombo bilionário na Eletrobras é outra proeza do monumento de incompetência e irresponsabilidade chamado Dilma NPS

[Trabalhei na Eletrobras a maior parte da minha vida profissional, e sou testemunha dos desmandos políticos de que a empresa foi e continua sendo vítima. Há vários anos, no loteamento político feito das empresas estatais, a empresa virou feudo do PMDB e, mais especificamente, de José Sarney -- o presidente da empresa, vários diretores  e gerentes de cargos chaves são de indicação direta dele e/ou necessitam impreterivelmente de sua bênção para ocupar o cargo. Sarney é a versão escatológica do rei Midas, tudo o que toca vira estrume. Mas, ninguém foi tão criminosamente maléfico e irresponsável com a empresa e seu conjunto de subsidiárias e controladas como Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) -- ver, por exemplo, postagens anteriores, uma de janeiro de 2013 e a outra de abril de 2014 .  Mas não é só de gente do PMDB de que a empresa é cabide, ela está coalhada também de petistas ociosos e incompetentes. A reportagem abaixo, de Henrique Gomes Batista e Nelson Lima Neto, foi publicada em 05/5 pelo Globo. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

A crise no setor elétrico gera, até o momento, duas expectativas ruins e uma “vítima” real. Para o futuro se espera um forte aumento de conta de luz, que poderá ficar ainda mais cara até 2019, e o temor de racionamento. No presente, a grande perdedora é a Eletrobras. A estatal, que engloba Eletronorte, Eletrosul, Chesf e Furnas, amarga prejuízos bilionários, recebe valores que não cobrem seus custos, atrasa o pagamento de fornecedores, é obrigada a entrar em consórcios pouco conhecidos e com retorno duvidoso e perde seu corpo técnico. Especialistas acreditam que, devido ao prejuízo acumulado em 2012 e 2013, de R$ 13,217 bilhões, a empresa precisará de socorro do governo nos próximos anos. Este ano a conta não deve fechar de novo.

A Eletrobras tem sofrido com a interferência política, usada como braço empresarial para projetos do governo que causaram os atuais desequilíbrios do setor elétrico. Com isso, seu valor de mercado desabou de R$ 46 bilhões, em 2010, para os atuais R$ 11,094 bilhões, queda de 75,89%.

As dificuldades da estatal — cuja direção tem forte ligação com o PMDB, mas que está também sob influência direta da presidente Dilma Rousseff, que vem do setor elétrico — não são poucas nem pequenas. A empresa, que em 2006 estava se preparando para se internacionalizar e crescer, começou a ter problemas quando o governo a obrigou a usar suas subsidiárias para participar dos leilões de construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. Desde então, a estatal entra com mais de 40% em todo grande projeto de energia do país.

As decisões para estas participações são baseadas no desejo do governo de fazer grandes projetos saírem do papel. Um dos casos mais recentes foi o leilão da Usina Três irmãos, da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), quando a estatal apoiou um grupo de fundos de investimentos que não são do setor e sem conhecer seus controladores. Na sequência, a Eletrobras teve que assumir seis distribuidoras estaduais que foram federalizadas, geram prejuízos e precisam de aportes altos. [Essas distribuidoras são guetos de fisiologismo político da pior espécie, simplesmente inadministráveis e imensos sorvedouros de dinheiro.]

Empresa espera ter lucro este ano

O golpe de misericórdia foi dado em 2012, com a Medida Provisória (MP) 579, que tentou baixar à força o preço da energia no país, com uma proposta de renovação antecipada dos contratos do setor em troca de tarifas menores. Para isso, a estatal viu o valor de seus ativos caírem em R$ 10 bilhões e teve que celebrar contratos em que se compromete a vender energia elétrica a R$ 9 o megawatt hora (MWh), preço 92,5% menor que a média de R$ 120 praticada pelo setor hidrelétrico. Para piorar, a estatal, com seu Programa de Demissão Voluntária, tem perdido profissionais competentes, desmontando seu corpo técnico. "O governo está matando a Eletrobras a agulhadas", afirma Erik Eduardo Rego, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP. [A perda de cérebros da empresa é irrecuperável, qualquer notícia que fale em "transferência de saber" antes das demissões é mentira deslavada e irresponsável.]

A Eletrobras diz estar em fase de reestruturação. O objetivo da companhia, oficialmente, é voltar ao azul ainda este ano. “Estão sendo finalizados os estudos para a reestruturação do modelo de gestão empresarial, da governança corporativa e societária. Eles devem ser apresentados até o fim deste semestre. A empresa deixou de receber receitas no valor de R$ 8,5 bilhões e está, no momento, adequando-se a essa situação”, informou a empresa por e-mail.

Apesar de ser a maior empresa de energia do país, respondendo por 34% da geração nacional e com faturamento anual de R$ 23,8 bilhões, a empresa é apenas a 33ª mais valiosa da Bolsa. Seu valor de mercado (R$ 11,094 bilhões) está inferior ao de outras empresas menores do setor, como Tractebel (avaliada em R$ 20,8 bilhões e com receita anual de R$ 5,6 bilhões), Cemig (valor de mercado em R$ 20,2 bilhões e receita de R$ 14,6 bilhões) e CPFL Energia (avaliada em R$ 18,7 bilhões e receita de R$ 14,6 bilhões).

"O que ocorreu com a Eletrobras eu nunca vi em nenhum outro lugar do mundo. O governo determinou em 2012 a venda do MWh a R$ 9 baseado em estudos do período pós-apagão, quando a estatal teve prejuízo. Este valor não paga os custos. No futuro, o Tesouro Nacional terá que socorrer a empresa", diz Roberto D’Araújo, presidente do Instituto para o Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico. Graças à MP 579, diz D’Araújo, outra hidrelétrica vende o MWh a R$ 270 a 15 quilômetros de onde Furnas fornece a R$ 9, ambas geradas no mesmo Rio Grande.

Meta era ser "Petrobras do setor elétrico"

Presidente da Eletrobras entre 2003 e 2004, o diretor do Coppe/UFRJ Luiz Pinguelli Rosa recorda da meta central da empresa nos primeiros anos do século: transformá-la na Petrobras do setor elétrico. "Mas a MP 579 causou uma inviabilidade econômica gigantesca para a empresa. A depreciação foi enorme. O plano de demissão voluntária provocou a perda de bons engenheiros, de bons técnicos. Além disso, há dificuldade de manutenção na estrutura atual e problemas com distribuidoras e geradoras do Norte e do Nordeste".

Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ, afirma que a empresa tem que buscar investimentos que aumentem rapidamente seu fluxo de caixa: linhas de transmissão e geração eólica: "O que vemos na Eletrobras não é um abacaxi, é uma plantação de abacaxis", diz, defendendo que a empresa feche seu capital para ficar menos pressionada.

Karina Freitas, analista da Concórdia Corretora, diz que o problema é a interferência política. Sem isso, a Eletrobras poderia não ter renovado algumas das concessões dentro da MP 579. Para ela os papéis da estatal estão voláteis, ao sabor das pesquisas eleitorais, mas nem a piora da presidente — que pode indicar nova gestão — deve melhorar a cotação das ações.

Funcionários preocupados


A participação da estatal em grandes projetos, com fundos poucos conhecidos, gera desconfiança em Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP: "A Eletrobras é hoje uma muleta para o governo fazer negócios obscuros. E ela precisou assumir isso depois que o governo reduziu o valor de seu recebimento na canetada, sem estudo, pagando valores inexequíveis.

Na semana passada, os funcionários fizeram greve de dois dias para cobrar o pagamento da participação nos lucros e resultados. Segundo a Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel), a empresa alega que não houve lucros para o pagamento das bonificações. [Há um grupo de empregados da empresa que sempre teve queda para o humor negro e para a galhofa de velório -- reivindicar PL (participação nos lucros) na situação em que a empresa se encontra só pode ser safanagem.]


Procurado, o governo informou “que os entes públicos que falam sobre o setor elétrico são: Eletrobras, Ministério de Minas e Energia, EPE, ONS e Aneel. Sobre aporte do Tesouro, a fonte deve ser o Ministério da Fazenda”.


Vejam também:

Interferência do governo custou mais de R$ 180 bilhões a estatais brasileiras

[Em outra notícia na mesma edição, o Globo informa que "Eletrobras diz que investirá R$ 14 bilhões e segue com internacionalização". É pagar (caro) p'ra ver. Se o governo não lhe aportar o dinheiro extra de que necessita, esse investimento só ocorrerá se a empresa transformar água em vinho. Quanto à "internacionalização" da empresa, é outra empreitada que tem tudo p'ra dar errado e às nossas custas. A Eletrobras internacional que está sendo gerada é outra empresa inteiramente estatal, com os mesmíssimos vícios e vulnerabilidades da holding e, portanto, de competitividade baixíssima (próxima de zero), vista pelos "clientes" -- principalmente pelos latino-americanos e pelos africanos, alvos preferenciais da empresa -- como um braço estatal do Brasil e, por conseguinte, necessariamente disponível para negócios de pai para filho, chantagens políticas de toda espécie e mutretas entre governos. Estamos criando mais um posto de malversação do dinheiro público para sugadores internacionais das tetas do governo brasileiro.  


A proposta do grupo de planejamento para a formatação da Eletrobras Internacional (EI) não era essa, era a de seguir o modelo da sul-africana Eskom, que criou uma empresa inteiramente nova, enxuta, ágil, com técnicos de ponta do mercado e desvinculada da estatal podre, massa de manobra de políticos. Com essa estrutura de hoje, a EI é presa fácil para uma demagoga burra e irresponsável como Dilma NPS, que adora fazer caridade internacional com o nosso dinheiro. Se a Petrobras, com toda sua vivência internacional, virou gato e sapato da madame  e da curriola petista/peemedebista, imaginem a Eletrobras Internacional e seus amadores.]










 



Um comentário:

  1. Como não falta denunciar mais nada (ou falta?) a minha indagação vai plena de seriedade: Há no país pessoas em número suficiente que se importem com essa situação lamentável? As pessoas sem a educação dos bancos escolares e sem habilidades numéricas podem avaliar o que é a falência do setor energético de um país? Eis aí falsos dilemas, cujos resultados aparecerão tarde demais e bem depois das eleições.

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