terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Internet imperfeita

O escritor inglês Tom Rachman não é contra a tecnologia, mas acredita que há algo errado em como a utilizamos. “É como se a comida, essa maravilha, fosse descoberta agora. As pessoas, ansiosas, iam comer tudo o que vissem pela frente, até explodir. Isso é bom?”, indaga o autor do artigo Romantismo Offline, publicado no Link em setembro de 2011.

O encontro em Londres foi marcado por e-mail. Duas horas antes, Tom enviou uma mensagem de texto do celular para saber se a conversa estava de pé. Bom britânico – apesar de ter crescido no Canadá – chegou na hora e sabia qual chá ia tomar. Em um simpático café no bairro de Earl’s Court, zona oeste da cidade, foram dois bules de menta e cinquenta minutos de papo com o autor de Os Imperfeccionistas, seu livro de estreia – e já bestseller –, que chega ao Brasil neste mês pela Editora Record.

Rachman se anima ao falar que as reações anti-internet podem dar origem a um movimento. Ex-editor do International Herald Tribune, ele acredita que toda grande mudança social é correspondida por um efeito contrário. E antevê uma geração de “românticos offline”, que não apenas rejeitam as mudanças do mundo conectado, como fazem questão de alertar a sociedade sobre esse mal.

O curtir do Facebook, por exemplo, banalizou os sentimentos, ao colocar as pessoas à espera da aprovação de suas escolhas para o jantar ou o destino da próxima viagem. Mas essa curtição não atende à ansiedade tremenda que se estende pela rede. E isso, com o tempo, pode resultar numa tribo desconectada. “Os offliners ainda não existem, mas conheço alguns que já se enquadram neste perfil”, diz. Para ele, são pessoas com mais de 30 anos que irão dominar o movimento. Um grupo pequeno, uma simples revolução anti-digital que, vai saber, pode até ganhar força online. “Do mesmo jeito que se defende o uso de orgânicos, vejo um número de pessoas, num futuro próximo, fazendo críticas à tecnologia".

Segundo Rachman, os mais jovens até pensam nisso, mas absorvem melhor a ideia de a internet mudar tudo. Para o escritor, quem está acima dos 30 ainda se surpreende com o quão diferente era a vida – e os computadores. São os efeitos que vão mexer com os saudosistas do mundo desconectado. “Eles criticarão aquilo que consideram ser a degradação da consciência humana: a capacidade cada vez menor de prestar atenção, a dificuldade de concentração”, explica. Que a nossa memória já está abalada e não mais condicionada a gravar o que vemos ou lemos, não é novidade. Rachman cita dois livros que tratam do fenômeno, A Geração Superficial (Ed. Agir), de Nicholas Carr, e A Arte e a Ciência de Lembrar de Tudo (Ed. Nova Fronteira), de Joshua Foer. “Hoje em dia, não sabemos nem nosso próprio número de telefone”, diz.

Isso não sai de sua cabeça. É comum ouvir que a tecnologia nos torna mais produtivos e nos põe em contato com o mundo, mas ele tem certeza de que nem todos pensam assim. A enciclopédia da internet e todas as suas possibilidades funcionam como uma injeção de ansiedade e trazem forte sentimento de solidão. Basta ver um grupo de amigos no bar. Sempre tem alguém que está ali, mas não está, pois está online. Ele chama isso de falta de presença.

Estar ativo nas redes sociais, muitas vezes mais preocupado com a foto que será postada do que o momento em que algo está sendo vivido, é um dos pontos sobre os quais Tom discorre. Mas o que está mesmo em questão é essa necessidade que as pessoas têm de ser reconhecidas. “O ser humano é incrivelmente sociável e essas ferramentas parecem melhorar essa vontade de se comunicar, mas, na verdade, só estimula esse desejo ainda mais. Não acredito que a rede faça você se sentir mais comunicativo. Não é uma resposta porque só gera angústia”, diz.

E assim se diz distante desta excitação digital. Aos 36 nos, ele não twitta, mas perde um tempinho lendo os jornais online e criou uma página no Facebook para divulgar o livro. E diz que a mídia exagera ao tratar a internet como o foco de toda e qualquer revolução.  Ouvir isso de alguém que foi correspondente na França, nos EUA, na Índia e na Itália é de se levar em conta. “Não é que eu não acredite em revoluções que começam no Facebook ou no Twitter. Só acho que os resultados não vêm só daí. É importante, sim, que exista um canal aberto que revele muitas coisas, principalmente quando se trata de um país em que as autoridades são as principais ou únicas fontes de distribuição de informação. Mas não venha dizer que só a internet faz isso".

Ele também vê com desconfiança o WikiLeaks. “Muito se perde ali”, explica. “Jogar informações não é fazer jornalismo. E é difícil saber por que Julian Assange tomou as decisões que tomou, que tipo de jornalista ele é, e o que pretendia. Sinceramente, ele não me parece muito jornalista. Um veículo que está diretamente ligado à pessoa que o comanda, que o coordena? Não sei o que é política, mas acho que no final, tudo é uma questão de ética”, diz ao tentar separar informação de espionagem.

Já no final da conversa, Tom falou de como a tecnologia deslumbra e que isso está sob a autopromoção do governo do premiê britânico David Cameron, que diz querer transformar Londres em uma espécie de Vale do Silício, só porque está investindo US$ 23 milhões numa área batizada de Tech City.  Não que Tom seja contra a tecnologia e o que se ganha com ela. Ele só carrega, num discurso firme, expectativas que funcionam como uma projeção das ansiedades e das fantasias contemporâneas, como gosta de dizer. E repete: “Daqui a dez anos, as maravilhas da tecnologia terão alterado ainda mais o nosso cérebro e o nosso próprio ser, provocando uma feroz reação”, conclui.

[Sobre os efeitos da internet sobre os usuários , sugiro a leitura das postagens de janeiro, de agosto e de setembro de 2011.]

 Tom Rachman antevê geração que rejeita os efeitos da rede -- (Foto: Thais Caramico/AE).






Incompatibilidade total -- as tentativas de controlar a internet.

Rebecca MacKinnon* -- Especial para o Washington Post

No final de 2010, às vésperas da Primavera Árabe, um blogueiro tunisiano perguntou ao ativista egípcio Alaa Abdel Fattah quais nações democráticas deveriam ajudar os internautas rebelados no Oriente Médio. Abdel Fattah, que passou um período na prisão durante o governo de Hosni Mubarak, respondeu que, se as democracias ocidentais queriam apoiar os ativistas da internet, tinham de, primeiro, colocar a casa em ordem. E chamou as democracias do mundo ao “combate às tendências inquietantes que estão surgindo no seu próprio quintal” que “fornecem aos nossos regimes boas desculpas para suas próprias ações”.

Os acontecimentos alertados por Fattah estão hoje à mostra em Washington na batalha envolvendo dois projetos de lei antipirataria. Este confronto é o mais recente exemplo de como é difícil, mesmo para uma democracia estabelecida, proteger a liberdade e a propriedade intelectual na internet – e ao mesmo tempo também manter as pessoas protegidas. É um desafio que o Congresso dos EUA não tem conseguido enfrentar.

Mas Washington está despertando para a nova realidade: políticas habituais não são compatíveis com a era da internet, especialmente quando se trata de leis que a regem. E os protagonistas da web, junto de milhões de aficionados usuários que sentem que Washington está desconectada das suas vidas, perceberam que não podem ignorar o que sucede no Capitólio. Ambos os lados precisam agora enfrentar o já antigo choque de culturas entre Washington e a internet, com implicações que vão muito além de um blecaute temporário da Wikipédia.

Os políticos começaram a discutir a política da internet em meados dos anos 90, quando a web se desenvolveu como uma plataforma séria para o comércio, mas também para atividades que vão da pornografia ao ativismo político. As primeiras batalhas ilustravam o problema perpétuo das leis para internet: ao buscar proteger as pessoas, elas costumam não ter uma perspectiva futura e são amplas demais.

Para muitos críticos, esses foram os principais problemas com o projeto de lei no Senado conhecido como Pipa (Protect IP Act), cuja votação foi adiada para mudanças no texto, e da Sopa (Stop Online Piracy Act), na Câmara, engavetada depois de um violento protesto público.

Mas problemas similares de escopo e consequências remontam às primeiras medidas de regulamentação da internet. Foi o caso das contundentes batalhas políticas sobre a pornografia online. Em 1996, o Congresso aprovou o Communications Decency Act, que tornou crime a “transmissão” de material obsceno para menores pela internet. Em 1997, a Suprema Corte declarou a lei inconstitucional. De acordo com o juiz John Paul Stevens, a lei ameaçava “prejudicar um amplo segmento da comunidade online”, devido à sua linguagem muito vaga e a proteção dos menores infringia o “direito de livre expressão dos adultos”.

Em 1998, o Congresso tentou novamente impor a restrição com o Child Online Protection Act, exigindo que todos os operadores de serviços comerciais pela internet restringissem o acesso a menores no caso de os seus sites conterem “material nocivo a esses menores”, na forma definida pelos “padrões contemporâneos da comunidade”. Os autores do projeto argumentaram que a mesma lógica legal que se aplicava ao mundo físico deveria valer no digital e que a proteção do menor não limitaria a liberdade de expressão dos adultos. A batalha legal durou dez anos. A lei jamais entrou em vigor porque a Suprema Corte concluiu que suas definições e remédios eram amplos demais para se evitar que o direito dos adultos fosse prejudicado.

O custo gerado pela aprovação de uma lei errada e que não se ajusta às mudanças tecnológicas é alto. Em 1986, no início da era do e-mail e alguns anos antes de ser inventada a World Wide Web como a conhecemos hoje, o Congresso aprovou o Electronic Communications Privacy Act, autorizando a polícia a requisitar o conteúdo do e-mail de qualquer pessoa sem necessidade de uma ordem ou mandado judicial caso os dados estivessem armazenados nos servidores de um terceiro por mais de 180 dias. Por quê? Porque em 1986, bem antes do Gmail, do Hotmail e outros serviços, ninguém imaginava que alguém desejaria ou precisaria armazenar dados confidenciais em servidores remotos por muito tempo. Assim, qualquer coisa com mais de 180 dias era tida como abandonada.

Num esforço para atualizar a lei, Google, Facebook, Microsoft, AT&T e outras companhias se uniram a grupos de defesa das liberdades civis para fazer lobby no Congresso. Foram barrados por parlamentares de ambos os partidos, preocupados com as consequências políticas de parecer indulgentes com o crime.

A disputa da semana retrasada é um exemplo do lobby em ação. De acordo com a empresa de pesquisa de finanças de campanha, MapLight, durante o período eleitoral de 2010 os 32 patrocinadores no Congresso do projeto Sopa receberam quase US$ 2 milhões em doações de campanha dos setores de entretenimento de TV, música e cinema, que defendem a lei, em comparação com um volume de doações de pouco mais de US$ 500 mil, da indústria de software e internet, que se opõe às novas regras.
O setor da internet – formado em grande parte por empresas jovens – tem se mostrado lento nesse lobby, mas as grandes empresas do setor, lideradas pelo Google, estão lutando para recuperar o atraso. O Google gastou quase US$ 6 milhões em lobby em 2011, segundo o Opensecrets.org. Em dezembro, deu uma festa luxuosa para funcionários do Congresso. O Facebook aumentou seu escritório em Washington que era quase nada em 2010. E no ano passado o Twitter contratou um ex-funcionário do Congresso para montar o escritório da empresa na capital.

Mas como disse Alexis Ohanian, do Reddit: “gastamos nosso dinheiro em inovação, não fazendo lobby”.  Em parte, essa atitude de não envolvimento é responsável pelos projetos Sopa e Pipa. Durante anos os membros do Congresso ouviram que eleitores queriam mais proteção contra crimes, terrorismo e violações dos direitos de propriedade intelectual. Mas não chegaram até os congressistas demandas igualmente vigorosas para que direitos e liberdades online fossem preservados. O Congresso pode não se comunicar com a internet, mas a internet também não se comunica com o Congresso.
Há mais de uma década, o professor de Harvard, Lawrence Lessig, escreveu um livro sobre como os códigos de programação atuam como uma espécie de lei, ao determinar o que as pessoas podem ou não fazer nas suas vidas digitais. E como as vidas digitais estão se interligando cada vez mais à física, ele passa a moldar também nossas liberdades.  A crença de que as façanhas da engenharia e da programação triunfarão sobre os códigos legais de Washington é uma das muitas razões que levam o pessoal do Vale do Silício a preferir se concentrar nas soluções técnicas de problemas em vez de gastar tempo e dinheiro em política.

As empresas de internet criaram instrumentos de mídia social que alimentaram as insurgências do Tea Party e do movimento Ocuppy Wall Street e ajudaram candidatos políticos a angariar apoio popular. Mas, antes da semana passada, essas empresas não tinham realmente usado o poder de suas próprias ferramentas para fazer lobby contra uma legislação contrária aos seus interesses. A “greve” da internet mudou isso, permitindo às empresas mostrarem sua força política de uma maneira que o setor de entretenimento não poderá facilmente copiar.
Em 1996, o compositor do Grateful Dead e ativista digital John Pery Barlow redigiu uma Declaração da Independência do Ciberespaço. “Em nome do futuro, digo a vocês do passado que nos deixem em paz. Vocês não são bem-vindos entre nós. Vocês não têm nenhuma soberania onde estamos reunidos".  Desde então, nos 16 anos seguintes, o governo com certeza não deixou o ciberespaço em paz – porque muitos de “nós” queremos a sua proteção contra criminosos, pedófilos, valentões, espiões, xenófobos, terroristas.
Muitos desejam que o governo, que concebe o código legal, e as empresas, que definem o código de programação, nos defendam de ataques e roubos. Pagamos a eles por isso com parte da nossa liberdade, cliques, taxas de inscrição e impostos.  No entanto, a norma legislativa tende à eliminação, e não à gestão das ameaças online, sejam elas ataques cibernéticos ou roubo de propriedade intelectual. De algum modo hoje é aceita a aprovação de leis que estabelecem como pressuposto que os usuários são culpados até provarem sua inocência.
O Patriot Act e outras leis sancionadas autorizam agentes governamentais a acessar um enorme volume de comunicações digitais de cidadãos americanos sem mandado judicial ou mesmo sem uma suspeita de que um indivíduo pode estar envolvido num crime, como a lei exige para muitas buscas físicas. A Sopa também é equivocada no aspecto da eliminação de ameaças. Para proteger a propriedade intelectual, pretende tornar os sites responsáveis pelas atividades dos seus usuários. Isso significa que os sites terão de monitorar todos os usuários e bloquear quaisquer transmissões ou postagens que possam resultar em acusação de violação de direito autoral.

O ciberespaço, como sublinhou o juiz Stevens em seu parecer em 1997, revogando o Communications Decency Act, é um “meio de comunicação peculiar, que não tem localização geográfica, mas está disponível para qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo”. Assim, um parlamentar de Iowa pode votar a favor de um projeto de lei que acabará afetando os usuários da internet no Bahrein, que não terão nenhuma maneira de conseguir responsabilizá-lo. Isto porque serviços online usados no mundo todo têm sua base a nos EUA. Além disso, servidores de internet baseados em outros países que desejam estar acessíveis a usuários americanos também precisam respeitar a lei americana, afetando seus usuários de outros lugares.

E também, os governos em todo o mundo tendem a copiar regulamentos e leis sancionadas na América do Norte e na Europa, especialmente quando são uma oportunidade para exercer o poder via internet. Na Tunísia, onde a nova democracia está lutando para criar raízes depois de destituir seu ditador, islâmicos e outros conservadores apontam para leis recentemente aprovadas ou propostas nos países democráticos ocidentais como prova de que estão acompanhando a tendência global, procurando restabelecer a censura.

Por essas razões, ativistas em todo o mundo tiveram boas razões para se preocupar que um projeto de lei antipirataria como a Sopa pudesse obrigar sites do mundo todo que pretendam atrair uma audiência americana a instalar mecanismos de censura e monitoramento. Uma vez instalados, esses mecanismos dariam aos governo novas desculpas para exigir informações de usuários e a remoção de conteúdos.

Não é a primeira vez, nem será a última, que Washington tenta exercer poder sobre a internet de uma maneira que, para muitos americanos, os governados não deram o seu consentimento, sem falar na aprovação dos que estão conectados. Depois dos protestos, os projetos estão efetivamente mortos ou engavetados. Mas isso não significa que a revolução saiu vitoriosa.

Os defensores dos códigos digitais – e os milhões que dependem dos seus produtos – disseram não ao código legal que odeiam. Mas acabar com um inútil projeto de lei é só o primeiro passo. O próximo, mais vital, é a inovação política. Sem um enorme upgrade, esse sistema político continuará produzindo leis incompatíveis com a internet.  -- Tradução de Terezinha Martino.


* REBECCA MACKINNON É AUTORA DO LIVRO CONSENT OF THE NETWORKED: THE WORLDWIDE STRUGGLE FOR INTERNET FREEDOM (CONSENTIMENTO DOS CONECTADOS: A LUTA MUNDIAL POR LIBERDADE NA INTERNET). É MEMBRO DA NEW AMERICA FOUNDATION.





Tailândia comemora censura no Twitter

O Governo da Tailândia comemorou a decisão do Twitter de autocensurar seus conteúdos e anunciou que trabalhará com o portal para bloquear todas as mensagens que vulnerem as leis tailandesas, informou nesta segunda-feira, 30, a imprensa local.

O ministro da Informação e Comunicação, Jeerawan Boopern, qualificou de “avanço bem-vindo” a nova política do Twitter, que, na semana passada, assinalou que bloqueará “de forma retroativa” os conteúdos que vulnerem as leis locais de um país.

Na Tailândia, vigoram rigorosas leis contra conteúdos considerados ofensivos à monarquia e que limitam a liberdade de expressão na internet, o que acarretou penas de até 20 anos de prisão para os infratores. Jeerawan afirmou que o governo já recebe a “colaboração” de outros portais como Facebook e Google para garantir que se cumpra a legalidade no país.

A McFiva, uma agência de comunicação contratada pelo Twitter na Tailândia, afirmou que o novo sistema permite filtrar de forma automática as mensagens que descumprem as leis, quando antes requeria a solicitação prévia dos governos. ”O sistema pode filtrar automaticamente a maioria das menções ou derivar as mensagens”, disse Supachai Parchariyanon, diretor-geral da McFiva.

Nos últimos anos, as autoridades tailandesas utilizaram a lei de meios de imprensa eletrônicos para bloquear dezenas de milhares de páginas web pornográficas e contrárias à lei de lesada altivez, embora ativistas e ONGs denunciem que também foi utilizada como desculpa para aplacar a opositores.


Arquivos do Megaupload podem ser apagados

Arquivos de usuários do Megaupload podem começar a ser apagados na quinta-feira, 2, disseram promotores norte-americanos nesta segunda-feira, 30. Vejam postagem anterior sobre o fechamento do Megaupload.

Uma carta enviada pela Justiça do Estado americano da Virgínia na sexta-feira afirma que as empresas Carpathia Hosting Inc. e Cogent Communications Group Inc., contratadas pelo Megaupload para armazenar os arquivos subidos pelos usuários, podem começar a exclusão de dados na quinta-feira. As companhias não comentam o caso.

O advogado do Megaupload, Ira Rothken, afirmou que a empresa está trabalhando com os promotores para que as informações não sejam apagadas dos servidores. Segundo ele, pelo menos 50 milhões de usuários do serviço possuem arquivos que estão sendo ameaçados de exclusão.

O site de compartilhamento de arquivos Megaupload foi fechado no dia 19 e sete executivos, incluindo o fundador da empresa, Kim Dotcom, foram presos e acusados de facilitar milhões de downloads de filmes, músicas e outros conteúdos protegidos por diretos autorais. No dia 26, dois diretores presos na Nova Zelândia receberam liberdade condicional, mas Dotcom segue preso à espera da decisão sobre o pedido de extradição feito pelos Estados Unidos.

Kim Dotcom, fundador do site Megaupload, continuará preso na Nova Zelândia até decisão judicial sobre o pedido de extradição feito pelos EUA - (Foto: EFE).

Bancos e empresas na internet na luta contra o spam

Algumas das maiores empresas mundiais de internet e de finanças desenvolveram uma nova abordagem para combater o spam, com a esperança de reduzir as trapaças online e via e-mail. Facebook, Google e Microsoft se aliaram aos grupos financeiros Bank of America, Fidelity Investments e à divisão PayPal do eBay a fim de criar padrões setoriais que impeçam criminosos de enviar mensagens de spam que parecem ter por origem endereços de e-mail de empresas.

Criminosos muitas vezes assumem a identidade de bancos e outras empresas de confiança em seus esforços para persuadir destinatários de e-mail a revelar números de cartões de crédito, informações sobre contas bancárias e outros dados pessoais, ou clicar em links que infectariam seus computadores com software nocivo. A nova abordagem prevê que os serviços de e-mail e empresas ataquem os praticantes de spam por meio da coordenação do uso de duas tecnologias existentes de autenticação de e-mail, conhecidas pelas siglas SPF e DKIM, que ainda não foram adotadas em larga escala.

O PayPal é uma das empresas que já utilizam as tecnologias SPF (Sender Policy Framework) e DKIM (DomainKeys Identified Mail) para combater trapaças via e-mail, mas apenas por meio de parcerias com o Yahoo e Google, disse Brett McDowell, gerente de segurança do PayPal e presidente do grupo de trabalho que desenvolveu o novo padrão. O grupo é conhecido como DMARC.org, ou Domain-based Message Authentication, Reporting and Conformance.

Se o Yahoo ou o Google recebem um e-mail que alega o PayPal como origem mas não conta com a devida autenticação via SPF ou DKIM, a mensagem não é entregue. Mas, caso a mensagem tenha sido encaminhada a outros serviços de e-mail, pode ser aceita. “O que precisamos é de um padrão para toda a internet que permita esse nível de proteção em larga escala, sem necessidade de quaisquer discussões ou acordos de parceria”, disse McDowell. “Essa é a proposta de trabalho da DMARC”.  Outras empresas envolvidas no projeto são American Greetings, LinkedIn e Yahoo, além de Agari, Cloudmark, eCert, Return Path e Trusted Domain Project.

Michael Versace, analista de segurança da IDC, disse que a abordagem recomendada pelo grupo parece efetiva e de baixo custo. Mas ponderou que o setor precisa continuar desenvolvendo tecnologias de combate a spam, prevendo que os cibercriminosos desenvolvam formas de contornar as proteções da DMARC.

Site do Bradesco é derrubado, e Anonymous se diz o responsável

Ontem foi o site do Itaú, hoje o do Bradesco -- parece que os hackers do Anonymous estão cumprindo sua promessa de tumultuar a vida dos bancos brasileiros, em represália aos projetos de medidas antipirataria.

O site do banco Bradesco ficou fora do ar na manhã desta terça (31). O problema está sendo atribuído a um ataque do grupo Anonymous, parte de uma série de ações em protesto contra projetos de lei antipirataria como Sopa, Pipa e ACTA. Um perfil brasileiro do grupo no Twitter, @anonbrnews, reivindicou a autoria do ataque ao Bradesco com a seguinte mensagem: “#OpWeeksPayment – ATENÇÃO MARUJOS: Alvo atingido! O bradesco.com.br está à deriva! TANGO DOWN!”.

O Bradesco negou que a queda do site fosse obra de ação hacker. No Twitter oficial do banco, foi publicada a seguinte mensagem: “O site do Banco teve momentos de intermitência com volume de acessos acima da média. As medidas para a normalização estão sendo adotadas". Por volta das 13h00, o site já funcionava normalmente.

Se confirmada a autoria do Anonymous, será o segundo ataque do grupo a um site de instituição bancária esta semana. Na segunda-feira, a vítima foi a vez da página do Itaú. O grupo batizou a série de ataques de #OpWeeksPayment. Seu objetivo seria alertar os brasileiros contra a injustiça e a corrupção.

Como fica nossa privacidade com as mudanças no Google a partir de 1° de março?

Em um mês, no dia 1º de março, todos os usuários terão aceito a recente – e significativa – mudança na política de privacidade do Google. O principal ponto da reformulação no trato dos dados dos usuários é a unificação dos termos de 60 serviços da empresa. Agora, você topa a política de dados do Google, e não mais do Gmail, do YouTube ou do Google Plus. Ficam de fora da unificação os serviços mais delicados, como Google Wallet, em que há pagamentos envolvidos.

Isso significa que as informações fornecidas pelo usuário no uso de um dos serviços da empresa, digamos, o buscador, serão usadas em todos. Por exemplo, se você passou a última hora logado no Google buscando sites sobre skates, a próxima vez que entrar na sua conta do YouTube, há uma grande chance de o serviço de vídeo recomendar a você vídeos com manobras do Tony Hawk. Antes, os dados eram tratados separadamente, e de acordo com as regras dos termos de cada um dos serviços. A ideia do Google é simplificar as políticas de privacidade de seus serviços, além de usar as informações para melhorar o direcionamento dos anúncios.

A mudança começa a valer em 1º de março e todos usuários serão obrigados a aderir a ela a partir dessa data. Em sua página, o Google diz apenas que, “se o usuário preferir”, quem não estiver satisfeito pode excluir a sua conta nos seus serviços, apagando todos os dados armazenados – se tomar essa decisão, lembre-se que todos os serviços da empresa estarão incluídos na exclusão do perfil, entre eles o Gmail.

Mais simples. A proposta busca remover algumas das barreiras legais que o Google enfrentava com as 70 diferentes políticas de privacidade que mantém, hoje, para os seus serviços. Agora, uma única política dará conta dos dados dos usuários em serviços como Google Plus, Gmail, buscas, YouTube e Google Maps. Políticas separadas continuam regendo serviços específicos, como o Wallet. Segundo o anúncio do Google, das 70 políticas de privacidade, 60 serão consolidadas em uma. “Agências reguladoras em todo o mundo têm pedido políticas de privacidade e termos de serviço mais curtos e simples — e ter uma política só cobrindo diferentes produtos é agora um padrão justo na web”, escreveu Alma Whitten, diretora de privacidade do Google, em um post no blog oficial da empresa.

A nova política de privacidade que entra em vigor em março está disponível no endereço www.google.com/policies/privacy/preview. E os novos termos de serviço, que também serão consolidados em apenas um documento, podem ser lidos em www.google.com/policies/terms.

Dados cruzados. Ainda assim, as mudanças já vêm atraindo críticas por causa da grande quantidade de informações coletadas — incluindo a localização, a lista de contatos e o conteúdo de e-mails de um usuário.  Por outro lado, o Google espera melhorar a experiência dos usuários de seus diversos serviços e dar aos anunciantes uma melhor forma de identificar potenciais consumidores.

“Se você está logado no Google, nós podemos sugerir termos de busca ou melhorar os resultados baseados nos interesses que você expressou no Google Plus, no Gmail e no YouTube”, diz a empresa em uma página que explica a mudança de privacidade.

Em um vídeo que apresenta a mudança, a empresa explica como poderá, por exemplo, alertar o usuário de que ele está atrasado para uma reunião cruzando dados do Calendar com a localização do usuário e as informações de trânsito no trajeto que ele terá de percorrer até chegar ao local do compromisso.

Ryan Calo, diretor de privacidade do Centro para Internet e Sociedade da Universidade Standford, disse que o Google está tentando fazer o melhor que pode para simplificar sua política de privacidade e torná-la transparente sem entediar as pessoas com inúmeras páginas de termos legais. Os documentos agora têm cerca de 10 mil palavras, em vez de 68 mil. Mas ele afirmou que a empresa ainda tem de ser cuidadosa sobre como usa os dados sem revelar informações delicadas. “Se as pessoas ficam com medo, então elas precisam estar cientes disso”, disse.

Corrosivo. Em texto para oGizmodo, o jornalista de tecnologia Mat Honan resumiu a mudança assim: “ vem ‘desanonimizando’ você consistentemente. Em primeiro lugar, exigindo que no Plus fossem usados apenas nomes reais e não apelidos. Depois amarrando seu perfil no Plus à sua conta no Gmail. Mas este agora é um nível inteiramente novo de compartilhamento. E dada a repercussão negativa que houve em torno das regras de privacidade do Plus, é especialmente perturbador que a empresa esteja tomando medidas para corroer ainda mais a privacidade dos usuários".


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Europa: crise põe 30 milhões de pessoas à beira da pobreza

O texto abaixo é da autoria de Sílvio Guedes Crespo e foi publicado hoje no blogue Radar Econômico do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto no Brasil os jornais relatam o crescimento da “nova classe média“, na Europa o assunto são os “novos pobres”. O site do diário espanhol “El País” publicou uma reportagem segundo a qual aumentou em 30 milhões o número de pessoas que estão no limite entre a classe média e a pobreza. Só que esse aumento não se deu pela ascensão de quem estava embaixo, e sim pelo desemprego enfrentado por quem está na faixa média.

Em 2007, antes da crise, havia [na Europa] 85 milhões de pessoas no limite da pobreza (17% da população); em 2009, 115 milhões (23%).

Os países que mais sofreram foram a Bulgária e a Romênia, segundo o jornal, onde essa proporção quase dobrou, atingindo 46% e 43% da população local, respectivamente. Os países em melhor situação são República Tcheca (14%), Holanda (15%) e Suécia (16%).  Nessa pesquisa, a linha que separa a classe média dos pobres é definida como um domicílio com renda anual de 7.980 euros (R$ 18.200), ou 665 (R$ 1.500) por mês.

Usar números pode parecer uma forma objetiva de classificar a pobreza. Mas um critério subjetivo, só que verdadeiro, tem tomado forma para descrever os “novos pobres”: são as pessoas que costumavam ajudar os desfavorecidos, e agora assumem o papel de buscar ajuda. É como disse o secretário geral de Caritas Europa, uma entidade de assistência humanitária: “Os voluntários de antes são hoje nossos beneficiários”.

Fim da classe média?

O jornal português “Diário Económico” publicou uma notícia que vai na mesma linha do periódico espanhol. Com o título “Classe média em Portugal poderá desaparecer”, o texto traz uma análise do sociólogo Elísio Estanque segundo a qual esse estrato da sociedade “está em risco de empobrecimento muito rápido”.

Em países com industrialização ou democracia tardia, como é o caso de Portugal, a classe média cresceu rapidamente, mas de forma pouco consistente, baseada na expansão do Estado social. “Estamos num momento de encruzilhada de viragem. Não é só Portugal. Estamos num mundo conturbado, estamos num momento de transição. Para o bem ou para o mal. A História está em aberto”, disse Estanque ao jornal. Ele é autor do livro “Classe Média: Ascensão e Declínio”.

Múmia confirma que câncer de próstata tem origem genética

A descoberta de um câncer de próstata em uma múmia com 2.200 anos sugere que a doença não é necessariamente ligada à interferência do ambiente ou da industrialização.  "As condições de vida de tempos antigos eram muito diferentes, sem poluentes ou alimentos modificados", comentou o professor Salima Ikram, da Universidade Americana, no Cairo (Egito). "[Isso] nos leva a acreditar que a doença não está necessariamente e somente ligada a fatores industriais", diz o pesquisador que nos últimos dois anos estudou a múmia, guardada no Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa, em Portugal.

A conclusão foi possível graças ao uso de uma tomografia computadorizada que produziu imagens raras de alta definição", comentou o radiologista de imagens Carlos Prates. O homem com câncer teria morrido por volta de 285 a.C., e sua morte foi devagar e dolorosa. "As lesões nos ossos foram consideravelmente sugestivas de um câncer de próstata em metástase", diz o artigo publicado no "International Journal of Paleopathology".

Esse é o segundo mais antigo caso de câncer de próstata já encontrado. O primeiro, encontrado em 2007, é de uma múmia de 2.700 anos de idade que morreu na Sibéria. 

A múmia de 2.200 anos que está guardada no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa- (Foto: Museu Nacional de Arqueologia/Associated Press).

Hackers tiram site do Itaú do ar e prometem fazer o mesmo com outros bancos

Hackers brasileiros do grupo Anonymous divulgaram nesta segunda-feira o inicio de uma ação para tirar do ar sites de instituições bancárias públicas e privadas no Brasil. Segundo o grupo, a ação batizada de #OpWeeksPayment é um protesto contra a corrupção e será feita ao longo da semana com o intuito de deixar a cada dia um serviço de internet banking fora do ar por pelo menos 12 horas.

Ainda de acordo com o Anonymous, esta semana foi escolhida para as ações, pois concentra dias em que a maioria das empresas fazem o pagamento de salários a seus funcionários e, portanto, quando os sites de internet banking têm maiores demandas de acesso. 

Nesta segunda-feira o primeiro alvo foi o site do banco Itaú, que conforme a Folha constatou, ficou indisponível entre as 10h05 e as 10h11, após realizar diversas tentativas de acesso neste período. As tentativas foram feitas por conexões de três redes diferentes. Entre as 10h11 e as 10h20, o site passou a funcionar, mas com lentidão.

A assessoria de imprensa do Itaú confirmou por meio de nota que houve indisponibilidade do site do banco por alguns momentos na manhã de hoje, mas não informou os motivos do problema.  O grupo de hackers ainda comemorou a instabilidade do site do banco em seu perfil no twitter.

A Folha apurou ainda que além do primeiro ataque realizado nesta segunda-feira contra o Itaú, dois bancos públicos e dois privados estão na mira dos hackers para novos ataques. 

Lula, um homem completamente sem ética

No dia 25 de janeiro deste ano, praticamente toda a mídia impressa do país publicou a foto abaixo, em que Lula -- o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA) -- aparece abraçado com Reynaldo Gianecchini que, como o NPA, passa por tratamento quimioterápico para tratamento de câncer.

Lula e Reynaldo Gianecchini no Hospital Sírio-Libanês (SP), no dia 25 de janeiro de 2012 - (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula).

Tenho certeza de que muita gente se emocionou com essa foto e deve ter dito: "Puxa, esse Lula é fora de série, não se esqueceu de dar um abraço de solidariedade no Gianecchini! Só ele mesmo!". É compreensível que a primeira reação seja essa, e foi exatamente nisso que Lula -- o Nosso Pinóquio Acrobata -- apostou quando fez esse gesto "cristão". Só que o jornalista Reinaldo Azevedo, da Veja, percebeu um detalhe importantíssimo, que pouca gente ou ninguém percebeu: o responsável por essa imagem é o fotógrafo Ricardo Stuckert, do Instituto Lula. Quem é esse cidadão? Ricardo Stuckert é o fotógrafo oficial de Lula, o NPA, desde sua posse no governo em janeiro de 2003.

Quem é que carrega seu fotógrafo oficial para uma visita que deveria ser de simpatia, camaradagem e solidariedade a um parceiro de luta contra uma doença terrível como o câncer, senão um péssimo caráter como Lula, o NPA?! Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata, faz marketing de qualquer coisa, com quem quer que seja, em qualquer situação, se concluir que isso contribui para sua promoção com a "sua" galera. Principalmente quando o coadjuvante de sua autopromoção é uma figura querida do público como o Gianecchini. Como diz Reinaldo Azevedo, Lula (o NPA) faz agora o "câncer fashion".

Ganha um prêmio quem descobrir um exemplo sequer de Lula (o NPA) presente em um fato qualquer trágico ou desagradável durante seus oito anos de governo. Como comenta hoje Ricardo Noblat em sua coluna no O Globo, Lula (o NPA) fazia questão de manter distância de desastres de qualquer porte. Não pôs os pés, por exemplo, em São Paulo quando ali se espatifou no dia 17 de julho de 2007 o Airbus A-320 da TAM, matando seus 187 ocupantes e mais 12 pessoas no solo. Na ocasião, Lula mandou seu ministro da Aeronáutica representá-lo.

Lula, o NPA, produziu e continua gerando os maiores danos à cidadania e à moralidade lato sensu já vistos neste país. Foi conivente, por ação e omissão, com a corrupção em seu governo -- todos os seis ministros demitidos por Dilma Rousseff por corrupção são, sem exceção, egressos de seu governo e de seu ministério. E os atos de corrupção que os derrubaram remontam, em sua esmagadora maioria, às suas gestões nos governos de Lula, o NPA. Toda a camarilha do mensalão é gente de sua intimidade pessoal e política, e é obviamente por ele ferrenhamente defendida. Um dos maiores mistérios jurídicos deste país é a ausência de Lula na trintena de acusados desse mensalão.

Lula, o NPA, descuidou acintosamente da saúde, da educação, e da infraestrutura do país (para ficar só em três exemplos) em seus dois mandatos e hoje, além do país, quem paga o pato é sua cria e tutelada Dilma Rousseff. Quando presidente, dizia maravilhas do sistema de saúde pública de seu governo, chegando a dizer, com sua hipocrisia e sua amoralidade de sempre, que "dava até vontade de ficar doente" -- mas quando foi diagnosticado com câncer, foi se tratar no Hospital Sírio-Libanês, o mais caro do país.

Com seu peculiar conceito de ética e de moralidade de sarjeta, usou de maneira absolutamente distorcida e consciente o fato de ter tido baixo nível de instrução. Achava bonito repetir à exaustão que tinha tido pouca instrução e que não gosta de ler, e fazia piadinhas ridículas quando falava uma ou outra expressão mais "finesse". Seu sonho parece ser o de um PT e de um país repletos de semialfabetizados, de preferência com alguns fortes traços de ignorância como ele. Não é à toa que Reinaldo Azevedo o chama, muito acertadamente, de "o Apedeuta".

Lula, o NPA, não restringiu ao país seus exemplos e ensinamentos de zero de ética e de moralidade política. Fez questão de paparicar publicamente, com frases e fotos ridículas, ditadores ou dirigentes de péssimo padrão ético como o venezuelano Hugo Chávez, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, o líbio Muhamar Kadhafi, e os irmãos Castro (Raul e Fidel) cubanos. Desdenhou da greve de fome de um dissidente político cubano quando esteve oficialmente em Havana, e expulsou de volta para Cuba dois boxeadores cubanos que pediram asilo ao Brasil no fim dos Jogos Panamericanos.

Não alcançam os dedos de uma das mãos as entrevistas que deu à nossa imprensa -- essas "miudezas" democráticas o aborrecem profundamente, porque não gosta de correr o risco de não ser reverenciado ou paparicado pelos jornalistas, e ter de esconder a textura de queijo suiço de seus governos.

Na fase da campanha presidencial circulou na Internet um vídeo em que José Dirceu (o eterno guru de Lula, o NPA, e do petismo), sem saber que estava sendo filmado, dizia algumas pérolas do catecismo político de baixíssimo nível do PT por ele criadas e/ou defendidas. Em certo momento, ao perceber que estava sendo enquadrado pela câmera, Lula (o NPA), no fundo da sala, começa a se esgueirar pela parede para sair da sala e da filmagem. Lula não tem feito outra coisa na vida que não seja esgueirar-se da ética, da decência, da moralidade, do bom exemplo.

Quem quiser conhecer um pouco mais a personalidade untuosa de Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata, deve ler "O Lulismo no Poder", de Merval Pereira, e "Deu no New York Times", de Larry Rohter.

É profundamente lamentável que um dos maiores, senão o maior, fenômenos políticos da história do país tenha uma conduta tão corrosiva, tão maquiavélica, tão abjeta, tão rasteira, tão pervertida e tão repugnante! O retrato dele com Gianecchini é a expressão definitiva, requintada e sorridente de seu péssimo caráter.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Grécia tem de optar por reforma ou calote, diz ministro alemão

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, disse em entrevista ao Wall Street Journal que a União Europeia poderá se recusar a aprovar um novo pacote de ajuda financeira à Grécia, obrigando o país a entrar em moratória, a não ser que o governo grego convença a Europa de que tem como reformar o Estado e a economia. "A Grécia é que precisa decidir", disse Schäuble quando indagado sobre se a União Europeia vai ou não aprovar o segundo pacote de ajuda financeira para a Grécia, avaliado em € 130 bilhões (US$ 172 bilhões).

Segundo o ministro alemão, a Europa está "preparada para apoiar a Grécia" com um novo programa de crédito, mas ressalvou que "a não ser que a Grécia implemente decisões necessárias, e não apenas anuncie, não há dinheiro que possa resolver esse problema". "Talvez nós e nossos parceiros tenhamos de procurar maneiras de ajudar a Grécia nessa tarefa difícil, de uma maneira ainda mais próxima", acrescentou Schäuble, referindo-se aos informes de que a Alemanha quer obrigar a Grécia a aceitar um monitor permanente da União Europeia para acompanhar sua política fiscal, com poder de veto sobre decisões de gastos do governo.

Resposta

Em comunicado divulgado hoje, o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, reagiu à proposta alemã dizendo que "países maiores" não deveriam forçar a Grécia a "um dilema entre ajuda econômica e dignidade nacional".

Os persistentes déficits fiscais da Grécia significam que o país está tendo dificuldades para recuperar solvência, apesar da expectativa de um acordo de reestruturação de dívida com credores privados que reduziria seu débito com esses credores em cerca de € 100 bilhões. Para muitos economistas, mesmo que esse acordo saia, os credores oficiais da Grécia, entre eles o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e os governos dos outros países da União Europeia, acabarão tendo de perdoar parte da dívida grega. Schäuble não descartou essa possibilidade. "Vamos ver como o pacote todo vai ficar", afirmou, ressalvando que o BCE é independente e tomará sua própria decisão a respeito.

A União Europeia tem até meados de março para aprovar um novo pacote de ajuda financeira para a Grécia, já que o país tem um pagamento de € 14,4 bilhões a vencer no dia 20 daquele mês; para alguns funcionários da UE, esse pacote precisará ser de cerca de € 145 bilhões, e não os € 130 bilhões discutidos (e aprovados em princípio) em outubro passado.

Default

A alternativa - uma moratória grega no fim de março - poderia provocar uma nova onda de pânico no mercado de bônus governamentais europeus, com a ameaça de que outros países da zona do euro, como Grécia e Espanha, vejam as portas dos mercados de crédito se fecharem.  O medo desse contágio é a principal razão para a Alemanha e outros países verem um segundo pacote de ajuda à Grécia como um "mal menor". Mas o governo alemão está cada vez mais exasperado com o que vê como relutância das lideranças políticas gregas em implementar novas medidas de austeridade e com a demora na implementação de reformas econômicas.

Schäuble, de 69 anos, é um veterano político conservador e o segundo mais poderoso integrante do governo da chanceler Angela Merkel. Ele é conhecido como defensor intransigente do euro e como guardião das contas públicas alemãs. Durante a entrevista ao Journal, o ministro defendeu as posições do governo alemão em relação à Grécia de críticas cada vez mais intensas.

Nos últimos dias, durante a reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), vários participantes exortaram a Alemanha a relaxar sua cruzada pela austeridade fiscal a qualquer custo, a fazer mais para apoiar o crescimento econômico e a construir uma "rede de segurança" financeira maior, para assegurar aos mercados que os governos dos países da zona do euro vão manter sua liquidez. [Há críticas de peso contra o que é considerado excesso de ênfase dos alemães em uma política de rígida austeridade fiscal para a União Europeia, sem qualquer espaço para medidas de apoio ao crescimento regional -- teme-se que a dosagem do remédio alemão acabe matando o paciente.]

Schäuble disse que a Alemanha está fazendo o possível para apoiar seu próprio crescimento e rejeitou as propostas por um fundo europeu de assistência financeira substancialmente maior. "Na zona do euro, só vamos reconquistar a confiança que perdemos por meio de políticas estáveis", acrescentou. Ele também disse que a atual estagnação da economia alemã é "apenas temporária". "Uma recessão parece muito diferente do que está acontecendo agora na Alemanha", acrescentou. As informações são da Dow Jones. 

Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha - (Foto: Wikipedia).



Pentágono quer "navio-mãe" como base de comandos no Oriente Médio

O Pentágono está apressando o envio de uma grande base flutuante para grupos de comando no Oriente Médio, devido ao aumento das tensões com o Irã, com a al-Qaeda no Iêmen, e com piratas somalianos, entre outras ameaças.

Em resposta a uma solicitação do Comando Central dos EUA, que supervisiona as operações militares no Oriente Médio, a Marinha está convertendo um navio de guerra velho -- que havia planejado desativar -- em uma base temporária para os comandos [tropas especiais]. Oficiosamente apelidado de "navio-mãe", a base flutuante pode acomodar barcos menores de alta velocidade e helicópteros, comumente usados pelos SEALs da Marinha, segundo mostram documentos do governo.

As forças de Operações Especiais são uma peça chave na estratégia da administração Obama para tornar as forças armadas americanas mais compactas e mais ágeis, tendo em vista que o Pentágono enfrentará cortes de gastos de pelo menos US$ 487 bilhões na próxima década.

O tenente-coronel comandante Mike Kafka, um porta-voz do Comando das Forças de Frotas da Marinha, declinou de dar mais detalhes sobre o objetivo da base flutuante ou de dizer onde, exatamente, ela ficará estacionada no Oriente Médio. Outros oficiais da Marinha admitiram que estavam trabalhando em um ritmo incomum, para concluir a conversão e enviar o navio para a região por volta do início do verão.

Documentos da Marinha indicam que o navio pode ser direcionado para o Golfo Pérsico, onde o Irã tem ameaçado bloquear o Estreito de Ormuz, uma rota marítima crucial para grande parte do suprimento de petróleo mundial. Uma proposta de pesquisa de mercado emitida pelo Comando de Operações de Carga Marítimas Militares, datada de 22 de dezembro e postada online, afirma que a base flutuante destina-se ao Golfo Pérsico. Outros documentos contratuais não especificam um local, mas dizem que o navio-mãe seria usado para missões de "apoio a medidas defensivas contra minas". Oficiais da defesa dizem que, se o Irã tentar fechar o Estreito de Ormuz ele se apoiará em minas para obstruir a rota marítima.

Com uma grande base naval no Bahrein, e um ou dois grupos de porta-aviões usualmente comissionados para a região, a Marinha tem uma forte presença no Golfo Pérsico e águas adjacentes. O acréscimo do navio-mãe terá relativamente pouco efeito para aumentar o poderio marítimo dos EUA, mas poderá desempenhar um papel útil na realização de missões de comando secretas longe da costa.

A operacionalização da base flutuante pode também marcar o retorno dos grupos dos SEALs às operações marítimas, pois na última década eles passaram a maior parte de seu tempo em operações terrestres no Iraque e no Afeganistão.

[...] A base flutuante poderia ser adequada também para as costas da Somália, um país falido sob todos os aspectos, que abriga um ramo da al-Qaeda e quadrilhas de piratas [esta história de piratas "da Somália" está mal contada -- vejam o vídeo  http://dotsub.com/view/8446e7d0-e5b4-496a-a6d2-38767e3b520a ]. Um navio-mãe ali daria aos SEALs ou a outros comandos mais flexibilidade em missões como a de quarta-feira, na qual foram resgatados um dinamarquês e uma americana que há meses eram reféns de piratas somalianos. 


O navio anfíbio de assalto americano USS Ponce navega pela Canal de Suez em março de 2011. Se reformado como um "navio-mãe", o navio poderia servir de apoio para missões dos SEALs da Marinha americana - (Foto: The Washington Post).

O fim da lenda gurca?

Os gurcas  (também chamados de gurkhas) são soldados lendários, oriundos do Nepal, que compõem uma unidade de elite do exército britânico. São conhecidos por sua bravura, pela utilização do kukri e de técnicas de artes marciais. Sua coragem em combate, destacada durante a guerra do Nepal, entre 1814 e 1816, impressionou os ingleses, que os encorajaram a alistar-se como mercenários junto às forças armadas da Companhia das Índias Orientais. Os gurcas atuaram com destaque na guerra contra a Argentina em 1982 pela posse das Ilhas Falklands/Malvinas, com o 1° Batalhão - 7th Duke of Edinburgh's Own Gurkha Rifles, integrando a 5ª Brigada de Infantaria britânica.

Sob a lei internacional, os gurcas britânicos não são mercenários, mas sim soldados que integram o exército britânico, estando sujeitos a todas as regras e leis como qualquer outro soldado do Reino Unido. Além do exército britânico, os gurcas são recrutados também pela Força Policial de Cingapura, compondo seu Contingente Gurca, e pelo exército da Índia. 

Hoje República Federal Democrática do Nepal, o Nepal (cuja capital é Katmandu) foi uma monarquia até maio de 2008, quando, pressionado, seu monarca Gyanendra Shah renunciou e o país, via eleições livres, passou para um regime presidencialista multipartidário, com predominância do Partido Comunista do Nepal, de tendência maoísta -- seu primeiro presidente, Ram Baran Yadav, foi empossado em 23 de julho de 2008. O país, aos pés do Himalaia, é um enclave territorial entre a China (ao norte) e a Índia (ao sul, leste e oeste). 

Segundo notícia que me foi trazida por meu dileto amigo José Antonio, a quem agradeço, parece que a lenda dos gurcas corre o perigo de desaparecer por pressão do governo atual, de tendência maoísta, conforme reportagem do Asia Times traduzida a seguir.

Pessoas que querem escrever um epitáfio para o legado gurca argumentam que ele é uma mancha para o Nepal, como um país independente e soberano.  Para elas, a tradição que começou em 1815 é um exemplo de uma grande anomalia, e tem que ser encerrada no "novo" Nepal pós-monárquico. Suas opiniões estão refletidas em um relatório recentemente aprovado, por unanimidade, e emitido por uma comissão parlamentar de todos os partidos, dominada por legisladores maoístas.

Isso atraiu considerável atração da mídia, com muitos artigos nos jornais e talk shows na televisão concluindo que o Nepal deveria deixar de ser visto como um país que exporta "mercenários".  - "O recrutamento de gurcas deu à juventude uma pequena oportunidade de trabalho ... mas nem sempre permitiu ao país manter sua cabeça erguida", diz o relatório da comissão, que se refere também às "perdas" que o Nepal sofre quando esses jovens são encorajados a adotar a cidadania de outros países. Esta alusão se refere basicamente ao Reino Unido, que mantém uma brigada de gurcas, e à Índia, que tem um contingente muito maior de gorkhas -- como ali são chamados -- em seu exército nacional.

Coincidentemente, o relatório parlamentar veio a público no momento em que o Secretário de Defesa britânico, general David Richards, estava em visita ao Nepal. Seu roteiro oficial incluiu uma visita à cidade turística de Pokhara onde, no dia 4 de janeiro, ele participou do "desfile de confirmação" (attestation parade) que marcou a admissão formal de 176 recrutas homens no exército britânico. "Essa cerimônia de apoio e lealdade, secundariamente, é conduzida com pleno reconhecimento do fato de que aqueles que decidiram juntar-se ao exército britânico são cidadãos do Nepal", disse o coronel Andrew Mills, adido militar da embaixada britânica em uma entrevista ao Asia Times Online -- ele detém também o posto de chefe do British Gurkha Nepal, os gurcas britânicos do Nepal.

Hoje, o contingente de gurcas no exército britânico é de cerca de 3.800 homens. Entretanto, o governo britânico anunciou na quarta-feira que cortaria 400 homens desse efetivo, como parte nos cortes no orçamento da Defesa. Esse contingente sofrerá novos cortes nos anos vindouros, por conta de reduções propostas para o exército britânico. A Índia, que recruta anualmente entre 2.500 a 3.000 homens, mantém hoje 30 batalhões em sete regimentos gurca, totalizando mais de 30.000 homens, no auge de sua juventude. Nem o Reino Unido, nem a Índia começaram ainda a recrutar mulheres como soldados.

[...] Cerca de 200.000 gurcas lutaram pelo Reino Unido na duas Grandes Guerras, e mais de 45.000 morreram com o uniforme britânico. "Eles têm uma reputação por ferocidade e bravura, e são conhecidos por suas facas curvas kukri caracteristicas", descreveu a agência France-Presse. Quando da independência da Índia, em 1947, o Nepal, o Reino Unido e a Índia celebraram um acordo tripartite permitindo que o Reino Unido e a Índia mantivessem a "conexão gurca" com soldados recrutados do Nepal.

[...] O Reino Unido, que tem mais de 25.000 aposentados gurcas, gasta anualmente 87 milhões de libras esterlinas (US$ 134 milhões) em pensões e outros gastos vinculados a esses aposentados. Só essa cifra corresponde a 4% do PIB do Nepal. Além disso, há outras atividades de previdência social financiadas com dinheiro britânico. A Índia remete anualmente 12 bilhões de rúpias indianas (US$ 238,8 milhões) para aposentados e viúvas de guerra no Nepal. "Realmente, é uma tarefa tremenda cuidar de pessoas em quantidade superior a 124.000", explicou o coronel Ajay Pasbola, adido militar da embaixada da Índia em Katmandu. 

[...] Os gurcas podem ser deslocados para qualquer parte do mundo onde o Reino Unido tenha atividades militares. Uma demonstração do invejável nível de confiança e respeito desfrutado pelos gurcas no Reino Unido é o fato de que lhes foi dada a responsabilidade de proteger o Príncipe Harry, o terceiro na linha de sucessão do trono britânico.  

Analogamente, os gurcas da Índia foram enviados para o Sri Lanka e Kashmir (onde lutaram contra os paquistaneses). Em 1962, os gurcas fizeram parte do exército indiano que lutou uma batalha contra a China. Isso foi por várias vezes motivo de embaraço para o Nepal, pois nem China nem Paquistão são seus inimigos. Uma situação semelhante ocorreu em 1982, quando gurcas lutaram contra argentinos na guerra das ilhas Falklands/Malvinas. 

O acordo tripartite de 1947 e um memorando de entendimentos de 1962 entre o Nepal e o Reino Unido impedem que o Nepal tome qualquer decisão unilateralmente. Mas, os líderes revolucionários nepaleses podem ignorar esse dispositivo e "tomar uma atitude audaciosa para impedir que militares estrangeiros recrutem homens nepaleses", como insinuou um colunista do jornal The Kathmandu Post.

O que acontecerá se essa for realmente a posição oficial do Nepal?  Tanto a Índia como o Reino Unido têm alternativas prontas: Nova Delhi encontrará recrutas entre os gurcas já domiciliados na Índia, e os britânicos têm também uma pequena comunidade de ex-gurcas estabelecidos no país cujos filhos poderiam reabastecer suas fileiras.

"Os benefícios econômicos superam em muito as considerações políticas em discussão, especialmente em um país em fase de transição", disse o professor Lokraj Baral, um estudioso muito experiente que mantém uma "usina de ideias" (think tank) chamada Centro de Estudos Contemporâneos do Nepal.

A maioria dos membros da comissão parlamentar [que elaborou o relatório contra o recrutamento] está ciente e consciente do grau de suscetibilidade das pessoas que têm visto esse recrutamento como uma fonte de emprego. "Como esse é um assunto relacionado com a soberania do país, temos que ser muito  cuidadosos", disse Suresh Ale Magar, um membro maoísta da comissão. "Tudo o que queremos é que a interrupção não seja brusca; ela deve ser feita gradualmente, e depois que tenhamos desenvolvido alternativas", acrescentou.

[...] O embaixador britânico [no Nepal], John Tucknott, considera realista a avaliação de Ale Magar quando ele diz "depois" que alternativas tenham sido estabelecidas. "Se isso vai acontecer durante nosso período de vida, é outro assunto", diz ele.

Um soldado gurca, com seu chapéu e a faca kukri típicos - (Foto: Google).

A temível faca kukri, arma característica dos gurcas - (Foto: Wikipedia).

























































































































quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A crise da Europa, vista por 8 economistas de renome

A revista Newsweek que chegou às bancas consultou oito economistas de renome (dos quais três receberam o Nobel de Economia) para que descrevessem a origem do problema enfrentado pela moeda única, o euro, e o que aconteceria se essa moeda fosse abolida. Reproduzo a seguir as respostas dos consultados -- sem surpresas, praticamente todos apontam pelo menos uma mesma causa para a crise do euro.  A análise mais fraca, a meu ver, é a de Gary Becker (Nobel de 1992).

JOSEPH STIGLITZ (Prêmio Nobel de Economia em 2001)

Não duvido do compromisso dos líderes da Europa com a preservação do euro. Mas há nitidamente uma falta de entendimento do que é necessário e/ou de vontade de fazer o que é necessário, seja por razões ideológicas ou políticas.  Esses líderes têm que saber que austeridade por si só não recuperará nem o crescimento, nem a confiança. Eles têm que saber que sem crescimento não haverá confiança, e a crise da dívida quase certamente só fará aumentar, que é o que está acontecendo. Eles têm que ter consciência de que mesmo que fortes restrições fiscais possam evitar a próxima crise, elas não resolverão a crise atual. E eles têm que saber que, por mais desejáveis que possam ser as reformas estruturais que estão sendo discutidas, elas são medidas do lado da oferta, quando o problema desses países é demanda inadequada, e o horizonte de tempo exigido para sua implementação está fora de sintonia com os imperativos da crise. Em resumo, o arcabouço de plano de ação adotado pela Europa -- a menos que seja acompanhado de medidas adicionais que reduzam o risco de default e promovam o crescimento -- tem mais chance de falhar do que de ser bem sucedido. Os mercados sabem disso. As agências de classificação de risco sabem disso. A pergunta é, quando é que os líderes políticos perceberão isso e tomarão as medidas que isso requer?

JAGDISH BHAGWATI (Professor de Economia na Universidade de Columbia)

É uma tragédia por excesso de orgulho. Começou na Grécia, prematuramente alguns dias antes do Dionysia,  o festival tradicional que é popular por apresentar tragédias gregas. Mas cresceu rapidamente. A Grécia tinha um enorme problema de estoque de dívida pendente. Mas seu principal problema era seu gigantesco deficit corrente. O FMI é a instituição que tem a desagradável tarefa de fazer com que as nações apertem seus cintos, enquanto alivia a dor provendo-lhes fundos de ajuste temporários. Eu estava entre os poucos que argumentaram que a União Europeia (UE) tem que deixar que o FMI faça esse trabalho desagradável. Mas a UE achou que era indigno chamar o FMI. E assim começou a tragédia. Em vez do FMI, é a Alemanha que é agora a inimiga do povo grego; o contágio espalhou-se, atingindo outros [países] apanhados no pânico crescente. Costumávamos dizer que a Turquia era o "doente [econômico-financeiro] da Europa" ["sick man of Europe" -- apelido usado para descrever um país europeu que esteja enfrentando dificuldades e/ou empobrecimento; esse termo foi usado pela primeira vez em meados do século 19 para descrever o Império Otomano, mas desde então tem sido aplicado uma vez ou outra a cada país europeu de médio ou grande porte nessa situação] . Aí então a Grécia assumiu esse posto. Agora, a Europa é quase o "doente" dela mesma!

GARY BECKER (Prêmio Nobel de Economia em 1992)

A crise do euro tem sido obviamente muito séria. Está concentrada em mais ou menos cinco países -- Grécia, Itália, etc. Se se olhar para isso comparativamente, não é que esses países, na sua maioria, tenham as relações dívida/PIB mais altas ou os deficits mais elevados -- embora alguns deles estejam assim -- mas todos eles estavam importando muito mais do que exportavam. Eles não eram basicamente muito competitivos. E acho que isso os levou a tomar empréstimos e aos problemas de dívida, e assim por diante.

ROBERT E. RUBIN (Ex-Secretário do Tesouro dos EUA e co-presidente do Conselho de Relações Exteriores)

A zona do euro tinha uma estrutura inerentemente equivocada, com uma moeda e uma política monetária comuns mas sistemas fiscais nacionais, que contribuíram de múltiplas formas para a crise. Além disso, o mercado nunca avaliou adequadamente o mérito [ou valor] relativo de crédito dos vários bônus de países da zona do euro, falhando assim em criar disciplina sobre as políticas fiscais nacionais.  Os líderes da eurozona têm estado invariavelmente atrasados [em suas ações], e poderiam muito bem ter evitado a crise tratando da Grécia quando o problema começou. De maneira mais ampla, medidas efetivas poderiam ter sido tomadas em cada estágio da crise, mas faltou vontade política. As medidas atuais tomadas pelo Banco Central Europeu servem para ganhar tempo, mas os problemas fundamentais ainda permanecem, incluindo uma reforma para promover o crescimento. A zona do euro não pode ser parcial ou completamente dissolvida sem provocar efeitos severos, embora medidas protetoras de segurança possam limitar os danos. O pacto de estabilidade e crescimento da eurozona demandava uma disciplina fiscal, mas não tinha um mecanismo eficiente de execução que sobrepujasse a soberania nacional.

GLENN HUBBARD (Diretor da Escola de Negócios da Universidade de Columbia)

Quando você tem uma união monetária mas não tem uma união fiscal, você perde sua flexibilidade. Sua melhor expectativa é a de que os choques sejam idênticos e que os países reajam da mesma maneita, o que não aconteceu. Outro componente: há às vezes uma discussão na Europa de que alguns países são mais probos, e outros não. Essa não é a história toda. A Alemanha ganhou do euro um grande benefício em termos de competitividade. A Alemanha ganhou uma taxa de câmbio subvalorizada, e a Grécia, uma taxa supervalorizada. Isso, porém, gerou desequilíbrios contábeis. Um terceiro componente é a regulamentação bancária e financeira. Não houve exigências de capital, você então tem bancos que investiram pesadamente nessa dívida, muito da qual tem que ser reestruturado.

ROBERT MUNDELL (Prêmio Nobel de Economia em 1999)

Não é estritamente uma crise do euro, é uma crise da área do euro, dos sistemas fiscais, e a falta de disciplina fiscal e falta de coordenação das autoridades fiscais. O Tratado de Maastricht estabeleceu condições claras, precisas, mas elas não foram respeitadas. Países foram admitidos, países como Itália e Grécia -- as exigências [do Tratado] eram de uma relação dívida/PIB de 60% -- que tinham 120% ou 110% nessa relação quando foram aceitos. Talvez fosse OK para eles que entrassem, porque era um momento político, mas o problema foi que não houve ênfase em que baixassem aquela relação durante sua permanência [no grupo]. Assim, foi um grande fracasso a condução da disciplina fiscal. E o pacto de estabilidade e crescimento não tinha nenhuma autoridade de respaldo, porque mesmo o país maior e mais estável estava violando também o pacto, lá em 2002.

Se o euro desaparecer, será terrível para a Europa e, acho, muito ruim para o resto do mundo. Seria uma terrível calamidade para os Estados Unidos e a América do Norte. Alguns outros países, que não gostam da ideia de uma Europa forte -- e o euro foi certamente um fator para tornar a Europa um grupo mais forte e mais coeso -- podem achar que podem ganhar com isso, mas não é isso que penso.

JOSEF ACKERMANN (Diretor executivo do Deutsche Bank)

Não temos uma crise do euro como uma moeda, mas uma crise de dívida soberana em alguns países da zona do euro. Essa crise, entretanto, se não for resolvida rapidamente, ameaça minar severamente a confiança na moeda comum. Necessitamos, pois, tomar uma ação decisiva envolvendo medidas tais como esforços sustentáveis e confiáveis de consolidação orçamentária, reformas estruturais para melhorar a competitividade em nível nacional, e reformas institucionais no nível europeu para evitar uma repetição de uma crise semelhante no futuro.

Esta é uma questão puramente hipotética, mas uma quebra da zona do euro levaria a Europa -- e, dado o fato de que a Europa é ainda o maior bloco econômico -- e a economia global a uma profunda recessão e, adicionalmente, prejudicaria a independência e a influência política, econômica e cultural da Europa no mundo. 

Mas, a crise da dívida soberana tornou óbvio que a atual estrutura de governança da zona do euro carece de rigor e eficiência. Se é para a União Europeia e o FMI funcionarem, será preciso restringir a liberdade de manobra de governos e parlamentos nacionais, e avançar principalmente no campo da política fiscal. Temos que reinventar a união monetária e provê-la da arquitetura institucional que fracassamos em estabelecer no seu começo.

DANI RODRIK (Professor de Economia Política Internacional na Universidade de Harvard)

A Europa foi apanhada no meio do caminho de seu processo de integração. A união monetária foi (ou deveria ter sido) um degrau para uma união fiscal e política mais completa. A crise financeira oriunda dos Estados Unidos expôs a instabilidade dos arranjos existentes na zona do euro. A crise tornou-se então substancialmente pior por mau gerenciamento, em particular pela insistência da Alemanha em políticas de austeridade e pela recusa do Banco Central Europeu em assumir um papel mais ativo.

Semprei achei a zona do euro válida como uma aposta, como parte de uma estratégia de longo prazo de integração mais plena. O problema é que ninguém (inclusive eu mesmo) poderia ter previsto o tipo de crise financeira em que os Estados Unidos se envolveram. A zona do euro estaria bem por décadas se não tivesse sido atingida pelas consequências da crise financeira americana.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Com sanções duras, Europa aumenta tensão com Irã

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia aprovaram nesta segunda-feira a adoção de um embargo ao petróleo iraniano, como resposta ao programa nuclear do governo de Teerã.

A medida envolve a proibição imediata de novos contratos para a compra de petróleo do Irã por parte dos países do bloco. Além disso, a União Europeia também vai impor restrições ao Banco Central iraniano e expandir uma série de outras medidas já existentes que visam diminuir a capacidade do Irã de negociar com outros países.

Segundo analistas, as novas sanções, que também determinam que os contratos de petróleo existentes serão cumpridos até o dia 1º de julho, devem aumentar ainda mais a tensão entre o bloco europeu e o Irã. O editor da BBC para a Europa Gavin Hewitt afirma que estas estão entre as medidas mais duras já adotadas pela União Europeia contra o país. [Esses europeus -- aliás, o Ocidente em geral -- são ridiculamente engraçados. Determinam punições com um cronograma que os protege (questões contratuais à parte, facilmente contornáveis com um argumento de "força maior"). Com um inverno rigoroso ainda inacabado, o petróleo ganha importância extra para os europeus. E, para variar, esse boicote ao petróleo iraniano prejudicará mais quem já está economicamente fragilizado, como Grécia, Itália e Espanha (ver texto mais abaixo)  -- além do povão iraniano, evidentemente, um bode expiatório nesse imbróglio. Também p'ra variar, o Ocidente está nivelando por baixo, ao lidar com o Irã como se estivesse tratando com o Iêmen -- um pouco de leitura da História seria importante para conhecer o passado imponente do Irã e entendê-lo melhor.]

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, disse que o embargo mostra "a determinação da União Europeia nesta questão". "É absolutamente correto fazer isto quando o Irã continua a desrespeitar resoluções da ONU e se recusa a participar de negociações importantes sobre seu programa nuclear", acrescentou.

O governo iraniano nega que esteja tentando desenvolver armas nucleares e diz que o diálogo e não as sanções é a única forma de resolver a disputa. Em resposta ao anúncio da União Europeia, um político iraniano afirmou que Teerã deve suspender imediatamente todas as vendas de petróleo para países europeus. Ali Fallahian teria dito à agência de notícias iraniana Fars que o Irã deve parar de exportar o petróleo antes do dia 1º de julho, "para que o preço do petróleo aumente e os europeus... tenham problemas".

Novos fornecedores

A União Europeia compra cerca de 20% das exportações de petróleo iraniano.

A Grécia é um dos países europeus que mais depende do combustível do país, pois compra cerca de um terço do petróleo que usa do Irã. Itália e Espanha também compram do Irã, cada um, 10% do petróleo que usam. Estes países agora terão que procurar novos fornecedores.

O embargo deve ser adotado em etapas, para minimizar o impacto nos países que importam petróleo do Irã.

Segundo o analista da BBC para assuntos de Defesa Jonathan Marcus, outros fornecedores, como a Arábia Saudita, parecem inclinados a cobrir a falta que o petróleo iraniano poderá fazer, apesar das ameaças do Irã contra aquele país. Marcus destaca também o fato de que os clientes do Irã na Europa estão entre os países europeus com economias mais fracas.

Petróleo para a Ásia

Os principais clientes do Irã, no entanto, não estão na Europa, mas na Ásia. Os Estados Unidos já tentaram, com sucesso apenas limitado, convencer a Coreia do Sul e o Japão a diminuírem as importações do petróleo iraniano.

A China, que compra mais de um quinto do petróleo produzido pelo Irã, é a chave para o sucesso de sanções contra o país. Mas, o governo chinês está enviando sinais conflitantes. Por um lado, a China parece ter diminuído os pedidos para o Irã e tentado aumentar suas ligações com outros produtores da região do Golfo Pérsico. Mas, ainda não está claro se isto reflete um desejo de alertar, diplomaticamente, o Irã ou uma manobra para conseguir o melhor preço, já que o setor de petróleo do Irã está sob pressão.

Consequências e tensão

Os diplomatas ocidentais ainda não sabem se estas novas sanções serão bem sucedidas. Não há dúvidas de que a economia iraniana deve ser prejudicada, mas ainda não se sabe quais serão as consequências para o programa nuclear do país, que é uma questão de orgulho nacional. O que se sabe, segundo Jonathan Marcus, é que o povo iraniano vai sofrer as consequências e não a elite do país [como sempre acontece nesse tipo de punição, veja-se o caso de Cuba].

Em vista disto, alguns países ocidentais até esperam por uma mudança no regime iraniano. Mas sempre houve uma ambivalência da política ocidental a respeito deste assunto, e as forças de oposição iranianas não mostraram sinais mais fortes de terem ganho mais fôlego depois das revoluções da chamada Primavera Árabe. 

Ainda há muita incerteza em relação às opções de Israel, se o país pretende ou não atacar as instalações nucleares iranianas em 2012. Por enquanto, os Estados Unidos parecem estar tentando convencer os israelenses a dar mais tempo para sanções e pressão diplomática.

Mas, a ameaça de um ataque israelense agora foi substituída por um temor mais urgente, a ameaça do Irã de bloquear o estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico, uma importante rota comercial. Um confronto no estreito poderia facilmente evoluir para um conflito mais amplo com o Irã. E, devido ao estado volátil naquela região, um conflito como este poderia se transformar em uma guerra mais ampla. 
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Paulo Coelho defende pirataria e ataca SOPA

Sempre achei o estrondoso sucesso de Paulo Coelho pelo mundo afora a mais completa, cabal e definiva demonstração de que pobreza e aridez de espírito, associadas com credulidade ignorante, existem infelizmente a mancheias no planeta Terra. Lendo essa baboseira que ele escreveu -- publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo (por cuja transcrição me desculpo com meus leitores) -- com sua argumentação eticamente rasteira a favor da pirataria na internet, chego à conclusão alarmante de que a qualidade intelectual dos milhões de leitores desse cidadão é muito pior do que pensava (a do próprio Paulo Coelho então é abissalmente pior) e temo que o Brasil seja chamado às barras da Corte de Haia por crime nefando contra a inteligência e a sanidade mental da humanidade, pela responsabilidade de ter trazido ao mundo essa criatura.

O texto abaixo é da autoria de Camilo Rocha e foi publicado hoje no blogue Link do jornal O Estado de S. Paulo.

O escritor Paulo Coelho atacou o projeto de lei antipirataria Sopa em seu blog.    Escrevendo em inglês, o autor argumenta que a pirataria serve como divulgação do trabalho de um artista.

Coelho chamou a Sopa de “PERIGO REAL” que pode “quebrar a internet”.

Leia a tradução do texto abaixo:

Na antiga União Soviética, no fim dos anos 50 e 60, muitos livros que questionavam o sistema político começaram a circular privadamente em versão mimeografada. Os autores nunca ganharam um centavo em direitos autorais. Pelo contrário, eles foram perseguidos, denunciados na imprensa oficial e mandados para o exílio nos famosos gulags siberianos. Ainda assim, eles continuaram a escrever.  Por quê? Porque eles precisvam compartilhar o que estavam sentindo. Do evangelho aos manifestos políticos, a literatura tem permitido que ideias viajem e até mudem o mundo.

Não tenho nada contra quem ganha dinheiro com seus livros; é assim que eu me sustento. Mas olhe para o que está acontecendo agora. O projeto de lei antipirataria Sopa pode quebrar a internet. Isto é um PERIGO REAL, não apenas para os americanos, mas para todos nós, uma vez que a lei – se aprovada – vai afetar todo o planeta.

E o que eu penso sobre isso?

Como autor, eu deveria estar defendendo “propriedade intelectual”, mas não estou. Piratas do mundo, uni-vos e pirateai tudo que já escrevi!

Os bons tempos, quando cada ideia tinha um dono, se foram para sempre.

Primeiro, porque tudo que todo mundo faz é nada mais que reciclar os mesmos quatro temas: uma história de amor entre duas pessoas, um triângulo amoroso, a luta pelo poder e a história de uma jornada.  Segundo, porque todos os autores querem que se leia o que eles escrevem, seja num jornal, blog, panfleto ou muro.

Quanto mais ouvimos uma música na rádio, mais queremos comprar o CD. É a mesma coisa com a literatura. Quanto mais as pessoas “pirateiam” um livro, melhor. Se eles gostam do começo, eles comprarão o livro inteiro no dia seguinte, porque não existe nada mais cansativo do que ler longos trechos de texto na tela do computador.

1. Algumas pessoas dirão: você é rico o bastante para permitir que seus livros sejam distribuídos de graça.

Isso é verdade. Eu sou rico. Mas foi o desejo de ganhar dinheiro que me estimulou a escrever? Não. Minha família e professores sempre disseram que não havia futuro em ser escritor. Comecei a escrever e continuei a escrever porque me dá prazer e sentido à minha existência. Se dinheiro fosse o motivo, eu poderia ter parado de escrever há muito tempo atrás e me poupado de ter que lidar com resenhas invariavelmente negativas.

2. A indústria editorial vai dizer: artistas não podem sobreviver se eles não são pagos.

Em 1999, quando primeiro fui publicado na Rússia (com uma tiragem de três mil), o país sofria com uma severa falta de papel. Por sorte, eu descobri uma edição “pirata” d’O Alquimista e a publiquei na minha página na internet. Um ano depois, quando a crise tinha passado, vendi 10 mil cópias da edição impressa. Em 2002, eu já tinha vendido um milhão de cópias na Rússia. Hoje, já passei dos 12 milhões.

Quando viajei pela Rússia de trem, encontrei várias pessoas que me disseram que haviam descoberto meu trabalho através da edição “pirata” que postei no meu site. Hoje em dia, mantenho o site “Pirate Coelho”, fornecendo links para quaisquer livros meus que estejam disponíveis nos sites de P2P (compartilhamento).

E minhas vendas continuam a crescer – são quase 140 milhões de cópias no mundo inteiro.

Quando você comeu uma laranja, você tem que voltar para a loja para comprar outra. Nesse caso, faz sentido pagar no ato.  

Com um objeto de arte, você não está comprando papel, tinta, pincel, tela ou notas musicais, mas a ideia que nasceu da combinação desses produtos. “Piratear” pode servir como introdução ao trabalho de um artista. Se você gosta da sua ideia, então você vai querer tê-lo em casa; uma boa ideia não precisa de proteção.  O resto é ganância ou ignorância.







Anonymous lista catálogo da Sony para download

O texto abaixo é da autoria de Carla Peralva e foi publicado hoje no blogue Link do jornal O Estado de S. Paulo.

Em mais uma ação em resposta ao fechamento do Megaupload, o Anonymous publicou, na madrugada desta segunda-feira, 23, uma lista com links para o download via torrent de toda a discografia da Sony dos últimos onze anos. Alguns filmes produzidos pelo empresa no período também estão disponíveis. A listagem  foi publicada acompanhada por uma mensagem dizendo que, apesar do fechamento do site de compartilhamento de arquivos Megaupload, ainda há formas de se baixar conteúdo pela rede.

Poucas horas depois do fechamento do Megaupload, na quinta-feira, 19, o coletivo hacker derrubou sites de instituições como Universal MusicAssociação das Gravadoras (RIAA) e Associação Cinematográfica (MPAA) dos Estados Unidos. A operação foi intitulada#OpMegaupload ou #OpPayback e citava a luta contra os projetos de lei Sopa e Pipa.

Na sexta-feira, foi a vez do FBI sofrer represálias: o grupo publicou dados pessoais do diretor Robert Mueller em diversas redes sociais. [Ver postagem anterior sobre iisto.]

Veja a lista completa aqui.

Site do Anonymous com lista de downloads da Sony - (Fonte: Blogue Link, do jornal O Estado de S. Paulo) - Clique na imagem para ampliá-la.