Autoridades federais americanas indiciaram na quinta-feira duas firmas e fecharam um dos sites mais populares da web para compartilhamento de material ilegal, pirateado, gerando uma pronta resposta de hackers, que reivindicaram para si o crédito da retirada de operação de websites do Departamento de Justiça, da Recording Industry Association of America, e de outros sites da mídia, em retaliação à atuação do governo federal.
O indiciamento para o tribunal do júri, que culmina uma investigação de dois anos, acusa sete pessoas e a Megaupload.com e outros sites afins pela operação de uma empresa internacional de crime organizado. Investigadores disseram que o grupo gerou mais de US$ 175 milhões de receita, e custou mais de US$ 500 milhões a proprietários de direitos autorais.
Funcionários do Departamento de Justiça disseram que foi pura coincidência esse indiciamento feito agora ocorrer no momento em que se realiza no Congresso um debate sobre um projeto de lei relativo a pirataria online na internet [a polêmica SOPA] -- os dois eventos não teriam ligação um com o outro. "Essa ação inclui-se entre os maiores casos criminais de direitos autorais já levantados pelos EUA", disseram o Departamento de Justiça e o FBI em um comunicado.
Hackers ficaram entretanto irritados com a ação federal, e provocaram uma escalada na crescente luta entre os influentes da web, tanto os legítimos como os ilegais, e a Casa Branca, que tem buscado maneiras de interromper ou controlar atividades de conteúdo pirateado.
No início desta semana, Wikipedia, Google, e outras grandes companhias da web mostraram sua influência, tirando do ar seus sites ou estimulando seus usuários a protestar no Congresso contra um projeto de lei que visa a combater a pirataria online. Seus esforços superaram um tradicional movimento lobista de Hollywood e de outras empresas de mídia. Ontem, quinta-feira, juntou-se a essas empresas um grupo não muito coeso de hackers conhecido como Anonymous. Essa organização afirmou que havia fechado o site do Departamento de Justiça, e estava deslocando seus ataques contra a atuação na web de agências em Washingtom e companhias de Hollywood.
Swizz Beatz, da Megaupload.com, apresentado em alguns sites como o principal executivo da empresa, não foi acusado no indiciamento de 72 páginas. Embora as indústrias de música e de cinema estejam entre as mais afetadas pela pirataria, inúmeras celebridades apoiaram o site Megaupload.com, incluindo Kanye West, Kim Kardashian, e os rappers P. Diddy e Wil.i.am.
O site de compartilhamento de arquivos Megaupload.com foi avaliado em certo momento como sendo o 13° site mais visitado na internet, de acordo com o indiciamento. O site diz ter tido mais de um bilhão de acessos em sua história, mais de 180.000 usuários registrados até agora, uma média de 50 milhões de acessos diários, e detém cerca de 4% do tráfego total da internet.
As pessoas e as empresas foram indiciadas por um tribunal do júri do Distrito Leste da Virginia e acusadas de cinco delitos criminais, incluindo formação de quadrilha, violação de direitos autorais e lavagem de dinheiro.
Na quarta-feira, policiais cumpriram mais de 20 mandados de busca nos EUA e em oito outros países, apreenderam cerca de US$ 50 milhões em bens e visaram sites nos quais Megaupload tem servidores, incluindo duas empresas locais -- Carpathia Hosting, em Dulles, e Cogent Communications no Distrito [de Virginia], informaram fontes da Justiça. Foram feitas apreensões também na Holanda e no Canadá.
O indiciamento federal alega que a Megaupload era controlada por uma organização global, chamada pelos policiais de "Mega Conspiração". Oficialmente, a companhia chamava-se Megaupload Ltd., foi fundada por "Kim Dotcom", de 37 anos, que usa vários outros nomes e era um residente tanto em Hong Kong quanto na Nova Zelandia, onde foi preso.
Os hackers do Anonymous dizem ter invadido os seguintes sites: Departamento de Justiça (EUA) - Universal Music Group - PayPal -- Visa e Mastercard - Sony - Stratfor - OTAN - FBI .
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