A França, privada de seu "AAA" pela Standard & Poor's (S&P), mantém ainda sua nota máxima nas agências de classificação de risco Moody's e Fitch Ratings, mas esse defasamento não significa divergências fundamentais nas análises dessas agências sobre a situação financeira do país.
STANDARD & POOR'S - A nota: AA+, com perspectiva negativa
A S&P retirou da França, na sexta-feira 13, o triplo "A", nota de excelência financeira que permite ao país que a detém financiar-se nos mercados a custo mais baixo. Pela primeira vez, o Estado francês não se beneficia mais de um "AAA" junto às três grandes agências de classificação internacionais.
A S&P, que ameaçava desde 5 de dezembro rebaixar a nota francesa em dois níveis, na realidade o fez em apenas um nível, para AA+. Mas, a "perspectiva negativa" atribuída à nota significa que a agência avalia numa base de 33% a possibilidade de novo rebaixamento de hoje até o final de 2013.
O comentário - O rebaixamento se deveu em primeiro lugar às "dificuldades crescentes da zona do euro", explicou a S&P. A agência critica as soluções dos dirigentes europeus, que se apoiam "em um diagnóstico incompleto das causas da crise, a saber, que as turbulências financeiras atuais se originariam essencialmente do liberalismo orçamentário excessivo na periferia da zona do euro". Ou seja, apenas austeridade traz o risco de ter efeitos contrários aos desejados, avalia ela.
Segundo a S&P, a economia francesa é "rica, diversificada e resiliente [com capacidade de recuperação]". Em contrapartida, o endividamento público e "a rigidez do mercado de trabalho são 'relativamente elevados'".
A nota da França pode ainda ser rebaixada, em caso de uma escalada do deficit público ou de agravamento da crise europeia.
FITCH RATINGS - A nota: AAA, com perspectiva negativa
A agência assegurou no dia 10 de janeiro que não previa degradar em 2012 o triplo "A" francês, na ausência de choques importantes que pudessem estar ligados a um forte "agravamento" da crise. A perspectiva foi reduzida, em 16 de dezembro, de "estável" para "negativa", com 50% de probabilidade de um rebaixamento da nota num período de dois anos.
O comentário - "Em comparação a outros membros da zona do euro classificados com "AAA", a França é (...) é a mais exposta a um agravamento da crise", estima a Fitch. Segundo a agência, "seu deficit orçamentário estrutural mais importante e um peso maior da dívida" fazem com que o país fique mais vulnerável.
Entretanto, a manutenção da nota mais alta [para a França] está "amparada por sua economia rica e diversificada, suas instituições políticas, públicas e sociais eficientes, e sua gestão flexível da dívida", avalia a Fitch, destacando as medidas governamentais tomadas para "reforçar a credibilidade de seus esforços" para redução dos deficits.
Mas, Paris deve também "melhorar o funcionamento do mercado de trabalho e reforçar a competitividade internacional".
MOODY'S - A nota: AAA, perspectiva estável mas com reexame em andamento
A Moody's estabeleceu para si mesma, a partir de meados de outubro, três meses para decidir se baixava para "negativa" a perspectiva da nota francesa, o que seria um primeiro passo para uma eventual perda do triplo "A". Ontem, ela estendeu o prazo para até fins de março.
O comentário - A agência considera positivas as medidas tomadas para reduzir o deficit, juntamente com a reforma das aposentadorias. Como as duas outras agências, suas concorrentes, ela sublinha que a economia francesa é "rica" e "diversificada", e suas instituições são "sólidas".
Por outro lado, ela destaca um gasto e um deficit públicos ainda "elevados" e considera importantes os riscos associados a um agravamento da crise na zona do euro. "Não pode ser excluída a necessidade de prover um apoio suplementar a outros países europeus ou ao seu próprio sistema bancário", sublinha a Moody's, que acrescenta que o triplo "A" da França está "sob pressão".
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