O governo da presidente Dilma Rousseff manteve a tendência do antecessor de priorizar gastos públicos feitos sem licitação, opção criticada
pelos órgãos de controle interno e que limita a competição entre
fornecedores. Segundo os dados mais recentes do Ministério do
Planejamento, as compras e contratações de serviços com dispensa ou
inexigibilidade de licitação cresceram 8% em 2011, atingindo R$ 13,7
bilhões na administração federal, autarquias e fundações.
A assinatura de contratos com empresas escolhidas sem concorrência nos
dez primeiros meses de gestão de Dilma atingiu 47,84% do total, quase
metade do orçamento dessas despesas, a maior fatia desde 2006. No último
ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (2010), as compras sem
licitação corresponderam a 45,25% do total.
Desde o início do segundo mandato de Lula, a dispensa e inexigibilidade
de licitação vêm crescendo mais do que outras modalidades de gastos. No
primeiro ano do governo Dilma, os gastos feitos sem procedimento
licitatório foram 94% maiores do que em 2007. Ao mesmo tempo, o governo
de Dilma reduziu o uso de outras modalidades previstas na Lei de
Licitações que permitiram maior competição: a tomada de preços e a
concorrência, por exemplo.
A título de comparação, enquanto os gastos sem licitação cresceram 8%
houve um aumento de 4% nas licitações por pregão, uma modalidade que foi
defendida pelo ex-presidente Lula como uma das mais transparentes e
menos sujeitas a fraudes. Em 2005, o petista regulamentou o uso de pregão eletrônico, modalidade
em que os competidores apresentam as suas propostas em um sistema na
internet, visível a todos.
A opção do governo por diminuir o uso de procedimentos públicos de
competição contrasta com as promessas da presidente Dilma Rousseff de
melhorar a gestão e dar maior transparência às ações da administração
pública federal.
Legislação. A dispensa e a inexigibilidade de licitação
estão previstas na Lei de Licitações, de 1993. Grosso modo, o governo
pode descartar a concorrência quando o valor for tão baixo que custaria
mais fazer todo o processo licitatório. Já a inexigibilidade ocorre
quando somente um fornecedor pode apresentar o serviço ou o produto,
como medicamentos patenteados.
Também há dispensa de licitação em contratações emergenciais, quando não
há tempo de realizar todo o processo de concorrência pública, como
obras de reparação após desastres naturais, como consertos de pontes e
rodovias, por exemplo. O controle dos gastos é feito pelo Tribunal de
Contas da União e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Descontrole. Para o ministro José Jorge, do TCU, o
menor uso de licitações favorece o descontrole de gastos, além de
irregularidades em contratações, como o conluio entre empresas. "É preocupante, porque o grande fator de controle, tanto de preços
quanto da qualidade, é a licitação. Toda vez que se foge dela, a
probabilidade de haver problemas é maior", afirmou José Jorge,
acrescentando que os contratos sem licitação exigem mais fiscalização do
tribunal.
A lei também estabelece outras modalidades de contratação, como o
convite ou consultas técnicas antes de uma concorrência. Na modalidade
de tomada de preços um ministério faz pesquisa no mercado, identifica o
valor de venda de determinado produto e essa lista serve como referência
para compras.
No primeiro ano do governo Dilma, além do aumento de gastos por dispensa
de licitação, também houve queda no uso de outras modalidades da lei.
Os contratos feitos por concorrência foram 14% menores; tomadas de preço
caíram 26%.
Ministérios. A prática de dispensa de licitação também contamina a Esplanada dos Ministérios no governo Dilma.
Dados do Ministério do Planejamento mostram que o Ministério da Cultura
aumentou em 83% a dispensa e inexigibilidade de licitação no ano
passado. Também apresentaram forte aumento desta modalidade as pastas de
Minas e Energia (63%), Trabalho (58%), e de Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (45%).
[Pelo jeito, a presidente Dilma resolveu copiar seu padrinho, tutor e criador até nas decisões duvidosas, propensas a mutretas e begociatas. Seria interessante que ela esclarecesse a opinião pública por que tanta compra sem licitação, e que compras foram, essas.]
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