Pelo visto, o Reino Unido resolveu mesmo permanecer em dissonância com as propostas principalmente da França e da Alemanha para resolver a atual crise da União Europeia -- com isso, essa solução fica dada vez mais difícil e remota. Parece que as diferenças históricas entre esses três países estão muito longe de serem superadas. É o que nos informa a reportagem abaixo, da Folha de S. Paulo de ontem.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, se mostrou disposto a
vetar qualquer tentativa de estabelecer um imposto às transações
financeiras no âmbito da UE (União Europeia), porque considera que a
potencial medida pode prejudicar o mercado de trabalho no bloco. Em declarações à emissora britânica de TV BBC, Cameron disse que França,
Alemanha e outros países europeus podem até fixar esta taxa dentro de
suas próprias fronteiras, mas afirmou que se oporá caso tentem levá-la
ao nível da UE.
Segundo o chefe de governo britânico, promover em toda a UE um imposto
deste tipo sem a aplicação de medidas similares em outros lugares do
mundo pode prejudicar o mercado de trabalho europeu e a prosperidade do
continente.
A ideia deste imposto vem da França. O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, fez a proposta da taxa na sexta-feira passada (6) e quer
promover uma lei para aplicá-lo no país antes das eleições presidenciais
de abril.
"Se os franceses quiserem promover o imposto às transações em seu
próprio país, então são livres para fazê-lo", afirmou o
primeiro-ministro do Reino Unido. Ele ressaltou, no entanto, que vetará a
ideia de uma nova taxa no âmbito da UE caso outros países do mundo não a
apliquem.
[Parece-me que baixou em Cameron o espírito da velha Inglaterra gloriosa de guerra, que dominava os mares e parte razoável do mundo. Não sei se esse imposto proposto por Sarkozy -- que, diga-se de passagem, está com sua reeleição periclitante -- seria uma versão europeia da nossa CPMF, e em que nível ele resolveria a crise da zona do euro, mas algo precisa ser feito com máxima urgência neste sentido. E grande parte dessa solução passa por algum tipo de controle mais justo e de alguma penalização para o setor financeiro. No entanto, fica cada vez mais evidente que a disposição do Reino Unido em colaborar para isso é praticamente zero].
Nenhum comentário:
Postar um comentário