sábado, 23 de julho de 2011

Descoberto um adulterante na cocaína que debilita o sistema imunológico

Consumir cocaína está cada vez mais perigoso. Além do risco de alterações psíquicas, transtornos nutricionais, cardiopatias e problemas neuronais, deve-se acrescentar agora a depressão do sistema imunológico -- um adulterante, o Levamisol, é o culpado.

Energy Control, uma ONG que analisa drogas gratuitamente, estudou um total de 1.680 amostras de consumidores em toda a Espanha. A maioria estava adulterada.  "É preciso esclarecer que, em geral, aqueles que trazem sua droga à Energy Control o fazem porque desconfiam de sua qualidade, por tê-la comprado de um vendedor desconhecido", alerta Fernando Caudevilla, um dos médicos da organização.

Das 345 doses de cocaína analisadas 91% tinham adulterantes, e 23,2% não tinham sequer uma migalha de cocaína -- somente 5,5% eram puras. "Encontramos na cocaína o maior número de adulterantes", diz o relatório da Energy Control. Deles, o mais comum é o Levamisol, presente em 59% das amostras -- é um fármaco veterinário, usado como antiparasitário e que produz uma baixa bastante significativa de glóbulos brancos. Os usuários da cocaína dizem que ele aumenta o efeito da droga. "Com a redução dos glóbulos brancos, encarregados das defesas do organismo, fica-se mais suscetível a infecções. Há uma probabilidade maior de que surja qualquer tipo de infecção, e de maior gravidade", explica o Dr. Caudevilla. "Consumir cocaína com Levamisol é muito mais perigoso que consumí-la pura", adverte ele.

Analgésicos, cafeína e anestésicos são outros dos adulterantes frequentes, "mas o Levamisol é o que está despertando maior preocupação, pelos potenciais efeitos tóxicos que pode ter sobre os usuários de cocaína", diz o relatório da Energy Control. Rafael Guayta-Escolíes, do Observatorio de Medicamentos de Abuso do Colégio de Farmacêuticos de Barcelona, faz também um alerta quanto ao Levamisol "que em animais mostrou que, além de reduzir os glóbulos brancos, altera a medula óssea".

Luis Bononato, médico e diretor do Projeto Homem em Cádiz, que trabalha na reabilitação de dependentes de drogas, afirma que quem vende drogas adulteradas "está envenenando" quem as compra, e sobre os diluentes adverte: "Se o efeito demora mais a aparecer, o viciado irá consumir mais até sentir esse efeito e isso pode levar a uma overdose".  Mais do que um consumo responsável, como é promovido pela Energy Control, Bononato insiste em que os consumidores tomem consciência de que "estão pondo suas vidas nas mãos de outras pessoas". Acrescenta ele que "quando se faz mistura há um aumento da toxicidade, porque há uma combinação dos efeitos da droga com os dos adulterantes e com os que são gerados pela interação de ambos".









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