As praias da turística Região dos Lagos do Estado do Rio seriam atingidas em 60 horas pelo óleo cru derramado ao mar no rompimento do casco de um navio-plataforma em operação a 60 km do litoral, no campo de
Marlim Sul, bacia petrolífera de Campos. Com base no software empregado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos
no combate ao desastre do Golfo do México em 2010, a simulação inédita,
do Centro de Simulação Aquaviária (CSA) do Sindicato Nacional dos
Oficiais da Marinha Mercante, emprega as características de vento,
corrente marinha, ondas e condições climáticas preponderantes a maior
parte do ano na região costeira fluminense.
A função do CSA é certificar procedimentos de segurança em instalações
portuárias e qualificar tripulações de todos os tipos de embarcação, até
mesmo plataformas.
A simulação mostra que, se vazarem 300 milhões de litros de óleo da
embarcação (quase a capacidade máxima das plataformas modelo FPSO que
operam na bacia), a mancha, impulsionada pela corrente sentido
nordeste/sudoeste e por ventos de 15 nós (típicos da costa brasileira no
Sudeste), seguirá diretamente para Armação dos Búzios, Cabo Frio e
Arraial do Cabo, as cidades mais bonitas daquele trecho do litoral do
Estado do Rio. Em situação de tempestade, o óleo pode chegar ainda mais rápido caso
fracasse a contenção, explica Diego Tavares, coordenador do CSA e
oficial da Marinha Mercante. Neste caso, o vento soprará a uma
velocidade maior -15 nós representa cerca de 27,5 km/h.
A simulação foi realizada em função do vazamento gigante após a explosão
de uma plataforma operada no Golfo do México pela petroleira BP, em 20
de abril do ano passado, a 240 km da orla americana. Foi o maior desastre já registrado na indústria petrolífera. Onze
trabalhadores morreram e os prejuízos ambientais, físicos, empresariais e
securitários até hoje ainda não foram totalmente avaliados. O óleo
vazou no mar por 87 dias. Em maio do ano passado fiz postagem sobre a necessidade de se fazerem testes de segurança antes da exploração do pré-sal, à luz do ocorrido com esse desastre da BP.
O CSA tem um dos mais modernos sistemas de simulação do mundo. Seus
clientes são a Petrobrás, as grandes petroleiras privadas, os terminais
portuários e a mineradora Vale, entre outros. Só para a Vale o centro
fez 40 simulações no terminal de Itaqui (MA), que consideraram variáveis
climáticas (correntes, vento e topografia) para indicar, por exemplo, o
rumo da mancha em caso de vazamentos. Recentemente, o CSA deu parecer contrário ao uso do porto de Suape, em
Pernambuco, como escoadouro da produção de gás liquefeito pela
Petrobrás. A justificativa para o veto é a de que o porto não oferece
segurança para a atracação apropriada ao transporte da carga. Como opção, a estatal apresentou um segundo plano, transferindo o
terminal pernambucano para a Baía de Todos os Santos (Bahia). O projeto
ainda está em análise pelo CSA.
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