domingo, 17 de julho de 2011

Vazamento de óleo chegaria em 60 h às praias do Rio

As praias da turística Região dos Lagos do Estado do Rio seriam atingidas em 60 horas pelo óleo cru derramado ao mar no rompimento do casco de um navio-plataforma em operação a 60 km do litoral, no campo de Marlim Sul, bacia petrolífera de Campos. Com base no software empregado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos no combate ao desastre do Golfo do México em 2010, a simulação inédita, do Centro de Simulação Aquaviária (CSA) do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante, emprega as características de vento, corrente marinha, ondas e condições climáticas preponderantes a maior parte do ano na região costeira fluminense.

A função do CSA é certificar procedimentos de segurança em instalações portuárias e qualificar tripulações de todos os tipos de embarcação, até mesmo plataformas. 

A simulação mostra que, se vazarem 300 milhões de litros de óleo da embarcação (quase a capacidade máxima das plataformas modelo FPSO que operam na bacia), a mancha, impulsionada pela corrente sentido nordeste/sudoeste e por ventos de 15 nós (típicos da costa brasileira no Sudeste), seguirá diretamente para Armação dos Búzios, Cabo Frio e Arraial do Cabo, as cidades mais bonitas daquele trecho do litoral do Estado do Rio.  Em situação de tempestade, o óleo pode chegar ainda mais rápido caso fracasse a contenção, explica Diego Tavares, coordenador do CSA e oficial da Marinha Mercante. Neste caso, o vento soprará a uma velocidade maior -15 nós representa cerca de 27,5 km/h.

A simulação foi realizada em função do vazamento gigante após a explosão de uma plataforma operada no Golfo do México pela petroleira BP, em 20 de abril do ano passado, a 240 km da orla americana.  Foi o maior desastre já registrado na indústria petrolífera. Onze trabalhadores morreram e os prejuízos ambientais, físicos, empresariais e securitários até hoje ainda não foram totalmente avaliados. O óleo vazou no mar por 87 dias. Em maio do ano passado fiz postagem sobre a necessidade de se fazerem testes de segurança antes da exploração do pré-sal, à luz do ocorrido com esse desastre da BP.

O CSA tem um dos mais modernos sistemas de simulação do mundo. Seus clientes são a Petrobrás, as grandes petroleiras privadas, os terminais portuários e a mineradora Vale, entre outros. Só para a Vale o centro fez 40 simulações no terminal de Itaqui (MA), que consideraram variáveis climáticas (correntes, vento e topografia) para indicar, por exemplo, o rumo da mancha em caso de vazamentos. Recentemente, o CSA deu parecer contrário ao uso do porto de Suape, em Pernambuco, como escoadouro da produção de gás liquefeito pela Petrobrás. A justificativa para o veto é a de que o porto não oferece segurança para a atracação apropriada ao transporte da carga. Como opção, a estatal apresentou um segundo plano, transferindo o terminal pernambucano para a Baía de Todos os Santos (Bahia). O projeto ainda está em análise pelo CSA.

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