Com 13,9 milhões de jovens, adultos e idosos que não sabem ler nem
escrever - ou 9,6% da população de 15 anos ou mais, segundo o Censo 2010
-, o Brasil terá de dobrar o ritmo de queda do analfabetismo para cumprir a meta assumida perante a ONU de chegar à taxa de 6,7% em 2015. Levada em conta a projeção do IBGE de que a população nessa faixa etária
será de 154,9 milhões, o País deveria chegar a 2015 com 10,4 milhões de
analfabetos. Em números absolutos, seria uma redução de 3,5 milhões em
apenas cinco anos. Entre 2000 e 2010, no entanto, o total de analfabetos caiu 2,3 milhões.
Se o País repetir esse desempenho, a meta prometida pelo governo há 11
anos, durante conferência da Unesco, só será alcançada em 2020.
Uma das principais dificuldades na redução das taxas é que os piores
índices de analfabetismo entre adultos estão concentrados na população
idosa, de 60 anos ou mais, que tem grande dificuldade de aprendizado. Apesar de iniciativas como o Alfabetização Solidária, do governo
Fernando Henrique Cardoso, e o Brasil Alfabetizado, iniciado no governo
Luiz Inácio Lula da Silva e mantido no governo Dilma Rousseff, a
alfabetização de adultos e especialmente de idosos avança em ritmo
lento. Um em cada quatro brasileiros de 60 anos ou mais (26,6%) não sabe ler
nem escrever. Em 2000, a taxa era de 35%. Em 1991, chegava a 44,2%.
"O Brasil terá de fazer um esforço grande para chegar à meta fixada com a
Unesco. São os rincões do Norte e do Nordeste que mais contribuem para a
taxa entre os adultos", explica Mozart Neves Ramos, ex-secretário de
Educação de Pernambuco e hoje integrante do movimento Todos pela
Educação. Ele ressalta que outro fator que contribui para os altos índices de
analfabetismo é um desânimo muito grande da população adulta que mora no
campo em voltar à escola para aprender a ler e a escrever. "Para
reduzir as taxas, é preciso o empenho direto dos prefeitos, a
mobilização nas igrejas, campanhas permanentes nas rádios", diz.
Os dados do Censo 2010 indicam melhores resultados na redução do
analfabetismo entre as crianças de 10 a 14 anos. A taxa caiu de 7,3% em
2000 para 3,9% em 2010 (redução de 3,4 pontos porcentuais ou 46,5%). No
entanto, ainda há 671 mil pessoas nessa faixa etária que não sabem ler
nem escrever, quando o ideal é que, no máximo, aos 8 anos as crianças
estejam alfabetizadas. As informações do Censo mostram que, embora ainda pequeno, o número de
municípios com 100% de alfabetizados com idades de 10 a 14 anos mais que
dobrou em dez anos. E, das 77 cidades com índice zero de analfabetismo
nessa faixa de idade, 29 estão no Rio Grande do Sul.
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