segunda-feira, 25 de julho de 2011

Lições dos atentados na Noruega

Continua repercutindo no mundo todo a insanidade cometida pelo psicopata que matou quase 100 pessoas na Noruega na semana passada. O site CNN World traz um artigo interessante de Brian Fishman, com o título desta postagem, que reproduzo a seguir. Brian é um pesquisador de contra-terrorismo na New America Foundation, uma "usina de ideias" (think-tank) focada em ideias inovadoras que perpassem o espectro político.

Na imediata esteira de um ataque como o que sacudiu a Noruega na sexta-feira, frequentemente buscamos as razões do ocorrido. Como pode alguém matar crianças inocentes? Por que alguém detonaria uma bomba que inevitavelmente mutilaria quem estivesse por perto? Em vez de buscar mais informação sobre a razão porque os autores do ataque na Noruega fizeram o que fizeram, é importante pensar como fizeram o que fizeram. Porque a terrível realidade é que há pessoas de coração diabólico, com múltiplas agendas políticas, querendo usar de violência contra inocentes para alcançar seus objetivos.

Talvez a lição mais forte do atentado na Noruega é que, com base nos primeiros relatórios, mais pessoas parecem ter morrido feridas por arma de fogo do que por explosivos. Assim, esse ataque reflete uma tendência maior no terrorismo, exemplificada da maneira a mais terrível pelo ataque terrorista em Bombaim em 26/11/2008, no qual 10 atiradores agiram em grupo para matar mais de 160 pessoas.

Terroristas matam por duas razões básicas: querem desintegrar e destruir instituições ou símbolos de uma ordem política que desprezam, e querem intimidar as pessoas que não foram atingidas diretamente por seu ataque. Durante anos, as bombas foram a ferramenta mais útil para atingir ambos objetivos: eram o melhor meio para matar um grande número de pessoas e atraíam muita atenção da mídia. Mas isso pode estar mudando. A crescente disponibilidade de armas automáticas torna mais fácil assassinatos em massa, até por uma pessoa só. E a velocidade e a capilaridade da cobertura da mídia garantem que será maciço o número de pessoas acompanhando qualquer tipo de ataque violento, quer os terroristas usem bombas ou armas de fogo.

Os autores do ataque na Noruega tiveram êxito em montar e detonar uma bomba no centro de Oslo, mas uma lição de supostos terroristas da al-Qeda é que fazer explosivos/bombas é mais difícil do que parece. Tanto pelo exemplo do fracasso da tentativa de Faisal Shahzad de detonar uma bomba em Times Square no dia 1˚ de maio de 2010, como pelo fracasso do terrorista que, com um explosivo na cueca, tentou derrubar um avião que sobrevoava Detroit no Natal de 2009, fica evidente que um ataque terrorista com o uso de explosivos acarreta muito risco para pessoas não suficientemente treinadas para fazê-lo. Se os terroristas puderem usar armas de fogo para conseguir níveis semelhantes de destruição sem correr o risco operacional de usar bombas, podemos esperar que irão fazê-lo.

Um efeito perigoso do ataque da Noruega é que terroristas do mundo inteiro o estudarão, para dele tirar lições -- e não apenas pessoas com as mesmas convicções ideológicas dos autores do atentado de sexta-feira. A al-Qeda tem sido particularmente adepta de adaptar técnicas desenvolvidas por outras organizações. Podemos esperar que propagandistas dela irão pelo menos apontar o ataque na Noruega como exemplo de ação que uma pessoa ou um grupo pequeno pode executar no futuro.

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