Pela primeira vez na pesquisa farmacêutica europeia, cientistas lançaram um ensaio clínico com um remédio anti-HIV criado pela biotecnologia usando tabaco geneticamente modificado, planta mais conhecida por
prejudicar a saúde humana. A ação marca um avanço no campo emergente da agricultura molecular,
capaz de oferecer uma maneira mais barata de produzir drogas e vacinas a
partir da biotecnologia, comparando com os sistemas tradicionais da
indústria.
Depois de obtido o sinal verde dos reguladores, o anticorpo monoclonal
está sendo testado em um pequeno estudo envolvendo 11 mulheres saudáveis
na Grã-Bretanha. Ele foi desenhado para ser usado como microbicida
vaginal a fim de evitar a transmissão do HIV durante o sexo. Se o estudo da Fase I for bem-sucedido, ensaios maiores serão feitos e
os pesquisadores preveem que o novo anticorpo, o P2G12, será combinado
com outros em um microbicida que ofereça uma ampla proteção contra o
HIV/Aids.
O ensaio é um marco para o projeto Pharma-Planta, lançado em 2004 com 12
milhões de euros (US$ 16,8 milhões) financiados pela União Europeia.
No momento, drogas caras - como os tratamentos anticâncer da Roche
Herceptin e Avastin - são produzidas em culturas de células dentro de
tanques de aço inoxidável. Os defensores da agricultura molecular acreditam que as drogas feitas a
partir de proteínas podem ser produzidas de forma mais eficiente e
barata dentro de plantações geneticamente modificadas, uma vez que as
plantas são produtoras de proteínas com uma relação custo-benefício
extremamente positiva.
O coordenador do projeto, Julian Ma, professor de imunologia molecular
da University of London, em St Georges, disse a jornalistas na
terça-feira que a autorização para o ensaio clínico era um
reconhecimento de que os anticorpos poderiam ser fabricados em plantas
com a mesma qualidade dos produzidos nas fábricas.
O anticorpo em teste foi descoberto pela empresa privada de biotecnologia Polymun, da Áustria.
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