Mais um capítulo na polêmica que envolve a capacidade ou potencial dos telefones celulares em provocar ou não câncer no cérebro de seus usuários.
Crianças e adolescentes que usam celulares não estão expostos a um risco
maior de desenvolver câncer no cérebro em relação a quem não usa esses
aparelhos, aponta um estudo junto a pacientes de 7 a 19 anos divulgado
nessa quarta-feira, 27. A pesquisa, publicada no Jornal do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, diz respeito a temores de que crianças possam ser mais vulneráveis a riscos de saúde em decorrência da radiação eletromagnética dos celulares.
Como o sistema nervoso das crianças está em desenvolvimento, há temores de que a radiação dos celulares possa penetrar mais fundo em seus cérebros. Mas o estudo, o primeiro a analisar especificamente crianças e o risco de câncer associado a celulares,
descobriu que pacientes com tumor cerebral não eram mais propensos a
serem usuários regulares de celulares do que os indivíduos de controle
que não tinha câncer. “Se o uso de celular fosse um fator de risco, seria de se esperar que
pacientes com câncer usassem mais o aparelho”, disse o professor Martin
Roosli, que conduziu o estudo no Instituto Tropical e de Saúde Pública,
na Basileia, Suíça.
Parte do financiamento para o estudo veio da Fundação Suíça de Pesquisa
sobre Comunicação Móvel, que é em parte apoiada por operadoras de
telefonia celular da Suíça. As operadoras não foram envolvidas no
projeto do estudo ou no recolhimento, análise ou interpretação dos
dados, segundo os autores.
Após cerca de 30 anos da introdução comercial dos celulares no mundo,
aproximadamente 5 bilhões de aparelhos estão em uso atualmente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) retomou o interesse sobre possíveis riscos à saúde causados por dispositivos móveis depois que informou em maio que o uso de um celular pode aumentar o risco de surgimento de certos tipos de tumores no cérebro.
A pesquisa de Roosli, conduzida entre 2004 e 2008 na Noruega, Dinamarca,
Suécia e Suíça, avaliou o uso de celulares entre 352 pacientes com
câncer e 646 participantes de um grupo de controle. Cerca de 55% dos
pacientes tiveram um uso regular do celular ante taxa de 51% entre os
integrantes do grupo de controle, segundo o levantamento, que definiu
como usuário regular aquele que em média faz pelo menos uma chamada por
semana. “O que descobrimos é que não há diferença (significativa) na quantidade
de uso”, disse Roosli à Reuters, acrescentando que se houver algum
risco, “ele seria realmente muito pequeno”.
O estudo envolveu entrevistas ao vivo e Roosli comentou que não pode ter
certeza sobre a precisão das lembranças de uso de celular pelos
entrevistados. Um crítico da pesquisa afirmou que os resultados não trazem garantias. ”Tumores cerebrais podem levar 10 anos para se formar e crianças jovens certamente não são usuárias intensas de celulares por muitos anos”, disse Devra Davis, autora do livro Disconnect: The Truth About Cell Phone Radiation (Desligue: A Verdade sobre a Radiação do Celular, em tradução livre).
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