sexta-feira, 29 de julho de 2011

Celular não altera risco de câncer em crianças, diz estudo

Mais um capítulo na polêmica que envolve a capacidade ou potencial dos telefones celulares em provocar ou não câncer no cérebro de seus usuários.

Crianças e adolescentes que usam celulares não estão expostos a um risco maior de desenvolver câncer no cérebro em relação a quem não usa esses aparelhos, aponta um estudo junto a pacientes de 7 a 19 anos divulgado nessa quarta-feira, 27. A pesquisa, publicada no Jornal do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, diz respeito a temores de que crianças possam ser mais vulneráveis a riscos de saúde em decorrência da radiação eletromagnética dos celulares.

Como o sistema nervoso das crianças está em desenvolvimento, há temores de que a radiação dos celulares possa penetrar mais fundo em seus cérebros. Mas o estudo, o primeiro a analisar especificamente crianças e o risco de câncer associado a celulares, descobriu que pacientes com tumor cerebral não eram mais propensos a serem usuários regulares de celulares do que os indivíduos de controle que não tinha câncer. “Se o uso de celular fosse um fator de risco, seria de se esperar que pacientes com câncer usassem mais o aparelho”, disse o professor Martin Roosli, que conduziu o estudo no Instituto Tropical e de Saúde Pública, na Basileia, Suíça.

Parte do financiamento para o estudo veio da Fundação Suíça de Pesquisa sobre Comunicação Móvel, que é em parte apoiada por operadoras de telefonia celular da Suíça. As operadoras não foram envolvidas no projeto do estudo ou no recolhimento, análise ou interpretação dos dados, segundo os autores.

Após cerca de 30 anos da introdução comercial dos celulares no mundo, aproximadamente 5 bilhões de aparelhos estão em uso atualmente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) retomou o interesse sobre possíveis riscos à saúde causados por dispositivos móveis depois que informou em maio que o uso de um celular pode aumentar o risco de surgimento de certos tipos de tumores no cérebro.

A pesquisa de Roosli, conduzida entre 2004 e 2008 na Noruega, Dinamarca, Suécia e Suíça, avaliou o uso de celulares entre 352 pacientes com câncer e 646 participantes de um grupo de controle. Cerca de 55% dos pacientes tiveram um uso regular do celular ante taxa de 51% entre os integrantes do grupo de controle, segundo o levantamento, que definiu como usuário regular aquele que em média faz pelo menos uma chamada por semana. “O que descobrimos é que não há diferença (significativa) na quantidade de uso”, disse Roosli à Reuters, acrescentando que se houver algum risco, “ele seria realmente muito pequeno”.

O estudo envolveu entrevistas ao vivo e Roosli comentou que não pode ter certeza sobre a precisão das lembranças de uso de celular pelos entrevistados. Um crítico da pesquisa afirmou que os resultados não trazem garantias. ”Tumores cerebrais podem levar 10 anos para se formar e crianças jovens certamente não são usuárias intensas de celulares por muitos anos”, disse Devra Davis, autora do livro Disconnect: The Truth About Cell Phone Radiation (Desligue: A Verdade sobre a Radiação do Celular, em tradução livre).

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