Volta e meia têm surgido críticas quanto ao estilo e ao perfil de atuação do BNDES como órgão de financiamento e fomento da economia brasileira, desde a era Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata) e agora também no governo Dilma. O fracasso da fusão entre o Pão de Açúcar e as operações do Carrefour no Brasil alimenta a polêmica sobre o papel central do BNDES na economia do país, segundo uma análise publicada nesta quinta-feira pelo diário
econômico britânico Financial Times. O jornal afirma que as opiniões se dividem sobre se o BNDES é um fardo ou uma ajuda ao regime de crédito brasileiro. Há pouco tempo, outro prestigioso órgão da imprensa inglesa, a revista The Economist, fez críticas ao envolvimento do BNDES nessa controvertida fusão.
Na análise do diário, a abortada participação do BNDES no financiamento
da operação de fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour foi "uma
experiência tumultuosa para uma das mais importantes instituições
financeiras da América Latina".
O Financial Times comenta que a carteira de empréstimos da
instituição é três vezes maior do que a do Banco Mundial e afirma que o
seu papel central na economia e no setor corporativo do Brasil é objeto
de polêmica. "O presidente anterior do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, alistou o
apoio do banco para sua visão de fomentar uma nova leva de 'heróis
nacionais' - conglomerados brasileiros com alcance global", diz o texto. O jornal diz que o BNDES rejeita a noção de estar criando esses heróis
nacionais, dizendo que empresta e investe em uma base estritamente
comercial, mas observa que o apoio da instituição foi fundamental para a
criação de grandes conglomerados brasileiros como a Brasil Foods, maior
exportador mundial de frango, e a JBS, maior exportador mundial de
carne bovina.
O Financial Times comenta que os simpatizantes defendem a
atuação do BNDES em prover financiamento de longo prazo no Brasil em uma
área na qual os credores privados são cautelosos. O jornal observa,
porém, que os críticos dizem que os empréstimos concedidos pelo banco na
realidade expulsam o setor privado e que sua política generosa de
crédito ajuda a alimentar a inflação. "O banco empresta a taxas subsidiadas, supostamente prejudicando os
esforços do Banco Central de conter a inflação aumentando as taxas de
juros", afirma o texto.
O artigo diz ainda que os críticos também argumentam que os empréstimos
deveriam ser mais estratégicos, favorecendo companhias inovadoras ou
indústrias de tecnologia intensiva para ajudar o Brasil a produzir e
exportar com mais valor agregado. Este me parece um aspecto fundamental em toda essa discussão sobre o papel e a atuação do BNDES em nossa economia. A grande valorização atual das commodities no mercado internacional tem sido o pilar da situação relativamente folgada desfrutada pela economia brasileira, mas esse mar de rosas vai secar e a nítida sensação que se tem é que o país não tem nenhum planejamento estratégico de médio e longo prazos para se organizar e se consolidar como exportador de produtos de maior valor agregado.
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