sexta-feira, 29 de julho de 2011

O fim da comunicação como a conhecemos

Dois eventos aparentemente não relacionados um com o outro -- o lançamento pelo Google de sua nova rede social Google+ e a decisão do Serviço Postal dos EUA (USPS, em inglês) de definir 3.700 de suas agências para potencial fechamento -- podem ter mais em comum do que se pensa. Juntos, são representativos das mudanças fundamentais que estão ocorrendo com as nossas modernas redes de comunicações.

Enquanto se apressam em se adaptar à rápida digitalização da informação no mundo em 1 seg e 0 seg, as empresas estão também redefinindo como comunicar-se entre si. Hoje, estamos mais conectados uns com os outros e estamos conectados a mais pessoas do que jamais pensamos ser possível. No momento em que estamos apenas a um nível de separação de qualquer político, celebridade ou figura cultural importante, será possível que estejamos mais separados do que nunca antes?

Tomemos como exemplo o potencial fechamento das agências do USPS. Predominantemente, esse fechamento se dará em áreas rurais que não geram atividade suficiente para justificar seus custos. Entretanto, para muitas cidades menores essas agências são nós vitais numa rede de comunicações através do país. Elas, as agências, estão no núcleo da própria identidade dessas cidades e são locais onde pessoas da comunidade se juntam para comemorar momentos importantes de suas vidas. Mas as grandes cidades americanas não estão imunes a essa iniciativa do USPS. Os Correios americanos estão fechando agências por toda Nova Iorque, do Bronx a Manhattan e Brooklyn.

Não é difícil ver outros sinais de que estão ocorrendo mudanças fundamentais em nossa rede de comunicações. Vejamos o fechamento da cadeia de livrarias Borders Books nos EUA. Há apenas uns poucos anos atrás, era difícil imaginar que alguém lamentaria o fechamento de uma loja de uma grande cadeia. Mas, é exatamente o que está acontecendo quando as pessoas percebem que a Borders era um lugar em que iam para às vezes passar o dia todo, tomar um cafezinho e se comunicar com outros leitores de mesmas preferências que as suas. [A Borders, fundada há 40 anos, tinha 399 lojas e 10.700 empregados nos EUA].

A mutante natureza do modo como nos comunicamos uns com os outros deve estar fazendo com que os gurus da teoria de redes e de informação estejam com água na boca, na perspectiva da ocorrência de um novo e grande experimento. Faz sentido que, à medida que os nós físicos da nossa rede de comunicação estejam desaparecendo para sempre, estejamos correndo para substituí-los com nós digitais. Essa é uma busca para um sentido, um significado em nossas vidas sociais. Como sociedade, estamos nos afastando cada vez mais das mensagens e da comunicação e caminhando para a informação pura e simples, enviada para quem quer que a queira receber.

Pessoalmente, acho que a era digital está depreciando e eliminando, em escala apreciável e lamentável, o contato mais humano e pessoal entre as pessoas, e isso é uma lástima.

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