O impasse em Washington sobre como evitar um default do governo vem ameaçando, de maneira crescente, desferir um novo golpe no enfermo sistema financeiro europeu, por causa da tremenda quantia de bônus do Tesouro americano e de outros títulos da dívida americana em poder dos bancos europeus.
Se os EUA entrarem em default e sua excelente classificação de crédito for rebaixada, os bancos europeus terão que aumentar as reservas que possuem como salvaguarda, por causa do risco ampliado de que percam dinheiro com os bônus americanos. No final do ano passado, esses bancos possuiam US$ 479 bilhões em títulos da dívida americana, de acordo com o Banco para Acordos Internacionais (Bank for International Settlements). Boa parte disso estava na Inglaterra e na Suiça, que não usam o euro. Entre os 17 países da zona do euro, os bancos franceses detinham US$ 65 bilhões, os bancos espanhóis US$ 27 bilhões, e os alemães US$ 18 bilhões.
Essa demanda por uma proteção surge no momento em que muitos dos bancos estão sob pressão para um aporte de mais capital, no caso de perdas com bônus emitidos pela Grécia, por Portugal, e por outros governos europeus prejudicados por crises financeiras. Um período longo de default dos EUA poderia deflagrar uma cascata de quebras bancárias que derrubaria o vulnerável sistema financeiro europeu e, em sequência, inflingir ainda mais danos aos EUA.
A vulnerabilidade de algumas empresas financeiras europeias ficou ressaltada na semana passada, quando a Autoridade Bancária Europeia liberou os resultados dos testes de estresse realizados com o intento de gerar confiança em que os bancos europeus são suficientemente fortes para enfrentar uma nova retração econômica. As manchetes dos resultados foram encorajadoras -- apenas oito bancos foram reprovados. Mas, 16 outros bancos foram aprovados com dificuldade e os agentes reguladores dizem que o sistema como um todo precisa se fortalecer.
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