Nos últimos 12 meses, pesquisas têm mostrado que drogas antiretrovirais em um gel vaginal podem proteger mulheres contra infecções, e sob a forma de pílula podem proteger homens homossexuais. Um estudo mostrou também que quando uma pessoa HIV-positiva começa uma terapia antiretroviral, a chance de transmitir o vírus para alguém cai drasticamente.
Os dois novos estudos formularam uma questão mais simples: se heterossexuais não infectados tomarem as pílulas diariamente e forem em seguida levar suas vidas em lugares onde o HIV seja predominante, suas chances de ficarem infectados serão reduzidas? A resposta é "sim".
O sucesso dessa estratégia -- profilaxia de pré-exposição, ou PrEP em inglês -- sinaliza um futuro em que milhões de pessoas possam tomar um antiretroviral diariamente para reduzir seu risco de contrair o HIV do mesmo modo que outras pessoas tomam aspirina para diminuir a chance de um ataque do coração ou um antiácido para evitar acidez estomacal. Especialistas em AIDS disseram que os resultados dos estudos "mudaram o jogo" e são "um grande marco", mas também mostraram-se preocupados com o fato de que não há uma maneira clara de colocá-los em prática.
'"É importante que pensemos em como a PrEP será usada no mundo real", diz Jonathan Mermin, diretor de prevenção de HIV/AIDS nos Centros para Controle e Prevenção de Doenças, que patrocinou um dos estudos, realizado em Botswana. "PrEP não é para cada um e não resolverá o problema da epidemia", acrescenta ele.
Há também problemas práticos para colocar o PrEP em ação. No mundo todo, há cerca de 34 milhões de pessoas vivendo com HIV. No mundo em desenvolvimento, principalmente na África, há 6,6 milhões de pessoas tratadas com terapia antiretroviral que consiste de três remédios tomados diariamente. Mais do dobro desse número deveria estar tomando essa medicação, mas não o fazem por falta de remédio, de clínicas e de clínicos. Preparar e fornecer medica;ção para 10 milhões de pessoas não infectadas é uma tarefa que até agora ninguém enfrentou seriamente.
Dois estudos anunciados na quarta-feira 13/7 mostram que a pílula Truvada, fabricada por Gileads Sciences Inc, ajudou a evitar a propagação do vírus da AIDS entre casais heterossexuais na África. Essa pílula já vem sendo utilizada para tratar pessoas com HIV.
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