Um soro liofilizado (em pó), sem necessidade de refrigeração, para testes rápidos de sífilis e aids em indígenas e com resultados em apenas 20 minutos foi aprovado na primeira fase da pesquisa. O desenvolvimento
da tecnologia, inédita no Brasil, é financiado pela Fundação Melinda
& Bill Gates, que investiu US$ 500 mil (cerca de R$ 790 mil). Segundo a coordenadora do estudo, a ginecologista Adele Benzaken, do
Hospital Alfredo da Matta, em Manaus, o resultado da pesquisa vai servir
de base para a realização de testes rápidos de sífilis e aids em todo o
País. "Se a tecnologia sobreviveu às condições em regiões tão remotas,
passou no teste para qualquer outra viagem", afirma Adele, consultora da
Organização Mundial da Saúde (OMS).
O teste poderá ser usado pela Rede Cegonha, do governo federal, já que
uma das maiores preocupações em relação à sífilis é o fato de ela ser
transmitida da mulher grávida para o bebê.
Os testes indicaram uma alta ocorrência de sífilis em tribos do Amazonas
e de Roraima. Dos 45,6 mil indígenas de 195 etnias examinados nos
últimos dois anos - ou 54% da população sexualmente ativa das áreas
pesquisadas - 1,47% (655 indígenas) foram diagnosticados e tratados de
sífilis. O HIV teve uma incidência menor: 0,1% da população pesquisada. Os testes
foram feitos por agentes da Secretaria Especial de Saúde Indígena.
"No caso da sífilis, o resultado chegou quase à média nacional, que é de
1,6% da população sexualmente ativa. E o número é bastante alto, se
analisados os resultados em cada aldeia", atesta a médica. Na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas, por exemplo, 12% da
população sexualmente ativa apresentava sífilis. Nas aldeias indígenas
de Atalaia do Norte, 7,05% da população tem a doença.
As doenças sexualmente transmissíveis são uma das maiores causas de
mortes entre indígenas. Segundo a médica, o desconhecimento das doenças e
a resistência ao uso de preservativos causam essa vulnerabilidade.
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