No dia 15 deste mês de julho foram conhecidos os resultados do teste de estresse (stress-test) do setor financeiro espanhol, no contexto da análise feita pela Autoridade Bancária Europeia (EBA, em inglês), agência criada recentemente e sediada em Londres. Nesse teste, a maioria dos bancos e caixas espanhóis foi aprovada, dentro do intenso e rápido processo de reestruturação em que o setor se encontra imerso há um ano. A nós brasileiros esse assunto interessa particularmente de perto, dada a forte presença do banco espanhol Santander no país, principalmente depois que comprou o Banco Real.
No caso da Espanha foi examinada praticamente a totalidade de seu setor bancário. A Espanha é o país com o maior número de entidades participantes, com 25 em um total de 90, que representam cerca de 95% dos ativos totais do setor bancário espanhol, frente a uma média de apenas 65% no âmbito europeu. A principal consequência disso é que agora, diferentemente de outros países, existe menos incerteza e mais transparência sobre a situação de solvência dos bancos e caixas espanhóis.
O apoio financeiro dos Estados aos bancos europeus foi decisivo para superar a crise financeira. Os dados fornecidos pela EBA nos testes de resistência dos bancos citado acima mostram que quase um terço das entidades testadas não seria aprovado, não fosse o aporte de capital público feito a essas instituições através de ações e outros instrumentos, como as participações preferenciais espanholas. O apoio recebido -- comprometido ou garantido pelos Estados para as 90 entidades analisadas -- soma 171,29 bilhões de euros, cifra que seria maior se mais entidades tivessem sido examinadas em outros países.
Reino Unido, Irlanda e Alemanha são os países que enfrentaram a situação mais calamitosa nos seus sistemas financeiros, e são aqueles que mais dinheiro injetaram e comprometeram nesse setor. A Espanha é o quarto país que mais dinheiro injetou nas entidades examinadas, mas com a diferença de ter sido o país que submeteu praticamente todo o seu setor financeiro a esse exame. Se o termo de comparação for a relação entre a quantidade de capital público recebido e o total de capital das entidades, o apoio estatal no caso espanhol é de 10%, inferior não apenas ao dos três países citados como também ao da Áustria, Grécia ou Dinamarca.
O Royal Bank of Scotland ( com 52,6 bilhões), o Lloyds ( com 23,16 bilhões) e o Allied Irish Banks (com 20,76 bilhões) lideram a classificação de ajudas. O curioso é que, apesar da enorme quantidade de dinheiro que injetou nas duas instituições britânicas, o Estado não colocou nelas gestores estatais e controla seu investimento através dos postos que ocupa nos conselhos de administração.
Sem as ajudas públicas, o número de instituições reprovadas cresceria significativamente a até 26, incluindo as duas entidades espanholas que foram reprovadas sem haver recebido ajuda pública: Banco Pastor e Caja 3 (Caja Inmaculada de Aragón, Caja Círculo Católico de Burgos, e Caja Badajoz).
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