A família tradicional, com pai, mãe e três filhos, está cada vez mais
rara no Brasil. Pela primeira vez na história, o número de pessoas morando sozinhas ultrapassou o das famílias com cinco integrantes. Hoje,
os domicílios com apenas um morador já são 12,2% do total, ante 10,7%
das residências com cinco pessoas. Os brasileiros solitários já somam
6,9 milhões – quase três vezes mais que os 2,4 milhões de 1991.
Os dados constam de um recorte inédito feito pelo Estado
nos dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que o
País está seguindo uma tendência internacional: há cada vez menos gente
dividindo o mesmo teto. Em 1960, a média de moradores por domicílio era
de 5,3 pessoas. Cinquenta anos depois, caiu para 3,3. Ainda assim, é bem
maior do que a proporção em países europeus e nos Estados Unidos: por
volta de 2,5.
Existem, porém, duas grandes diferenças no aumento dos “solitários”
brasileiros registrado na última década. A primeira é a intensidade – de
2000 para cá, o ritmo de crescimento dos domicílios com apenas um
morador foi cerca de 15% maior do que na década anterior. A outra é a
participação das cidades médias: morar sozinho era um comportamento mais
restrito às grandes cidades. Mas, nos últimos dez anos, o avanço de
casas e apartamentos com apenas um morador foi quase 40% maior em
cidades de 100 mil a 500 mil habitantes que nos grandes municípios.
As principais explicações para esse fenômeno são o crescimento no número
de idosos e o aumento na renda média do brasileiro. Porto Alegre, líder
no ranking dos solitários entre as capitais, com 21,6%, é o melhor
exemplo da primeira razão. A cidade gaúcha é também a capital que conta
com mais moradores com mais de 60 anos (15%). Como regra geral, quanto
mais velha a população, maior o número de pessoas morando sozinhas após
criar os filhos, se divorciar ou ficar viúva.
Florianópolis, segundo lugar na lista das capitais, é um exemplo de
como a renda influencia na quantidade de pessoas morando sob o mesmo
teto. Como a cidade é a capital com maior renda per capita por
domicílio, há mais pessoas com condições de bancar todos os custos de
manter uma casa ou um apartamentos apenas com seu salário.
Já São Paulo ocupa um lugar intermediário: é a 8ª capital com maior
renda per capita, 5ª colocada no ranking da terceira idade e 7ª das que,
proporcionalmente, mais têm domicílios com apenas um habitante. No
total dos municípios brasileiros, a maior média é de Herval (RS), no
interior gaúcho, onde 26,6% dos moradores vivem sozinhos. Na outra ponta
está Ipixuna, no Amazonas – lá, a alta proporção de indígenas faz menos
de 1% dos lares ter só um morador.
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