A decisão da agência Moody's de rebaixar a nota de Portugal (em quatro pontos) é um elemento especulativo adicional que torna menos clara e menos transparente a situação da dívida na zona do euro, declarou hoje o presidente da Comunidade Europeia, o português José Manuel Barroso. "Lamentamos profundamente a decisão de uma agência de classificação de baixar a nota portuguesa, lamentamos também a metodologia adotada e a data escolhida para isso", acrescentou ele em uma entrevista à imprensa em Estrasburgo, lembrando que as agências de classificação "não eram infalíveis" e não haviam conseguido antecipar correta e convenientemente a crise de 2008.
Barroso acrescentou que a Comunidade Europeia está pronta para, muito rapidamente, colocar sobre a mesa uma proposta que objetiva regulamentar de maneira mais estreita a atividade dessas agências, analisando principalmente a questão de sua responsabilidade diante das jurisdições civis. Finalmente, ele estimou que era possível criar uma agência de classificação europeia a fim de reforçar a concorrência nesse mercado, dominado pelas agências Standard & Poor's (McGraw Hill), Moody's e Fitch.
O chanceler grego, Stavros Lambrinidis, por seu lado atacou hoje a "loucura" das agências, cuja atuação não melhora uma situação já delicada, informa a BBC. Na França, o novo ministro das Finanças, François Baroin, expressou a mesma desconfiança -- "não será a opinião de uma agência de classificação que irá resolver o problema da tensão das dívidas soberanas e da crise orçamentária", disse ele, acrescentando confiar em Portugal.
José Manuel Barroso, presidente da Comunidade Europeia (Foto: John Thys/AFP).
Nenhum comentário:
Postar um comentário