quarta-feira, 6 de julho de 2011

A agência Moody's rebaixa a classificação de Portugal e desagrada a Comunidade Europeia, que anuncia sua intenção de regulamentar a atuação desse tipo de agência

Parece que, finalmente, alguém despertou para o poder absurdo adquirido pelas chamadas agências de classificação -- das quais as mais famosas e poderosas são a Fitch Ratings, a Moody's e a Standard & Poor's -- que decidem, a seu bel prazer, o destino de empresas multinacionais e até de países, dependo da classificação que resolvam lhes atribuir.

A decisão da agência Moody's de rebaixar a nota de Portugal (em quatro pontos) é um elemento especulativo adicional que torna menos clara e menos transparente a situação da dívida na zona do euro, declarou hoje o presidente da Comunidade Europeia, o português José Manuel Barroso. "Lamentamos profundamente a decisão de uma agência de classificação de baixar a nota portuguesa, lamentamos também a metodologia adotada e a data escolhida para isso", acrescentou ele em uma entrevista à imprensa em Estrasburgo, lembrando que as agências de classificação "não eram infalíveis" e não haviam conseguido antecipar correta e convenientemente a crise de 2008.

Barroso acrescentou que a Comunidade Europeia está pronta para, muito rapidamente, colocar sobre a mesa uma proposta que objetiva regulamentar de maneira mais estreita a atividade dessas agências, analisando principalmente a questão de sua responsabilidade diante das jurisdições civis. Finalmente, ele estimou que era possível criar uma agência de classificação europeia a fim de reforçar a concorrência nesse mercado, dominado pelas agências Standard & Poor's (McGraw Hill), Moody's e Fitch.

O chanceler grego, Stavros Lambrinidis, por seu lado atacou hoje a "loucura" das agências, cuja atuação não melhora uma situação já delicada, informa a BBC. Na França, o novo ministro das Finanças, François Baroin, expressou a mesma desconfiança -- "não será a opinião de uma agência de classificação que irá resolver o problema da tensão das dívidas soberanas e da crise orçamentária", disse ele, acrescentando confiar em Portugal.
José Manuel Barroso, presidente da Comunidade Europeia (Foto: John Thys/AFP).

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