sexta-feira, 8 de julho de 2011

Economia brasileira é "bicicleta difícil de pedalar", diz o jornal Financial Times

A presidente Dilma ainda não cometeu nenhuma estupidez como a de seu patrono e criador Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata, que chamou de "marola" o tsunami da crise financeira de 2008, mas vozes sensatas vêm se acumulando aqui e lá fora contra a incapacidade de seu governo em lidar com a irrefreável valorização do real e com outros sinais preocupantes de nossa economia.

Dessa vez, vem do prestigioso jornal Financial Times a mensagem de alerta sobre o que vem ocorrendo no país. Diz ele, em sua edição de hoje, que a forte valorização do real e o aumento da disponibilidade de crédito como consequência do grande fluxo de capitais para o Brasil ameaçam interromper o ciclo de crescimento econômico do país.

Em um texto intitulado "Feridas brasileiras", o jornal compara a economia brasileira a uma bicicleta. "Ela funciona enquanto estiver em movimento", diz o editorial. "Agora, porém, está ficando mais difícil pedalar." O jornal observa que o real se valorizou 40% em termos reais desde 2006 e que no mesmo período as importações brasileiras quase dobraram, enquanto as exportações cresceram apenas 5%. "A única razão pela qual o déficit em conta corrente brasileiro não explodiu são os altos preços das commodities. Mas esse boom pode não durar para sempre", alerta o jornal.

O editorial comenta ainda que a liquidez em abundância também ajudou a impulsionar o crédito doméstico, mas que os consumidores brasileiros agora parecem estar sobrecarregados, gastando mais que um quarto de suas rendas para o pagamento de empréstimos - nível superior ao verificado nos Estados Unidos no período anterior à crise de 2008. Para o jornal, o crescimento do crédito no Brasil somente pode ocorrer se a renda também continuar a crescer. "É aí que a bicicleta econômica se depara com a trincheira da guerra cambial", afirma o jornal, observando que o aumento da renda eleva a demanda e a pressão inflacionária, exigindo o aumento dos juros, que atraem mais capital externo, elevando ainda mais a cotação da moeda, aumentando com isso a atração das importações e prejudicando a competitividade das exportações. O resultado é um déficit em conta corrente mais amplo, e um limite no crescimento exigido nos salários para manter o crédito doméstico crescendo com segurança", diz o jornal.

O editorial afirma que uma das maneiras de contornar o problema seria conter a valorização da moeda, mas observa que o governo brasileiro já tentou medidas como controles parciais de capitais e grandes intervenções no mercado cambial, mas sem sucesso. Outra possibilidade seria o corte de gastos públicos, dificultados pelo Congresso. Um terceiro caminho seria a elevação dos impostos sobre o setor de commodities, mas o texto observa que mesmo outras economias ricas em commodities e com melhor administração, como o Chile e a Austrália, estão sofrendo com problemas semelhantes e que os problemas no Brasil são mais agudos por causa do tamanho da economia do país.
O editorial do Financial Times observa que o real se valorizou 40% em termos reais desde 2006 (Foto: Abr/BBC Brasil).

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