sábado, 23 de julho de 2011

Com o fim dos ônibus espaciais, a NASA está terceirizando os voos espaciais, confiando na iniciativa privada

Com a aposentadoria dos ônibus espaciais na quinta-feira, a tarefa de colocar pessoas e carga na Estação Espacial Internacional (EEI) não será mais nos EUA um programa de governo, cujos custos são estratosféricos. A Nasa está se voltando para a indústria privada, com preços fixos, contratos e margens de lucro -- a agência espacial será um cliente, e não o patrão.

Pelo menos no que se refere à rotina de ir à EEI e dela voltar, a NASA espera se apoiar em empresas que serão a versão espacial de uma Fedex (empresa courier) e de uma Yellow Cab (empresa de táxis).

A empresa que tem liderado a corrida espacial comercial espera lançar à EEI seu foguete e sua cápsula de construção privada no final deste ano. Não haverá astronautas a bordo, mas se tudo correr bem a nave não tripulada se acoplará à estação espacial e ali deixará comida, água e roupas. E seu principal competidor cargueiro levará ainda um mês ou dois para estar pronto.

Levar pessoas em órbita em uma nove espaçonave americana é outra história. Algumas empresas ambiciosas esperam lançar astronautas desse modo em três anos, talvez quatro. Até lá, os russos levarão astronautas na base do "pague para participar". Alguns veteranos dos espaço, como John Glenn, o primeiro americano em órbita, acham que é mais realista pensar-se em um espaço de tempo de cinco a dez anos para isso acontecer.

A NASA alugou duas empresas -- a Space Exploration Technologies Corp. (de Hawthorne, Califórnia) e a Orbital Sciences (de Dulles, Virginia) -- para levar 40 toneladas de suprimentos para a EEI em 20 anos, a um custo de US$ 3,5 bilhões, mais ou menos o mesmo preço por libra de peso verificado durante os 30 anos da história do ônibus espacial.  "Esta é a hora. Uma vez que a NASA foi pioneira, e criou a tecnologia que está disponível às empresas privadas para seu uso, esta é a hora para as empresas privadas assumirem a tarefa", diz o chefe da área de carga comercial da NASA, Alan Lindenmoyer.

A NASA se reuniu na quarta-feira com as empresas que querem transportar astronautas para a EEI. A agência espera que o dinheiro que economizará não sendo a responsável por fazer voar a nave espacial poderá ser gasto em novas missões nas profundezas do espaço, que mandarão astronautas para um asteróide e para Marte. Seis empresas estão trabalhando com a NASA para enviar naves à EEI -- seja naves cargueiras não tripuladas, ou cápsulas tripuladas. 

Por mais de uma década, fomentadores do "espaço comercial" têm dito estarem prontos para assumir o negócio de ir ao espaço a baixa órbita da Terra, em suas próprias naves não governamentais, mas nunca o fizeram até então. Mas uma fez: a Space Exploration Technologies, que frequentemente aparece como SpaceX e é comandada por Elon Musk, fundador do PayPal e um homem afeito a riscos, lançou em órbita sua cápsula não tripulada Dragon em dezembro passado. Agora, ela está organizando uma fila de interessados para a primeira visita privada à estação espacial. Os estágios inferior e superior do foguete estão em Cabo Canaveral (Flórida), e a cápsula está quase pronta. "O que queremos é voltar ao espaço tão rapidamente e de maneira tão sustentável quanto possível", diz o ex-astronauta Garret Reisman, responsável pelo programa "Dragon Rider".
A cápsula Dragon com os painéis solares armados (Foto: SpaceX).

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