terça-feira, 31 de maio de 2011

Telefones celulares são considerados como possíveis agentes cancerígenos em respeitado painel internacional

Ressurgem os comentários sobre os possíveis efeitos cancerígenos dos telefones celulares -- em fevereiro deste ano fiz uma postagem sobre isso. Um respeitado painel de cientistas da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer realizado em Lyon, França, classificou, em comunicação emitida hoje, os telefones celulares como possíveis agentes cancerígenos, colocando-os na mesma categoria que o pesticida DDT, a exaustão de motores a gasolina e o café -- essa classificação foi feita depois de uma revisão de dezenas de trabalhos já publicados sobre o assunto. A referida agência é um braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), e sua avaliação seguirá agora para a OMS e para agências nacionais de saúde para uma possível orientação sobre o uso de delulares.

A classificação de agentes como "possivelmente cancerígenos" não significa que eles automaticamente causam câncer, e alguns especialistas dizem que a orientação ou regulamentação não deve alterar os hábitos das pessoas no uso dos celulares. "Qualquer coisa é um possível cancerígeno", disse Donald Berry, um professor de bioestatística no Centro de Câncer M.D. Anderson, da Universidade do Texas, que não esteve envolvido na avaliação do grupo de câncer da OMS. "Isto não é algo que me preocupa, e de nenhum modo irá alterar o uso que faço do celular", disse ele falando de seu celular.

A mesma agência de pesquisa sobre câncer lista as bebidas alcoólicas como conhecidos cancerígenos e o trabalho em turnos noturnos como um provável cancerígeno. O risco de qualquer pessoa em relação ao câncer depende de muitos fatores, desde a sua constituição genética até o montante e a extensão de tempo de exposição ao (possivel ou conhecido) agente.

Depois de um evento de uma semana sobre o tipo de radiação eletromagnética encontrado em telefones celulares, microondas e radar, o painel de especialistas afirmou que havia evidência limitada de que o uso do celular estava ligado a dois tipos de tumores cerebrais e evidência inadequada para gerar conclusões sobre outros tipos de câncer.

"Encontramos alguns vestígios de evidência que nos dizem como  cânceres poderiam ocorrer, mas reconheceu-se a existência de soluções de continuidade e de incertezas", disse Jonathan Samet, da Universidade da Carolina do Sul, que presidiu o painel. "A decisão da OMS significa que há alguma evidência ligando telefones celulares a câncer, mas ela é muito fraca para permitir que daí se tirem fortes conclusões", disse Ed Young, chefe de informação de saúde no (Centro de) Pesquisa de Câncer do Reino Unido. "Se tal vínculo existe,  é improvável que seja dos grandes", acrescenta.

No ano passado, resultados de um grande estudo não encontraram um vínculo claro entre celulares e câncer, mas alguns especialistas que defendem essa vinculação argumentam que o estudo provocou sérias preocupações porque mostrou a sugestão de uma possível conexão entre o uso intensivo do celular e glioma, uma forma rara mas frequentemente fatal de câncer de cérebro. Entretanto, os números nesse subgrupo não foram suficientes para torná-lo um caso a ser estudado. O estudo foi considerado controvertido, porque começou com pessoas que já tinham tido câncer, perguntando-lhes com que frequência haviam usado seus celulares há mais de uma década atrás.

Em cerca de 30 outros estudos realizados na Europa, Nova Zelândia e EUA, pacientes com tumores cerebrais não declararam ter usado seus celulares mais frequentemente do que pessoas sem tais lesões.  Como os celulares são tão populares, pode ser impossível para os especialistas comparar usuários de celulares portadores de tumores cerebrais com pessoas que não usam esse aparelho -- de acordo com uma pesquisa feita no ano passado, é de 5 bilhões o número de assinantes de celulares ao redor do mundo, ou cerca de 75% da população do planeta.

Pelo que se depreende do exposto acima, a conclusão desse painel internacional de especialistas em Lyon é basicamente a mesma dos estudos liderados pela Dra. Nora Volkow, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, em 2009, citados em minha postagem de fevereiro deste ano referida no início da presente postagem: são necessárias mais pesquisas para avaliar efetivamente os efeitos do uso intensivo do celular sobre a saúde de seus usuários.

2 comentários:

  1. Reproduzo a seguir outro comentário de meu amigo Sergio Levy, que não conseguiu postá-lo diretamente por razão ainda desconhecida:

    Amigo VASCO:

    Já fiz um comentário a respeito que não foi postado anteriormente.

    Aproveito para voltar ao assunto.

    As radiações não-ionizantes (ondas eletromagnéticas)podem ter efeito sobre os tecidos humanos. Até agora, os efeitos são simplesmnete TÉRMICOS, tanto que essas radiações são usadas na forma de terapia na medicina tradicional. É a RADIOTERMIA.

    As emissões de aparelhos celulares são insuficientes para elevar em UM GRAU CENTIGRADO

    qualquer tecido humano;são de baixa intensidade.

    As radiações eletromagnéticas podem causar estragos maiores,como nos fornos de microondas, onde é possível aquecer alimentos até a temperatuta de 100° centigrados. Isso se deve a que a agua/gordura presente nos alimentos podem absorver a radiação, DESDE QUE EMITIDA EM UMA FAIXA ESPECÍFICA, que represente a máxima absorção de energia das ondas emitidas.

    Tal não se dá nos celulares.

    Assim, podemos considerar os celulares como SEGUROS, sob o ponto de vista de risco ao Ser Humano.

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  2. Caro Levy,

    Embora respeitando sua opinião, acho muito prematuro e questionável fazer-se de maneira tão peremptória como você a afirmativa de que os celulares são totalmente seguros para o ser humano. Há muita gente séria e qualificada estudando isso, assim como há muito dinheiro sendo gasto nos estudos sobre isso. Todos eles são extremamente cuidadosos em não condenar taxativamente os celulares, mas alertam que há indícios preocupantes sobre os efeitos de seu uso intensivo sobre a saúde humana e que isso precisa ser mais investigado. Sou a favor de uma postura mais conservadora, aguardando os resultados de estudos mais conclusivos.

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