No domingo passado, 15/5, a Folha de S. Paulo publicou que o patrimônio do ministro Antonio Palocci cresceu 20 vezes -- de 375 mil a 7,4 milhões de reais -- entre 2006 e 2010, período em o ex-homem forte de Lula exercia o mandato de deputado federal. Embutida nessa fantástica explosão patrimonial está incluída a compra, à vista, de um apartamento na cidade de S. Paulo por 6,6 milhões de reais!
A partir dessa reportagem do jornal paulista o circo do governo de Dilma pegou fogo. De início, Palocci tentou fazer pouco do bochicho e deu umas desculpas esfarrapadas sobre seu supersônico enriquecimento, depois, pressionado pela mídia e pela oposição, usou a Casa Civil da qual é ministro-chefe -- o que já acho outra ofensa à ética -- e mandou email a alguns senadores explicando sua variação patrimonial e dizendo que não é o único ex-ministro a enriquecer. Repetindo o cacoete de baixo nível de todo petista, citou leviana e explicitamente quatro ocupantes de altos cargos do governo de Fernando Henrique Cardoso: dois ex-ministros da Fazenda (Pedro Malan e Maílson da Nóbrega) e dois ex-presidentes do Banco Central e do BNDES, Pérsio Arida e André Lara Resende, respectivamente. O mal-estar provocado por essa baixaria foi tal, que Palocci viu-se obrigado a telefonar para os quatro se desculpando. Palocci teve a amnésia seletiva de quem é mau-caráter e, além de leviano, se esqueceu de que os quatro citados têm folha corrida ilibada, ao contrário da sua, cheia de pilantragens abafadas.
A empresa de Palocci faturou 20 milhões de reais no ano eleitoral de 2010. Entre as empresas que contrataram o consultor Palocci está a WTorre, que atua nos segmentos de engenharia e empreendimentos imobiliários e que exatamente no período de 2006 a 2010 negociou com fundos de pensão e a Petrobras -- esses negócios são avaliados em 1,3 bilhão de reais, com a Petrobras e os fundos de pensão Funcef (Caixa Econômica) e Previ (Banco do Brasil). Para reforçar as "coincidências", em 2006 a WTorre fez doações de campanha de R$ 119 mil para Palocci e de R$ 2 milhões para Dilma Rousseff em 2010 -- eta mundo pequeno, hem?!
De início, o Procurador-Geral da República afirmou que não havia elementos suficientes para investigar Palocci. Depois, pressionado pela repercussão dos fatos e pela abundância de indícios, mudou de opinião e agora deu 15 dias para esse ilustre e misterioso ministro se explicar.
A preocupação do governo Dilma em blindar Palocci é tanta, que a presidente determinou que todos os deputados da base governamental deixassem as Comissões em que estivessem e comparecessem ao plenário para votar contra a convocação da oposição para que o ministro fosse se explicar na Câmara -- o governo ganhou na base de mais de 3 votos contra 1. A Polícia Federal, o Ministério da Fazenda e a Receita Federal tiveram que se pronunciar, dizendo que nada havia contra Palocci e/ou sua empresa. Por que será que Dilma se empenha tanto e se expõe tanto para proteger Palocci? Aguardemos os próximos capítulos dessa emocionante novela.
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