Prevista para ser totalmente concluída neste ano, a usina hidroelétrica de Três Gargantas na China é a maior usina do mundo, com 22.400 MW de potência instalada (contra 14.000 MW em Iaipu). Em termos de produção de energia, Itaipu ainda é a maior do mundo, com 85,9 bilhões de kWh/ano em 2010 contra 84,3 bilhões de kWh/ano de Três Gargantas.
Visitei a usina quando ainda no início de sua construção, em viagem oficial pela Eletrobrás, e fiquei muito impressionado com o gigantismo da obra -- no site oficial de Itaipu vocês podem ver as diversas comparações entre essas duas fantásticas obras de engenharia. Situada no rio Yangtzé, o maior rio chinês, Três Gargantas é no entanto, ao contrário de Itaipu, um péssimo exemplo e um desastre em termos socioambientais.
Mais de 1 milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas da noite para o dia, bem no estilo ditatorial chinês -- 13 cidades, 140 vilas e 1.600 aldeias foram submersas pelo represamento do rio, deslocando 1.240.000 pessoas. Nos seus 15 anos de construção foram gastos dezenas de bilhões de dólares. O Conselho de Estado chinês acaba de emitir um comunicado, reconhecendo sérias falhas na gigantesca usina. Embora o projeto tenha gerado uma energia mais do que necessária e ajudado a controlar enchentes, o comunicado diz que "há problemas urgentes a serem atacados, tais como a estabilização e a melhora das condições de vida da população realocada, a proteção do ambiente e a prevenção de desastres geológicos". Embora exposto nessa linguagem franca, esse é um sumário suavizado de problemas crônicos de desmoronamentos fatais, contaminação de água e deslocamento social provocados pela usina. Realmente, como abordado pelo comunicado, o transporte fluvial a jusante da barragem da usina está praticamente paralisado pela seca, o que não teria ocorrido se o Yangtzé continuasse livre para fluir como no passado.
O comunicado do Conselho de Estado conclui com uma promessa de instalar um sistema de alerta contra desastres, aumentar os recursos financeiros para proteção ambiental, escorar as margens do rio, e ajudar a enorme população forçada a deixar suas casas originais.
test comment
ResponderExcluir