Há no momento na França uma polêmica discussão sobre o que é denominado a "direitização" do debate político no país. O jornal Le Monde publicou no dia 29 de abril um longo editorial sobre esse assunto. Nele, o prestigioso jornal francês diz que o crescimento da Frente Nacional - FN (partido de extrema-direita francês, criado em 1972 por Jean-Marie Le Pen), depois de alguns meses, pôs em evidência uma nova etapa da "direitização" do país. As recentes eleições cantonais francesas marcaram uma evolução qualitativa e quantitativa do voto de extrema-direita. Em um ambiente de forte abstenção eleitoral, a FN registrou expressivos avanços e obteve uma média de votação de 19,2% onde esteve presente nas eleições de 20 de março passado.
A força da FN, como a de Sarkozy em 2007, foi a de articular dois discursos: um, econômico e social, mostrando a unidade programática dos blocos europeus social-democrata e conservador, e uma postura cultural ou de identificação em fase com a angústia dos franceses com a globalização neoliberal.
A situação francesa se insere em um contexto europeu e ocidental de ampliação da direita. Em toda a Europa, as direitas e extremas-direitas progridem: a FPÖ na Áustria, Liga do Norte e Povo dos libertados na Itália, Democratas da Suécia, Verdadeiros Finlandeses, etc. O fenômeno é alimentado por pânicos morais, isto é, por reações muitas vezes desproporcionais da maioria face às condutas minoritárias julgadas como fora das regras normais, às quais reações se juntam um receio já existente de desqualificação ou de mudança de classe (social) em termos pessoais. Elas são muitas vezes ligadas à imigração, e acentuam a crise moral das sociedades ocidentais. É, além disso, sintomático que a esquerda, apanhada entre dois fogos, não reagiu de maneira mais enérgica, se contentando com frágeis protestos em termos de princípios. Leia mais.
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