Localizados os destroços e os restos dos corpos das vítimas do voo 447 da Air France, começa agora a angustiante operação de identificação dessas vítimas -- o local e as condições dos restos mortais, assim como o tempo decorrido desde o acidente parecem dividir os especialistas em DNA. Alguns acreditam que o tempo transcorrido desde o acidente, quase dois anos, não é empecilho para a leitura do material genético, fundamental na identificação. Para outros, a extração do DNA é mais difícil pelas intempéries do ambiente marinho.
"Dois anos não são nada. Já foi feito o sequenciamento de DNA de múmias do Egito, do homem de Neanderthal, de animais extintos", explica o diretor da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Salmo Raskin. Segundo o geneticista, o grau de parentesco das pessoas que forneceram material genético para a comparação com o dos corpos é determinante. "Pai, mãe e filho vão compartilhar 50% do DNA com a pessoa a ser analisada. Se ela só tiver um tio, um primo ou um sobrinho, são necessários mais familiares para comparação."
A temperatura fria do fundo do mar ajudou a retardar o processo de deterioração. Mesmo assim, dificuldades não são descartadas. "Certamente o calor agrediria mais o material biológico, mas não se pode dizer que são condições favoráveis. A salinidade e a água entram nas células, deformando-as", diz Eloísa Auler Bittencourt, diretora do Laboratório de DNA do Instituto de Criminalística de São Paulo. "Não é fácil conseguir DNA de qualidade nesses casos por causa da ação de bactérias do fundo do mar", diz a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. Leia mais.
Ver também postagem anterior sobre o resgate dos restos mortais das vítimas do voo 447.
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