Com o título desta postagem, a prestigiosa revista The Economist publicou no dia 19 um interessante artigo, em que mostra o estranho jeito da Junta (ou Conselho) Nacional de Relações de Trabalho (National Labour Relations Board - NLRB) lidar com as relações trabalhistas entre sindicatos e a Boeing -- a (o) NLRB é uma agência federal americana independente, criada pelo Congresso americano em 1935 para administrar o Ato Nacional de Relações de Trabalho, a lei básica que regula as relações entre os sindicatos e os empregadores no setor privado. A NLRB é um órgão autônomo, mas os membros de sua diretoria são indicados pelo presidente do país. Se alguém ler a história omitindo os nomes, vai jurar que se trata de coisa de país do Terceiro Mundo e não do país que é o bastião do capitalismo.
Se você faz reserva para um feriado e o voo é cancelado, você é bem capaz de escolher outra empresa aérea da próxima vez. As empresas aéreas sabem disso, e foi por essa razão que Sir Richard Branson, patrão do Grupo Virgin, ficou tão furioso quando a Boeing deixou de entregar os aviões de que precisava para levar milhares de passageiros para climas ensolarados em um Natal. Ele culpou uma greve dos trabalhadores da Boeing no estado de Washington pelo ocorrido. "Se líderes sindicais e a diretoria da empresa não conseguem entender-se para evitar greves, então é o caso de não se voltar aqui novamente", ele disse a jornalistas. "Já estamos pensando se correremos o risco de fazer outra compra com a Boeing".
Ninguém discute o direito dos viajantes de trocar de empresa aérea, nem das empresas aéreas de trocar de fornecedores. Mas, coitado do fabricante (amercano) de aviões que tentar deslocar sua linha de produção de um estado empestado de greves para outro estado mais favorável a negócios -- pelo menos se a NLRB se meter no seu caminho. Sob o governo Obama, essa agência federal encarregada de policiar as relações entre empresas e empregados começou a interpretar velhas leis de um jeito novo e problemático.
O caso da Boeing é o seguinte: desde 1995 ela já sofreu três greves em suas fábricas sindicalizadas perto de Seattle. A mais longa, em 2008, durou dois meses, custou-lhe 2 bilhões de dólares e fez com que clientes como Sir Richard Branson afirmassem que aquilo era "absoluta e completamente espantoso". "Surpreendentemente" (as aspas são minhas), quando teve de decidir onde expandir sua produção a Boeing levou isso em conta e, em 2009, anunciou que faria na Carolina do Sul uma nova fábrica para produzir os Jumbos 787 "Dreamliner". Isso, o conselho geral da NLRB afirmou, era um ato ilegal de "retaliação" contra os grevistas em Washington, visando intimidá-los a não fazer greves no futuro. A solução que ela propôs à Boeing foi transferir para Washington a nova linha de produção. Fica-se então pensando, o que seria então do 1 bilhão de dólares já investido na nova fábrica e dos 1.000 empregados já contratados na Carolina do Sul? O caso será julgado no mês que vem.
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