Notícias vindas do Irã dão conta de um crescente e sério atrito entre o presidente Mahmoud Ahmadinejad e o supremo líder espiritual Ali Khamenei. A figura central nessa disputa é Esfandiar Rahim-Mashaei, ex-chefe do estado maior de Ahmadinejad e tido como escolha deste para sucedê-lo nas próximas eleições presidenciais iranianas, previstas para 2013. Diz-se que em meses recentes Mashaei iniciou uma série de contatos, tentando abrir um diálogo com os EUA.
Essa nova iniciativa vem em sequência aos esforços do presidente iraniano em 2009 para explorar uma possível negociação nuclear com o Ocidente, que foi rejeitada por Khamenei. Paradoxalmente, o presidente iraniano linha-dura, notório por sua retórica anti-Israel, gostaria também de ser creditado por uma negociação que relaxasse o isolamento do Irã e abrisse o caminho para maior contato e cooperação com o Ocidente. "Ele anseia por reconhecimento externo, e Mashaei é o seu instrumento", diz um bem informado analista do Irã.
Essa fermentação política em Teerã é mais um componente da Primavera Árabe que vem sacudindo todo o Oriente Médio. Nesse contexto, tanto Ahmadinejad quanto Khamenei entendem que o crescente isolamento de seu regime põe em perigo a legitimidade desse mesmo regime, mas enquanto o círculo de Ahamadinejad parecer favorecer uma abertura para o exterior, Khamenei e os clérigos querem o contrário, um regime ainda mais fechado em si mesmo. Leia mais.
Sites iranianos anunciaram na sexta-feira que várias pessoas ligadas a Mashaei foram presas nos últimos dias -- entre elas Abbas Amirifar, o clérigo que dirige as preces na mesquita presidencial, e uma pessoa acusada de feitiçaria -- dentro do processo de pressão para que Ahmadinejad corte seus vínculos com Mashaei, seu principal assessor. Vários aiatolás influentes, políticos e autoridades se referem a Mashaei com termos reservados para os piores inimigos do Irã, chamando-o de espião estrangeiro, maçom, e líder de um complô para derrubar a República Islâmica. Leia mais.
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