A tão desejada morte de Osama Bin Laden, além de sua importância intrínseca, não poderia ter ocorrido em um momento politicamente mais oportuno para Obama -- acho que ela poderá até ter forte influência positiva na campanha de sua reeleição. O irônico desse fato é que ele ocorreu não como resultado da caríssima guerra que os EUA sustentam no Afeganistão, com não raras incursões no Paquistão, mas sim como resultado de uma operação muitíssimo menos onerosa dos serviços de inteligência americanos.
A esse respeito, reproduzo a seguir informações liberadas ontem e hoje pelo The Washington Post (WP) e Folha de S. Paulo, (Folha) respectivamente. O WP assinala a mudança dos tempos, lembrando que a morte de Bin Laden foi anunciada no dia 1 de maio, uma data que já teve alta relevância para o comunismo, que foi a preocupação central das áreas de segurança americanas até o advento do terrorismo islâmico. Certamente os principais dados relativos à operação que matou aquele terrorista permanecerão secretos, mas um detalhe que pode desde já ser explorado é que essa operação teve muito mais características de uma atividade policial (com um pequeno número de especialistas) do que de uma operação militar, muito embora em países violentos como o Afeganistão e o Paquistão possa se alegar a quase impossibilidade de dissociar uma atividade militar de uma policial.
O WP cita a declaração de Jim Lacey, da Escola de Guerra do Corpo de Fuzileiros Navais (EUA), lembrando que, segundo o Gen. David Petraeus, existem talvez 100 terroristas da al-Qaeda no Afeganistão enquanto, por outro lado, há mais de 140.000 soldados da coalizão naquele país ou seja, cerca de 1.400 soldados para cada terrorista da al-Qaeda. Cada soldado custa à coalizão cerca de 1 milhão de dólares/ano, gerando um custo anual total de cerca de 140 bilhões de dólares para a tropa toda -- trocando em miúdos, cada terrorista da al-Qaeda está custando cerca de 1,4 bilhão de dólares por ano à coalizão!! "Em que universo vamos encontrar estrategistas que vejam sentido nesses números?", pergunta Lacey. Leia mais.
Se as relações entre EUA e Paquistão já não eram das melhores antes da morte de Bin Laden, elas agora pioraram sensivelmente. Numa clara violação da soberania do Estado paquistanês, Islamabad só foi informada da presença de helicópteros e forças de elite da Marinha americana após o término da operação, conforme informação dada ontem por John Brennan, assessor de segurança nacional de Obama, em entrevista coletiva. Brennan lançou acusações indiretas ao dizer que é "inconcebível" que Bin Laden tenha permanecido por tanto tempo no país sem ter tido um sistema amplo de ajuda.
Na noite desta segunda-feira, o embaixador do Paquistão nos EUA anunciou que seu país lançará uma "investigação completa" sobre as falhas dos serviços de inteligência para encontrar Bin Laden na casa distante menos de 100 km da capital e também próxima a uma academia militar. "Obviamente Bin Laden teve um sistema de apoio, a questão é se este suporte foi dado pelo governo e Estado do Paquistão ou pela sociedade do Paquistão?", destacou o embaixador Hussain Haqqani à emissora CNN. Leia mais.
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