Ainda não há um relatório definitivo, conclusivo sobre o que causou a catástrofe do voo da Air France AF447 Rio-Paris, que decolou do Galeão às 22h29 do dia 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo (216 passageiros e 12 tripulantes), mas o prestigioso jornal francês Le Monde publica hoje uma reportagem com o título "Rio-Paris: a sombra de um erro de pilotagem" que afirma ter havido erro humano nesse voo.
Baseando-se em relatório preliminar datado de hoje (27/5) do BEA, órgão que investiga acidentes da aviação civil francesa, o jornal informa que durou quatro minutos e vinte e três segundos o drama que vitimou o A330-203 e seus ocupantes. O documento do BEA, que se limita a estabelecer os elementos factuais fornecidos pelas caixas pretas e não comenta as decisões da equipagem, sugere no entanto que esta, confrontada com indicações de velocidade erradas, cometeu um erro de pilotagem. O piloto teria perdido definitivamente o controle da aeronave ao "empiná-la" isto é, levantar o nariz do Airbus para tentar recuperá-lo.
Entre o brusco desligamento do piloto automático, provocado pela falha técnica das sondas Pitot -- por causa do gelo acumulado quando da passagem por dentro de uma massa de nuvens -- e a interrupção dos registros das caixas pretas tudo se desenrolou muito rapidamente. Os registros evidenciam que uma parte das sondas Pitot não funcionava mais, não fornecendo mais informações confiáveis. A incoerência entre as diversas velocidades indicadas durou um pouco menos de um minuto. Às 2h10 o alarme de perda do piloto automático e da auto-impulsão soou duas vezes na cabine de pilotagem -- "perdemos agora as velocidades", diz o piloto.
Como ele reagiu? De acordo ainda com o texto do BEA, "a altitude do avião aumentou progressivamente para acima de 10 graus, e ele toma uma trajetória ascendente". Às 2h10'51" o piloto "mantém sua ordem de empinar" ou seja, ele levanta o nariz do aparelho. Simultaneamente, ele chama por diversas vezes o comandante da aeronave, que repousava e não estava na cabine. -- Esta ausência do comandante nesse momento crítico tem sido alvo de críticas e especulações, chegando a provocar uma reação da associação dos pilotos da Air France em defesa desse comandante e dos demais pilotos do voo acidentado.
Segundo um especialista, não identificado pelo Le Monde, essa decisão de "empinar" o avião "é inexplicável -- teria sido preferível inclinar o avião, baixar seu nariz, a fim de voltar à horizontal e retomar a sustentação".
Às 2h11'40" o comandante retorna à cabine. Às 2h14'28", após uma descida que teria durado 3 minutos e 30 segundos, o avião se precipita no Oceano Atlântico a uma velocidade de 198 km/h. Ver aqui outros detalhes do comunicado do BEA. Ver também postagem anterior sobre esse voo.
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