sábado, 20 de outubro de 2012

Índia testa estratégia do Facebook para emergentes

A Índia está se tornando um campo de teste crítico para o Facebook à medida que a empresa se esforça para capitalizar o crescimento em mercados emergentes e atingir melhor usuários de smartphones - duas metas cada vez mais prementes para a gigante de redes sociais.  A companhia vê o enorme país, cuja base de usuários de Internet está crescendo bastante, como um mercado central para suas perspectivas futuras. Desde que contratou seu primeiro funcionário na Índia em 2010, a empresa foi de 8 milhões de usuários indianos para 65 milhões, o que faz do país um de seus principais mercados.

Mas sustentar esse crescimento e gerar lucro com ele não será um desafio pequeno. A empresa precisa atrair os milhões de indianos que estão se conectando à internet pela primeira vez com celulares de baixa tecnologia e serviço irregular. Tudo - desde os próprios serviços da Facebook até os vários aplicativos que empresas indianas desenvolvem - terá de funcionar bem nesse ambiente. A empresa também precisará atrair anunciantes que ainda veem a publicidade nas redes sociais como uma atividade marginal.

As lições que a empresa pode aprender aqui serão aplicadas em outros mercados emergentes, como Brasil, Indonésia e partes da África, dizem executivos da Facebook. "Quando estudamos como oferecer a melhor experiência do Facebook a um cliente em um mercado emergente, a Índia é provavelmente o melhor lugar para incubar e testar as distintas maneiras com que podemos entregar essa experiência", diz Meenal Balar, diretor de expansão internacional da Facebook.  O Facebook não tem revelado muito sobre sua estratégia na Índia. Mas, em entrevistas separadas, os executivos da companhia descrevem esforços mais sérios para atender usuários que não têm smartphones e estabelecer parcerias locais com operadoras de celular, anunciantes e provedores de conteúdo popular, como o streaming de música de Bollywood. À medida que a base de usuários cresce, o Facebook está aumentando sua presença na Índia. A empresa abriu um novo escritório no mês passado em Hyderabad para acomodar sua equipe em expansão.

O país apresenta alguns desafios culturais peculiares. Regras do governo indiano exigem que as empresas de Internet removam, num prazo máximo de 36 horas depois de serem alertadas, qualquer conteúdo que se encaixe numa variedade de categorias, incluindo material "excessivamente prejudicial", "de natureza ameaçadora" ou "etnicamente questionável". Isso coloca o Facebook, o Google Inc. e a Twitter Inc. na desconfortável posição de serem árbitros da liberdade de expressão. Ser leniente na remoção de conteúdo que o governo considere ofensivo apresenta o risco de alienar usuários. O Facebook já informou que só remove conteúdo que viole seus próprios termos de uso ou as leis locais.

Os mercados emergentes são importantes para a empresa, à medida que cai o crescimento da base de usuários do Facebook em mercados que estão se saturando, como os Estados Unidos. O Facebook divulgou que tinha 955 milhões de usuários ativos no trimestre encerrado em 30 de junho, um aumento de apenas 6% em relação ao trimestre anterior. (Desde então, o Facebook cruzou a marca de um bilhão de usuários.) O crescimento da receita também está se desacelerando, uma razão para a queda de 47% no valor da ação da empresa desde que abriu seu capital.

A Índia tem vários aspectos atraentes: o país tem cerca de 100 milhões de usuários de internet hoje, conectados principalmente através de computadores de mesa, mas o verdadeiro prêmio é o grupo de mais de 900 milhões de usuários de telefonia celular, a maioria dos quais terá acesso à web pela primeira vez nos próximos anos. O problema é que apenas 9% dos residentes urbanos têm smartphones, de acordo com Informate Mobile Insights, um relatório da Nielsen, e a incidência na zona rural é minúscula.  Kirthiga Reddy, a primeira funcionária da Facebook da Índia e chefe de operações no país, disse que a empresa está investindo bastante para chegar aos telefones com poucos recursos usados pela população de baixa renda. A empresa também adicionou serviços de atendimento ao cliente em Hindi e outros sete dialetos indianos este ano. "Estamos apenas no início de nossa jornada", diz Reddy. "Temos 1,2 bilhão de pessoas na Índia. Temos um monte de gente que ainda precisamos alcançar".

Outro grande problema é o fato de que as marcas indianas gastam apenas 5% de seus orçamentos de marketing em campanhas digitais. Ravi Rao, diretor da agência de publicidade Mindshare para o sul da Ásia, disse que espera que a indústria de propaganda digital da Índia, que movimenta hoje cerca de US$ 290 milhões por ano, registre um crescimento de 30% ao ano, mas acrescentou que as marcas ainda estão aprendendo que tipo de campanha funciona melhor. Alguns anunciantes descobriram que comerciais de áudio têm boa penetração entre os usuários de telefones com baixa tecnologia, disse ele. As grandes multinacionais de consumo estão concluindo que é melhor ser seletivo e só fazer campanhas on-line para promover os produtos mais sofisticados. "Essas são as nuances que você tem que levar em conta", disse Rao.

O Facebook não divulga dados específicos sobre o faturamento com publicidade na Índia. Reddy diz que marcas como a Pepsi, a grande montadora Maruti Suzuki e a rede varejista Shopper Stop, além de pequenas empresas como a comerciante on-line de suvenires Chumbak, estão fazendo campanhas publicitárias no Facebook. "Nos últimos dois anos, vi uma mudança significativa", diz ela.  O Facebook também está tentando atrair mais conteúdo específico para a Índia, envolvendo desenvolvedores de software do país, que são conhecidos como especialistas na terceirização.









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