segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A demissão do presidente da Embrapa

[A Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária tem sido durante anos um motivo de justificado orgulho para o país, por suas inúmeras contribuições de alta relevância para a melhoria e aperfeiçoamento da agricultura no Brasil e por se constituir em excelente divulgador, também no exterior, de nossa competência tecnológica.

Laboratórios virtuais e projetos da Embrapa no exterior -- clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Embrapa).

Eis que, sem mais nem menos (pelo menos para o grande público), surge a notícia da demissão de seu presidente. O texto abaixo é da autoria de João Bosco Rabello e foi publicado no dia 29 no blogue "Política" do jornal O Estado de S. Paulo. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

O Diário Oficial deverá trazer nesta segunda-feira portaria com a demissão do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, decidida na sexta-feira [ele foi nomeado por Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata, em julho de 2009].  A publicação é o desfecho de uma longa e silenciosa crise, cujo enredo interno vai além das críticas e diagnósticos divulgadas em artigos – a maioria deles no jornal O Estado de S.Paulo, alertando para a falta de rumo da empresa. 

A falta de resposta da empresa a essas críticas pode ser interpretada como uma forma de manter sob controle a informação essencial: pesquisadores, cientistas e técnicos passaram a exercer forte oposição à gestão de Arraes, considerada por eles responsável pela perda gradual da capacidade da Embrapa de acompanhar o desenvolvimento tecnológico aplicado aos produtos em seu universo de atuação.

Inchada  – a empresa gasta de 70 a 80% de seu orçamento com a folha de pagamentos [mais um exemplo de estatal com inchaço de pessoal em governo petista] – perdeu importância na agenda empresarial brasileira. O empresário nacional busca as soluções inovadoras no exterior. A negligência com a obtenção de patentes e a omissão no programa de melhoramento de sementes são outras acusações à gestão agora encerrada, com números expressivos:  60% das sementes de soja, 70% de milho e 80% de algodão, são de programas de melhoramento genético privados.

Sobram acusações de censura a manifestações de pesquisadores inconformados com o isolamento a que se dizem submetidos em razão da crítica à perda da visão estratégica. O processo gerencial, segundo os críticos de Arraes, é pouco oxigenado pela falta de renovação de pessoas e métodos, enfraquecendo a empresa diante dos desafios de um cenário globalizado e altamente competitivo.  Alguns departamentos estratégicos da empresa foram submetidos a comandos burocráticos e outros, como o de Administração Financeira, estão sob o mesmo comando há mais de uma década.

Outra crítica remete à nova estrutura para gestões de projetos internacionais de cooperação, com recursos do Banco Mundial, entre outras instituições. O Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento, que centraliza os programas e projetos da Embrapa, não participa diretamente da coordenação e desconhece até o total de recursos captado.

Por fim, uma das críticas mais contundentes é à coordenação de programas de pesquisa da Embrapa ser feita no exterior. Os sites das plataformas da empresa têm sua logomarca e a do governo federal, mas estão hospedados num servidor em Los Angeles.

Ministério da Agricultura aceita pedido de exoneração apresentado pelo presidente da Embrapa

Datado de 30/9, o Ministério da Agricultura  emitiu o seguinte comunicado:

"O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informa que o ministro Mendes Ribeiro Filho aceitou o pedido de exoneração apresentado pelo presidente da Embrapa, Pedro Antônio Arraes Pereira. O nome do substituto será comunicado dentro dos próximos dias. Responderá interinamente pela Empresa, a diretora de Administração e Finanças, Vania Beatriz Rodrigues Castiglioni".

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