sábado, 6 de outubro de 2012

Google aproveita falhas no iPhone 5 para avançar na guerra dos mapas

[O texto abaixo é da autoria de Walter Mossberg e foi publicado em 04/10 no Wall Street Journal, segundo texto traduzido pelo jornal Valor Econômico.]

A Apple tem sofrido muitas críticas, bem justificadas, pela sua decisão de substituir o Google Maps no iPhone por um aplicativo próprio para mapas, ainda novo e cheio de falhas. Na minha avaliação do novo iPhone 5, que foi favorável exceto nesse aspecto, chamei os mapas da Apple de "a maior desvantagem" do aparelho, e "um passo atrás em relação ao bem conhecido aplicativo Google".  Esse escorregão foi um presente para a Google, que aproveitou a oportunidade para divulgar algumas melhorias recentes no seu aplicativo de mapas que roda em celulares e tablets com o sistema operacional da Google, o Android, maior concorrente do iPhone. O usuário pode agora sincronizar suas pesquisas feitas no celular com outras feitas num computador, salvar mapas para usar off-line e obter rotas para ciclistas.

Assim, decidi esta semana me enfurnar nos mapas para o Android.

Meu veredicto é que o Google Maps no Android é um aplicativo rico, versátil, maduro, basicamente confiável, e que está ficando cada vez melhor. Tem suas falhas, incluindo algumas imprecisões que encontrei. Mas com a decisão da Apple, o aplicativo da Google, bem superior, dá aos celulares com Android uma vantagem clara sobre o iPhone nessa importante função.

Fonte: Google

Antes de entrar em detalhes, quero notar que apesar dessa vantagem, a Google já anunciou que deseja que seus mapas estejam disponíveis também no iPhone e no iPad, pois são plataformas grandes demais para serem ignoradas pelos serviços e anúncios da empresa. A Google ressaltou que os usuários do iPhone podem obter uma versão limitada do Google Maps acessando-o na internet, pelo celular. Na verdade, a Google acrescentou na quinta-feira seu popular recurso Street View, que não consta dos mapas da Apple, à versão do Google Maps acessada na internet por um iPhone ou iPad. Testei o Street View, que mostra uma imagem fotográfica da rua em 360 graus, de determinados locais, e também imagens fotográficas de certas empresas, utilizando links de amostra que a Google me enviou. Esses links funcionaram bem, e pude visualizar os locais e mover a imagem circularmente com o dedo.

Além disso, creio que a Google está trabalhando em um novo Google Maps para a plataforma Apple, que seria oferecido como download opcional.

Mas o foco desta coluna é no Google Maps para o Android, que eu já tinha usado muitas vezes, mas nunca examinado tão de perto. Para os meus testes, usei vários dispositivos com Android, incluindo um celular Samsung Galaxy Nexus, um tablet Google Nexus 7 e, na maioria das vezes, um novo celular com Android, o Droid Razr M da Motorola, fabricante de celulares que agora pertence à Google. Procurei, localmente, dezenas de endereços, lojas e pontos de interesse não comerciais, em muitos lugares dos Estados Unidos e também em outros países. E experimentei as novas funções.

Concluí que a versão do Google Maps para Android não só é melhor do que o Apple Maps, mas também melhor que a versão do Google Maps para iPhone que a Apple abandonou. A maior vantagem sobre a versão anterior do iPhone, e o fator definitivo para a decisão da Apple, é que a versão do Google Maps para Android — mas não a antiga versão para iPhone — inclui, há muito, o recurso grátis e automático de navegação ativada por voz, que orienta o usuário para o seu rumo de esquina em esquina. A Apple acrescentou esse recurso ao seu aplicativo de mapas.

De modo geral, o Google Maps para Android oferece mapas mais ricos, com mais ruas e pontos de interesse assinalados, do que os mapas da Apple. É verdade que achei as telas de navegação da Apple mais impactantes e mais fáceis de ler de relance; mas as telas de navegação Android mostravam mais ruas em torno e, portanto, mais contexto. Isso me foi muito útil, especialmente na minha viagem a Gettysburg, cidade que não conheço bem. E a Google coloca um rótulo com o nome de cada edifício em muitos complexos de grande porte, para que o usuário possa se orientar.

 Fonte: Google

O aplicativo para o Android também inclui mapas do interior de algumas das principais lojas, museus, shoppings e aeroportos. Por exemplo, ele mostra a localização de cada departamento dentro da loja principal da Macy's em Nova York, e permite até passar de andar em andar para visualizar as lojas de cada andar. Com o Apple Maps, essa enorme loja aparece como uma mancha cinza, ou uma imagem do seu exterior em 3-D.

No entanto, as indicações de navegação do Google nem sempre foram mais precisas. Em um breve teste, dirigindo entre a minha casa e um hotel da cidade (em que escutei os celulares, mas não olhei para as telas), o celular Android tentou me fazer dar voltas pelo bairro. Pior: tanto o app da Google como o da Apple me aconselharam a pegar uma contramão para chegar ao hotel.  Quando informei à Google sobre a minha experiência, a empresa reconheceu que seus mapas não são perfeitos e informou que está corrigindo esse erro.  Mas, de modo geral, o Google Maps no Android foi um parceiro confiável e fácil de usar.

Achei os mapas off-line menos úteis. Eu salvei uma área do mapa no celular Android. Mas assim que desliguei o acesso do celular à internet, descobri que podia examinar esse mapa já salvo, mas não podia pesquisar nem navegar dentro dele.  Sendo assim, já que os Google Maps para o Android são muito melhores, será que você deve comprar um celular Android?  Há muitos fatores a considerar e o iPhone tem muitas outras vantagens. Mas se os mapas são muito importantes para você, o Android é a melhor opção.

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