[A reportagem abaixo, do jornal O Estado de S. Paulo, mostra e comprova que o brasileiro está no pior dos mundos: os serviços de saúde pública são péssimos, e os de saúde privada estão se deteriorando cada vez mais -- em boa parte porque, pra variar, a agência do governo reguladora do setor (a ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar) é omissa e não faz o que lhe cabe. A recentíssima compra da Amil pela americana United Health deixa ainda mais dúvidas e preocupação no ar.]
Médicos em todo o país vão suspender o atendimento a pacientes de planos de saúde por um período de até 15 dias. O protesto, na maioria dos
estados, está previsto para começar nesta quarta-feir,a 10. Essa é a quarta paralisação anunciada pela categoria em dois anos. De
acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), serão suspensas apenas
consultas e cirurgias eletivas – serviços de urgência e emergência não
serão afetados.
Sete unidades federativas anunciaram a suspensão do atendimento a todas
as empresas de saúde suplementar do país. Em oito estados, o protesto
vai atingir apenas operadoras de planos locais. Há ainda sete estados
que irão realizar assembleias para definir os planos a serem atingidos.
Além do reajuste de honorários de consultas e outros procedimentos, a
pauta de reivindicações inclui a inserção, em contrato, dos critérios de
reajuste, com índices definidos e periodicidade e o fim da intervenção
dos planos na relação médico-paciente. De acordo com o vice-presidente do órgão, Aloísio Tibiriçá, as receitas
dos planos de saúde no Brasil crescem, em média, 14% ao ano, mas o
reajuste não é passado aos médicos. Segundo ele, o valor pago por
consulta realizada já chegou a representar 40% dos gastos pelas
operadoras, mas atualmente fica entre 14% e 18%.
“Defasou muito e está bem aquém da própria necessidade de sobrevivência
do médico no consultório”, disse. “Vivemos um conflito permanente com os
planos de saúde. Os quase 50 milhões de usuários estão em um gargalo de
atendimento médico. Os planos não credenciam mais serviços ou mais
médicos por contenção de custos”, completou.
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indicam que, entre
2003 e 2011, a receita das operadoras cresceu 192%, enquanto o valor
médio pago por consulta aumentou 65%. Cálculos da própria categoria,
entretanto, indicam que o reajuste foi de 50%. “A ANS suspendeu mais alguns planos por conta do tempo de espera. As
emergências estão superlotadas, praticamente igual ao Sistema Único de
Saúde (SUS). O mercado de saúde suplementar não atrai mais o médico,
eles estão saindo. A situação vai piorar”, ressaltou Tibiriçá.
Para o vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Lairson
Vilar, as operadoras têm “boicotado” tratamentos de alto custo,
reduzindo períodos de internação e dificultando exames mais caros.
Segundo ele, estudo feito em São Paulo indica que dois em cada dez
usuários de planos de saúde têm procurado o serviço público no lugar das
clínicas credenciadas. “É impossível oferecer um serviço de qualidade
face a um desequilíbrio tão grande”, destacou.
Veja como será a greve em cada Estado:
Acre: todas as operadoras, de 10 a 17 de outubro
Alagoas: Assembleia prevista para 08/10
Amapá: não haverá suspensão de atendimento
Amazonas: Todas as operadoras no dia 15
Bahia: Hapvida, Amil/Medial, SulAmérica, Cassi, Petrobras, Geap, e Golden Cross, de 10 a 19 de outubro
Ceará: Não haverá suspensão de atendimento
Distrito Federal: Não haverá suspensão de atendimento
Espírito Santo: Assembleia prevista para 08/10
Goiás: Amil, Cassi, Capesep, Fassincra, Geap, Imas e Promed, de 17 a 19 de outubro
Maranhão: Unimed, Unihosp, Hapvida, Conmed, Saúde Bradesco, Multiclinica e Geap, de 10 a 24 de outubro
Mato Grosso: Grupo Unidas, dia 11 de outubro
Mato Grosso do Sul: Todas as operadoras, de 10 a 17 de outubro
Minas Gerais: Todas as operadoras, de 10 a 18 de outubro
Pará: Não haverá suspensão de atendimento
Paraíba: Assembleia prevista para 10/10
Paraná: Assembleia prevista para 08/10
Pernambuco: Saúde Bradesco, SulAmérica, Itaú Unibanco, Allianz, AGF, AIG e Hapvida, de 16 a 19 de outubro
Piauí: Todas as operadoras, de 10 a 14 de outubro
Rio de Janeiro: Assembleia prevista para 10/10
Rio Grande do Norte: Todas as operadoras no dia 10 de outubro
Rio Grande do Sul: Cabergs, Saúde Caixa, Geap, Centro Clínico Gaúcho, DoctorClin e SulAmérica de 15 a 17 de outubro
Rondônia: Todas as operadoras, de 15 a 17 de outubro
Roraima: Não haverá suspensão de atendimento
Santa Catarina: Agemed, planos de saúde regionais e todos os planos do grupo Unidas, de 15 a 19 de outubro
São Paulo: Golden Cross, Green Line, Intermédica, Itálica,
Metrópole, Prevent Sênior, Santa Amália, São Cristovão, Seisa, Tempo
Assist (Gama Saúde e Unibanco), Trasmontano e Universal, de 10 a 18 de
outubro
Sergipe: Assembleia prevista para 08/10
Tocantins: Assembleia prevista para 08/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário