Uma vacina com a combinação de cinco anticorpos, testada em ratos e fruto do trabalho do imunologista brasileiro Michel Nussenzweig,
conseguiu manter os níveis do vírus da aids (HIV-1) abaixo dos
detectáveis durante mais tempo que os tratamentos atuais, informou nesta
quarta-feira, 24, a revista "Nature". [Michel Nussenzweig foi eleito para a Academia Nacional de Ciências dos EUA em 3 de maio de 2011.]
Este tratamento experimental, composto por cinco potentes anticorpos
monoclonais (idênticos entre si porque são produzidos pelo mesmo tipo de
célula do sistema imunológico), foi desenvolvido pela equipe do
cientista brasileiro e membro da Academia Americana de Ciências na
Universidade Rockefeller em Nova York.
O cientista administrou os anticorpos em ratos "humanizados", que
dispõem de um sistema imunológico idêntico ao humano, permitindo que
sejam infectados com o vírus HIV. Estima-se que esta é uma fórmula que
poderia evitar a infecção de novas células. Nussenzweig observou que, desde que foi iniciado o tratamento, a carga
viral tinha caído para níveis abaixo dos detectáveis, e assim se
mantiveram por até 60 dias após o término do tratamento. Em seguida, o cientista comparou os resultados com os obtidos ao tratar
ratos com uma combinação de três anticorpos monoclonais e, também, com
um tratamento baseado em um único anticorpo.
Ao tratar os roedores com uma vacina com três anticorpos, o HIV se
manteve em níveis baixos até 40 dias após o fim do tratamento, enquanto a
monoterapia só permitiu que o vírus não fosse detectado durante o tempo
em que o rato estava recebendo o tratamento (cerca de duas semanas). "O experimento demonstrou que combinações distintas de anticorpos
monoclonais são eficazes na hora de suprimir a replicação do HIV em
ratos 'humanizados', por isso podem prevenir a infecção e servir para o
desenvolvimento de novos tratamentos", defendeu o especialista em seu
artigo.
Na atualidade, o tratamento anti-retroviral em humanos consiste em
combinar pelo menos três drogas antivirais para minimizar o surgimento
de vírus mutantes resistentes aos remédios. No entanto, o HIV se armazena em uma espécie de "depósito" ou
reservatório viral, o que faz com que a carga viral do paciente se eleve
quando o tratamento farmacológico é interrompido, e o vírus volta a
aparecer depois de 21 dias. Apesar dos resultados promissores de Nussenzweig, ainda serão
necessários testes clínicos que permitam avaliar a eficácia do
tratamento em humanos e medir os efeitos sobre a infecção em longo
prazo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário